Nada é real até que se acabe escrita por asthenia


Capítulo 15
Aquilo que não é dito


Notas iniciais do capítulo

AI QUE SAUDADE QUE EU TAVA!!
mil e milhões de coisas acontecendo, trabalho acumulado, facul e meu computador que decidiu morrer de repente. Mas aqui estou de volta e devo avisá-los que: já estamos quaaaase na fase final da história!
Eu planejava uns 10 capítulos, mas aqui estamos no décimo quinto e MUITO feliz pelos comentários lindos de vocês, eu ganho meu dia, sério!
Sem mais enrolações, espero que gostem ♥



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“I wanna wake up where you are.”

“Eu quero acordar aonde você estiver.”

 

“Havia quatro dias que ela não aparecia na escola.

Estavam quase no final de semana e em poucos dias seria a colação de grau.

Hinata não era uma aluna de faltar as aulas. Ela era sempre pontual e dedicada, por isso, não a ver pelos corredores era incomum. Tinha um sentimento ruim quanto aquilo – talvez ela estivesse doente, ou algo poderia ter acontecido. No terceiro dia, na quarta-feira, Naruto apareceu preocupado por notícias. Sakura não soube responde-lo, mas tentou de todas as formas assegurá-lo para evitar preocupações. Ele pareceu acreditar. No entanto, ainda estava inquieta quanto a Hyuuga.

No caminho para casa sentiu seu celular vibrar. Era uma mensagem de Hinata perguntando se poderia ir até sua casa naquela tarde. Ao garantir que sim, marcaram um horário.

Sakura agora tinha certeza que algo estava errado. Hinata estava com as mãos suadas, inquieta. Sua respiração era curta e constantemente apertava os dedos. Havia perguntado o que tinha acontecido mais de uma vez, mas a morena continuava dizendo que iriam conversar assim que Ino chegasse.

Quando a loira chegou a Hyuuga não hesitou em chama-las para conversar. Ambas sabiam que ela tinha alguma novidade para compartilhar.

— Soube que Neji havia prestado para uma bolsa de especialização em Kumo. Logo depois que.... Que tudo com Naruto aconteceu.  – A Hyuuga disse, respirando fundo. – Neji sugeriu que eu também tentasse uma bolsa na mesma universidade para literatura.

Sakura estava sem palavras. Ela sabia como aquela notícia iria terminar.

— Hina, você.... Você tentou?

Ino comentou, esperando estar enganada. Hinata puxou o ar para seus pulmões.

— Sábado recebi a carta de que tinha sido aprovada. Eu estarei indo para Kumo no final da semana que vem.

O silêncio caiu sobre as três. Ino apenas encarava suas amigas, incrédula.

— Mas nós tínhamos planejado ir para a universidade de Konoha! – A loira disse, levantando-se. – Nós três! Eu não acredito nisso!

— Por que, Hina? – Sakura a encarou, procurando respostas.

Hinata não conseguiu mais segurar as lágrimas.

— Eu não aguento mais. E-Eu tentei... Tentei de todas as formas enterrar meus próprios sentimentos, mas eu não consigo. – Ela se sentou. Respirou fundo, mexendo as mãos nervosamente. – Naruto vai ser sempre uma sombra na minha vida e eu sei que tenho que esquecê-lo. E estar perto dele também na universidade só vai tornar tudo mais difícil.

— Ele já te pediu desculpas, já terminou com Shion! – Ino disse, encarando as duas amigas. – Já está tudo bem.

Hinata limpou as lágrimas de seu rosto.

— Não enquanto eu tiver sentimentos por ele.

Ino voltou seus olhos a Sakura, procurando respostas.

Sakura se aproximou de Hinata, abraçando-a. Sem rodeios, a Hyuuga a abraçou de volta.

— E-Eu não aguento mais esse sentimento dentro de mim. Eu não quero ter que fingir que eu não sinto nada todas as vezes em que ele aparecer com outra pessoa.

As lágrimas molhavam a blusa de Sakura, que nada disse. Ino estava sem palavras, apenas abraçou suas amigas, ouvindo o choro baixo de Hinata.”

