Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 33
Descobrindo verdades por baixo da mente


Notas iniciais do capítulo

Preparem-se pra algo extremamente fofo e romântico!
Divirtam-se!



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Descobrindo verdades por baixo da mente

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10 de Junho de 2012, 11:00 AM

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Prisão Balsa – Oceano Atlântico Norte

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Dois dias após Wanda Maximoff fazer o primeiro contato com Bucky Barnes, a garota se sentia pronta para tentar novamente o que haviam lhe designado anteriormente.

Ela achou que seria melhor não dar o primeiro passo no dia em que se conheceram e recuou em sua missão de interrogar o Soldado Invernal da forma como a SHIELD a instruiu.

Mas passado esse tempo, era a hora de se arriscar mais uma vez e fazer o que estava relutante... não tinha outro jeito... ela precisava fazer a sua parte.

A garota foi levada para a cela do sargento mais uma vez e ele se encontrava exatamente do mesmo jeito como a mesma o viu pela última vez.

Bucky sabia que aquela garota estava ali para revirar a sua mente.

Talvez fosse quase impossível que Wanda o interrogasse se ela estivesse ali desde o primeiro dia, junto com ele, mas agora... até mesmo o soldado começava a concordar que a Feiticeira o interrogasse através de suas habilidades...

O porquê...?

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Bucky Barnes havia recuperado parte de suas memórias e entendido o motivo de estar ali...

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Estava trancafiado naquela prisão a exatos 51 dias, 1224 horas... era um bastante para quem apenas tinha o direito de olhar para os lados, para cima e não fazer nada além de esperar... esperar o tempo passar... esperar o que fariam com ele no futuro... esperar pela visita de alguém...

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Esperar por Steve...

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Porque não havia mais ninguém importante naquele mundo que estivesse vivo, além de seu melhor amigo...

O sargento foi informado sobre tudo o que havia acontecido no planeta, no intuito de que aquilo ajudasse em seu interrogatório, mas ele apenas se absteve de dizer qualquer coisa que sabia sobre a HYDRA... ele não confiava em ninguém ali...

Porém, aquela misteriosa garota apareceu e ele percebia que ela era como ele... uma prisioneira, apenas tentando amenizar sua situação naquele lugar.

Às vezes, a Feiticeira o observava de longe quando passava pelo corredor, escoltada, e seu olhar recaía para a cela onde o soldado estava preso... seus olhos passavam pelas grades, encontrando-o...

O sargento podia sentir que havia algo de bom nela... suas habilidades como um perito espião, de examinar o íntimo das pessoas apenas pelo olhar e pelos gestos, era algo que denunciava isso...

E antes mesmo que Wanda entrasse na cela, Bucky podia sentir sua presença...

Ela era uma criança da escuridão... mas para ele, tinha uma aura angelical...

A garota cruzava as grades da cela, olhando diretamente em sua direção.

E diferente de antes, Bucky mostrava uma postura mais branda, o que a deixava de certa forma... aliviada...

Wanda se aproximava lentamente...

— Posso me sentar...? – O questionava, esperando que o mesmo assentisse com um aceno de cabeça, mas...

— Claro... sente-se... – Bucky consentia, com palavras e não mais com gestos...

A Feiticeira estranhava aquele comportamento... por que de repente ele estava mais receptivo com ela?

Os dois se olharam por longos segundos... profundamente... até que a garota resolvia quebrar o silêncio que os rodeava.

— Será que hoje... podemos tentar...? – Ela o questionava, hesitante e um pouco tímida.

— Invadir a minha mente...? – O soldado redarguia, testando as reações dela... apenas porque parecia...

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Divertido...

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— Não costumo fazer isso... – Wanda rebatia, com o olhar cabisbaixo, sentindo-se incomodada.

E para piorar a situação...

O sargento apenas soltou um riso que mais parecia...

Um deboche...

— Seu sotaque é europeu...? – A indagava, desviando o rumo da conversa.

Wanda inclinou o rosto, não entendendo aquela pergunta.

— Sim...

O soldado olhava para o lado esquerdo da cela, com um sorriso largo de escárnio nos lábios...

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— Они послали готическую куклу, чтобы допросить меня... (Mandaram uma boneca gótica para me interrogar...)

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O Soldado Invernal fazia uma piada, em russo, esperando que Wanda não entendesse, mas para sua surpresa...

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— Быть готической куклой более приемлемо, чем американский солдат... (É mais aceitável ser uma boneca gótica do que um soldado americano...)

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Wanda replicava, com um olhar sombrio e uma expressão apática e insensível no rosto...

Bucky alargava o olhar... surpreendido... desde quando aquela garota entendia e falava russo?

— E por que está aqui, boneca...? – O sargento a contestava, com certa serenidade e leveza em sua expressão cansada...

Já ela, não gostava daquele atrevimento...

— Eu tenho nome... não me chame de boneca...

— E posso saber qual é o seu nome...? – A questionava, achando divertido a reação adversa e indócil da garota.

— Wanda. – Replicou, ríspida e seca.

Ele mantinha os olhos nela, presos e fixos, porque achava engraçado sua irritação.

— É um nome bonito... – Retorquia, deixando-a desconsertada pela forma audaciosa como se referia a ela.

A garota odiava os Estados Unidos, e consequentemente, os Americanos.

Saber que ele era um Americano e se comportava como um, dificultava as coisas...

Tudo teria sido diferente se ele apenas agisse como agiu no começo... gélido, neutro e indiferente...

— Podemos começar...? – Wanda desviava o foco da conversa para o real motivo de estar ali. Não tinha a mínima vontade de desperdiçar seu tempo com conversas triviais com aquele... Americano...

— Vai doer...? – A questionava, com um sorriso sarcástico, provocando-a descaradamente.

