Between Smiles And Regrets escrita por Boca de Netuno


Capítulo 5
capítulo cinco.




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   "Atenda o maldito telefone." Patrick murmurava para si mesmo, com o celular colado ao ouvido. Era o último dia de gravação do clipe Sugar, We're Goin' Down. O single fora um sucesso, e eles estavam torcendo para que acontecesse o mesmo com o vídeo.

   "Oi, Patrick!" atendeu a garota.

   "Lilly?" ele perguntou, estranhando a voz.

   "Charlie. A Lilly está tomando banho. Por que você continua ligando? Sabe que ela não vai atender."

   "Ter esperança nunca matou ninguém." disse ele.

   "Eu tenho um plano melhor do que ligar incansavelmente. Mas não sei se você vai aceitar a proposta."

   "Sou todo ouvidos."

   Menos de cinco minutos depois, ele avisou que iria à capital naquela mesma noite.




   Era perto das dez da manhã quando a porta do anfiteatro foi bruscamente aberta, e de lá irrompeu um rapaz assustado, o boné torto e o casaco caindo dos ombros.

   "Lillian Greylock?" ele chamou, vendo-a se virar em sua cadeira, na quinta fileira à frente ao professor. Viu-a arregalar os olhos em horror àquela cena, mas continuou parado no fundo da sala. "Você precisa vir comigo. Não tem idéia da tragédia!"

   "Quem é você?" perguntou o senhor de óculos e terno marrom, parecendo aborrecido por ter sido interrompido.

   "David. Ahn, primo de Lillian." mentiu. A resposta para essa pergunta já fora formulada minutos antes da invasão.

   "Meu Deus! O que houve?" ela se exasperou, sem mover um centímetro.

   Lilly sorriu maliciosamente. Ele teria de inventar uma história de última hora. "Tia Gertrudes quer falar com você, ela está de cama."

   "Como ela se machucou?" perguntou a garota, fingindo com perfeição.

   "Foi atropelada por uma moto. Para alguém da idade dela, foi quase fatal. Temo que seu frágil coração não agüente muito mais." as palavras saíram como se fossem ensaiadas, e ao mesmo tempo em que ele ouvia risos baixos dos outros alunos -alguns deles o reconheceram -, viu Lilly morder o lábio inferior antes se juntar seus pertences e pedir desculpas ao professor.

   Uma vez fora, ela começou a rir. "David? Sério mesmo?"

   "Estava pensando em David Bowie na hora." disse ele. "Mas você tem que admitir que a história foi genial."

   "Não, não foi." ela continuou rindo. "O pior é que eu acho que tenho uma tia chamada Gertrudes." disse, olhando para o nada. "Sabe que isso vai virar piada, certo?"

   "Não, a piada foi eu ter entrado em três outros anfiteatros antes de achar o seu." disse Patrick, colocando as mãos nos bolsos.

   "Para que tudo isso?"

   "Bem, você não estava atendendo nenhuma de minhas chamadas, eu tive que fazer algo." ele deu de ombros. Lilly permaneceu calada. "Então, aonde quer ir?"

   "Achei que tinha um plano." ela arqueou as sobrancelhas.

   "Acabei de ser inteiramente espontâneo. É sua vez."

   "Hm, certo. Tem um lugar que eu queria te mostrar." ela sorriu.

   Silenciaram-se por um tempo, andando lenta e ritmadamente. "Clichês não contam pontos, é?" ele deixou escapar.

   "O quê? Ah-"

   "Mas ainda assim, você pegou uma rosa."

   "Estavam muito bonitas, quis ficar com uma." se explicou.

   "Por que não ficou com o buquê?"

   "Escute." ela parou, fazendo-o parar ao lado dela. "Nada contra clichês, gosto deles. Mas são previsíveis, e isso os torna chatos depois de um tempo." ela suspirou. "Quanto à rosa, peguei uma porque era bonita. Não aceitei o buquê porque sei que não foi você quem o mandou."

   "Pete te contou?"

   "Isso também, mas eu já desconfiava." Lilly o puxou de leve pelo pulso para que retomassem a caminhada.


   "TA-DA!" ela abriu os braços, como se estivesse apresentando algo como um show. E, de fato, passando pelos altos portões de ferro, o cenário era estupendo. O parque contava com diversas árvores espalhadas, e uma grande área verde e irregular, formando pseudo-montanhas. "Bem-vindo ao meu paraíso." disse Lilly, com os braços ainda abertos e de olhos fechados.