—/-

Foi um raio de sol, entre as frestas das cortinas, que despertou Hinata. Espreguiçou-se, ainda de olhos fechados, aos bocejos. Um flash de memória a fez lembrar onde estava. Ainda esfregando os olhos, sentou-se na cama, percebeu que estava sozinha ali, segurando o lençol contra seu corpo. Envergonhou-se por ainda estar nua.

Olhou em volta do cômodo, encontrando suas roupas em cima de uma poltrona, em um dos cantos do quarto. Naruto provavelmente os deixou lá para quando ela acordasse. Sorriu com o pensamento, perguntando-se onde ele estaria. Vestiu-se, foi ao banheiro do quarto, lavou seu rosto e seguiu o barulho de louça e o cheiro de café.

Ela sorriu ao chegar a cozinha. Naruto estava colocando canecas em uma bandeja, junto com outros pratos que continham torradas, frutas e outras coisas que Hinata não pôde identificar.

— Ei, não era pra você acordar ainda! Eu ia te levar o café na cama. – Ele sorriu, indo até ela. – Bom dia. – Beijou-a. – Dormiu bem?

— Bom dia. Dormi sim, e você?

Olhando para seu rosto corado, o Uzumaki a beijou, mais uma vez.

— Muito bem! Vem, senta, eu fiz café pra gente. – Ele colocou a bandeja na mesa, voltando a cozinha para pegar outras coisas. Ele voltou, rápido, trazendo alguns pratos. Antes de se sentar à mesa, deu-lhe mais um beijo.

— Obrigada pelo café-da-manhã. Eu não estou atrapalhando?

— Claro que não. – Ele respondeu, sorrindo. O rosto dele ainda estava com traços de que havia acordado há pouco tempo. – Hoje eu só tenho uma reunião a tarde. Conforme vai chegando próximo a eleição, vai ficando mais tranquilo.

Hinata tomou um gole do café, olhando-o, carinhosamente.

— Eu fico muito feliz em ver você conquistando tudo o que quer.

O rosto dele corou, levemente. Ela teve vontade de rir.

— Não diga essas coisas a essa hora senão sou obrigado a te beijar inteira com bafo de café. – Ela riu, acanhada, mordendo sua torrada. – E quais são os seus planos para hoje?

— Almoço com Hanabi e papai. Depois prometi a Kiba ajuda-lo com a inauguração da clínica, junto com Kurenai e Shino.

— Hm. – Ele terminou de mastigar. – E nenhum jantar ou, sei lá. – Naruto olhava fixamente sua caneca. – Algum encontro mais tarde?

Hinata o olhou sem entender. Ele continuava olhando para sua caneca, parecendo sem graça. Entãoela percebeu. Ele estava perguntando sobre Toneri. Naruto sabia que os dois estiveram em um encontro.

— Você quer saber sobre Toneri. – Hinata afirmou, sorrindo. Como ele, o seu sonho de menina, poderia ter ciúmes dela?

— Não, não sobre ele. - Defendeu-se, não evitando sorrir, sem graça. – Sobre.... Vocês dois. Ele ficou se gabando pra mim que vocês iam jantar e blá, blá, blá.

O jeito cômico com que ele falava a lembrava de quando eles eram criança, brigando com Sasuke por uma bobagem qualquer. Estranhou que Toneri e ele tivessem falado sobre ela.

— Toneri e eu não vamos os encontrar de novo.

— Não? – Ele mal disfarçava o sorriso.

— Não. Eu também soube que agora ele está apoiando Danzou na campanha para Hokage.

Naruto deu de ombros.

— É. Danzou defende os empresários e quer apostar na economia. – Naruto disse, colocando sua caneca a mesa. – É o interesse de Toneri. Apesar de eu achar que o interesse nele seja outro.

Naruto sorriu, com certo desdém. Hinata juntou mais seus braços ao próprio corpo.

— Me desculpe por isso.

— Você não tem que se desculpar de nada. – O Uzumaki pegou a mão dela. – Não é de hoje que ele implica comigo, ele sempre quis me diminuir.

Ele mordeu seu lábio inferior. A camisa, entreaberta, e os resquícios de sua cara de sono lhe davam um nó na barriga. Ela não se importaria em beijá-lo naquele momento.

— Ele é uma pessoa complicada.

— O cara é um mala, Hinata! – Ela sorriu com ele. – Eu não sei como sua família gosta dele.