Wanda estreitou o olhar esverdeado, odiando tal petulância.

— Depende... essa experiência pode ser tranquila, mas também assustadora...

— Nada mais me assusta... – Redarguia, com resquícios de fatiga na voz... e ela podia sentir que na verdade, sim, ele estava assustado...

— Se achar que não está pronto, podemos adiar... o importante é a sua... colaboração... – Ela obtemperava, deixando claro que tudo devia ocorrer da melhor forma possível.

Bucky suspirou fundo...

Já havia tomado a decisão de deixa-la fazer o que devia fazer...

— Contanto que não exagere demais, sinta-se livre para torcer o meu cérebro... eu não me importo...

— Tem certeza...?

— Absoluta... – Afirmava, voltando seu olhar para o dela...

Azul e verde se chocando... num conflito convergente...

Bucky cedia... e o soldado gostava da forma como a garota mostrava indícios de preocupação, lhe perguntando se realmente desejava fazer aquilo... lhe dando uma escolha...

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Uma escolha... uma opção... algo que nunca teve com todos os cientistas da HYDRA...

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Ambos permaneceram quietos, em silêncio, por mais algum tempo, antes de Wanda voltar seu olhar para cima, procurando o rosto dele.

O sargento entendia que aquilo era certo... ele não iria se opor...

E então, enquanto a mirava, ele atentava para a íris esverdeada se tornando lentamente... vermelha...

Wanda pegava na mão humana do Soldado Invernal, olhando fundo nos olhos dele...

Bucky sentia a delicada mão gelada segurando a sua... e quando menos esperava, vislumbrava Wanda entrando em sua mente...

Fragmentos iam aparecendo... vagarosamente e vagarosamente...

Tudo ainda era apenas um quebra-cabeça desarticulado que a garota não conseguia juntar...

Ele ecoava e fluía e a Feiticeira podia sentia a intensidade de suas memórias... desconexas, incompletas e... misteriosas...

Aos poucos, quando Wanda entendia o que havia dentro dele e tudo o que havia passado... a garota começava a chorar...

Ela sentia a dor que ele sentiu... e ainda sente...

A tortura... o sofrimento...

Sangue, ossos, estilhaços, balas e eletricidade...

O céu explodia através de uma nuvem de poeira... e Wanda enxergava o que ele havia feito nos últimos 70 anos...

Bucky também enxergava as memórias escondidas nos confins de seu subconsciente....

O soldado apertava a mão da garota com tanta ferocidade que ela sentia seus dedos formigarem...

James Buchanan Barnes... um homem repleto de cicatrizes na pele... mas também emocionais e mentais...

Seu passado... as lavagens cerebrais, as missões, o plano da HYDRA de dominar o mundo...

Um caderno com uma estrela no meio...

Palavras sem conexão alguma...

Seus superiores...

Arnin Zola...

O que tudo aquilo significava...?

Enquanto mantinha-se submersa nas memórias do Soldado Invernal, ela contemplava uma cena emblemática...

Olhos azuis em tons cinzentos e gélidos... um sorriso de triunfo e uma arma em punho... apontada à cabeça de uma vítima...

Cinco balas haviam saído da glock de nove milímetros... cinco balas diretas em seu coração...

E a voz dele era o primeiro som a estraçalhar aquele assombroso silêncio...

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— Hail HYDRA...

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E num momento que não durou dois segundos, a mão de metal alcançou o coldre preso à coxa direita, que se fechou em volta da arma e a puxou...

A velocidade não permitiu que a vítima ouvisse o click do pin de segurança, mas o som do disparo que ecoou nas paredes de cimento, enquanto a bala abandonava a câmara e atravessava a pele, os músculos e os ossos, destruindo a massa encefálica e saindo na extremidade oposta, jorrando sangue...

O líquido escarlate misturou-se com o já derramado...

Uma dor dilacerante espalhou-se por apenas um segundo...

E depois veio a escuridão...

Vermelho era tudo o que Wanda podia ver naquela cena de assassinato... e adornava o chão e as paredes...

Bucky começava a tremer ao ter aquelas imagens de volta em sua mente... mais uma vítima que havia sido designado a assassinar...

Um inimigo da HYDRA...

Tudo ficava mais denso... o ar em sua garganta o sufocava e tudo o que saia era uma série de gemidos indecifráveis e desesperados...

Wanda sentia toda a sua dor... e sofria junto com ele... eram memórias horríveis...

O sargento tremia... tremia e tremia... sua mão apertava cada vez mais forte a mão dela...

Até que a Feiticeira resolvia sair das profundezas da mente do soldado, desistindo de ir até o fim e descobrir o que mais havia ali...

Wanda puxou sua mão rapidamente e abriu os olhos, se levantando da cadeira e recuando alguns passos para trás...

Seu coração estava disparado... ela suava frio e suas pernas tremiam...

A garota olhava para o sargento... com os olhos azuis largos, assustados e alarmados...

Bucky ofegava... uma onda eletrizante o atingia e o soldado respirava com dificuldade...

Vários agentes estavam ao redor da sala... com armas apontadas em sua direção...

O sargento olhou para todos eles, como uma besta selvagem e feroz, prestes a atacar...

Percebendo isso, Wanda resolvia agir...

— Saiam daqui...! Ele vai perder o controle!

Os agentes se afastavam pouco a pouco...

O olhar letal e funesto do Soldado Invernal era aterrorizante...

A garota então se aproximou novamente...

Wanda era forte, mas era jovem o bastante para não entender sobre nada relacionado a espionagem e técnicas para disfarçar, persuadir e se camuflar... era por isso que estava abismada com as coisas que descobriu sobre ele...

O sargento a observava com cuidado e atenção... nos mínimos detalhes...

