Joia de Família escrita por Denise Reis


Capítulo 13
Capítulo 12




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Depois de arrumar Alexis e liberá-la para ir ao colégio, Richard Castle se arrumou e seguiu para o trabalho.

Castle já saíra de casa decidido a não telefonar para a Kate naquele dia, pois ela, com certeza, estaria dormindo depois de um cansativo plantão de vinte e quatro horas.

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A manhã dele transcorrera normalmente. Tivera reuniões e um almoço de negócios.

Assim que Castle retornou à sua sala de trabalho, depois do almoço de negócios, ele estudava um novo projeto muito grande para mobiliar um prédio de dois andares onde funcionaria uma clínica no norte do país.

Quando analisava algumas especificações do projeto, o som do toque do seu celular lhe tirou a concentração.

Ao consultar o identificador de chamadas Castle ficou surpreso ao ver o nome de Kate e, rapidamente atendeu — Castle! – ele se identificou.

— Oi, Castle... Sou eu, a Kate. Você pode falar agora, ou... – Kate ia concluir, mas foi interrompida por ele.

— Kate! Oi! – Castle não conseguia esconder sua alegria ao ouvir a voz de Kate — Eu posso falar, sim. O que eu estava fazendo agora, posso fazer depois... Isso se o meu chefe não implicar com o... – ele justificou em tom brincalhão.

— Ah, então... – Kate ficou realmente meio sem jeito, pois não fazia ideia do tipo de trabalho que ele executava – Então depois a gente se fala, Castle. Não quero te prejudicar com o seu chefe.

— Não, Kate, eu estava brincando com você. Meu relacionamento com meu chefe é excelente! – ele pilheriou, já que ele era o dono da empresa e o seu próprio chefe.

— Ah... Então tá certo. – Ela ainda estava sem graça.

— Gostei que você me ligou, Kate. Eu não te telefonei porque imaginei que você iria dormir o dia todo por conta das vinte e quatro horas cansativas de plantão.

— Felizmente, com o tempo a gente acostuma com esses plantões. Óbvio que é cansativo, mas tudo bem.

— O plantão foi muito tumultuado ou será que você conseguiu dormir um pouco?

— Consegui dormir das duas e meia da manhã até cinco horas. Depois desse horário foi uma luta até a hora de terminar o plantão, ou seja, até às sete horas. O segredo é aproveitar os minutos entre um atendimento e outro para ir fazendo o relatório dos procedimentos, senão tem que fazer depois do final do plantão e aí, não tem cabeça que aguente... Ainda bem que esses dois dias de descanso dão para recuperar o cansaço.

— Imagino que seja mesmo um sufoco, Kate!

— Sim... Eu tenho dois plantões de vinte e quatro horas por mês. Mas tudo sob controle. Quando eu menos perceber os dois anos de residência vão acabar. – ela sorriu.

— Como é a sua escala de plantões na Residência?

— É assim... Veja bem... Ontem eu dei um plantão de vinte e quatro horas, então, depois disso eu tenho dois dias de descanso. Quando eu voltar, eu trabalho cinco dias em horário administrativo, seguidos de dois dias de folga. Depois, destas duas folgas, trabalho mais cinco dias em horário administrativo, com mais dois dias de folga. Ao retornar, pego um plantão de vinte e quatro horas, seguido de dois dias de folga. É sempre assim. Ou seja, sempre antes do meu plantão de vinte e quatro horas, eu venho de dois dias de folga e depois desse plantão de vinte e quatro horas eu tenho mais dois dias de folga.

— Entendi.

— Não é tão difícil! – ela comentou.

— Kate, como eu fiquei preocupado com o seu descanso, eu deixei para te telefonar somente amanhã, mas confesso que eu estava mesmo com esperança de receber uma ligação sua assim que você acordasse. Dei sorte! Você me ligou. – ele confessou feliz.

— Eu também estou feliz porque consegui falar contigo, Castle.

— Hey, você é muito nova. Já se formou em medicina e já está concluindo o primeiro ano de Residência Médica. Você começou a faculdade quase uma criança... – ele brincou.

— Eu estou com vinte e três anos... Não sou assim tão nova.

— Ah, é sim. Parabéns! Você demonstra que tem garra e é muito estudiosa.

— É necessário! Hey, Castle, ontem eu tive que interromper a nossa conversa no momento em que chegaram as três crianças acidentadas.

— Isso mesmo, Kate. Ah, e por falar nisso, fiquei apreensivo sobre as três crianças... Você pode me contar como foi isso? Aliás, não me responda agora porque vou te fazer uma proposta.

— Uma proposta? Diga. – Kate estava com esperanças de encontrar o Castle.

— Que tal se a gente sair à noite, eihm, aí você poderá me responder sobre estas três crianças acidentadas... E vou aproveitar para te responder o que você havia me perguntado ontem à noite, ou seja, qual o meu tipo de trabalho. Que tal? Vamos sair à noite? Se dermos sorte até poderemos nos lembrar de onde nos conhecemos e acabar logo com esse mistério que nos ronda. – ele estava feliz e falava com leveza.

— Ah, Castle... Vai até parecer que eu estou te esnobando, mas não é verdade, tanto que eu te liguei agora. Mas não vou poder sair com você hoje porque já tinha prometido para meus pais que eu iria passar a minha folga com eles. Meu pai me pegou no hospital hoje pela manhã e estou aqui com eles. É uma cabana no campo.... E retorno depois de amanhã e vou direto para o hospital.

Castle ficou desanimado com aquela informação, pois, realmente, pareceu que ela o dispensava, contudo, tentou disfarçar — Ah, então tá! Bom descanso para você.

