Venha Comigo. vol 4: Presente escrita por Cassiano Souza


Capítulo 8
O fim do mundo


Notas iniciais do capítulo

Olá! Pensei que demoraria muito mais, mas aqui estamos. Adorei o capítulo, por muitos motivos, e um por achar que seria difícil de escrever, mas que acabou não sendo, graças a Deus. Pontos lá de traz serão retomados. BOA LEITURA!



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Os disparos se prolongavam, rompendo vidas e paredes, gerando mortes e escombros. Os urros de Stalingrado, não cessavam, e a neve, igualmente. Lenta e fria, ela se acomodava sobre os restolhos dos casebres, ou, sobre os miseráveis ensanguentados se rastejando como insetos, por entre as trincheiras, e por entre os igualmente miseráveis assassinados pela brutalidade da baralha. Aquilo, se chamava dor, se chamava egocentrismo, se chamava crueldade. Muitas vezes, destinadas de semelhante a semelhante, mas, no momento, até por estrangeiros, de outro mundo. Estando eles, há um quilometro dali, em um enorme complexo de alojamentos, prédios, e uma torre gigantesca e congelada, de sinal, que piscava vermelha, como o sangue de muitos sofrendo, por entre os amontoados e familiares mortos e feridos.

O homem de cabelos verdes e o homem de sobretudo verde, se fitavam sérios, calados, e destemidos. Até, que o homem de cabelos verdes pôs-se a se explicar:

— Correto, Senhor do Tempo. - Disse paciente. – Meras cobaias nunca poderiam possuir tantos seres sob o seu comando, nunca poderiam possuir tantos depósitos bélicos. Mas... Uma que foi agraciada pelos deuses e ancestrais, essa poderia. Porém, roubar amigas de Senhores do Tempo? Jamais!

— Não brinque comigo.

— Replico!

— Vim de muito longe, fiz coisas das quais nunca me desafiaria! Quebrei minhas regras. Não me diga agora que estou aqui contra mais um inocente?!

— Está.

— Então quem me trouxe até aqui?

— Eu não sei. Mas não é o primeiro.

E o Doutor encarou atencioso para o outro, que prosseguiu:

— Me diga, Senhor do Tempo, veio por sua inexplicável tecnologia?

— Sim. Em busca da Grace.

— Seu cônjuge?

— Amiga. - Respondeu pesaroso.

— Fêmea de cabelo tingido?

— Como sabe?!

— Muitos descuidados por aí acabam dentre o meu pelotão, mas um deles... A portadora do meu poder necessário.

— O que quer dizer?

O homem de cabelos verdes, foi até um canto naquela sala, onde havia uma pesada cortina vermelha, e logo, a-puxando, revelou-se a doutora, a tão aventureira, sábia, e teimosa acompanhante do Doutor, Grace Holloway. Mas, não alegre e desperta como o amigo, ou como ela mesma sempre foi, e sim, desacordada, e de pé dentro a uma cela, como um manequim, como uma estátua.

— Grace?! - Berrou o Senhor do Tempo, sacando a sua chave de fenda sônica, e destrancando a jaula. – Grace?! Grace?! Fale comigo. - Pediu, tapeando a sua face, mas, nenhuma resposta ou reação conseguia da mulher.

— Sinto muito. - Disse o homem de cabelos verdes. – Mas acho que... -

— O que fez com ela?! - Interrompeu.

— Nada.

— Não é o que parece! - Notou o infame parasita já bem desenvolvido sobre a coluna humana e nuca.

— Ora, pus sim centenas de pequenas larvas dentre as munições soviéticas, mas, nem todos se transformam após o infiltro de balas, e sim, também por acidente, como foi possível o caso.

— Facínora!

— Chegou inconsciente até aqui, e a zelei até onde pude.

— Não creio que tenha sido bondade. - Disse, se retirando sério da jaula.

— Disse que é a sua amiga, e você é um Senhor do Tempo.

