Dos ritos, das palavras e das magias escrita por Lyn Black, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 3
Interlúdio


Notas iniciais do capítulo

um momento para respirar ♥
obs: deoiridh pronuncia-se je-o-rid
boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/785293/chapter/3

 

INTERLÚDIO

 

Hermione continuou olhando para a página amarelada, mesmo após parar de falar.

— É isso, então? — questionou Ronald, coçando levemente os olhos.

Harry olhava da garota de cabelos crespos para o livro nas mãos dela.  

— Com todo o respeito, Mione, ainda parece só uma história fantasiosa... Evocar a magia? Isso existe? — sua voz tinha um eco profundo de incredulidade.

 Fechando o livro e apoiando-o em seu colo, ela finalmente levantou os olhos.

— Muitas práticas mágicas foram ocultadas e extintas nos últimos séculos, especialmente após a caça às bruxas e a ascensão do Ministério da Magia — comentou, mantendo sua voz professoral e cética. — Claro que deve haver uma outra explicação para o que se deu, principalmente como foi o ritual, mas atrás de todo mito existe um fundo de verdade.

Os garotos balançaram levemente a cabeça.

— Vai ver a menina era um aborto mágico — sugeriu Rony. — E esse ritual foi só um empurrãozinho...

A bruxa torceu os lábios levemente.

— Se deixar de ser um aborto fosse questão de um empurrão, acho que eles nem existiriam de fato. 

Harry encolheu os ombros. 

— Esse ritual me lembra o que Você-Sabe-Quem fez no cemitério... O sangue, palavras. Morte. Só foi enfeitado com essa história de magia mesmo. 

— A bruxa também estava quase morrendo, Harry — pontuou Rony. — Era a última vontade dela, basicamente. Mamãe sempre disse que se não cumprimos as últimas vontades de quem se foi, deixamos pendências para eles. Ninguém quer um fantasma na sua cola — comentou com uma leve risada. 

A expressão de Potter apenas endureceu-se ainda mais. 

— Ela praticamente matou a mulher que a criou com amor e carinho para ter magia. — Seu tom acusatório mesclava raiva e tristeza. — Não importa se ela ficaria apenas mais um dia, ou uma semana ao lado de Deoiridh, ela escolheu a magia acima da mãe. Brighde não estava morrendo, Rony, ela simplesmente abriu mão da mãe. Foi egoísmo.

— Eu entendo de onde você está vindo, Harry, mas não foi egoísmo puro. Ela nem queria a princípio e Deoiridh já estava morrendo. Foi decisão da própria mãe. Sabe-se lá o que aquele homem faria com ela, ainda mais com o apoio do resto da comunidade. — Hermione explicitou. 

O Menino Que Sobreviveu apenas deu de ombros. 

— Sempre há uma alternativa, Mione. 

Ronald pareceu concordar:

— Ela podia fugir para as colinas, ir embora de lá, ou mesmo ficar com o cara... Ele queria se casar com ela, não? 

Hermione revirou levemente os olhos.

— Aquele homem queria que ela se casasse contra a própria vontade, Ronald! Como se ela fosse uma propriedade para ser adquirida, francamente... — exclamou. —  Vocês não entendem, não é mesmo? Sim, ela poderia fugir e tentar se esconder — concedeu —, mas ela nunca estaria segura, e Deoiridh sabia disso. Quando não fosse o homem da história, seria outro. E depois outro. 

Eles pareceram digerir um pouco da fala da amiga, Harry ainda ressabiado. Rony, entretanto, teve uma realização:

— Será que a escola que ela mencionou era Hogwarts?

— Se pudéssemos voltar lá, poderíamos buscar nos registros — disse Hermione, contendo um suspiro. — Talvez ela tenha ido para Avalon, com tudo isso de culto da Deusa e peregrinação até Glastonbury.

— Achava que Avalon era coisa só dos trouxas, sabe, Rei Arthur... — comentou Harry.

Naquele momento, a garota pareceu confusa.

— Por Morgana, onde vocês estavam nas aulas do Senhor Binns? — Ela gesticulava enquanto falava. — Morgana Le Fay está nos sapos de chocolate, meninos! 

— Ei! — interviu Rony. — Minha coleção está quase completa, eu tenho a carta dela.

Harry meneou a cabeça.

— Okay, ela existiu, mas evocar deusas, falar com a magia... Sei lá, me parece papo de gente do tipo do Lockhart.

Um vento frio pareceu atravessar o ambiente, e ela estremeceu levemente. Rony, em contrapartida, soltou um fraco riso, mas sua expressão logo endureceu.

— Percy falou uma vez que Avalon era “um antro selvagem de velhas bruxas fora do controle”...  Acho que podemos concluir que é um lugar maravilhoso — falou, causando risadas nos outros dois, e enfim descontraindo o ambiente, que ficara pesado após a conversa.

— Para o próximo conto, então? — sugeriu Potter.

Friccionando seus braços contra o corpo, Hermione assentiu. Rony, entretanto, levantou-se, e pegou um cobertor da cama mais próxima, envolvendo a amiga com ele. Hermione sorriu e murmurou um agradecimento, aconchegando-se no tecido. Aprumando-se no banquinho, ela reabriu o livro e virou a página. 

— Bem, onde nós paramos... — Ela correu os olhos pelo título, e olhando para os amigos, continuou. —  O Homem da Barba Ruiva: Um Aviso Ancestral. 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

o que acharam da pausa? sei que foi curtinho mesmo, mas espero que tenham gostado!
beijos e até o próximo conto (que é o último, também...)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dos ritos, das palavras e das magias" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.