Alguém tão poderosa como ela, tinha as mãos trêmulas...? Por quê...?

— Você está bem...? – Wanda o questionava, com a voz embargada...

Bucky respirava fundo, acenando com a cabeça...

— Acho que sim...

Embora soubesse que representava perigo, estar com ela não era tão ruim... talvez porque sabia que Wanda podia contê-lo...? Ou talvez porque acabava de compartilhar parte de toda a sua dor com alguém...

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10 de Junho de 2012, 07:00 AM

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Newport Beach - Califórnia

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Steve acordava, depois de algumas horas de sono...

Não era confortável dormir naquela cama Queen Size que dividia com Mary.

Sua sorte era que a tal cama era tão grande, que conseguia manter uma boa distância da garota... mas ainda assim, era totalmente inadequado ao seu ver...

Céus... o que o Presidente dos Estados Unidos pensaria se soubesse que sua filha, solteira, dividia a cama com um homem?

Ainda deitado, seus joelhos e braços se encontravam pendurados quase fora da cama e o colchão parecia incrivelmente macio embaixo de suas costas...

Mesmo que sentisse que poderia dormir por dias, agora que fazia tratamento psicológico, o loiro acordou às sete horas.

O Capitão não se sentia exatamente descansado, mas pelo menos não era como se tivesse sido atropelado por um caminhão, como semanas atrás, com a maldita insônia.

Depois de dez minutos na cama, seu estômago roncava e ele resolvia pedir algo para comer.

Ele saiu para comprar comida depois de ter feito toda a sua rotina matinal.

Ao voltar, entrando no local, Steve preparava a mesa.

Mary Crystal então acordava, abrindo os olhos lentamente...

O cheiro de café e o farfalhar de um jornal penetraram sua consciência...

E lá estava o Super Soldado, deitado com um travesseiro nas costas, segurando um jornal... lendo...

A garota se levantava com dificuldade...

Ela passou por ele sem dizer nada e andou alguns passos na direção do banheiro, vagarosamente...

Steve estranhava o fato de a mesma não dizer nada... Kiara era um ser barulhento. Mas voltou a ler seu jornal, sem se importar.

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Uma hora depois, Mary Crystal saia do banheiro, depois de um banho demorado...

Ela vestia uma regata cinza e um short minúsculo na cor preta, leve maquiagem e os cabelos soltos e lisos...

Steve estava de pé, ao lado da prateleira e atentava para a Segundo-Tenente.

O loiro achava aquelas roupas um tanto indecentes... céus, por que aquela garotinha mafiosa era tão irresponsável e promíscua?

— Senhorita Ellis, por favor, peço que troque de roupa imediatamente. Caso tenha esquecido, está dividindo um quarto comigo e exijo que se comporte de forma decente. – Ele a repreendia, mas tudo o que tinha em resposta era a expressão assustada da loira, que se segurava na parede.

— Cap... eu não tô me sentindo bem... – Kiara redarguia, pálida e com o olhar semicerrado.

— O que você tem? – O Super Soldado se aproximava, analisando-a com precisão...

Mary Crystal não respondeu...

A garota estendeu a mão para ele, lentamente, no ímpeto de se manter equilibrada.

Os olhos dela se fecharam...

Steve correu e a pegou em seus braços...

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Desmaiada...

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Vinte minutos depois, a Segundo-Tenente ouvia uma voz... no fundo... um pouco inalcançável...

Era a voz de Steve...

Ela abria os olhos lentamente...

Suas pálpebras pesadas a impediam de focar a visão, mas quando conseguiu, a primeira coisa que via diante de seus olhos era o rosto do Super Soldado...

— Senhorita Ellis!? Fale comigo! – O loiro exclamava, com certo desespero em sua voz, apertando a mão dela com força.

Kiara estava deitada em sua cama, com a cabeça inclinada pelo travesseiro.

Não entendia como tudo havia acontecido tão rápido, mas lá estava, depois de desmaiar...

— Cap...? – Ela chamava, ainda desnorteada e um pouco tonta.

— Você está bem!? O que aconteceu!? – Ele a questionava, com uma feição alarmada no rosto.

— Não estou me sentindo bem... – Redarguia, num fraco sussurro...

— Eu vou te levar ao hospital! – E então, quando o Capitão pensava em sair dali com a garota em seus braços, Mary agarrou a mão dele, impedindo-o.

— Não, por favor... não preciso de um hospital...

— Por que não!? Você está passando mal! Precisamos agora de um médico!

— Não... eu sei exatamente o que está acontecendo... só preciso de um tempo para me recuperar, então por favor... não me tire daqui... – Redarguia, com muita dificuldade.

Steve não entendia o que estava acontecendo com ela.

— O que você tem, senhorita Ellis...? – A contestava, extremamente preocupado.

— Não estou doente... se é o que quer saber...

— Então... o que está acontecendo...!?

— Eu só estou... no... no meu... – Ela não conseguia terminar de falar, porque seu rosto começava a corar violentamente...

— No seu...? – Steve tentava entender, lhe incentivando a terminar a frase.

Kiara respirou fundo, um pouco irritada em ter que dizer a ele o que estava acontecendo, com todas as palavras...

Céus... ele podia sacar sem que precisasse dizer diretamente, certo? Por que Steve Rogers era um homem tão lerdo?

— Capitão... você pode me deixar quieta...? Eu vou ficar em silêncio o dia todo, então não se preocupe... não preciso ir ao hospital... – A garota virava para o lado, sentindo uma forte cólica...

Não podia dizer o que estava acontecendo... era constrangedor...

Malditos hormônios...

— Não é normal que você fique em silêncio o dia todo...

— Isso vai ser ótimo pra você que ama o silêncio... - Ela replicava, risonha, mas Steve não estava convencido.