O Doutor, se mostra desentendido, o outro explica:

— Energia artron, foi isto que a-trouxe ao conforto desta cela.

— O que quer com energia artron? Seja o que for, desista.

E sorrindo gentil, Verum-2 disse sincero, porém, ao mesmo tempo, distante e pesaroso:

— Salvar o mundo.

O Doutor, apenas recuou com os ombros.

***

Mas, enquanto Senhor do Tempo e oposição se defrontavam, outra oposição bem próxima dali tomava vigor, por entre um alojamento frio e escuro de miseráveis possessos, onde um homem de cabelos verdes e um humano discutiam seriamente, encarando frapantes um ao outro, e completamente dispostos a loucura da imprudência.

— Já disse, não seja ridículo! - Replicou Verum-1 a Gordon, se afastando do maquinário conectado à torre.

— Não pode fazer isso, não pode usar essa frequência de rádio ou sei lá o quê!

Verum-1 sorri:

— Ama o seu mundo?

E Gordon, estranha a questão. O outro, insiste impaciente:

— Ama, ou não ama?! 

— Amo! - Respondeu irritado.

— Então, ouça-me bem. - Deu uma pausa. – Eu vi irmãos matarem irmãos, país matarem filhos, e mães... Matarem os seus bebês!

Gordon ouvia, porém, de olhos completamente inconformados. Verum-1 continua:

— Se não colaborar... É isso que acontece aos seus país, aos seus filhos! Estes seres... Eles não tem alma! Eles não tem consciência! Não se cansam, não param, não sentem! É apenas... Uma casca. Uma casca assassina.

— E você?

— Eu?! Eu estou do seu lado!

— Se era mesmo algo chamado de “mestre de guerra”, devia saber que sempre há uma nova forma, uma nova chance, um caminho! Eles não precisam morrer assim! Há vidas dentro das cascas, há pessoas!

— Mas que matarão, e matarão mais, e mais. - Sorriu malicioso. – Enquanto Verum-2, apenas se fortalecerá, e fortalecerá.

— Para quê? Explique.

E Verum-1, se calou em imaginar, mas, nenhuma resposta foi capaz de oferecer. Em suas expressões, sentia-se dúvida, medo, e incompreensão, porém, ao mesmo tempo, uma enorme certeza e ódio.

— Eu não sei. - Respondeu Verum-1, rancoroso, após certos segundos de silêncio. – Mas, imagine comigo. - Pediu, quase implorando, e apavorando o outro. – Mendacaium, o nosso mundo, ele se foi, e... Verum-2, agora como eu, é o último de sua raça. O que acha que ele fará em um planeta primitivo, fraco, e apavorado?!

Mas, Gordon, apenas negou com a cabeça, era difícil entender. Verum completa:

— Ele quer esse mundo, ele precisa desse mundo. Acha que Eixo e Aliados significam mais alguma coisa? Isso vai além!

No entanto, Gordon apenas suspirou impaciente:

— Desculpe, Senhor. Mas não posso acreditar em você.

E imediatamente, fúria se assentou sobre as sobrancelhas do homem de cabelos verdes:

— Ainda contra mim? 

— Sim. Qual a sua causa?! Luta mesmo por que quer ver a felicidade da vida neste mundo, ou por sua mera vingança?

Verum-1 sorri:

— Não já é obvio?

— Não.

Mas, sem adicionar mais nada após a resposta, Verum-1 apenas se voltou ao maquinário, por onde manipularia as frequências conhecidas por ele, capazes de derrubar a todos os miseráveis possessos, e, quebrar os braços dos planos de Verum-2.

— Pare! - Berrou Gordon, partindo para cima do outro, onde assim, se embateram fisicamente, com empurrões, murros, e em rolar-se pelos chãos.

***

— Como assim você vai salvar o mundo?! - Questionou o Doutor a Verum-2, estando eles, ainda no mesmo ambiente.