   Patrick cerrou suas pálpebras também, respirando fundo. O vento gélido batia diretamente em seu rosto, fazendo com que ele se sentisse vivo, e deixando sua face corada com a tentativa de manter a temperatura com o sangue bombeando rápido. Olhou para a garota, a face dela quase tão corada quanto a dele sorrindo para si mesmo. "O que você faz quando vem aqui?" ele perguntou.

   "Nada." ela respondeu animadamente, prendendo o cabelo com algo que tirara do pulso ao perceber a repentina mudança da direção do vento.

   "Me trouxe aqui para fazer nada?" perguntou, incrédulo.

   Lilly fingiu pensar por um momento. "É." disse, sorrindo. "Você nem vai ver o tempo passar. Se ficarmos com fome, ou se chover, tem um quiosque mais à frente." ela segurava as mãos de Patrick, tentando convencê-lo.

   Ele não teve outra opção senão aceitar, e deixar-se levar. A garota o guiou até uma estufa, escondida entre bosques e trilhas, o puxando pela mão, formando uma cena quase infantil.

   Realmente, a manhã passou rápido enquanto andavam numa estranha trajetória sem rumo, sendo interrompida pela fome dos dois jovens, os obrigando a ir ao quiosque que ela mencionara.

   Não demorou muito para que a tarde caísse, fazendo comque o sol diminuísse seu brilho ao desaparecer lentamente.

   "É impossível que nunca tenha visto o pôr-do-sol!" indignou-se Lilly, segurando seus joelhos, sentada na manta amarela que ela tirara da grande bolsa transversal.

   "É óbvio que já vi o pôr-do-sol." ele debochou. "Só nunca fiquei observando tempo suficiente para ver a noite cair." completou, olhando para as primeiras estrelas que apareciam no céu azul escuro. Patrick voltou seu olhar para ela, tentando enumerar tudo o que ele via de diferente da garota que ele conhecera. A lista limitou-se a poucos itens, mais na aparência, como o cabelo e as roupas. O resto, pelo o que ele lembrava, ainda era o mesmo.

   Lillian notou a análise, fingiu olhar o horário no celular, pondo-se de pé e alegando estar tarde. "Olhe, Pat, as últimas semanas foram ótimas, quase como um sonho, mas acho que está na hora de voltar para nossas vidas." disse ela, aproveitando que Patrick levantara para recolher a manta. E ali estava: Lilly mudara, sem que ele soubesse, sem que pudesse estar por perto para ver o que aconteceu.

   Ele disse, entre seus sorrisos e arrependimentos: "Não diga que acabou."

   O som de um soluço ecoou no silêncio. Lágrimas escorriam livremente pelo rosto alvo da garota. "Por que faz isso?" perguntou com a voz embargada, reprimindo o líquido salgado que vazava de seus olhos. "Quando eu acho que estou conseguindo te esquecer, você aparece e esculhamba meus pensamentos!"

   "Foi você quem apareceu no show, quem foi até nosso camarim." Patrick disse, como se estivesse ditando fatos.

   "Ah, mil perdões, mas não era nem para você saber que eu estava lá! E eu nunca teria imaginado que você dedicaria uma música a mim, quanto mais aquela!" ela explodiu, deixando o pesado e incômodo véu do silêncio cair sobre eles.

   Foi Patrick quem ousou o cortar. "Ainda não me perdoou, certo?"

   Ela suspirou longamente. "Não posso. Não enquanto minha cabeça e coração dizem que talvez eu ainda esteja apaixonada por você." apesar da surpresa dele, tudo ficou mais bonito e brilhante em questão de um segundo. "Sei que não entende-"

   Com o coração batendo loucamente contra seu peito, e sem querer perder mais um segundo, ele a silenciou com um beijo urgente, após dois longos anos de separação. Os lábios dela era mais doce do que ele lembrava, e quase implodiu de felicidade ao sentir as mãos de Lilly tirando seu boné do caminho como costumava fazer, coisa que há muito não sentia.

   Envolveu a cintura da garota e puxou-a rapidamente para mais perto, causando a queda dos dois na grama úmida e fria. Ela rolou para o lado, rindo. Com o braço ainda debaixo dela, puxou-a, fazendo com que ela ficasse de lado contra seu corpo.

   "Pat." ela começou, ajeitando-se no ombro do rapaz.

   "Hm?" ele murmurou, olhando para cima.