— Por quê...?

— Por que não para de fazer perguntas chatas...? – A Segundo-Tenente dizia, virando seu corpo, afundando seu rosto no travesseiro, com uma perna engatava no outro travesseiro que estava ao seu lado.

Mary se comportava como uma menininha totalmente irresponsável em não dizer o que estava acontecendo e também por expor tanto de seu corpo na frente de um homem, despretensiosamente... ela vestia roupas muito curtas e tudo ficava ainda mais ousado quando decidia permanecer naquela posição.

O corpo feminino era tão ameno, esguio e delicado... tão pequeno, mas tão belo...

Steve teve que chacoalhar a cabeça para não se perder na imagem aprazível das curvas de sua cintura, tão visíveis por conta de sua regata colada, e o quadril contornado pelo pequeno short...

O doce aroma que vinha da pele cândida o inebriava levemente...

Ele respirou profundamente, saindo do frenesi...

— Estou incomodado com essa situação, senhorita Ellis. Me diga o que você tem. – O loiro começava a perder a paciência.

Ela havia desmaiado em seus braços... e agora queria que ele a deixasse quieta, jogada naquela cama?

Irritada com as palavras do Super Soldado, a garota se levantava com dificuldades, ficando sentada na cama enquanto o encarava com uma feição birrenta.

— Você realmente não entende nada sobre as mulheres, não é...?

Steve se assustava ao se recordar que Peggy lhe disse a mesma coisa, em 1942.

— Bem... eu não sei o que fiz de errado... só queria entender por que desmaiou e não está se sentindo bem... – O Capitão apenas queria compreender a situação.

A loira não respondeu e se virou de costas para ele...

O cabelo dela se espalhava pelo lençol... seus longos fios loiros entravam em consonância com a pele nívea... e quanto mais olhava atentamente, percebia que Mary possuía algumas pintinhas em suas costas...

Steve não se recordava de ter visto o corpo da garota tão exposto como estava agora...

Kiara gemeu de dor e segurou seu ventre ao virar de novo...

O Capitão ainda não conseguia entender...

— Pela última vez, senhorita Ellis... me diga o que tem...! O que posso fazer para te ajudar...?

A garota então se virou novamente... com o rosto enrubescido, os olhos piscando lentamente e uma expressão acanhada...

— Eu não posso te pedir pra sair e comprar remédio... – Retorquia, com a voz mais fraca que o comum.

— Eu vou. me diga o que você precisa...

— Eu não posso...

— Por quê...?

— Por que é constrangedor...

— Torno a perguntar por quê.

— Você nunca entenderia...

— Se explicar, vou entender...

— Se eu escrever num papel, você vai ter coragem de comprar o que preciso...?

— Claro, por que não...?

Mary respirou profundamente...

— Pegue aquele bloco de papel e uma caneta pra mim, por favor. – A garota pedia e o Super Soldado obedecia.

Segundos depois, ela terminava de escrever algumas coisas ali, destacava o papel do bloco e entregava a ele.

Mary fazia uma carinha triste e envergonhada... ela parecia uma criancinha que tinha perdido seu brinquedo e não tinha coragem de dizer aos pais.

Steve secretamente achava aquela expressão... fofa...

Quando o Capitão terminava de ler o papel, não entendia exatamente o motivo de tanto embaraço.

Basicamente era o nome de um absorvente, uma cartela de analgésicos, uma bolsa térmica um remédio para cólica.

O loiro sabia o que era a maioria das coisas ali, menos um item, até que resolveu perguntar...

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— O que são absorventes, senhorita?

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Um, dois, três, quatro, cinco segundos se passaram...

Mary arregalou os olhos...

Céus...

— Você não sabe...!?

— Não... – Respondia, inocentemente, a fitando com aquele olhar magicamente puro e ingênuo...

A garota massageava as têmporas, envergonhada... não esperava que tivesse que explicar aquilo, porque o que mais desejava era que ele apenas entendesse, ficasse quieto e não perguntasse mais nada.

— Você... realmente não tem bom senso, não é Capitão Rogers...? – A Segundo-Tenente o encarava com a expressão inepta...

— Do que está falando? Apenas perguntei o que são absorventes e-

— Céus, pare de ser inconveniente! – Ela escondia o rosto entre as duas mãos, corando de vergonha.

Mary Crystal nunca ficava com vergonha de nada, muito menos na frente dele... o que estava acontecendo?

— Por que estou sendo inconveniente, senhorita Ellis...?

E então, a loirinha o encarou, com uma expressão de fúria na face.

— Sua mãe não te ensinou que existe um período mensal na rotina das mulheres que tudo muda radicalmente...?

— Período mensal?

— Céus... é sério!? A Peggy nunca te falou sobre isso? Algo que atrapalhava a rotina dela?

— A Peggy quase nunca me falava sobre o que a incomodava.

Os olhos de Mary reviraram... por que ele tinha que ser tão lerdo?

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— Eu estou no meu período menstrual. Estou sangrando e sentindo dor! Entendeu agora, Capitão Tartaruga!? Foi por isso que desmaiei...!

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Quando Steve se deu conta do que era, seu rosto ardeu de vergonha... violentamente...

Ele não tinha ideia que era aquilo... céus, as mulheres ficavam daquele jeito quando estavam em seu período menstrual?

— M-me me desculpe, senhorita... e-eu não sabia... não sabia que se encontrava nessa situação... e-e-eu não faria essas perguntas se soubesse... m-m-me desculpe... me desculpe mesmo... – O Capitão gaguejava, virando o rosto para o outro lado, decepcionado consigo mesmo por não ter tido capacidade de entender a frustração da garota.

Estava se sentindo um monstro... justo ele, que se julgava tão sensível e apto a entender tantas coisas...

