Marcas de Guerra (Espólios de Guerra 1) escrita por scararmst


Capítulo 14
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Notas iniciais do capítulo

Olá gente!
Estamos chegando no finaaal aaaaa ♥
Espero que estejam se divertindo. Eu tenho muito amor por essa história ♥
Lembrando a todos que teremos várias outras histórias nessa série :D
Aproveitem!



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24 de julho de 1988

Hermione aparatou no meio da sala do Largo Grimmauld já no fim da tarde. Ainda tinha suas ressalvas por estar ali, não sabia se devia. Tentava se acalmar pensando no fato do próprio Kingsley tê-la dado autorização para fazer aquela operação, mas ainda assim… Parecia trapaça.

Já há um bom tempo a garota tinha deixado de ser tão atrelada às regras, mas parecia-lhe errado pensar em reconstruírem o Ministério em cima de concessões e parcialidades. Não era para aquela situação ser esse tipo de acontecimento. Não era uma parcialidade, de forma alguma. Era um aviso oficial, uma precaução, só.

Harry não estava trabalhando naquele dia, descansando de uma longa vigília em Azkaban, tendo durado toda a noite anterior. Não demorou para Monstro aparecer na sala, indo recebê-la com uma reverência.

— Sente-se, minha senhora — ele pediu, indicando o sofá. — O que deseja?

Ela não gostava daquilo. Ainda não conseguia acreditar que Harry não tinha libertado Monstro. “O Monstro não quer”, ele dizia. “Surta e se atira aos meus pés implorando para eu não fazer isso com ele”. Não era motivo. Era só libertá-lo, pagar-lhe um salário e mantê-lo trabalhando ali.

Suspirou. Havia muito para cuidar agora. Infelizmente, os elfos teriam de esperar até ela se formar em Hogwarts.

— Eu preciso falar com Rony e Harry. É bem importante.

— Meu senhor Potter está dormindo. O senhor Weasley foi passar o dia na casa dele. Meu senhor Potter disse que não devia acordá-lo nem se a casa pegasse fogo, senhorita Granger.

E, como ela conseguia bem imaginar, isso queria dizer que o elfo estava disposto a praticamente qualquer coisa para manter Harry adormecido. Inclusive impedi-la de ir chamá-lo ela mesma. A garota sorriu, tentando não demonstrar a frustração, e tirou um livro da bolsa.

— Vou esperar aqui, então, se estiver tudo bem.

— Deseja chá com biscoitos?

— Não, obrigada. Só vou esperar mesmo.

Monstro fez mais uma reverência e deixou a sala, voltando para fazer qualquer de seus afazeres na cozinha. Sem ter muita opção no momento, Hermione pegou o livro, se recostou contra o sofá e começou a ler.

Harry ainda demorou uma hora inteira para acordar. Quando o garoto enfim desceu para a sala, de roupão e calças, desgrenhado e ajeitando os óculos, pareceu muito surpreso em ver Hermione ali. Ela fechou o livro com um sorriso, acenando para ele.

— Eu não sabia que vinha — comentou. — Teria me levantado…

— Imagine, Harry. Fiquei sabendo que essas rondas em Azkaban estão sendo muito estressantes e exaustivas. Você merece o descanso.

O garoto sorriu pequeno.

— Me dê um instante. Vou tomar um banho e vestir algo decente, e volto para lhe acompanhar — ele respondeu,virando-se de volta para as escadas. Parou depois de dois degraus, virando de volta para ela. — Ah! Rony não está.

— Eu vou precisar dele também — a garota comentou.

— Hm. Diga a Monstro para buscá-lo. Podemos todos jantar juntos.

Ela abriu a boca para informar seu nulo interesse em dar qualquer ordem a Monstro, mas Harry já tinha dado as costas escadas acima. Ela olhou para a cozinha, aflita, contendo um muxoxo na garganta. Não dava para dizer que não entendia o porquê de Harry manter Monstro com ele. Sabia como ele tinha sido tratado na casa dos tios, devia ser muito libertador ter Monstro ali, agora. Além disso, ele morava sozinho. A companhia de Monstro de certo fazia diferença.