— Nós nos conhecemos há muito tempo. Neji e ele até chegaram a praticar tênis juntos.

Os olhos de Naruto se voltaram a ela. Hinata não entendeu o aparente desconforto dele.

— Os dois eram amigos então. Seu primo também ficaria feliz se você estivesse com ele.

Ela apertou os dedos dele.

— Talvez sim. – Naruto a olhava fixamente, sem expressão. – Mas você também tem uma legião de fãs, não é?

Ele sorriu. Por Deus, não importava quantas vezes ele sorrisse, sempre surtia efeito nela.

— Por que você acha isso?

Hinata desviou o olhar, rapidamente.

— Dá para notar o quanto você atrai olhares. Sem contar que... – Ela se lembrou das palavras de Toneri. – Soube que você sempre esteve rodeado de mulheres lindas, dessas que estampam capas de revista.

Naruto levantou as sobrancelhas, surpreso.

— Onde você ouviu isso?

Hinata corou. Ele a olhava profundamente.

— No evento havia duas mulheres falando de você no banheiro. Que só saía com mulheres maravilhosas e que era uma surpresa que você estivesse desacompanhado naquela noite.

— Mas eu não tava sozinho. Estava com você.

— Eu estava lá como sua amiga.

Naruto pulou uma cadeira, ao lado dela. Seus olhos não fugiam de seu rosto. Entrelaçou os dedos dela entre os seus dedos.

— Hinata, você acha que somos bons amigos? – Ela não soube como responder. – Porque esse sempre foi meu maior problema. Eu achava que queria ser seu amigo, mas não era só isso. Só que... Só que eu sempre fui burro pra perceber. – Naruto olhava agora a mão dela na dele. – Eu fiquei revoltado quando você foi embora. Por muito tempo eu achei estar daquele jeito porque tinha perdido uma amiga. Eu cometi erros gigantescos por isso. – Os azuis de seus olhos pareciam ainda mais claros, com os dois estando tão próximo. – Mas não era amizade. Você sempre foi mais do que isso. – Ele sorriu.

Ela encarou os lábios dele e em seguida os olhos. Sem resistência, encostou seus lábios nos dele, e não hesitou em dizer:

— Então que sejamos mais que amigos.

Naruto sorriu a ela. Não demorou para o roçar de lábios se tornar um beijo íntimo.

—/-

Após Naruto deixá-la em casa e se despedirem aos beijos no carro, Hinata encontrou sua irmã no hall de entrada, sorrindo curiosa. A mais velha sentiu seu rosto esquentar.

— Quero detalhes! Já! Como foi a sua noite? Vocês já estão namorando?

— Pára com isso, Hanabi! – Hinata subia as escadas, mas sua irmã não saía de seu encalço.

— Qual é, Hina! – Hanabi se jogou na cama de sua irmã assim que chegaram ao quarto. – Me conta tudo, vai! Eu até acho que vocês demoraram muito para esse momento acontecer!

Hinata a olhou, sem entender. Hanabi a olhou de volta, dando de ombros.

— Konohamaru me contou que desde que soube que você estava em Konoha, Naruto age estranho. Não se concentra tanto no trabalho, está sempre com a cabeça no mundo da lua. Ou melhor, pensando em você.

Hanabi sorriu. Hinata retribuiu o sorriso, indo até sua irmã e se sentando ao lado dela.

— Hana, eu tive a noite mais linda da minha vida. – Respirou fundo. – Foi tudo como deveria ser. Ele disse que me amava.

O sorriso de Hanabi se alargou.

— Finalmente esse panaca se tocou! E você? Disse que o amava também?

A Hyuuga mais velha ficou sem palavras. Lembrou-se do momento em que ele se declarava, em que chorou emocionada. Porém, ela não disse de volta. No encontro dos dois, na manhã em que tomaram café juntos, em nenhum momento Hinata dissera que o amava.

— Hinata?

Não deu tempo para responder, a voz de Hiashi chamando suas filhas interrompeu a conversa das duas. Porém, o pensamento era óbvio. Ela não havia o respondido. O que havia de errado dizer que também o amava? Hinata sempre quis aquilo. Naruto era o seu amor de infância, a pessoa que a fez enfrentar sua timidez, trabalhar suas inseguranças. Por que, então, não disse que o amava de volta?

