E aquela multidão de aeroportos me cercava. Não me restava nada para mim alem do meu velho exemplar de O Morro dos Ventos Uivantes e minhas malas. Não, ninguém se importava comigo.

Mike Newton, que se dizia meu melhor amigo, não me ajudou quando soube da morte dos meus pais, e Jessica Stanley muito menos. Só agora eu conseguia enxergar o quanto doía ficar sozinha, nunca dei valor as pessoas que realmente me queriam bem e sempre fiquei do lado fútil.

É, agora eu via. Minha mãe sempre me dizia “Isabella, você tem que ver bem quem anda contigo” ou então citava aquele ditado idiota. “Diga-me com quem andas e eu direi quem és”

Mas eu sei que não sou como Mike ou Jess, eu sou boa. Nunca fiz mal à uma mosca se quer. E mesmo assim eu via agora que eu simplesmente nunca fiz coisas boas. Porque devia sim haver um motivo pra Deus me odiar tanto e tirar meus dois tesouros mais preciosos. Papai e mamãe nunca voltariam.

Segurei uma lagrima que queria escapar do meu olho e engoli em seco.

- Atenção senhores passageiros, o vôo para Toronto sairá em cinco minutos.

Era o meu vôo. Bem, Toronto foi escolha aleatória. Queria alguma cidade que me fizesse levar uma vida totalmente diferente da que eu tinha em Bridgeport, em Connecticut. Ir para o Canadá talvez fosse me fazer esquecer algumas coisas. Ou não. Mas lá tinha boas escolas – pelo que eu havia pesquisado – e o clima era bem temperado. Alem do mais eu sempre sonhei com a neve.

Na verdade, a única coisa que eu desejava agora era ter uma vida normal e achar um jeito de fazer meus pais morrerem na minha mente também. Simplesmente esquecer.