E agora que olhava para aquela lista, se perguntava se realmente teria coragem de ir à farmácia comprar aqueles itens...

Observando o olhar perplexo dele com a lista na mão, a Segundo-Tenente apenas choramingava...

— Eu sabia... você não vai ter coragem de comprar isso pra mim...

— Não, e-e-eu vou... só fique aqui quietinha... volte pra cama... – E então, o Super Soldado recolhia algumas roupas de sua mala e corria para o banheiro para se trocar.

Mary observava a pressa dele...

Ao menos Steve estava servindo para algo... ao menos ele havia se oferecido para ajudá-la naquele momento difícil...

Estava grata, mas ao mesmo tempo com raiva por tê-la lhe obrigado a dizer que estava naqueles dias...

Quando o Capitão saia do banheiro, notava que Mary estava encolhida no canto da cama, se contorcendo de dor...

Ele a olhou com comiseração... não devia ser fácil...

Às vezes, tinha a impressão que a garota demonstrava ser uma rocha por fora, mas na verdade era frágil como um cristal por dentro.

— Não me olhe com essa cara de piedade, porque quando estou nesses dias, é melhor você apertar seu botão de autodestruição do que mexer comigo.

— Eu já volto. – Steve a ignorou, saindo dali e fechando a porta por fora.

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O Capitão ia a farmácia, saindo de lá com os itens, morrendo de vergonha...

Ele resolvia passar numa mercearia que havia do lado e comprar algumas coisas que Mary gostava.

Talvez aquilo alegrasse o dia dela, que não estava sendo dos melhores.

Uma hora depois, o loiro voltava para o quarto do hotel, com algumas sacolas nas mãos.

Ao entrar na suíte, dava de cara com a cena de Mary Crystal dormindo...

Uma expressão mais consternada tomava conta do rosto da garota...

Ele não tinha ideia de como as mulheres se sentiam nessas horas... sempre conviveu ao lado de vários homens, e a única mulher ao qual passou mais tempo, no caso, sua mãe, era alguém incrivelmente discreta. Sarah Rogers nunca demonstrava nada, mas tampouco o instruiu em como agir caso passasse por aquilo com alguma mulher...

De fato, havia muitos pontos negativos nas primeiras décadas do século 20, que era o fato de as pessoas não serem tão abertas sobre o que acontecia com elas, tornando tudo ainda mais difícil.

Agora lá estava ele, ao lado de uma garota moderna, e não tendo ideia de como agir com ela naquela situação...

Steve observava Kiara dormindo... pensando em não a acordar...

A Segundo-Tenente era incrivelmente feminina... ela estava com um humor diferente aquele dia... era uma mistura de irritação com uma intensa sensibilidade... ela se encontrava tão sentimental e emotiva... parecia mais carente e até queria atenção, mas sem dar trabalho a ninguém...

Mary também parecia mais melindrosa e quebrável... era um pouco estranho, porque não fazia parte de sua real natureza...

Mas sabendo que precisava ser medicada, o loiro sentou ao lado dela na cama e tocou o ombro feminino, balançando-o levemente, com extrema delicadeza, apenas para não a assustar...

— Acorde, senhorita Ellis... – Ele a chamava...

Mas Mary continuava dormindo...

Os olhos fechados... os cílios avantajados... as maçãs do rosto pálidas... os lábios em tons de carmim e entreabertos... a expressão densa... e as longas mechas loiras enredadas ao redor de seu rosto, eram a representação de uma imagem digna de uma pintura...

O peito dela descia e subia com a respiração calma...

Ao vislumbrá-la daquela forma, a única coisa que Steve conseguia sentir era uma ardente fascinação misturada com atração... desastrosamente irresistível... mas ao mesmo tempo preocupante...

Um turbilhão de pensamentos, concepções, impressões e sensações lhe deixavam num estado inerte, onde seu único alívio era contemplá-la naquele estado frágil, vulnerável e indefeso...

Era difícil de conter a imensa vontade que tinha de deslizar seus dedos pelos longos cabelos dourados, enquanto ela dormia...

Um desejo impetuoso e incontrolável de tocá-la lhe acometia naquele instante...

Steve moveu hesitante a mão direita por dentro dos cabelos da Segundo-Tenente, com extraordinária delicadeza...

O singelo deslizar de seus dedos, lentamente bagunçava tudo... o toque de cada fio de cabelo era incrivelmente aprazível e soava como se a eternidade ficasse presa naquele momento…

Seus dedos afundaram por dentro dos fios dourados... macios, sedosos e lisos... o efeito daquele tato era inexplicável... Mary Crystal era tão delicada... tão serena... tão poética... tão desenhável... tão bela...

Tão linda...?

O contato com ela era apetecível... seus dedos abriam caminho em sua pele, afastando os cabelos limpos e macios... era quente e suave...

Suas cores e seu perfume... espargindo aos quatro cantos do quarto... de forma tão condescendente e primorosa...

Sua pele branca... seu toque de flores... suas pétalas invisíveis... as cascatas douradas do cabelo longo... tudo nela era apaixonante...

Quando o Capitão percebia o que estava fazendo, arregalou os olhos, se perguntando o que estava acontecendo... desde quando se sentia tão hipnotizado por ela? Por que tão repentinamente um desejo possante tomava conta de seus sentidos a ponto de esquecer a realidade a sua volta e se deixar levar pela aparência da garota?

O Super Soldado respirou fundo, prestes a sair dali, mas seu toque despertava Mary Crystal das profundezas do sono e ela segurou a mão dele...

A loira entreabriu os olhos e os lábios, soltando palavras que não faziam nenhum sentido para Steve...

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— Fammi dormire, mamma... (Me deixa dormir, mamãe...)

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Kiara dizia tais palavras em italiano enquanto piscava de modo pesado...

