Brotherhood and Blood escrita por Bayons


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

"Talvez a gente não toque de forma satisfatória, mas vamos tocar, se tenho a chance de tocar e pessoas para me ouvir, vou tocar com todas as minhas forças. " - Your lie in april.



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Segunda-feira, estudantes acomodados em suas cadeiras fazem anotações enquanto o professor atenciosamente arrasta o pincel no quadro. Ao som de dezenas de lápis riscando a folha do caderno, une-se o de borrachas apagando textos escritos erroneamente, relacionados a um terceiro som, o de bocejos. Prova de que a energia usada no final de semana não fora completamente reposta. O meu final de semana também fora agitado, arrastado de um lugar a outro do parque  por uma garota intrometida.

Sentado no banco remoendo meus assuntos particulares, apareceu de repente me tomando pela mão, tive a sensação de ter entrado numa montanha russa. Não tendo escolha a não ser ir para onde me levasse, uma experiência de altos e baixos, tomar um sorvete, ser perseguido por cachorros,... Eu diria que Crista Reiss é uma jornada de destino incerto. Por várias vezes sob minhas pálpebras aquela tarde se repete, sinto que não fora totalmente honesto com ela. 

Por mais ofuscante que o sol seja, não é capaz de penetrar as densas nuvens acinzentadas vistas do outro lado da janela, ameaçando derramar seus lamentos em nossas cabeças. Iguais nuvens circundam meu coração, numa tentativa de ocultar um passado que não pode ser apagado. Entretanto, pequenos feixes encontraram falhas nessa defesa. Por mais que demonstrasse boas intenções em melhorar meu humor, sem chance que eu contaria para ela. Afinal, o que alguém que sorri de maneira tão despreocupada poderia entender sobre a perda de um amigo querido?

Se houvesse deixado ela abrir meu coração e revelado a real razão de minha tristeza, como me responderia? Se de maneira leviana seus lábios tão inocentes quanto seus olhos proferissem frases de efeito vazias... eu poderia acabar por desprezá-la. Não quero isso. Sendo franco, talvez não de um jeito romântico, eu gosto de Crista Reiss. Afinal, ela é bela, tão bela que parece uma pintura. A forma como seu cabelo loiro balança ao vento, a forma como parece saborear as coisas simples da vida, tudo que faz parece não parar de exalar beleza. 

— Judeau, Judeau! — Adam Lewis repete meu nome cada vez mais intensamente. — Tá sonhando acordado? A aula já acabou, vamos pro intervalo, cara.

— O que? — digo olhando em volta confuso, vendo os demais colegas saindo vagarosamente da sala. 

— Deixa ele, aposto que está pensando na menina que gosta. — sugeriu Pietro com um sorrisinho de lado dando pequenas cotoveladas em Adam.

— Sério?! Judeau está apaixonado? — exclama Adam Lewis. — Esse mundo está insano mesmo.

— Não tenho dúvida, quando um garoto da nossa idade fica quieto por tanto tempo assim, é certo que tá pensando em coisas pervertidas. — continuou Pietro Carter com uma expressão maliciosa. 

— Quem é? Quem é? — diz Adam quase não contendo a empolgação. 

— Calados… 

Esses são meus colegas de classe Adam Lewis e Pietro Carter, muito amigos e frequentemente vistos juntos.  Uma dupla que se dá muito bem, embora ultimamente parece estar evoluindo para um trio devido a minha recente proximidade com ambos. Afinal, além de colegas de classe, somos colegas no clube de literatura. Não que seja uma dupla, ou trio, se preferir, fechado, afinal se dão bem com quase todo mundo da sala. São boas pessoas para passar o tempo, embora as vezes me despertem uma vontade de ser um pouco violento. 

— Estão sabendo da novidade? — perguntou Adam Lewis olhando lentamente para cada um sentado na mesa do refeitório, como que fazendo suspense.

— Novidade? Adoro novidades, conta logo. — diz Yasmin se balançando de um lado para o outro da cadeira, impaciente.

— Judeau… está apaixonado! — Adam finalmente revela.

— Não brinca, isso vai ter que sair na primeira página do jornal da escola. — exclama Yasmin, membra do clube de jornalismo. 

— Não esquece de me dar os créditos pela descoberta. — avisa Pietro.

— Pode deixar. — confirma Yasmin Lee.

A verdade é que não existe nenhuma razão em particular para estarem surpresos, de certo aconteceria a mesma coisa se fosse qualquer um em meu lugar. No fim, estão apenas se divertindo com tudo isso.

— Mais importante, o último caso do Esmagador foi bem perto daqui, não? — comento numa mistura de preocupação e tentativa de mudar de assunto.

Na noite de sábado, no dia que conheci Crista, um homem foi atacado por uma besta demoníaca ( como sugerem alguns ) enquanto voltava do trabalho, a cabeça esmagada como se atingida por algo enorme e pesado. Daí o apelido de esmagador. Já é o terceiro caso, e esse foi num bairro próximo. 

— Dizem que se você contar treze estrelas enquanto anda na rua durante a noite, ele aparece pra te pegar. — fala Adam tentando assustar os outros.

— Esse “dizem”, foram as vozes na sua cabeça? Você acabou de inventar isso não foi?  O céu naquela noite estava nublado, assim como agora. — retruca Pietro. — Estou quase certo que o Esmagador, na verdade é um Devorador de cérebros. Esmaga o crânio de suas vítimas para se alimentar do fluido cerebral e adquirir inteligência para evoluir e escravizar a espécie humana. 

Os dois olham para o outro com uma expressão sombria por um momento e de repente começam a rir.

— Que nojo, estamos comendo! — lembra Yasmin, ligeiramente brava levando o lanche à boca.

Seja para mastigar ou recuperar o fôlego, faz-se um momento de silêncio. Sinto no clima uma forma não verbalizada de medo, embora se questionados ninguém irá admitir. O fato é que foi real, e perto, perto demais. Se incidentes como esse continuarem, a escola terá de tomar algumas medidas preventivas. 

— Aliás, estão sabendo da aluna transferida hoje? — comenta Yasmin Lee, provavelmente mais para quebrar o gelo, enquanto estica o pescoço olhando em volta do refeitório por sobre as cabeças dos demais estudantes. — Segundo minhas fontes o nome dela é Crista Reiss,  e possui a mesma idade que vocês.





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Notas finais do capítulo

Prometo postar o próximo em breve.



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