Isabella se levantou se sentindo mais descansada do que na última semana, mesmo que ela tivesse dormido tão pouco, ela ainda sorria ao se lembrar dos beijos roubados na biblioteca, enquanto se arrumava ela contou o segredo as amigas que riram, ela sabia que podia confiar sua vida a suas damas, mas que aquele segredo teria que ser mantido entre aquelas paredes. 

 Quando desceram para o café, ela pegou a mesa em um clima estranho, Carlisle não estava, mas Anthony e Edward se encaravam como se estivessem a ponto de começar uma briga, ela respirou fundo prevendo o motivo. 

—Bom dia Altezas. -Ela saudou colocando um sorriso no rosto. 

—Princesa. -Os dois disseram, Edward puxou a cadeira para ela, ele sorriu torto fazendo o coração dela saltar e as pernas ficarem bambas, ela se sentou rapidamente. 

—Onde está o rei? -Ela questionou olhando para os dois, Anthony ainda parecia irritado. 

—Nosso pai foi a cidade para uma reunião com alguns conselheiros. -Edward respondeu relaxado. 

—Vossa Alteza, achei que tínhamos planos para hoje. -Anthony disse, Bella olhou para ele o avaliando. 

—Eu sinto muito Anthony, mas dado o fato que passamos a última semana juntos, eu presumi que seu irmão tenha direito ao dia dele. -Bella respondeu rápida e sem deixar que ele discutisse. 

 Nenhum dos gêmeos tinha contado a Isabella o problema deles, Edward tinha sofrido um atentado no caminho para casa, ele acreditava fielmente que o irmão tinha mandado mata-lo, ele não iria contar a Isabella sobre o assunto, ele não queria faze-la sentir medo. 

 Anthony tinha ouvido a acusação do irmão com uma raiva controlada, ele não acreditava que Edward tinha mesmo o acusado de tal ato, principalmente sabendo que os empregados poderiam muito bem ouvir. 

 Os dois fizeram o possível para não se olharem durante o café, e Bella fingiu não notar a raiva que eles demonstravam um pelo outro, ela estava feliz por Edward está de volta e não poderia abrir mão disso. 

 Uma vez fora do castelo Edward lhe estendeu o livro que ela tanto aguardava, o sorriso aberto o segurando perto do peito, Edward não conseguia tirar os olhos dela, era tão linda e cheia de vida que parecia fazer todos a sua volta ganhar vida. 

—O que você deseja fazer hoje? -Edward perguntou enquanto os dois caminhavam pelo jardim sendo seguidos pelas damas de companhia e os guardas. 

—Eu não sei. -Ela deu de ombros. -O que você quer fazer? 

—Nada exatamente. -Ele suspirou. -Só sua companhia já me é suficiente. -O sorriso que ela lhe deu o deixava saber que ela se sentia do mesmo jeito. -Que tal irmos ao lago? 

—Claro. -Ela se deixou ser guiada por ele até o lago o caminho todo conversando sobre coisas que gostavam, o assunto não parecia ter fim entre os dois, era como estar em sua própria bolha. 

 Horas mais tarde quando voltaram para o castelo para o almoço não viram Anthony, o outro irmão teria saído e não voltado, mas Carlisle já estava de volta e parecia um pouco preocupado enquanto olhava para Edward, talvez tinha chegado ao seu conhecimento que o filho sofreu uma emboscada. 

—Talvez deveríamos ir à cidade. -Bella disse a Edward. -Há muito que eu ainda não conheci. 

—Me parece um plano. -Edward concordou. 

 Após o almoço Bella subiu e se lavou colocando um vestido mais apropriado, e com mais camadas já que o frio havia se instalado nas terras, os dois entraram na carruagem e se deixaram ser levados para a cidade. 

 Nem um dos dois saberia dizer o por que as coisas aconteceram daquele jeito naquele dia, era uma sequência de situações que tinham levado a estarem ali naquele exato momento. Bella decidiu ver uma loja, Edward decidiu tomar um caminho mais curto, e enquanto atravessavam a praça viram Anthony em cima do seu cavalo conversando com um soldado, ele ainda não os tinha visto, em uma fração de segundo os dois olhavam Anthony no cavalo, no outro o outro príncipe estava no chão, soldados em sua volta e o barulho do tiro reverberando nos ouvidos de todos. 

 A correria e a gritaria começaram, Jasper e Emmett havia jogado Bella, suas damas de companhia e Edward no chão, os outros soldados em volta da praça procurando quem havia atirado, Edward segurava Bella abaixada, mas não tirava os olhos do irmão caído no chão. 