Ela sentia as pálpebras carregadas... até que conseguiu reconhecer o rosto diante de si...

Não era o de Beatrice, sua mãe, mas sim o de Steve Rogers... o Capitão América...

A garota o fitava, ainda sonolenta...

— Cap...? – O chamava, e constatava que naquele momento, Steve se encontrava com o rosto ruborizado, envergonhado pelo fato de a mesma segurar a mão dele contra seus cabelos...

Mary gostava daquela carícia tão deliciosa, quente e aconchegante…

— Senhorita Ellis... eu trouxe seus remédios... – O loiro rolava os olhos para todos os lados, menos na direção dela... e tudo isso porque Mary Crystal se encontrava com um semblante gracioso em seu rosto...

Duas batidas em seu coração falharam... não era fácil contemplá-la naquela forma tão extasiante e não sentir absolutamente nada, afinal...

Ele era homem...

Era apenas o seu corpo reagindo... mostrando o quão humano era... porém, jamais abriria mão de seus valores e muito menos de seus fortes sentimentos por Peggy Carter a ponto de cair no charme da Segundo-Tenente, que nem ao menos tinha tal pretensão com ele, afinal, ela acabava de acordar...

— Estava sentindo tanta dor antes de dormir... ainda bem que você chegou... – A garota sorria de modo sereno e airoso, ainda segurando a mão dele, sem perguntar por que Steve estava sentado ao seu lado acariciando seus cabelos enquanto dormia.

Kiara parecia bem desatinada, porque apenas achava que o loiro se compadecia de seu momento de vulnerabilidade e estava ali... cuidando dela... como faria com qualquer outra pessoa que estivesse ao seu lado... não é mesmo...?

O Super Soldado se levantou rapidamente, ainda sem coragem de encará-la...

— Você não quer comer nada...? – A questionava, olhando para as sacolas que trazia da farmácia e da mercearia.

— Só tenho vontade de ingerir líquido... meu estômago está pesado... – Redarguia, ainda sentindo dor.

— Eu... trouxe... sorvete de flocos... – Steve dizia, ainda atrapalhado por conta de ter sido flagrado lhe tocando.

— Você lembrou que gosto de sorvete de flocos!? - Os olhos da garota brilharam no mesmo instante.

— Como disse antes... minha memória não esquece... arquiva. – E então, ele lançou um sorriso acanhado e desajeitado na direção da Segundo-Tenente.

— Obrigada, Cap... – Mary sorriu de volta, já tentando se levantar da cama, com dificuldades.

Embora ainda estivesse envergonhado, o Capitão correu para ajudá-la a se levantar, preocupado que a mesma caísse.

— Você está bem...?

— Estou tonta... mas preciso de outro banho...

— Eu vou te acompanhar até a porta... – E então, ele a ajudava a andar, deixando que a garota se apoiasse nele.

Ao chegarem, Mary girou a maçaneta, abrindo a porta enquanto Steve entregava uma sacola para ela.

A loirinha olhou para ele, encantada com seu cavalheirismo e gentileza...

— Obrigada...

— Ah... bem... se você precisar de mim, me chame... – O Capitão passava a mão direita por seus cabelos, massageando a nuca, num forte indício de embaraço... não sabia exatamente o que dizer...

Mary Crystal sorriu de canto, um pouco maliciosa.

— Sabe que suas palavras soariam indecentes se eu não estivesse nessa condição, certo...? – O provocava, apenas para deixa-lo ainda mais constrangido.

— Sem brincadeiras, senhorita Ellis...

— Ok... eu vou ficar bem, não se preocupe. – E então, a Segundo-Tenente fechou a porta e o loiro...

Apenas respirou forte quando percebia que estava prendendo sua respiração...

.

.

Mary saia do banheiro após mais um banho, ainda tonta...

Steve ajudava a garota a andar, pois as dores abdominais eram tão fortes e ela estava tão fraca, que se deixava se escorar nele...

A Segundo-Tenente se deitou, colocando a bolsa térmica em cima da barriga, enquanto olhava pra cima...

Céus, que situação embaraçosa e patética... ser vista naquelas condições pelo Capitão América, que já achava que a mesma era só uma garotinha mimada...

O loiro não tinha ideia que as mulheres passavam por tudo aquilo.

— Isso não acontece com frequência... na maioria das vezes eu fico bem, mas tem meses que esses sintomas aparecem e sou obrigada a ficar de cama... – A loira justificava, tentando parecer menos frágil...

— Deve ser bem difícil... – O Capitão redarguia, sentado na poltrona ao lado da cama dela, observando-a.

— Sim... é difícil ser mulher... e queria muito ter nascido homem... – Mary sorria, desanimada, ainda sentindo um pouco de dor, mesmo depois de tomar seus remédios.

— Bem, não temos tantas coisas que nos impedem fisicamente como as mulheres, mas ser homem também não é muito fácil, senhorita Ellis...

— Eu sei...

— Sabe...?

— Sim... homens tem muito mais apetite sexual do que as mulheres. Produzem testosterona o tempo todo e por isso acabam sendo bem inconvenientes algumas vezes...

Steve ficou em silêncio. Ela tinha muita razão... era indigno... e extremamente difícil lidar com aqueles problemas...

— Deve ser pior pra você do que para os outros homens, não é Cap...?

— Não sei... por que seria?

— Por causa do soro que aumentou tudo em seu corpo quatro vezes mais, não é...?

— E por que isso seria pior...?

Mary sorriu maliciosamente de canto...

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— Porque você não transa...

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Steve ficou em silêncio, sentindo suas bochechas esquentarem de novo...

— Agora é você que está sendo inconveniente comigo, senhorita Ellis... – Redarguia, sem olhar nos olhos dela.