— Salvarei, acredite.

— De qual ameaça? O nazismo?!

— Não, não me refiro as futilidades desta terra.

O Doutor, se mostrou curioso. Verum-2 revela:

— Me refiro ao meu mundo.

— Perdido na última grande guerra. - Lembrou o Doutor.

— Exato, perdido. Mas, como sabe, os corpos celestes em meio da galáxia giram, e giram, encostam e se afastam, circulando e circulando, eternamente, e eternamente.

— Sim.

— Então... Do outro lado da galáxia, Mendacaium ainda está lá, viva e intocada. Há bilhões de anos luz daqui, mesmo que destruída em minha perspectiva de tempo, em uma medida de anos luz diferente daqui ela ainda está lá. - Disse, cheio de esperança, enquanto o Senhor do Tempo, apenas negou com a cabeça.

— Mas para o universo...

— O quê?

— Para o universo ela não está mais. - Revelou pesaroso, e derrubando a felicidade dos olhos do outro. – Aquele planeta se foi, está no passado de muitos, todos conhecem a história de seu final. Eu sinto muito.

— Mas não é passado para mim!

— Mas é para os outros.

— E quem decide isso?!

E o Doutor, suspirou relutante. O outro indaga:

— É você, Senhor do Tempo? É você quem diz quais são as regras, e quem deve viver ou morrer?! Isto não é justo!

— Não, eu sei. Eu sinto muito.

— Sinta mesmo. Vocês... Nos negaram socorro em nossos dias finais. Por quê?

— Acho que... Sempre soubemos. - Revelou, desapontado.

— Vocês são tão frios, são tão monstruosos.

— Mas então usaria a energia artron e retornaria no tempo?

— Não, não teria um meio de transporte. Apenas, usaria a sua fácil locomoção eletromagnética de objeto para objeto, a-transmitindo a todos os meus soldados.

— Quer guerra também?

— Quero um sinalizador!

Mas o Doutor, continuou atônito.

— Possuía também a gaiola de almas quando cheguei aqui, mas foi perdida. - Explica Verum-2. — E artron, é compatível para o repasse. A gaiola? Uma calculadora globular de estratégias de guerra. A reencontrarei, e transferirei a mente dos dez bilhões de generais lá para as cascas vazias possessas sem mente.

— Mas precisaria de dez bilhões de corpos!

— E quem disse que não irei conseguir?

O Doutor, permaneceu perplexo. Um arrepio, percorreu por  todo o seu corpo.

***

Gordon e Verum-1, rolavam de um lado a outro pelo chão, mas, não pacificamente, como amigos ou amantes fariam, e sim, como inimigos. O humano, estava por baixo, e o extraterrestre por cima, em o-enforcar, e fazer um enorme peso sobre o seu pescoço. Mas Gordon, logo fez esforço, e assim, atirou de lado o outro, fazendo-o rolar chão adiante, enquanto ele, se levanta, e aponta a sua pistola.

— Não vai atirar, vai? - Indagou Verum-1, se levantando.

— Adivinhe, não é você que sabe de tudo?

— Sei de muito, mas, principalmente de que você vai me ouvir. - Respirou fundo.

— Quem garante?

— O seu passado.

— Não tente me envenenar!

— Então seja esperto! Seja sábio! - Exigiu autoritário, e deixando Gordon com a mão mais nervosa ainda, ao apontar a arma.

— Você está sendo precipitado.

— E você cego.

Gordon, continuou a apontar a arma.

— Olhe em volta. - Pediu Verum-1, e assim, o humano fez. – O que você vê? Quando olha para tudo aqui, o que você vê? - Indagou o alien. 

— Pessoas.

— Sim, pessoas. Pessoas sendo manipuladas, sendo transformadas em máquinas, em armas, em monstros. Ou pior... Já sendo.

— Não, ainda pode haver uma chance!