A garota bufou, guardando o livro na bolsa,levantando-se e indo até à cozinha. Um aroma de cebolas picadas estava no ar, e algo borbulhava no fogão.

— Monstro?

O elfo, flutuando à frente do fogão, desceu e se virou para ela.

— Pois não, minha senhora?

— Harry pediu para avisar que Rony e eu vamos jantar aqui hoje. Também pediu para que você fosse buscá-lo em casa.

O elfo fez uma longa reverência, e antes de responder qualquer coisa, aparatou. Ela olhou preocupada e surpresa para o cozido no fogão, perguntando a si mesma se a comida acabaria queimando sem Monstro ali para vigiar as panelas. Ela não era nada boa cozinheira, e ainda guardava um certo rancor por ter ouvido Rony reclamar tanto da comida dela nas barracas da viagem. E também de Harry, que tinha cozinhado em casa a vida inteira e ainda assim tinha deixado a comida por conta dela, sabendo como a garota não saberia cozinhar.

Ela suspirou, sentando-se à mesa de jantar. Mais ou menos nessa hora, ouviu um outro estalo, e Monstro e Rony apareceram em cima da mesa, o ruivo se debatendo um bocado e Monstro brigando de volta.

— Céus! O que está havendo?

— Eu estava ocupado, elfo maldito! — Rony resmungou, soltando-se de Monstro e descendo da mesa. — Que ideia foi essa?

— Meu senhor Potter mandou buscar o senhor, eu já disse!

E sem maiores explicações, Monstro desceu da mesa e voltou ao cozido. 

Hermione tentou não deixar o queixo cair, mas se mostrava difícil. Era quase como se o elfo estivesse hipnotizado em cumprir as ordens a qualquer custo. Chegava a ser assustador. Como os outros não viam isso?

— Hermione? — Rony perguntou, parecendo finalmente dar-se conta da presença dela ali.

A garota o olhou, um pouco sem jeito. Ele estava com o rosto vermelho, e Hermione realmente apreciava, agora, como a cor combinava com os cabelos ruivos dele. Depois do acontecido, Rony não tinha mais falado com ela. E isso a machucava muito. Tinham se separado para Rony poder se cuidar melhor, para ela não correr risco algum, mas isso não mudava o fato do quanto aquela separação doía dentro de si.

— Olá… Eu vim a trabalho — explicou depressa. — Desculpe não avisar, é um pouco urgente. Muito, na verdade. E Kingsley talvez nem devesse ter autorizado, então achei melhor não dá-lo a chance de pensar duas vezes.

— Tudo bem — o garoto respondeu, sentando-se de frente para ela. — Alguma emergência?

— Não exatamente… Ia acontecer, de qualquer forma, é só… Complicado. Vamos esperar Harry, não quero precisar falar duas vezes.

Rony limitou-se a concordar, e então a cozinha entrou em silêncio. Um silêncio bastante estranho e pesado. Hermione, incomodada, acabou deixando a cozinha com o pretexto de buscar a bolsa na sala, mas ficou no outro aposento bem mais que o necessário, olhando a mobília e as pratarias nas cristaleiras.

Foi um alívio quando Harry apareceu, agora de jeans e suéter e cabelos mais ou menos penteados. Ela o chamou para a cozinha com um gesto da cabeça, e os dois se sentaram à mesa com Rony.

— O que aconteceu? — Harry perguntou, por fim.

Hermione não sabia bem como começar. De certa forma, rodeios não seriam úteis em nada naquele momento. Era melhor ser direta. Ela abriu a bolsa e tirou duas cartas do Ministério, uma endereçada a Harry e outra a Rony, e entregou aos dois.