— E com certeza você não deve esvaziar do jeito mais conveniente, deixando a sua natureza fazer isso por você, não é mesmo...? - Ela deduzia, baseado no que conhecia dele enquanto conviviam juntos...

Ela segurava a bolsa térmica na barriga, suprimindo uma risada de escárnio.

O soldado não sabia o que responder. Não revelaria suas intimidades a ela...

— Por que não mudamos de assunto, senhorita Ellis? Não quer que eu ligue a TV ou o rádio?

— Eu te admiro, Capitão... deve ter um autocontrole gigantesco... parabéns... – Mary Crystal o ignorava, continuando naquele assunto impróprio.

— É melhor você descansar. Vou sair um pouco pra te deixar sozinha e repousar.

— Vai me deixar sozinha aqui...!? Que maldoso de sua parte...! – A loirinha protestava, com uma feição birrenta na face.

— Você quer alguma coisa?

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— Quero você... – Ela tinha a expressão de um anjo, sorrindo diabolicamente.

.

Steve franziu o cenho e bufou, impaciente.

— Pare de brincar. Estou falando sério...

— Ok, já que não posso ter você, eu quero aquele sorvete de flocos que comprou pra mim. Pode ser?

— Claro... – O Super Soldado ia até o frigobar do quarto, já procurando também por uma colher.

Mary o observava... era estranho ser cuidada por outra pessoa que não fosse seus pais, Harry ou Amber...

Steve tinha uma alma heroica e viril... mas também sabia como ser doce como um menino e puro como um anjo...

Embora estivesse atrasado a muitos avanços da cultura americana, ele se mostrava prestativo quando mais precisava... com quem aprendeu a ser assim? Ah sim... o mesmo dizia que sua mãe tinha muito zelo, cautela e precaução com ele quando ainda era apenas alguém doente.

Então tudo aquilo foi obra de uma criação maternal e feminina? Era por isso que o Capitão América agia como homem no campo de guerra e como uma mãe vigilante com as pessoas ao redor que estavam doentes ou vulneráveis...?

Se sua análise estivesse certa, Mary diria que Steve Rogers era o homem perfeito e ideal... o sonho de todas as mulheres...

A garota examinava todo o capricho e cautela que o mesmo tinha naquela hora, ainda que os dois não se dessem bem e tivessem quase nada em comum...

Às vezes ele era tão bobo que a fazia se sentir tão boba, que Mary tinha pena de como o mundo era bobo antes de se conhecerem...

Steve caminhava na direção dela, de novo.

— Aqui está... – O loiro entregava cuidadosamente o pote de sorvete na direção dela, enquanto a garota se sentava na cama.

Kiara pegava o objeto das mãos dele... com um sorriso luminoso nos lábios...

— Preciso ficar assim mais vezes... é maravilhoso te ter como meu serviçal particular!

— Claro... porque é mais fácil me chamar de serviçal do que um amigo que ajuda uma amiga, não é...?

— Pra que toda essa insistência em ser meu amigo? Você é chato, careta e retrógrado! Todos os meus amigos são modernos, descolados e legais!

— Certo... não sei por quanto tempo serei seu serviçal, mas espero que não demore muito para sair desse posto.

— Ah, não fique assim, Cap! Tem dias que estou hipersensível e tem dias que ajo como um demônio, portanto, quando eu estiver sensível, cuide de mim, e quando estiver parecendo um demônio cuide muito bem de você! – A loira replicava, tentando fazer graça da situação.

— É uma pena que você seja esse demônio a maior parte do tempo e quem sofra sou eu.

— Sem vitimismo, Cap, e... minha nossa, que sorvete maravilhoso! Era o que eu mais precisava no momento! – A Segundo-Tenente confessava, se deliciando com o sabor gelado explodindo em seu paladar.

O Capitão lançava um singelo sorriso na direção dela.

Pelo visto, Mary estava melhorando...

— Mas mudando de assunto, já sabe quando vai atrás do Bucky? – Ela o questionava enquanto afundava a colher no pote de sorvete.

— Ainda não... preciso convencer o Diretor Fury e o Conselho a me deixarem ir até ele... mas eles não podem saber que descobrimos que o Bucky está na prisão Balsa.

— Entendo... e bem... confesso que tenho curiosidade de conversar com aquela garota aprimorada de novo... a Wanda...

— Por causa das visões...?

— Sim...

— O Fury não vai permitir, você sabe.

— Eu sei como convencê-lo...

— Se soubesse como convencê-lo de algo, já tinha voltado para a Força Aérea, não acha, senhorita?

A garota fez um beicinho, cutucando o pote de sorvete, sabendo que ele estava certo...

Steve sacudiu a cabeça, vendo a frustração naqueles olhinhos verdes...

— Você parece uma menininha...

A garota virou o rosto na direção dele...

— Perto de você eu consigo ser e não sabe o prazer que isso me dá...

— Se sentir menina...?

.

— Estar com um homem de verdade...

.

O olhar surpreso de Steve mostrava que ele não esperava ouvir um elogio daqueles... embora não soubesse se podia levar aquilo a sério ou não, afinal, Mary Crystal era imprevisível demais...

Mas a Segundo-Tenente deixava claro que gostava do jeito manso e doce dele... tão delicado e atencioso...

Kiara amava a postura de homem firme... e era o lado másculo e viril que apenas complementava o lado sensível que ele tinha...

Já Steve, apenas achava que aquela declaração era muito profunda e significativa... só que decidia levar na brincadeira, apenas... por precaução...

As fortes impressões que tivera dela aquela manhã, lhe confundiam... e não desejava se sentir confuso sobre a relação que tinha com Mary Crystal...

.

.

As horas foram passando e Kiara pegou no sono.

Eram quatro e meia da tarde...