—/-

O dia estava incrivelmente ensolarado, como era comum em Konoha. Seu pai nada disse – ou sequer perguntou – sobre sua noite e a morena ficara aliviada. Compartilharam lembranças, histórias sobre o ambiente de trabalho, coisas do cotidiano. Enchia sua cabeça com pensamentos sobre aquele momento compartilhado, no entanto, frequentemente lembrava-se da constatação óbvia de que não havia retribuído a declaração de Naruto. Não encontrava respostas coerentes da razão pela qual não havia o respondido.

As horas passavam incrivelmente rápidas. Ao final do almoço já se encaminhou para a clínica de Kiba, para ajudá-lo com detalhes de sua inauguração, que aconteceria no dia seguinte. Encontrou Kurenai, conversando com Shino logo na entrada. Sua antiga sensei estava com uma feição melhor, mais descansada.

— Esteja preparada, Hinata. – Shino disse, por detrás dos seus óculos escuros habituais. – Por que digo isso? Porque Kiba vai te alugar pelo dia todo.

Hinata riu, junto a Kurenai.

— Mas é para isso mesmo que ela está aqui!

O grito de Kiba chamou atenção de todos. Ele correu para abrir o local para seus colegas. Ao abrir, Hinata logo viu que as paredes estavam pintadas com imitando patas de diversos animais.

— Sai pintou para você?

— Sim! Ficou legal, né? – Kiba sorriu a Hinata, que concordou.- Só espero que o cheiro de tinta não te deixe com náuseas, Kurenai-sensei.

A mais velha olhava em volta, admirando.

— Não se preocupe, mal tenho enjoos. Me leve até os fundos para começarmos por lá.

A Hyuuga continuava vendo a pintura detalhada quando sentiu seu celular vibrar em no bolso. Sua caixa de mensagens estava cheia, com mensagens de Toneri que ela escolheu ignorar. O celular havia vibrado coma recém-chegada da mensagem de Naruto.

Naruto Uzumaki: Pensa numa reunião chata!

Naruto Uzumaki: Seria muito melhor estar de conchinha com vc até agora do que nessa reunião

Hinata sorriu, involuntariamente.

Hinata Hyuuga: 3 horas da tarde não é hora de dormir de conchinha

Digitando...

Naruto Uzumaki: Sempre é uma boa hora de dormir de conchinha com vc ♥

Hinata Hyuuga: Eu iria amar ♥

Quase não percebeu quando Shino parou ao seu lado.

— É bom te ver feliz.

Hinata encarou seu amigo que, mesmo sem olhar diretamente a ela, sabia que estava sendo sincero. O sorriso continuou, ao ver seu amigo.

— Eu já imaginava que vocês dois iriam se resolver.

A morena não havia entendido a constatação.

— Eu gosto do Naruto. Ele foi bastante idiota quando éramos adolescentes, mas acredito que ele tenha amadurecido.

— Você acha mesmo? – Sentiu suas bochechas esquentarem.

— Sim. – Shino arrumou seus óculos escuros. – Kiba também. Primeiro pela forma como ele ficou quando você foi para Kumo e também quando ele pediu seu endereço de lá, dizendo que iria até você. – Suspirou. – Nós ficamos surpresos com as atitudes dele.

Hinata se surpreendeu.

— Quando ele pediu isso a vocês?

— Há uns dois anos. Mas nós não demos. Kiba ainda desconfiava do que ele realmente queria.

Os passos rápidos de Kiba até os dois fez o assunto se dissipar, rapidamente.

— Só vão ficar de papo? Vamos, temos bastante trabalho!

A Hyuuga sorriu a Kiba, concordando. Sua cabeça já estava fervilhando com ideias sobre os dois. Pensar sobre mais um fator não ajudaria sua ansiedade. E ela tinha outra coisa mais delicada para se lembrar: mais dois dias e estaria de volta a Kumo.


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Notas finais do capítulo

Música do capítulo é Slide do Goo Goo Dolls que, só pra lembrar, é maravilhosa!
se quiserem me xingar pode ser no meu twitter é @asthe_nia
obrigada mais uma vez, seus maravilhosos!
e aviso, Toneri vai aparecer já já!



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