Ela deu a eles um tempo para ler, já sabendo qual seria o conteúdo. As cartas eram intimações formais, direcionadas para os três deporem no julgamento de Draco Malfoy. O julgamento estava marcado para os dias trinta e trinta e um, a uma semana dali. Usualmente, intimações eram entregues com mais antecedência, mas nos dias atuais tudo estava muito rápido e desesperado para se resolver.

Rony não reagiu ao ler o papel. Harry, já tendo lido tantos daquele, parecia muito apático. Ele abaixou a carta, dobrando o papel e colocando de lado.

— É o último?

Hermione concordou.

— Sim. Ao que parece, o advogado de Draco pediu muito para que ele fosse o último a ser julgado. Acredito que ele estava tentando esperar informações dos outros julgamentos vazarem, para ver o que poderia ser usado a seu favor. De qualquer forma, o pedido foi concedido. Aleto já foi julgada, Amico será amanhã. E depois de Draco, tudo isso vai, finalmente, ter fim.

Rony colocou a carta de lado. Monstro começou a espalhar os pratos na mesa, e não parecia ouvir ou prestar atenção na conversa. Era típico dos elfos, Hermione pensou. Não se enfiarem em problemas de seus donos.

— Poderíamos ter recebido as cartas em casa — Rony comentou. — Por que você quis entregar em pessoa?

Certo. Isso. Como entrar nesse assunto sem de imediato ofender Rony no processo? Harry não era sua preocupação, só o queria ali para ajudá-la a lidar com Rony. E, sabia... Seria necessário.

Monstro começou a servir sopa de abóbora nesse momento, e o trio esperou os pratos estarem cheios antes de seguir a conversa. Monstro deixou a panela no fogão e então pediu licença, deixando a cozinha.

Rony começou a comer na mesma hora. Não era surpresa. Não era importante também, não agora. Tinha outros assuntos para lidar.

— Precisamos falar sobre como agir nisso — ela comentou, mexendo a sopa para esfriar um pouco. — Nós três somos quem mais sabemos coisas sobre Draco. Em especial você, Harry.

O moreno franziu a testa, engolindo uma colherada de sopa.

— Sim. Vamos ao julgamento, dizemos o que sabemos, como de costume. Não vejo porque isso é um problema.

— Bem, exatamente por isso. Pelo que sabemos — ela completou, começando a tomar sua sopa. Estava muito boa. Não sabia se todos os elfos eram bons por natureza na cozinha, mas Monstro certamente o era. — Sabemos muita coisa que pode acabar o safando de uma punição. Sabemos que ele foi coagido, que ele nos comprou tempo para fugir na casa dele, e tenho certeza de que Harry sabe ainda mais que isso.

O moreno abaixou o rosto. Ela viu pela expressão dele o garoto começando a entender o teor da conversa.

— Houveram duas ocasiões em que o vi no sexto ano que podem isentá-lo. No banheiro, eu o encontrei chorando uma vez. Chorando de verdade, não daquele jeito falso que ele costumava fazer para fingir alguma coisa. Estava aterrorizado. Dava para ver no rosto dele. Foi quando eu testei o Sectumsempra. Ele me atacou e começamos a duelar. A outra foi no alto da torre, antes de Dumbledore morrer. Dumbledore estava desarmado, Draco tinha a varinha apontada para ele. Ele ofereceu a Draco a chance de fugir, disse que protegeria a ele e a família dele. E Draco abaixou a varinha. Nessa hora o Snape chegou e, bem, sabemos o que aconteceu depois. Além disso, houve mais de uma ocasião na qual o vi nas reuniões de Comensais, nas minhas visões de Voldemort, e ele sempre parecia aterrorizado em todas elas. E Voldemort sabia disso. E ele usava isso, forçando Draco a fazer mais coisas, e piores, para castigar Lúcio pela insubordinação. Em uma ocasião, ele ameaçou Draco de sofrer uma maldição Cruciatus se ele mesmo não usasse o feitiço em um bruxo que Voldemort estava interrogando.