A garota foi se inclinando na cama, entre os lençóis, até que acabou dormindo de barriga para baixo.

Steve estava na varanda do quarto, lendo jornal e ouvindo algumas coisas numa estação de rádio.

O clima estava mais quente e seco... em breve o verão chegaria...

O sol iluminava tudo ao redor...

Mary Crystal despertava lentamente de seu sono, até que quando percebeu, estava deitada de barriga para baixo, ela levantou assustada, um pouco desnorteada.

O loiro percebia que a mesma havia acordado, mas...

.

— Céus, Steve, porque você me deixou dormir de barriga pra baixo!?

.

A loira reclamava num tom alarmado, como se algo muito ruim tivesse acontecido.

— Eu não sabia... isso é ruim...!? – Ele dobrava o jornal, colocando na cadeira da varanda, já correndo na direção dela.

— Sim... isso aumenta o meu fluxo e sinto mais dor... – Mary tentava se levantar da cama para ir ao banheiro, mas sentiu uma tontura e sua vista escureceu, numa vertigem...

O Capitão a segurou para que não caísse...

— Você está bem...!?

— Só estou tonta...

— Não quer ir ao hospital!?

— Claro que não... eu só preciso ficar de repouso... – A redarguia, com uma forte vertigem.

— Tem certeza? E se você piorar...?

— Eu não vou piorar...

— É melhor eu procurar um médico pra te ver então...

— Não precisa...

— Você precisa...

— Steve... pare de se preocupar como se eu estivesse grávida e você fosse o pai. Não precisa se incomodar desse jeito comigo...

O loiro mostrava embaraço e timidez diante daquelas palavras...

Seu rosto corava pela quarta vez aquele dia... ou seria a quinta?

— Eu só... não queria te ver passando por... isso... – Replicava, num tom de preocupação e constrangimento.

— Não se preocupe... eu vou ficar bem em breve...

— Espero que sim...

Os dois se entreolharam por dois segundos... dois eternos e profundos segundos e viraram os rostos imediatamente... um tanto inibidos...

— Você deve estar rindo por dentro não é...? Deve estar me achando uma dondoca indefesa que não consegue nem andar direito e precisa de alguém pra carregar...

— Senhorita, pare de achar que você é uma espécie de super homem... você é uma mulher, uma mulher que tem problemas normais. E confesso que fico aliviado quando vejo que na verdade você é só uma garota normal...

— Se não posso ser o superman, então quero ser a mulher maravilha... – Mary replicava, birrenta.

— Você teria que pintar o cabelo de preto, e não, ainda assim você não seria ela... – Ele redarguia, já sabendo quem era a Mulher Maravilha desde o dia em que Kiara mencionou sobre a Liga da Justiça.

— Mas eu não sou normal e você sabe...

— Sua feminilidade e fragilidade mostram que você é normal pra mim... pelo menos nesse aspecto...

— E daí...? Não precisa fazer tudo isso por mim... não é como se você fosse meu namorado... – A garota mantinha uma expressão teimosa e contumaz, exatamente como uma menina... talvez a menina que ele enxergava nela...?

— Eu sei que não sou seu namorado, senhorita Ellis... estou apenas tentando te ajudar... – Ele replicava, timidamente... embora seus pulmões parecessem tão apertados que mal conseguia respirar...

Apesar daquelas explosões caóticas, Mary Crystal podia sentir o toque profundo da paz em sua pele toda vez que Steve a pegava em seus braços. E tê-la em seus braços era se preparar para mudanças de temperatura... de ritmo cardíaco... de tom de voz e de respiração ofegante...

Havia tantos detalhes dela espalhados por todos os cantos dele... o sorriso de Mary Crystal ainda contornava seus lábios... a textura dos cabelos loiros ficava impregnada nas digitais de seus dedos... o doce perfume ainda permeava suas narinas... e seu olhar estava pintado e esculpido em seu consciente e subconsciente...

Ela havia passado por ele, decorando tudo como se fosse seu... sem nem ao menos saber disso...

Naquele momento efêmero e que parecia eterno, ambos se separaram quando ouviram o barulho do telefone do Capitão tocar...

O loiro a soltou, um tanto envergonhado...

Céus... por que momentos como aqueles sempre estavam acontecendo entre os dois...?

Ele pegava o aparelho, vendo um nome no visor da tela...

.

.

Kate Sanders...

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Steve suspirou aliviado... era tudo o que ele precisava no momento... alguém que lhe tirasse daquela situação estranha com Mary...

O loiro atendia a ligação.

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— Olá, Kate...

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O Super Soldado caminhava em direção a varanda...

Quando Kiara ouviu aquele nome, sentiu uma forte compressão no estômago...

Kate... a nova amiga de Steve...

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O que ela queria com ele...?

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Notas finais do capítulo

Os capítulos daqui pra frente serão bem difíceis pro Capitão América. Não será nada fácil lidar com novos sentimentos por outra pessoa que não Peggy Carter, e tudo isso será reforçado pelas ações da Mary, que mostrarão que ela se importa com ele, mas sem segundas intenções. Ela apenas agirá da forma como julga melhor, não esperando reciprocidade... só que isso vai fazê-lo olhar pra ela de forma diferente... e ela nem se dará conta disso. Espero que vocês estejam aqui pra ver... mas só pra lembrar: AS BRIGAS E PIADAS CONTINUAM, AHAHAHAHAHAHAHA!!! *emoji de diabinho.

No próximo, o nosso casal briguento vai assistir a um jogo dos Dodgers em Los Angeles. Vai ser um capítulo muito engraçado e com revelações intensas por parte de um Capitão América pré-apaixonado e uma Segundo-Tenente sem ter ideia alguma do que tá acontecendo ahahahahaha não “perdam”!!!

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