 Não foi Anthony. Edward pensou. Não tinha sido o irmão que tentara o matar. E agora claramente estavam em guerra, alguém tinha atirado em um dos príncipes dentro da cidade, tinham tentado matar um dos dois. 

—Anthony. -Edward chamou se levantando para ir ao irmão. -Tirem a princesa daqui. -A ordem para os seus guardiões saiu rápida. 

—Edward não. -Bella pediu segurando sua mão. 

—Um de nós três precisa estar em segurança. -Ele segurou o rosto dela nas mãos. -E eu não posso deixar Anthony ali, não importa o quão irritante ele seja, ou todas as vezes que ele me machucou, ele ainda é meu irmão. 

—Eu vejo os dois no castelo. -Bella avisou. -Volte para mim. 

—Eu vou. -Ele beijou a testa dela antes de a deixar e correr para o irmão. 

 Os soldados haviam se erguido varrendo o local atrás do atirador, lhe dando passagem ele pode finalmente ver o rosto do irmão, o tiro havia pego no ombro, uns centímetros mais a baixo e talvez Anthony estaria morto. 

—Você mandou atirar em mim, mesmo que eu te dissesse que não fui eu que tentei te matar? -Anthony questionou irritado, um dos soldados tentava conter o sangramento. 

—Não. -Edward se abaixou e segurou a mão do irmão, era a primeira vez que se tocavam sem estarem brigando. Havia anos que a inimizade entre os dois tinha tomado o melhor deles, desde a morte da mãe haviam deixado de ser irmãos para inimigos. -Alguém está tentando matar a gente, o que significa que temos um inimigo. 

—Você está aqui. -Anthony parou respirando fundo. -Onde está a princesa? Me diga que Isabella não está aqui. 

—Eu mandei Emmett e Jasper a levarem para o castelo. -Edward contou. -Inferno Anthony, fique quieto. 

—Altezas. -Eles ouviram a voz e uma mulher se abaixou perto deles. -Sou médica. -Ela contou mostrando sua bolsa cheia de coisas. -Precisamos levar o príncipe de volta ao castelo para que possamos cuidar disso. 

—Ótimo irmãozinho, não se divirta muito me carregando. -Anthony provocou e logo fez uma careta enquanto James e Edward o erguiam. 

—Cala boca idiota. -Edward ordenou, mas pela primeira vez, mesmo a implicância entre eles não estava o deixando irritado. 

 No castelo Isabella andava de um lado para o outro ao lado de Carlisle, os dois à espera dos príncipes e a ideia de que uma guerra estava a ponto de começar, agora não era mais uma possibilidade, era real, alguém havia decidido acabar com a paz entre os quatro reinos e se prontificavam em começar matando os herdeiros ao trono. 

—Eles estão aqui majestade. -Um dos soldados avisou, Carlisle saiu na frente de Bella para ver Edward e o soldado de Anthony James carregando-o nos braços pela porta, subiram com ele sem olhar para os lados. 

—Doutora. -Carlisle chamou vendo uma mulher que os seguia escada a cima, o rei conhecia quase todos os médicos do reino e sabia muito bem quem a mulher acompanhando os filhos. -Não deixe que meu filho morra. 

—Farei meu melhor majestade. -Então ela lhe deu as costas e voltou a subir. 

 Nas horas que se seguiram Bella achou que poderia desmaiar, havia escrito uma carta para entregarem ao pai, um aviso do que estava acontecendo e do que isso poderia significar. Edward havia descido e se sentado no chão perto da porta a espera de notícias, enquanto Carlisle dava ordens para os soldados. 

—Majestade, Altezas. -A médica entrou na sala e fez uma reverência, todos os três ficaram de pé perto dela esperando. -Ele vai ficar bem, eu consegui retirar a bala e costurar a pele para que parasse o sangramento. -O alivio varrendo a sala foi grande. -Ele não poderá erguer o braço por alguns dias, de preferência o mantenha na cama. 

—Pode deixar, eu o amarrarei nela se for preciso. -Carlisle disse. 

 A doutora se despediu e um dos soldados a acompanhou de volta à cidade, pagando também pelo seu serviço, Bella e Edward se olharam aliviados, era bom ter alguém em quem se apoiar. 

—As coisas vão mudar a partir de hoje. -Carlisle anunciou. -Não quero nenhum dos três fora desse castelo. 

—Pai. -Edward tentou.  

—Enquanto não soubermos quem começou isso e contra quem estamos lutando, vocês três estão confinados aqui, no máximo ao jardim. -Carlisle se virou encarando os dois. -Isabella é a futura rainha de dois reinos, e você ou seu irmão é o futuro rei, isso significa que se vocês morrerem deixarão os dois reinos vulneráveis, e isso não pode e não vai acontecer. 