— Obrigada, Castle. Depois de amanhã estarei em horário administrativo, das oito às dezoito horas.

— Imagino que você não possa receber ligação telefônica, não é? Não gosto de mensagem via WhatsApp... Acho muito impessoal. Gosto de ouvir a voz.

— Também não gosto muito do WhatsApp... Mas, como eu preciso ficar com o meu telefone desligado, fique certo de que vou encontrar um tempo para te telefonar, entre um paciente e outro e tomara que você possa me atender.

— Vou esperar. – Castle afirmou e voltou a ter esperanças, pois sentiu que ela estava sendo sincera.

A ligação foi desfeita e ele, apesar de desapontado por não poder ver Kate à noite, voltou sua atenção para a análise do projeto que estava à sua frente. Depois deste, teria que analisar muitos outros, pois trabalho não faltava.

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No dia previsto para Kate retornar ao trabalho, ele não recebeu telefonema dela, no entanto, não ficou desanimado, muito menos chateado, pois imaginou que o plantão estava sendo agitado. Então, já que ela demonstrara intenção de falar com ele, Castle resolveu fazer-lhe uma surpresa. Ele iria vê-la no horário próximo ao final do expediente dela, já que seria horário administrativo.

No dia em que ela lhe explicara acerca da sua escala de serviço, Castle logo fizera no seu computador a tal escala para vários meses, deste modo saberia os dias em que Kate iria para o hospital e os dias em que ela estaria de folga. Foi muito fácil.

Por volta das dezessete horas, Castle encerrou suas atividades do dia no seu trabalho, passou em uma floricultura e comprou uma dúzia de rosas vermelhas e mandou fazer um lindo buquê. Depois passou em uma loja de chocolates finos e comprou uma cesta com trufas recheadas. Não escreveu nenhum bilhete, pois falaria diretamente a ela, ao vivo e em cores.

Quando chegou ao hospital, viu que ainda faltava mais de meia hora para o final do turno de Kate. Como seria muito tempo para aguardar no carro, então decidiu ir à cafeteria do andar da Emergência Pediátrica e tomaria café para passar o tempo.

Só que ao chegar à porta da cafeteria, para sua surpresa, ou seria infelicidade, localizou Kate sentada em uma mesa com um homem trajando um jaleco de médico. Era um homem bonito, traços fortes, cabelos descoloridos, cujas laterais estavam cuidadosamente rebaixados, evidenciando o topo do penteado, onde os sedosos fios eram arrumados para traz, mas boa parte descia para o lado direito. O cabelo descolorido contrastava de forma positiva, com a barba e o bigode escuros. Era uma barba cheia e muito bem aparada e desenhada.

O moço parecia um artista de TV e devia ter um trinta anos ou um pouco mais. Até aí, nada de errado, no entanto, o que Castle presenciou aparentava ser muito além de uma amizade. Com a mão direita o homem tocava a caneca de café fumegante que descansava sobre a mesa, enquanto a mão esquerda dele se encontrava estendida sobre a mesa, ao lado de outra caneca de café quente, certamente de Kate, e ela mantinha suas duas mãos envolvendo a mão do tal médico. Kate, ora a apertava e ora acariciava a mão do médico.

Atento à cena, Castle via que ambos conversavam e que a Kate falava mais do que o moço que escutava atento as palavras dela. O médico aparentava estar meio tristonho e as feições de Kate era de quem queria animá-lo.

Como Castle estava distante, não conseguia ouvir o diálogo deles, no entanto, percebeu quando os dois fizeram um sinal afirmativo com a cabeça em sinal de concordância mútua e deram um sorriso de felicidade.

Ao presenciar tal cena, Castle se sentiu muito desapontado e, se não tivesse tomado cuidado, o buquê de rosas vermelhas e a caixa de chocolates teriam caído no chão.

Castle não se aproximou da mesa onde Kate estava sentada com o tal médico. Aliás, nem mesmo entrou na cafeteria, tampouco esperou mais para saber o final da conversa, pois, mesmo de longe, ficou óbvio que não seria bem-vindo, pois se lembrou do antigo ditado popular: “um é pouco, dois é bom e três é demais”.

Com o coração apertado, Castle deu meia volta e se encaminhou para a saída do hospital. No caminho passou pelo balcão de informações da Emergência Pediátrica e viu a Sra. Maria Sanches, a Enfermeira que há alguns dias lhe fora muito gentil ao dar informações acerca do estado de saúde de Alexis.

Castle foi até o balcão e lhe ofertou o lindo buquê de rosas vermelhas e a cesta com trufas recheadas — Boa tarde, Enfermeira Maria Sanches. Não sei se a senhora se lembra de mim. Estas rosas e estas trufas recheadas são em reconhecimento aos bons serviços que a senhora e seus colegas prestaram com tanto carinho à minha filha. São para todos vocês.

A Enfermeira Maria Sanches e os quatro colegas que presenciaram a cena ficaram boquiabertos com aquela atitude tão rara. Com sorriso de satisfação, as moças agradeceram e se aproximaram.

Cada uma falava um tipo de agradecimento.

— Oh! Nem precisava, mas obrigada, senhor!

— Ah, que rosas lindas! Espero que sua filha esteja melhor.

— Sim, minha filha está ótima, obrigada.

— Ah, eu adoro chocolates!

— Vou encontrar uma vasilha para pôr água a fim de colocar as rosas.

Com um sorriso fraco no rosto, Castle deixou o local e, com o coração apertado, se dirigiu à saída do hospital.

Ele não sabia se a Enfermeira Maria Sanches se recordava dele ou da Alexis, mas isso não tinha a menor importância. Aliás, seria até melhor se ela não se lembrasse dele.

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Continua...

 


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