Meus passos ecoavam no aeroporto, em meio a multidão, muitos paravam para me olhar, outro continuavam suas conversas sem nem me notar ali.

A pele de Renesmee parecia quente demais quando entrava em contado com a minha. Seus cabelos, da mesma cor dos do pai, caiam sobre os ombros em delicados cachos, enquanto seus olhos observavam tudo atentamente sobre meu ombro, parecia fascinada com o mundo e com as pessoas. A pequena em meus braços não perdia um só detalhe do que se passava no aeroporto, observando os aviões que decolavam e pousavam na pista e escondendo a cabeça no vão de meu pescoço quando percebia que estava sendo observada.

Parei em frente a uma grande parede de vidro no segundo andar do aeroporto, podia-se aprecias todos os pousos e decolagens dali. Coloquei Renesmee no chão e me abaixei até ficar de sua altura.

-Olha. – ela apontou um dos aviões. – Agente vai em um desses? – questionou, seus olhos ainda vidrados na aeronave.

-Sim querida. – confirmei. – vamos ver tudo lá de cima. – indiquei o céu e ela abriu um pouco a boca.

-Mas, agente não vai cair? – me olhou um pouco temerosa.

-Claro que não. – afirmei com um meio sorriso.

-Agente nem sabe voar. – Suas mãozinhas foram para a cintura, inconformada.

-Oh, não, nós não voamos, mas aquilo voa. – apontei um dos aviões que pousava. Sem duvidas ela continuaria insistindo se não fossemos chamadas para o embarque.

Tentava não demonstrar minha ansiedade e meu medo. Cada vez mais eu queria estar perto de Edward novamente, poder afirmar que estou bem e apresentar-lhe a nossa filha. Somente ouvir sua voz ou me perder em seus olhos novamente, somente isso já me contentaria. Ao mesmo tempo que queria me perder em seus olhos, temia encontrá-los e ver que a rejeição estava presente neles. Temia que ele não me perdoasse e seguisse sua eternidade sem mim. Temia ouvir sua voz carregada por palavras frias, amarguradas e enraivecidas direcionadas apenas para mim.

Respirei fundo e passei os olhos, rapidamente, pelo interior do avião, procurando por nossos lugares. Renesmee correu até eles e se debruçou a janela, observando tudo. Me sentei ao seu lado e tentei não pensar em Cullen algum. Consegui, por alguns instantes, mas qualquer coisa, por menor que fosse, me trazia de volta a imensidão de lembranças.

Voltei a fitar Renesmee, que, no momento, tinha sua atenção presa à comissária que repassava, em várias línguas, os procedimentos. Queria que minha mente fosse como a dela e eu pudesse me desligar do mundo ao meu redor, de lembranças e sentimentos.

A ajeitei no banco e prendi seu cinto, assim como o meu. Ela voltou a brincar com meu cabelo, e eu, novamente estava me afogando em lembranças...

...

Doze horas até Forks, variando entre dois aviões e um carro. Renesmee já havia dormido havia algum tempo, aconchegada em meu colo. Minahs esperanças aumentavam a cada passo, mas diminuíam quanto mais me aproximava. Confuso? Talvez seja, mas isso expressaria exatamente minhas emoções. Minha felicidade em estar de volta e minha tristeza em saber que eu estava aqui para me despedir. Minha esperança em reencontrar os Cullen e meu desespero com a idéia de encontrar neles a rejeição.

O céu encoberto pela densa camada de nuvens me recepcionou. As árvores eram vistas onde quer que você olhasse. O ar úmido e a temperatura fria. Forks continuava a mesma.

Embora minha vontade fosse de correr o mais rápido que conseguisse sem pensar ou me preocupar com o que os outros pensariam algo me dizia que meus passos deviam ser lentos e tranqüilos, como se eu estivesse adiando algo. A pequena e conhecida estrada que levava a mansão Cullen me pareceu não ter fim e ao mesmo tempo ser curta demais.

A cada passo meu coração dava sinais de que iria voltar a bater. Acelerei o passo, seja o que for não queria mais prolongar aquela agonia.

A casa parecia estar vazia. Esperei alguns instantes, tentando ouvir algum som. Nem um mísero ruído chegou aos meus ouvidos. Dei mais alguns passos à frente, onde a mata não me impedisse de enxergar toda a casa. Todas as paredes de vidro mostravam uma casa desocupada.

Respirei fundo e andei até a porta. Parei por um segundo, exitante. Levei minha mão até a maçaneta e a girei rapidamente, dando um único passo para adentrar á casa.

Coloquei Renesmee, que ainda dormia, no sofá da sala e andei por todos os cômodos, procurando qualquer Cullen.

O escritório de Carlisle já não tinha mais suas pinturas e o closet de Alice estava vazio. Eu relutava em acreditar que eles haviam saído dali. O que eu via me dizia isso, mas meu coração queria acreditar em alguma outra possibilidade.

A porta no fim do corredor estava entreaberta, a fitei por um longo tempo, criando coragem para entrar no quarto de Edward. Não foi preciso muitos passos para acabar com a distancia, meu coração se apertou quando abri a porta totalmente e eu pude ver o quarto vazio.

O cheiro de Edward estava presente ali, mesmo que fraco. As prateleiras estavam desocupadas, a não ser por um porta-retrato virado. Observei a foto que era contornada por uma moldura dourada em detalhes prateados e vermelhos, me lembrando do momento. Era a foto que tiramos no meu aniversário.

Cai de joelhos no chão e apoiei meu rosto entre as mãos. O que eu mais temia aconteceu, Edward simplesmente me esqueceu, me deixou, novamente. Aquela casa estava vazia, nenhum par de olhos dourados me fitavam nesse momento.

Desejei agora mais que qualquer outra coisa que minhas lágrimas rolassem, que eu pudesse ter novamente a sensação de estar chorando e que minha tristeza fosse demonstrada de alguma forma concreta e não por meros soluços.

Eu temia ouvir sua voz carregada por palavras frias, amarguradas e enraivecidas. Mas preferia ter de ouvir aquilo à não ouvir sua voz. Preferia também que aqueles olhos dourados carregados de rejeição do que não poder me perder mais neles. Não fitar mais os olhos de Edward Cullen era, para mim, como viver na escuridão.

Sai do transe quando ouvi um coração acelerado se aproximando. Em menos de um segundo já estava no segundo andar, ao lado de Renesmee que dormia tranquilamente. Os passos chegavam cada vez mais próximos da casa, em uma velocidade inimaginável.