— Chance?! - Verum-1, gargalha sem medidas. – Realmente você é muito ingênuo. Do que adianta estar vivo e acorrentado a um demônio, vivo e sem uma alma, sem as suas memorias lá, com a sua família, amigos, tristezas, dias felizes, dias ruins, dias difíceis... O que adianta?

E Gordon, permanece sem palavras. Realmente o que adiantaria?

— Responda! - Exigiu o homem de cabelos verdes. – O que adianta?!

— O direito de estar no mundo, respirar, existir!

— Mas valeria a pena? - Apontou para os miseráveis inconscientes. – Vale a pena esta “vida”?

E então, valeria? Gordon tremia a sua mão, e enrijecia os seus punhos, a sua testa suava, e mil coisas passavam por sua mente, desde todos os amigos que já viu morrer em sua frente, e os momentos com a sua esposa e demais familiares.

Mas, em seus olhos, um pedido de perdão. Perdão a todos os miseráveis ao seu redor, pois, abaixava agora a arma, se dando por vencido. Realmente, dentre a perspectiva egoísta ou piedosa humana, a questão enfrentada era difícil demais para ser respondida. Lagrimas, escorriam de seus olhos, e um disparo partiu de sua arma até o chão, sendo aquela, a sua descarga de fúria. O seu grito de ódio, também se manifestou.

— Eu sei, Gordon, é difícil, mas você irá me entender. - Confortou Verum-1.

— Cale a boca! - Se sentou, chorando ao chão.

— Até mesmo a sua esfera sussurrante sabia disso. - Se agachou ao outro. – Por que acha que estamos aqui? Ela quer o fim da guerra, quer o fim do caos, e fim aos planos perversos de Verum-2.

— Você não a-conhece.

— Ela te salvou naquela noite, onde achou ela. Viu os mortos vindo pelo escuro, pelos tiros, pelas faces inimigas, e então... Ela te chamou, te guiou até um local seguro, e você ficou lá. Ela sempre soube o perigo que os vermes representavam.

— Ela me usou então, o tempo todo? - Questionou-se, encarando a esfera na mochila, onde logo, a atirou contara a parede. – Miserável! - A esfera atinge a parede, mas, caí intacta, sem nem ao menos um aparente arranhão.

— Bom, agora acho que podemos continuar. - Diz Verum-1 se levantando, e partindo ao maquinário.

— Pare! - Exigiu Gordon se erguendo. – O Doutor precisa saber!

— Sabe o que ele dirá.

— Ele está com o seu inimigo agora.

— Estão longe.

— Não para um dispositivo de comunicação. - Disse, tocando em um de seus ouvidos, e emitindo um bip, curioso ao outro.

***

— Então é isso. - Dizia o Doutor, sobre as revelações de Verum-2. – Se alia a generais como Vassili, e ajuda a promover batalhas sangrentas como as de Stalingrado. Assim... Cada vez mais próximo de seu objetivo.

— Bem observador, parabéns. - Elogiou Verum-2, encarando o Doutor a circular ao seu redor. – Mas, tristemente necessário. Eu nunca faria isso, se houvesse outra forma.

— Qualquer forma, está proibida, já disse.

— Egoísta!

— É a história!

— Mas não a que eu quero! - Berrou.

Porém, antes que o Doutor rebatesse o tão teimoso e imprudente mendacai, o dispositivo de comunicação em um de seus ouvidos apitou, onde logo, a discussão foi interrompida, e o dispositivo atendido. 

— Gordon, o bigodudo. - Correspondeu o Doutor. – O que houve?

— Senhor. - Começou Gordon. – Iremos usar a torre.

— Como assim? - Indagou o Doutor, replicando o que também foi a pergunta de Verum-2.

— Não há outra forma, Verum-1 está certo.

E Verum-2 se mostrou confuso. O humano prossegue:

— Verum usará seus conhecimentos, e matará os vermes, um ponto fraco, partido de uma frequência capaz de torrar os seus miolos.

