Três semanas haviam se passado desde que chegara a Toronto. Não estava tudo nos conformes, mas eu estava levando. Três semanas que minha amizade com Justin só crescia, e eu não tinha mais medo de me entregar a uma amizade. Eu estava realmente precisando de um amigo. Três semanas que Tânia me lançava olhares mortais. Eu não tinha medo, afinal como Leah dizia, cachorra que late não morde, eu estava completamente tranqüila. Três semanas que eu e Edward estávamos nos dando bem.

Depois do dia da pizza, ele conseguiu me mostrar que não era apenas um rostinho bonito e alguém super popular. Ele tinha conteúdo. Não no sentido de nerd, ele era engraçado e inteligente, nada disso você pode encontrar em alguém popular. Nada disso você pode encontrar na Tânia.

Mas o que não deixava minha vida perfeita, era a saudade de minha mãe e de meu pai. Quando o Sr. Bates voltou para sua casa, foi como se uma faca fosse cravada no meu peito e tirada as pressas. Eu sangrei. Não que eu não estivesse feliz por Justin, de jeito nenhum, acontece que ver uma família feliz, sorrindo, não me fazia feliz. Pelo contrário. Eu chorava, geralmente duas vezes por dia.

O que me impedia de chorar mais, eram minhas companhias. Quando não era Justin que estava comigo, era Edward quem estava. Se não um dos dois, Leah também vinha me visitar. Ela era uma ótima pessoa, e pelo que vi, ela parecia ser sincera, o que não me impediria de fazer amizade com ela também.

Apesar de tudo, a minha melhor companhia era a pequena Jenny. Eu servia de babá quando Jus dava uma de rebelde e dizia não à sua mãe. Ela era um doce. Eu sempre conseguia esquecer meus problemas quando estava brincando de casinha com ela. Era outro mundo, um mundo feliz. Eu era a mãe e ela a filha, obviamente. Certo dia em que brincava com ela, tive uma vontade imensa de ter um filho. Graças ao bom Deus, essa vontade louca passou, mas foi um momento lindo.

#Flashback on

- Estelle? Cheguei – Berrei enquanto entrava pela porta e pendurava meu casaco em um suporte.

- Oi, Bells, querida. Estou na cozinha – Chamou a voz doce de Estelle. Segui para a cozinha e a encontrei dando uma colherada de sopa para a pequena criança.

- MAMÃE! – Exclamou Jenny.

- O que foi, meu anjo? – Indagou Estelle, pegando outra colherada de sopa.

- Não é você, mamãe, é a mamãe Bella. – Jenny estendeu seus pequenos braços na minha direção.

Eu senti meus olhos marejarem e peguei a pequena Jenny no colo.

- Ah, já estão assim então, é? Tudo bem, posso superar isso – Estelle brincou, fingindo choro.

- Não, mamãe, a Bella só é minha mamãe de brincadeira.

Nós rimos. Foi um momento tão simples, mas tão lindo para mim. Mamãe. Era uma palavra que eu sonhava ouvir da boca de alguém que tivesse saído de mim.

#Flashback off

Uma das coisas que me deixava alegre nessas semanas foram também as constantes ligações de Amanda. Sempre carinhosa, prestativa e sempre preocupada. Era uma verdadeira amiga para mim.

Além dos amigos que já citei, tinha também as pessoas em que eu tinha proximidade. Alice, Rosalie, Emmett e Jasper, eram minhas companhias do almoço, quando eu não estava com Edward, na turma dele. Sim, eu andava com os garotos e isso era mais um motivo para Tânia me matar com o olhar. Edward não andava com muitos garotos. Eram cinco, mas na maioria das vezes, era só ele e Jacob. Jacob era um palhaço, mas quando queria, era grosso e rude. Tinha seu jeitão meio mandão e ignorante, mas era uma boa companhia pra quem precisa rir.

Tipo eu.

- Oi, terra chamando Bella. – Chamou Edward. Pisquei e sussurrei um “Eu estou te ouvindo”. Edward semicerrou os olhos – Do que estamos falando então?

- De... Carros. – Foi a primeira coisa que me veio a mente, pois era o que eles gostavam de conversar.

- Incrível. Essa garota tem o dom de escutar-nos e ficar alienada ao mesmo tempo. – Jacob fingia admiração. Os dois idiotas riram enquanto eu rolava os olhos.

- Babacas. – Sorri.

- Se não fosse por esses babacas, você estaria na mesa dos fracassados. – Disse Jacob de boca cheia.

- Hey! Eles não são fracassados, só não são populares como vocês... Edward, não vai defender sua irmã? – Fitei-o incrédula. Ele riu e deu de ombros.

- É o que eles são.

- Não acredito que estou ouvindo isso. – Deixei meu queixo cair, mas logo o ergui de volta e fiz uma expressão amarga. – Isso quer dizer que também sou fracassada.

- Não. Você anda com a gente. – Jacob se manifestou.

- E com eles também. – Rebati.

- Ih, chega, chega. Você é uma popular fracassada, problema resolvido. – Edward balançou a cabeça e voltou a comer, proporcionando risos meus e de Jacob.

Jacob apertou minha bochecha e sorriu. Mostrei a língua para ele.

Era sempre dessa maneira. Éramos bobos, vivíamos brigando, mas ele era uma boa pessoa.

O sinal tocou e fomos para as ultimas aulas. Os intervalos sempre eram gostosos, descontraídos e eram mais um remédio para a minha dor.

-

- Bella, Bella! – Justin corria na direção da cerca que separava nossas casas enquanto eu me embalava calmamente no balanço.

Levantei meu olhar e o vi com o maior sorriso do mundo na face.

- O que houve? Outra espinha que secou? – Brinquei e ele rolou os olhos, rindo logo depois.

- Não, chata. – Voltou a sorrir largamente. – Britney Weitz aceitou sair comigo.

- O que? – Indaguei chocada. – Uma das discípulas de Tânia aceitou sair com você? Só pode estar brincando.

- Não, é sério! Eu te disse que ia conquistá-la, eu disse. – Se gabou e eu ri.

- Quando vão sair?

Justin fitou seu pulso fino, que por sinal estava sem relógio e sorriu de canto.

- Daqui a pouco.

- Pule a cerca e venha aqui. – Levantei-me do balanço enquanto falava.

- Mas eu nem comecei a namorar e você já quer que eu pule a cerca? Má influencia – Balançou a cabeça negativamente enquanto apoiava uma mão na tabua da cerca e saltava.

Eu sorri ironicamente para ele, relaxando a expressão em seguida e o puxei pela mão para dentro da minha casa.

- O que está fazendo?

- Vou te ensinar umas coisas, se quer conquistar essa garota, tem que fazer do jeito certo.