 Carlisle não deixou nenhum dos dois dizer nada antes de sair da sala os deixando sozinhos, Bella caminhou e abraçou Edward para fazê-lo relaxar, os braços envolta do seu ombro a cabeça em seu peito, o príncipe suspirou fechando os braços na cintura dela e depositando a cabeça na curva do seu pescoço. 

—Poderia ter sido um de nós. -Bella falou depois de um tempo e depois se afastou um pouco para ver os olhos verdes. -Miraram em Anthony, mas poderia ter sido em você ou em mim. -Ela deslizou uma mão no rosto másculo que a encarava. -O rei está certo Edward, não podemos correr riscos. 

—Eu sei. -Ele concordou. -Mas não gosto de não poder ajudar. 

—Você ajudará, ficando aqui, seguro. -Ela declarou. Os dois estavam sozinhos, por isso ela não se preocupou em ser vista ao levantar os pés e colar seus lábios no dele rapidamente, era um suspiro de um beijo, mas era tudo que os dois precisavam agora. 

—Vamos ver aquele idiota que eu chamo de irmão. -Edward chamou se afastando dos braços dela, Bella assentiu e se deixou ser levada para o andar de cima. -Anthony. -Edward chamou quando os dois entraram no quarto. 

 O irmão virou a cabeça e avaliou os dois, havia uma distância segura entre eles, mas mesmo assim Anthony sabia que eles tinham mais conexão do que ele um dia teria com Isabella, o que era uma pena, pois Anthony queria muito ser rei. 

—Não se preocupem eu não mordo. -Anthony declarou sorrindo, sendo recompensado pelo sorriso de Isabella que se aproximou e se sentou ao lado da sua cama sem se importar com as regras, segurando sua mão. 

—Você quase me matou de susto. -Ela reclamou. -Não acredito que alguém atirou em você. 

—Bom, alguém tentou matar Edward na volta para casa, então estou supondo que me confundiram com ele. -Ele brincou e viu os olhos da Bella se encheu de surpresa. 

—Alguém tentou te matar? -Bella se virou para Edward que tinha puxado uma cadeira e se jogado perto dos dois. 

—Uma emboscada. -Ele deu de ombros. -Nenhum arranhão. 

—Por que então Carlisle não nos proibiu de sair, se sabia que alguém estava tentando começar uma guerra? -A pergunta de Isabella deveria ser fácil de responder, mas os irmãos se olharam por um tempo. 

—Eu não contei ao meu pai, por que achei que tinha sido coisa de Anthony. -Edward contou. 

—Eu não sou seu fã Edward, mas não mandaria te matar. -Anthony resmungou. 

—Como se você não tivesse pensado mais cedo que tinha sido eu a mandar atirar em você. -Edward o relembrou. 

—Vocês dois são doentes. -Bella se levantou irritada. -Pelo amor de Deus, são irmãos, gêmeos, deveriam ser amigos e aliados não inimigos. -Ela olhou para os dois nos olhos, fogo e gelo e uma verdadeira bomba que explodiria a qual quer momento. 

 Os dois a avaliaram dos seus lugares, Isabella era a balança que sempre faltou entre eles, a mãe costumava ser o meio termo entre eles, mas desde sua morte Carlisle não tinha conseguido fazer o mesmo, e agora aquela mulher estava ali, sendo o meio termo para os dois. 

—Não se preocupe Isabella, nós dois estamos do mesmo lado agora. -Anthony lhe contou sorrindo. -O que acredite em mim, deve ser mais perigoso do que nos ter em lados separados. 

—Você e eu estamos do mesmo lado, mas você não tem permissão para sair dessa cama. -Edward o lembrou. 

—E você não tem permissão para sair do castelo irmãozinho. -Anthony debochou. 

—Chega. -Bella suspirou. -Não quero mais saber de brigas. -Ela avisou apontando para os dois. -Nós três estamos trancados nesse castelo até que alguém faça uma descoberta. -Ela voltou a se sentar perto de Anthony, as mãos no colo. -O povo deve estar apavorado a essa altura, os empregados podem ser fieis, mas ainda sim comentam coisas, a partir de hoje nós três somos um grupo, e nosso trabalho é nos mostrar como uma frente unificada, o que significa que a guerra de vocês dois acaba aqui, entendido? 

—Sim senhora. -Os dois concordaram rindo, Bella era uma mandona e os estava tratando como dois meninos invés dos homens que tentavam ganhar o coração dela. Aquele seria um passo grande para o povo e para eles, se sentirem como uma frente unida ao contrário de brigarem.