— Não faça isso! - Pediu o Senhor do Tempo, juntamente a Verum-2.

— É necessário!

— Não, não pode ser! Eu achei a Grace, e ela... Foi pega.

— Mas não adianta, senhor! Do que vale a vida dela agora?! Ela não é mais ela. Não passa de um fantasma, lhe assombrando o coração.

— Não! Você está errado!

— E você cego. - Disse uma outra voz, a qual parecia ser a de Verum-1. – Seria amor, Doutor?

E Verum-2, arregalou os olhos, parecia reconhecer aquele timbre. 

— Cale-se! - Exige o Doutor. — Grace é minha amiga, apenas isso. E isso, já é o suficiente para obter a minha proteção e atenção.

— Verum-1? - Entrou Verum-2, em seu tom esperançoso. – Como é possível que você esteja aí? Não conheço o seu nome, mas a voz... Me é familiar. 

— E muito, seu verme. - Respondeu Verum-1.

— Por que me insulta?

— Destruiu o que eu chamava de família, o que eu chamava lar, de amizades.

— Eu sei, eu destruí Mendacaium. - Disse distante, onde o Doutor e o humano, se mostraram completamente surpresos.

— Sim, você destruiu.

— Mas foi a escolha! A última, e mais estupida, mas principalmente a última, a última escolha!

— E sepultou tudo o que havia. A minha raça...

— Não havia outro caminho! Apenas o... Sacrifício. Precisávamos deter o norte, e a solução final foi lançada. Os vermes dizimariam aquele reino, e nos renderia mais tropas.

— Porém, tudo deu errado. Tudo saiu dos seus controles! Os vermes de adestrar cavalos bio programados infestaram a todos, e nem apenas o meu sul se foi, o seu norte também!

— Eu sei. - Disse cheio de peso. – No fim, ou era o mundo ou a galáxia, não houve escolha, os mortos marchariam adiante.

— Espere aí, há algo errado - Comentou o Doutor, coçando a cabeça. – Algo bem na cara, mas não consigo identificar! Como se... Algo me impedisse de notar.

— Mas, Verum-1. - Continuou Verum-2. – Posso remediar tudo!

— Não pode.

— Posso! Imagine se todas as mentes dos meus pelotões emitissem exatamente o mesmo sinal, um código de escuta, produzido com as mentes dos antigos generais, e direcionados e ampliados através da torre e satélites para a nossa terra.

— Isso a chamaria atenção.

— Sim, e a-salvaríamos! Avisaríamos sobre o erro e resultado da solução final.

— Está falando sério?

— Sim! Esse seria o nosso novo lar, fugiriam para cá! Ou melhor, talvez nem iniciassem uma guerra.

E segundos de tensão e preocupação, foram tomados, onde o Doutor, encarava aborrecido, e Gordon, entreolhava amedrontado a Verum-1.

— O que me diz? - Insiste Verum-2. – Junte-se a mim.

E o que dizer? Sim ou não? O retorno de sua família, amigos e lar estaria garantido, estaria preservado, estaria renascido, e intacto. Estaria belo como antes, estaria vivo, e principalmente, de volta a Verum-1. Bastaria uma confirmação, uma palavra, um "sim".

Então, após instantes de um silêncio sufocante, disse ele:

— Sim, Verum-2, você está certo.

E Verum-2, sorri largo. Verum-1 termina:

— Mas, há coisas chamadas de paradoxos, e isto que pensa em fazer será um. Nada levará em nada, não haverá salvação, não haverá segundas chances, apenas mais caos.

— Não seja estupido!

— E por isso, não poderei me juntar a você. Não há retorno, ou redenção. Você fez o que fez, e terá de se conformar com isto. Terá de dormir todos os dias com este pesadelo.

— Não! Junte-se a mim! Eu o-imploro!

— Sinto muito, mas, não.

