New Wave escrita por Bruna Gabrielle Belle


Capítulo 2
I hate to do this, you leave no choice




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(Eu odeio fazer isso, mas você não deixa escolha.)

Peguei um taxi até a rodoviária e todas as janelas estavam praticamente abertas. Apesar de ser Março o céu estava claro, ajeitei minha bolsa nos ombros e entreguei o dinheiro ao taxista assim que desci do carro. Comprei minha passagem para uma cidadezinha chamada Sean Beach, de onde meu pai fugiu quando descobriu ser gay e na qual ele vinha apenas uma vez ao ano para rever o irmão e ficávamos na casa dele por um mês até eu fazer 14 anos. E nos últimos três meses, meu tio, Lúcio, passou algumas semanas comigo e meu pai, que após ser diagnosticado com câncer terminal seu “parceiro da vez” o abandonou.

Foram os piores três meses de toda minha vida.

Sei que parece um tanto frio de minha parte, dramático até, mas, de alguma forma eu entendi e segui. O que não tornava as coisas mais fáceis. Eu gostava da cidade grande e adorava morar com meu pai, onde eu realmente era necessária.

— Você vai ficar bem com isso querida? – disse ele pelo telefone antes de eu chegar ao posto de embarque.

Ao olhar para a tela de meu celular e ver aqueles olhos verde – claro estava menos juvenis e mais tristes, só que nesse momento estavam me encaravam preocupados, me senti em pânico. Eu cuidava de meu pai desde sempre. Eu era responsável pelas contas, tanto da casa quanto do hospital e dos medicamentos, assim como a cozinha e mantimentos e pelo equilíbrio de um modo geral, mas não conseguiria voltar agora.

Abandonar meu pai num hospital cuidando de si mesmo até enquanto podia era a coisa certa? Parecia ser ao menos durante o período que lutei para ficar com ele e as discussões que tivemos até chegarmos a esta decisão.

Mas agora tudo parecia completamente errado.

É claro que ele e meu tio Lúcio fizeram a maior parte, então a casa foi alugada e as contas do hospital serão todas pagas até o dia de seu falecimento, haveria muitas pessoas cuidando dele e ainda teria alguém para conversar até sua consciência se perder... Ele não precisaria mais de mim.

— Tenho que ir fazer o que – resmunguei.

Eu sempre resmungava, mas vinha discutindo e chorando com tanta frequência que ultimamente parecia que eu tratava toda essa situação delicada com indiferença.

— Diga ao Lúcio que mandei um abraço.

— Claro.

— Verei você logo – disse ele e depois suspirou – Vai ser legal, você pode me ligar quando quiser... Vou lutar e se eu melhorar vou te buscar assim que você pensar em mim.

Mas no fundo eu sabia o quanto custava para ele dizer essas palavras.

— Não se preocupe comigo papai – respondi.  – Você mesmo disse, vai ser legal. Logo a gente se encontra.

Ele deu um sorriso largo mostrando todos os pés de galinha por um minuto antes de tossir, depois passei pelos corredores e desliguei o telefone.

Meu tio Lúcio foi muito gentil com tudo isso.

Parecia aliviado por eu não ter me revoltado e por eu passar um tempo considerável com ele e já tinha feito minha matricula na escola local e ia me ajudar a arrumar um emprego.

Mas mesmo assim ia ser estranho.

Arrastei-me para o fundo do ônibus e coloquei minha mochila no bagageiro interno e me sentei puxando a touca sob meu rosto e coloquei os fones de ouvido e rolei a playlist até parar na música Breakaway da Kelly Clarkson, mas na voz de Avril Lavigne e segui viagem, em rumo a um novo destino, uma nova vida pra mim.

Música do capitulo: 

https://www.youtube.com/watch?v=oCjEtHP6Yho )

Personagens:

(Manuella)

https://images.app.goo.gl/LrKx9DyF7gyB4DLs9 

(Pai de Manuella)

https://images.app.goo.gl/a83SgfTyAzcUTEp46

 

 


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