Between Smiles And Regrets escrita por Boca de Netuno


Capítulo 2
capítulo dois.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/78169/chapter/2

 

 

 Patrick não tinha idéia do que estava prestes a fazer. Era possível que Liam estivesse certo, e o reencontro pudesse significar algo, assim como podia ter sido apenas um lembrete do passado. De todo modo, ele sabia que iria se arrepender se não fizesse nada. Já era a quinta vez que passava pelo número dela no registro de chamadas, ainda e perguntando se deveria apertar o botão verde.


Havia apenas duas outras pessoas no café onde ele estava, e o silêncio estava começando a incomodá-lo. Girou o aparelho em suas mãos, olhando ao redor, e acabou ligando para o número registrado. O rapaz esperou chamar, desligando quando a voz da gravação lhe disse que o número chamado estava indisponível.

"Ela desligou." disse a si mesmo, balançando a cabeça. Patrick começou a bater seus pés ritmadamente, e ele hesitou por um segundo antes de ligar para Lilly de novo. Dessa vez, ela atendeu após o quarto toque.

"O que você quer, Patrick? Estou em aula!" a garota sussurrou, obviamente se escondendo para falar com ele. O coração de Patrick esqueceu de bater por um momento, e ele percebeu que não chegara a pensar no que diria a ela. "Pat?" ela perguntou, seu tom de voz mudando de um irritado para um preocupado.

"Você está livre hoje? Podíamos sair para conversar." ele gaguejou.

"Tenho que trabalhar hoje."

"Depois que você sair, então. É minha última noite na cidade, você não pode recusar." disse ele, esperando que ela aceitasse.

"Acho que consigo falar com o Jeremy." a voz de Lilly soou distante e bem mais alta. "Não, senhor, estava procurando meu material." ele a ouviu dizer antes de ligação ser cortada.

Patrick ficou fitando o nada por algum tempo, tentando perceber o que acabara de fazer. Pensou em ligar para Liam e pedir ajuda, mas ele sabia muito bem que o amigo apenas diria que a decisão era inteiramente dele, e que qualquer interferência traria conseqüências.



 

 

Sentado ao balcão de um pub que Lilly escolhera, ele ainda tentava se convencer de que ele fizera bem em chamá-lá para sair. Stump olhava constantemente para a porta, imaginando-a com as roupas que ele lembrava: jeans, camiseta e seus tênis vermelhos.

Lillian passou pela entrada, surpreendendo Patrick com a camisa branca, o salto alto e o cabelo preso. Ela o avistou, e não demorou para juntar-se a ele.

"Você está de salto." ele observou, sua expressão de choque chegando perto de ser hilária.

"E de camisa social, eu sei." ela não pôde conter uma risada. "Mas não é minha escolha. Além do mais, já consegui permissão para usar jeans escuro."

 "Já é um avanço." ele disse.

"É... Johnny, o de sempre!" disse Lilly para o barman, enquanto soltava seu cabelo do coque alto, mexendo nele para que voltasse ao normal. "O que você vai querer?"

"Nada alcoólico. Não reajo bem ao álcool."

"Sério? Dois do de sempre então, Johnny." ela pediu. "Eu não bebo." explicou, como se fosse necessário.

"O que conta de bom?" ele perguntou, ainda tomado pelo nervosismo.

Ela o fitou. "Não conseguiu pensar em outra forma de começar uma conversa, certo?" Patrick assentiu, então ela começou a falar. "Bem, estou cursando Publicidade e Propaganda, enquanto consegui um estágio incrivelmente chato como secretária de um escritório de advocacia. E você? Como vai a vida de famoso?"

"Soube que está namorando." ele perguntou, ignorando a última frase da garota.

"Hum, é. Eu e Jeremy estamos juntos há quase um ano, agora." disse Lilly, com uma pontada de desgosto em sua voz, e, com isso, Patrick não perguntou novamente.

"O que aconteceu com você? Ainda ontem estava gritando comigo ao telefone. E agora, está agindo completamente diferente."

"Isso é bom?" perguntou ela.

"Você voltou ao normal, então sim."