Verum-1, dirigiu-se ao maquinário computacional do alojamento onde estava, que ligado a torre de sinal era, e assim, deu-se a mortal e sem piedade frequência KZM00. Frequência capaz de eliminar os sonhos do inimigo de sua frente, e manda-los direto ao inferno, de onde ele deveria estar.

As comandas, partiram por os cabos, rumo aos sistemas da torre, onde logo, em suas piscadelas avermelhadas, todo o vasto continente europeu estaria atingido, e os pobres miseráveis levados em bora de seu fardo terreno.  Gordon, fechou os seus olhos, não queria testemunhar aquela cena. Cena, onde todos os possessos eram eliminados simultaneamente, como em um exorcismo, gritando e esperneando de dor, até, então caírem no chão. Aqueles sons, perduraram por um minuto, mas, perdurariam na mente de todos ali, por todas as horas de suas noites e vidas.

— Não! - Berrou Verum-2, escutando os urros transmitidos pelo dispositivo do Doutor.

Porém, em imediato, também berrou o Doutor, vendo a sua querida amiga se agonizar em pé, até, cair no chão, completamente sem vigores.

— Grace?! - Gritou. – Grace?! - Chamava gritando, mas, nenhuma resposta adquiria. Não havia mais batimentos ou respiração. – Fale comigo! Fale comigo! - Lagrimas logo lhe desciam por seus olhos, deslizando por suas bochechas, até a face da humana. – Grace?!

— Eu sinto muito. - Disse Verum-2, deixando uma lagrima escapar. – Mas eu acho que não há mais o que se fazer.

— Vá para o inferno! A culpa é toda de vocês. - Ódio e irá, estavam lado a lado do viajante do tempo.

— Não, Doutor. - Disse Verum-1. – Todos nós somos apenas vítimas, não existe culpa. Verum-2 apenas, ele é o culpado.

— Já me arruinou por completo! Me deixe em paz! - Pediu, o derrotado culpado.

— Não, ainda não tive a minha vingança.

— Vingança?!

— Lhe desafio a um duelo. Recupere a sua honra. Mate, ou morra.

— Eu aceito!

— Isso, de acordo com as regras pessoais e secretas de minha casta.

— Eu conheço.

— Calem-se! - Ordenou o Senhor do Tempo, furioso, retirando o dispositivo de comunicação, e quebrando-o no chão.

Verum-2, se estremeceu amedrontado, e envergonhado. A gentil face do homem de sobretudo verde havia se transformado por completo. Mas, logo o enfurecido homem não prestou mais atenção no outro, não valia a pena, e sim, na humana em seus braços. Ele chorava, e soluçava, abraçado ao cadáver. Cadáver, que um dia correu ao seu lado, chorou ao seu lado, sorriu ao seu lado, e esteve ao seu lado, em momentos tristes e felizes. E que também um dia, há um certo tempo, havia compartilhado os seus lábios.

— Grace, eu sinto muito, mas não vou te deixar escapar assim. Estou aqui por você, e preciso de você. - Lagrimas, desciam-lhe.

O Senhor do Tempo, olhou para ela, sereno e gentil, observando o doce sorriso, mesmo que sem vida. Quebraria mais uma de suas regras. Ele já havia feito um paradoxo, e ainda mais em sua máquina do tempo, algo, que se o conselho superior de Gallifrey soubesse, o decapitaria em imediato.

Porém, quebrar mais uma regra não faria mal, ou faria? Não interessava, o Doutor apenas seguiu o seu coração, e assim, logo o seu corpo estava envolto em um inicialmente leve e logo intenso brilho dourado e cintilante, que emanava de si, como um vapor, ou água da fonte. Os seus lábios, tocaram os lábios da humana, e assim, em um verdadeiro beijo, a magia dos Senhores do Tempo se manifestou, onde parte de sua energia vital traria vida ali novamente. A humana tinha o seu corpo regenerado, e o seu parasita eliminado por completo, mas, não conseguiu outra face, apenas, um cabelo e unhas em mais volume.