   "Isso não vai dar certo. Quer dizer, eu definitivamente não quero passar por tudo aquilo de novo, e você já é famoso. Outras garotas vão aparecer..."

   "Muitas garotas." corrigiu Patrick, levando um tapa no braço pela brincadeira.

   "Falo sério! Eu não lido bem com ciúme." ela reclamou.

   "Parece não se incomodar com isso quando se trata de Jeremy." ele fez questão de pronunciar o nome com asco.

   "Droga! Era para eu ter almoçado com ele hoje!" Lilly olhou para o visor do celular. "Falo com ele depois. Se ele não teve a decência de ligar, ele não se importa."

   "E pelo visto, nem você." o rapaz disse, surpreso. "O que aconteceu com o 'teste'?"

   "Bem, ele lembrou do nosso aniversário de namoro, como suponho que você já saiba." ela respirou fundo. "O meu presente para ele foram as luvas que ele tanto queria. O dele? Uma 'camiseta da sorte' que ele usava e que eu duvido que ele tenha lavado aquilo um dia.

   "Romântico incurável. Agora vejo porque ainda está com ele." Patrick riu.

   "Eu sei, mas ele tinha preparado aquilo com carinho, e eu vi o embrulho uma semana antes no armário dele."

   "Adorável." o ruivo debochou. "Onde está a camiseta agora?"

   "Incinerada." ela disse simplesmente. Patrick segurou o riso ao ver que ela falava sério. "Tudo o que precisei foi de um balde, um pouco de álcool e da ajuda de Charlie para que eu não incendiasse nada."

   "Tenso." ele riu.

   "Tive que me livrar daquilo. O cheiro que emanava era pior do que você pode imaginar."

   Sem mais nada a dizer, Patrick a apertou contra si, vendo que ela ainda segurava seu boné. O medo surgiu quando ele pensou que talvez acordasse daquela realidade, olhando para fora da janela do carro que o levara embora dois anos antes.

   "No que você está pensando?" ela perguntou, o observando.

   Ele meneou a cabeça. "Só que estamos congelando aqui." disse, finalmente sentindo o frio em suas costas.

   "Certo. É melhor voltarmos, já escureceu." Lilly soltou-se do rapaz, se apoiando nas mãos para levantar.

   Patrick permaneceu sentado, fitando-a ao que ela tirava a grama de sua roupa. Sem realmente pensar, falou: "Como pude deixá-la ir?"

   Ela sorriu, constrangida com a pergunta, e não conseguiu manter o olhar nele ao responder que "Éramos adolescentes ingênuos."

   O ruivo balançou a cabeça. "Ter dezoito anos nos dá uma falsa impressão de maturidade. Mal vemos-"

   "que somos um bando de crianças ligeiramente mais velhas." a garota completou, assentindo. "Pete te disse isso?" Patrick confirmou. "Mate-o por divulgar minha idéia sem permissão."

   "Com todo prazer." ele riu. "Vamos?" perguntou, estendendo a mão. Ela a tomou na sua, entrelaçando os dedos, e eles seguiram para a saída.



   "Seth. Informações." Patrick disse ao telefone.

   "Dizem que um amor verdadeiro dura para sempre." falou Andy, dirigindo-se a ninguém em particular.

   "Não conheço você." riu Wentz.

   "Pensei que ele não seria tão persistente." Joe constatou, olhando para o amigo.

   "Ele não seria se Lilly tivesse o rejeitado desde o inicio. Ela está cedendo."

   "Tipo a história do pingüim." Andy continuou a falar sozinho.

   "Mas e o namorado dela?" indagou Joe.

    "Até onde sei, não vai durar muito tempo." Pete cruzou os braços, sorrindo.

   "Uma vez, eu procurei uma pedra redonda e dei para a garota que eu gostava, mas ela só riu de mim antes que eu pudesse explicar." contava Andy, olhando para cima.

   "Hurley!" Andy olhou para Pete, deixando seus devaneios de lado. "Chega, cara. Você está começando a me assustar."

   "Descobriu o que queria?" Joe perguntou a Patrick ao vê-lo se aproximar com o telefone desligado em uma das mãos. O rapaz assentiu, calado. "Patrick. Você está bem?"

   "Ótimo." o ruivo sorriu, girando o aparelho na mão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Notas finais do capítulo

N/A: sei que não recebi nenhum review
mas já estava no meu e-mail, e eu começo a ficar irritada quando sei que tenho a história pronta mas não posto

MEH, os outros dois capítulos já estão prontos, eu só preciso de feedback :*



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