Lillian suspirou, brincando com o prendedor de cabelo que estava em suas mãos. "Eu pensei sobre o que você falou, e acho que você está certo. Em parte." ela acrescentou. "Mas você podia ter me contado alguma coisa. Podia ter dado certo."

"E se não tivesse? O que aconteceria se eu não fosse parte da banda agora?" A garota calou-se, e bebeu um pequeno gole do copo que Johnny passara a ela. Ele fez o mesmo, franzindo o cenho. "Credo, o que é isso?"

Lilly riu da expressão no rosto do rapaz. "É groselha, laranja e toranja." ela explicou, apontando para cada uma das camadas coloridas do copo alto. "Sei que é meio idiota fazer isso, mas fica bem melhor: tome um grande gole ao mesmo tempo em que puxa o canudo para cima, assim pega um pouco de cada."

Patrick olhou para ela, e depois para o copo à sua frente. "Se eu morrer, a culpa será sua." ele brincou, fazendo o que lhe foi dito. Olhou para o copo novamente, estupefato. O sabor mudara por completo, tornando-se decididamente melhor.

"Você vai embora amanhã mesmo?" ela perguntou sem encará-lo.

"Preciso ver como Kevin está, ele ficou na casa de uma prima." respondeu o outro.

Eles passaram um bom tempo conversando, até que Lilly olhou para a porta ao ouvir a risada do loiro que acabara de entrar. A garota virou-se imediatamente para Patrick, tentando esconder seu rosto.

De nada adiantou, o rapaz de cabelos espetados a viu e aproximou-se com um sorriso; e Lillian, forjando um sorriso como o dele, beijou-o. "Você não me disse que ia passar por aqui hoje, gata." disse ele, fazendo-a estremecer ao som do apelido.

"Eu falei que ia sair com um amigo, Jeremy."

Patrick sentiu um peso cair sobre ele ao ouvir que era um amigo. Ele analisou Jeremy de cima a baixo. Não tinha idéia de que Lilly se interessava por figurões como o loiro. Era muito alto, e seu físico bem definido podia ser notado através da camiseta branca obviamente
muito apertada para ele. Além disso, aparentava ser uma pessoa muito mais sociável do que ele próprio era.

"Certo eu vou na casa do Brian, te ligo mais tarde."

Ele inclinou-se para beijá-la novamente, mas ela se esquivou. "Por que veio até aqui, então? A casa do Brian é quase do outro lado da cidade." Lilly disse, arqueando as sobrancelhas. "É Priscilla ou Cristina dessa vez?"

"É o Brian, gata. Eu vim aqui procurando por você." disse Jeremy, tomando as mãos dela nas dele.

"Como se fizesse diferença, eu também não gosto dele." ela deu de ombros.

"De novo com essa história! Qual é o seu problema com meu melhor amigo?" ele perguntou, indignado.

"Qual é o meu problema?" a voz dela foi ficando mais alta conforme sua raiva. "O MEU problema? Ele que é o porco jacu que acha q-"

Jeremy a silenciou com um beijo, e Patrick, quem estava assistindo à cena silenciosamente, segurou-se para não intervir, sabendo que Lilly ficaria mais irritada se ele o fizesse.

Mas, para o bem da sanidade do ruivo, Jeremy soltou-a, dizendo: "Eu não quero discutir com você. Te ligo mais tarde."

"Não precisa, só vá de uma vez." ela resmungou, bufando ao vê-lo sair. "Odeio quando ele faz isso."

"Isso o quê?" Patrick perguntou, fingindo não ter visto.

"Ele sempre me corta quando estamos discutindo e dá uma desculpa qualquer para sair rápido, antes que eu recomece." ela bufou novamente, apoiando o queixo na palma de uma das mãos. "Tenho quase certeza de que ele está me traindo."

"Pelo jeito que você fala, parece irrelevante." disse Johnny, quem estava observando atentamente.

"A pior parte é que eu acho que não gosto dele o suficiente para me importar." ela disse aos dois.

"Talvez devesse terminar com ele." sugeriu Patrick, tentando esconder seu desejo.

"Já pensei nisso. Quero testá-lo. Em duas semanas é nosso aniversário de um ano de namoro." ela começou, tomando mais um gole do copo alto. "Ele não lembrou de quase nenhum aniversário nosso - o que não é grande problema, porque eu mesma só me lembrei de dois -, mas um ano é bastante tempo. Em minha opinião, se ele quer mesmo ficar comigo, ele terá que provar que se importa."