— Ah, Grace. - Disse o Senhor do Tempo, caindo ofegante no chão, havia gasto muito de sua vitalidade. – Grace... Grace, fale comigo. - Ofegava, encarando o corpo da mulher ao seu lado.

E ela, em imediato, se despertou, puxando um enorme folego, e arregalando os olhos. 

— Doutor?! - Notou o amigo, caído e sorrindo ao lado, no chão. – Eu te encontrei! - Abraçou-o.

— Não, Grace, eu te encontrei.

— Não, eu te encontre!

— Tudo bem, você venceu. - Sorriram um para o outro. – Você me encontrou.

Mas, enquanto o par sorria, o homem de cabelos verdes apenas se encostou enfurecido na janela, fitando rancoroso para a tumultuada Stalingrado a sua frente, resultado parcial de sua ambição. Mas ambição, a qual ele nunca se arrependeria, e faria de tudo para vingar.

***

— O Doutor deve estar muito furioso conosco. - Disse Gordon, pesaroso, encarando às centenas de corpos.

— Não se preocupe, o ódio possui cura. - Apaziguou Verum-1.

— E o seu ódio?

— Também. - Encarava a torre, pela vista da janela. – O meu terá cura, quando Verum-2 não mais respirar. - Se direcionou até a saída do alojamento.

— Aonde vai?

— À minha vitória.

— Não, acho que já chega.

— Não é você quem decide, humano tolo.

— Tem razão. - Gordon, sacou a sua pistola Tokarev, e a apontou ao outro.

 


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Notas finais do capítulo

Então é isso, o que acharam do capítulo? Eu adorei ele. E esse beijo do shipp oficial da história foi a melhor parte! Não sou alguém que se declare romântico, mas quando consigo escrever algo quase romântico já acho que estou evoluindo kkk
E isso dessa regeneração gasta aqui acho que se encaixa com a falta de regeneração do 8 lá no the night of the doctor, onde ele morre e não regenera. Só depois consegue porque a irmandade de Karn ajuda.
Espero que tenham entendido um pouco mais sobre quem são o Verum-1 e 2, e o plano e tudo mais. Essa história é especialmente mais sutil que as minhas anteriores, então imagino as vezes se eu deixei algo mal explicado. Mas sim, tem coisa que é intencionalmente mal explicada.
O dispositivo de comunicação foi posto lá no capitulo 4.
A esfera falante foi explicada, e espero que se lembre, ela foi descrita como uma calculadora globular com a mente de bilhões de generais. E isso explica várias das atitudes dela.
Aquilo que o Verum-2 disse do planeta dele estar vivo do outro lado da galáxia, eu tirei de uma notícia que diz que do outro lado da galáxia o mundo nosso de milhões de anos atrás ainda está lá, porque o sistema solar gira em torno da galáxia, assim como todos os outros sistemas. Pode parecer meio complicado, mas não é, é bem simples. É algo ligado a anos luz.
E o nome desse planeta significa “mentira” em latim, e Verum “verdade”.
O nome dessa pistola é real, e é da segunda guerra mesmo. Era soviética.
O Eixo e os Aliados eram os dois lados que compuseram a segunda guerra, sendo o Eixo composto principalmente por Alemanha, Itália e Japão. E o os Aliados, sendo principalmente por Inglaterra, França, União Soviética e os Estados Unidos.
A frequência lá é fictícia, então provavelmente não encontrará aquele nome, mas há sim frequências de sinais que fazem mal a seres vivos.
E o próximo capítulo? Bem, pode demorar. Mas será triste, e lindo ao mesmo tempo. Os meus corações precisão daquele capítulo imediatamente!!!! Mas vai demorar um pouco.
Mas enfim, muito obrigado por sua leitura! E o que acharam da história até aqui?



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