Então era bem como Hermione tinha imaginado. A garota suspirou, recostando contra a cadeira e bebendo uma colherada da sopa de abóbora, só esperando. A qualquer momento, Rony ia reagir.

— Bem, e daí? — O ruivo perguntou, em seguida, subindo a voz uma oitava.

Precisamente como sabia que aconteceria.

— Harry não pode esconder essas coisas no julgamento, Rony. Tem que ser justo e imparcial. Draco é rico, tem um bom advogado, e eles vão usar tudo isso para livrá-lo de punições pesadas. Ele provavelmente vai pegar apenas a pena de afiliação aos Comensais por ter a marca no braço como prova, e ainda assim, reduzida, pela coerção. Escutem minhas palavras, estamos olhando para um máximo de cinco anos de pena.

— Cinco anos?! — Rony exclamou, batendo a mão na mesa.

Hermione se sobressaltou, olhando surpresa para o garoto. Rony recolheu a mão, assustado, olhando de um para o outro, incrédulo. Ela sabia o quão puto ele ficaria com tudo isso. Tinha certeza.

— Bem, e as outras coisas todas? As maldições que ele usou em Kátia, que ele usou no sétimo ano, na escola? Ele e os amiguinhos dele, atirando contra nós na Sala Precisa?

A garota trocou um breve olhar com Harry. Rony detestaria essa próxima parte. E era agora que a conversa ia entrar, ela tinha certeza, em um terreno muito desagradável para ele.

— Entram na lei de perdão das Maldições — Harry respondeu. — Todas as Maldições Imperdoáveis lançadas desde o retorno de Voldemort estão perdoadas. Isso aconteceu porque, primeiro, pessoas como nós, lutando do lado certo, fizemos uso delas. E segundo porque muita gente foi coagida a usar, principalmente em Hogwarts. Não podemos separar quais alunos estavam cumprindo as ordens de Carrow com alegria e quais estavam fazendo isso por medo. Podemos prender as pessoas por afiliação com os Comensais, planejamentos, participação em execuções e todo o resto, mas por pura e simplesmente usar as Maldições, não podemos. O julgamento se tornaria muito confuso, poderia colocar nós três no lado dos réus e acabar liberando ou prendendo todo mundo.

O queixo de Rony caiu. Aquilo não era fato conhecido a público ainda. Era o tipo de coisa que o Ministério esperava manter abafado ao menos um ou dois anos depois do fim dos julgamentos, para evitar qualquer tipo de super reação. Aquele silêncio de choque com certeza não duraria muito. Hermione decidiu aproveitar a janela para seguir com a explicação.

— Draco está sendo indiciado por aliciação aos Comensais da Morte e participação nos planos contra o Ministério. Não podemos fazer muito mais que isso. Rony, eu vim aqui pedir a vocês dois, mais principalmente a você, que deixe isso para lá. Que não invente coisas no julgamento. Mesmo sabendo que ele vai se safar. A situação toda é muito delicada, não podemos arriscar toda a estabilidade por causa de uma rixa pessoal.

Rony balançou a cabeça, chocado, olhando para seu prato de sopa. Tinha parado de comer.

— Depois de tudo o que aconteceu… Isso não é certo.

— É o mais certo que pode ficar — ela respondeu, apenas.

Se Rony tinha mais algo a dizer, ele guardou para si mesmo. O ruivo voltou a tomar a sopa, e Hermione não gostou nada do silêncio que se seguiu a isso. Caso Rony tentasse mentir ou manipular o julgamento para ferrar com Draco, poderia acabar se colocando em problemas. Ela não o queria em problemas.

— Eu me preocupo com você, Rony… — ela comentou, estendendo a mão para segurar a do outro em cima da mesa.

Rony fez um carinho breve nos dedos dela, logo voltando a atenção à sua sopa.

— Eu sei. Eu agradeço por isso. Me preocupo com você também.

E, sim. Hermione também sabia.


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Notas finais do capítulo

Estão preparados? O fim está próximo hahahaha
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