"E se ele não provar?" perguntou Johnny.

"Aí terei de lamentar a perda de um ano inteiro com um babaca superficial." disse Lilly, suspirando. Ela olhou para seu relógio de pulso, e avisou que precisava ir, beijando Patrick no rosto e acenando para o barman.

"Você tem duas semanas para conseguir ficar com ela antes do babaca superficial." Johnny disse ao rapaz.

"Bem que eu gostaria, mas volto para casa amanhã." suspirou Patrick, mexendo a bebida com o canudo. "Patty está apaixonado!" a voz de Joe ecoou em seus ouvidos. É, ele pensou consigo mesmo, talvez eu ainda esteja.




"Você o quê?" exclamou Stump, ainda perplexo com o que o amigo anunciara.

"Sim, eu contratei a Lilly. Sabe muito bem sobre a Clandestine Industries, eu estava precisando de ajuda. Além do mais, ela vai me mandar tudo por e-mail." disse Pete, achando a reação do ruivo um tanto exagerada.

"Você não precisa de ajuda, sabe muito bem." rosnou o outro. "Pete. Você tem alguma idéia do que está fazendo?"

"Uh, empregando uma garota que queria um estágio?" o moreno perguntou em tom de deboche.

"Não só isso. Está trazendo ela de volta para minha vida!" exasperou-se.

"E isso é ruim porque..."

"Já não deu certo da primeira vez, por culpa minha. Não quero que dê errado de novo. E, mesmo que houvesse a possibilidade de dar certo, agora ela está com um cara chamado Jeremy."

"Resumindo, ela superou e você não?" Pete parecia confuso.

"Pensei que havia deixado tudo isso para trás. Parece que não."

Patrick deixou-se cair no sofá de seu apartamento. Era relativamente pequeno, mas nem ele nem Kevin passavam muito tempo em casa, então aquele lugar chegava a ser confortável.

"É mais fácil admitir que nunca deixou de amá-la." disse Kevin, aparecendo na sala. "Ah, oi, Pete." O garoto crescera bestante nos últimos tempos. Mesmo agora, no auge de seus onze anos, continuava com uma mente bem avançada para alguém da sua idade. "Não importa, você é uma besta que tem vergonha de falar isso alto." continuou falando
para o irmão. "Você viu meus livros de italiano? Tenho certeza de que os trouxe de volta."

"Coloquei sua mala de volta no armário, na parte de cime. Já olhou lá?"

"Ainda não." murmurou o menor, desaparecendo de vista.




Passando pela porta de entrada, Patrick se surpreendeu ao ver que estava segurando seu celular, a tela mostrando o número de Lilly. Deixou o aparelho em cima da televisão logo à frente do sofá branco. Cobriu a face com as mãos, resmungando palavras ininteligíveis.

Para que ele ligaria para ela? Não havia nada a ser dito entre eles. Começou a andar pelo corredor pequeno, dando apenas três passos antes de girar nos calcanhares e voltar à sala após outros três passos. Riu sozinho ao se lembrar das vezes que ele fizera exatamente
a mesma coisa, caminhando pela sua antiga casa, lutando consigo mesmo para decidir se ligava para Lilly ou se passava em frente à casa dela. Talvez as coisas não tivessem mudado tanto quanto ele imaginara.

Que debate interno inútil! pensou ele. Se ligar para ela era o que ele queria fazer, não havia razão alguma para não fazê-lo, certo? A única coisa que o impedia era seu próprio medo, o receio de ser rejeitado impiedosamente. E ele nem ao menos poderia culpá-la,
pois fora culpa dele o sofrimento dela, a vontade que ela teve de mudar. Deixando esses pensamentos, ele tomou o telefone nas mãos, esvaziando sua mente para adentrar em uma conversa sem rumo. Pensou duas vezes antes de fazer qualquer coisa, e murmurou para si mesmo "Não", largando o telefone preto no sofá, tirando o boné e bagunçando seu
cabelo antes de rumar para o banheiro, pretendendo tomar um longo banho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: reviews?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Between Smiles And Regrets" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.