The Death Of Me escrita por julianab


Capítulo 9
She's intoxicating, soon your favorite drink.


Notas iniciais do capítulo

Hey! Mais uma vez queria agradecer pelos reviews fofos, e espero que vocês gostem do capítulo. Beijo beijo, e agora leiam!



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She's intoxicating, soon your favorite drink.
Ela é intoxicante, logo sua bebida favorita.

 

Ele não precisou de esforço nenhum para colocá-la sentada na escrivaninha dele. Elena ouviu vagamente algumas coisas voando na direção do chão quando ele abriu espaço para ela, mas seu cérebro estava mais focado nas sensações que percorriam seu corpo. Cada vez que os dedos dele tocavam sua pele, era como se ela recebesse milhares de choques elétricos. E gostava daquilo.

Os lábios dos dois estavam grudados e se moviam rapidamente, como se estivessem num ritmo próprio, que só os dois conheciam. Ela o segurava pela nuca, nunca satisfeita com a distância entre eles. Ele, da mesma forma, apertava-a tanto contra o próprio corpo que era como se quisesse fundi-la a si.

As mãos dela deslizaram pela frente do corpo dele, abrindo os botões da camisa preta que usava, tocando toda a pele que ficava descoberta. Ele aproximou a boca do ouvido dela e soltou uma risada arrastada, bem baixa, que arrepiou todo o corpo dela.

Elena sentou-se na cama com os olhos arregalados, toda suada. O quarto estava muito escuro e silencioso; seu coração, por outro lado, poderia ser ouvido da esquina. Ela voltou a se atirar no travesseiro, sua cabeça afundando nele. Elena olhou para o lado; o relógio marcava 5 horas e 49 minutos.

O beijo entre ela e Damon acontecera há três dias, e aquela era a terceira noite consecutiva em que sonhava com ele. Ela sentiu vontade de socar alguma coisa. Ao invés disso, apenas suspirou. Sabia que não conseguiria mais dormir, e por isso resolveu levantar-se. Arrastou-se para o banheiro e ligou a água fria, enfiando-se embaixo dela. Os choques que percorreram seu corpo lembraram as sensações do sonho; elas haviam parecido tão reais. Elena escondeu o rosto nas mãos e ficou assim durante um longo tempo, só sentindo a água caindo.

Quando saiu do banho, não se sentia melhor. Irritada, procurou alguma coisa para vestir e depois foi secar os cabelos. Ela olhou bem fundo nos próprios olhos no espelho e tentou se livrar de qualquer pensamento que envolvesse o mais velho dos irmãos Salvatore. Mas nem pensar em Stefan estava funcionando para afastar Damon e aqueles malditos lábios da mente dela.

Desde sábado, ela sequer conseguia ficar perto de Stefan sem se sentir péssima por dentro. Era como se cada vez que ele a tocasse, a fizesse algum carinho ou simplesmente sorrisse, tão sincero, ele a lembrasse da culpa que ela estava sentindo. Ela jurara a si mesma que nunca agiria como Katherine, nunca se colocaria entre os Salvatore. E ali estava ela, agindo exatamente igual. Sendo a mesma vadia.

Não!, uma voz gritou dentro da cabeça dela. Katherine quis os dois; você escolheu, Elena. Você escolheu Stefan.

Elena se agarrou àquelas palavras com toda sua força, mas outra parte dela fazia-a descrente. Ela realmente escolhera?

Quando desceu, sua tia não acordara ainda. Ela mesma resolveu fazer o café da manhã, arrumando a mesa e comendo devagar. Estava no final do seu suco quando Jenna desceu as escadas, esfregando os olhos.

— Nossa, Elena. Aconteceu alguma coisa?

— Não, só uma pequena insônia. – ela tentou soar o mais verdadeira possível, e sua tia acabou acreditando, subindo novamente para acordar Jeremy.

Elena enrolou o máximo que conseguiu, até não ter mais o que fazer, e então resolveu ir para a escola mais cedo. O dia estava ensolarado novamente, e ela sentou-se no pátio da escola quase deserta, colocando os fones de ouvido e se isolando do mundo ao redor.

Algum tempo depois ela viu a Ferrari de Damon entrando no estacionamento da escola, o sol refletindo na lataria escura. Elena sentiu-se como se houvesse caído de uma grande altura, como se seu estômago tivesse saído do lugar.

O carro parou bem próximo a ela, e Rebecca saiu, acenando para dentro. Ela abriu um sorriso de canto para Elena, como se dissesse “eu sei que você me inveja” e foi até onde suas amigas estavam.

Elena tentou não se virar para o carro, mas era como se existisse um imã atraindo seus olhos; ela não conseguiu mantê-los afastados. Damon, que tinha a janela aberta e usava óculos de sol, abaixou-os para poder encará-la. Um sorriso surgiu no canto dos lábios dele e Elena sentiu seu rosto inteiro ficar muito quente, ao mesmo tempo em que seu coração acelerou. E então Damon arrancou, sumindo em poucos segundos.

Antes que pudesse controlar as reações que ele causara, Elena sentiu uma mão tirar-lhe um dos fones e beijar-lhe o pescoço. Ela fechou os olhos, novamente aquela sensação de culpa a queimando por dentro.

— Bom dia... – Stefan sussurrou contra a pele dela, o que geralmente lhe provocaria um arrepio. Nada.

— Hey! – ela respondeu com a voz fraca enquanto ele contornava a mesa e sentava-se do lado dela.

— Damon ainda está brincando com aquela garota? – ele fez um sinal com a cabeça para o local onde o carro estivera há poucos instantes. Elena confirmou com a cabeça. – Pedi-lo para parar só vai fazer com que o joguinho fique mais interessante. – Stefan falou com um tom repreensivo. Elena não conseguia prestar muita atenção.

Ela tirou o outro fone e desligou a música, guardando o iPhone na bolsa. Quando levantou os olhos, notou Stefan a observando com a testa franzida.

— Você está bem, Elena? – ela deu uma risadinha que soou um pouco nervosa e tentou sorrir de forma convincente.

— Claro que sim, Stefan. Por que não estaria?

— Não sei. – ele ainda a encarava atencioso, cuidando de todos os de talhes. Ela desviou os olhos, incomodada. – Mas você tem estado estranha nos últimos dias. Tem alguma coisa te incomodando?

— Não, não. – Elena balançou a cabeça com veemência, esticando o braço e tocando a mão dele. – Eu estou bem, não se preocupe.

Ele ficou observando-a, preocupado, por mais alguns segundos, mas depois concordou com a cabeça, sorrindo para Elena.

 

Era intervalo, todos estavam almoçando e os passos de Elena ecoavam pelos corredores desertos. Ela caminhou decidida até uma porta e bateu, esperando. A voz do Monsieur Gérard a mandou entrar, e ela o fez. Ele estava sentado lendo alguns papéis, e a olhou curioso.

— Gilbert... O que posso fazer por você?

— Monsieur, queria conversar com o senhor... – ela ocupou o lugar que ficava diretamente na frente do professor e respirou fundo antes de falar. – Eu já tive tantos progressos com as aulas do Sr. Salvatore, e eu já me sinto bem mais confiante em relação à matéria. Então acho que as aulas particulares não são mais necessárias.

Ele a encarou e depois suspirou.

— Mademoiselle, você realmente tirou uma boa nota na última prova e já está bem melhor, mas você perdeu muito conteúdo. Eu acho que ainda não é hora de deixar as aulas de lado.

— Mas... Eu me sinto confiante, e se eu tiver dúvidas, pergunto ao senhor no intervalo, no final da aula. Eu estou tão cheia de provas e trabalhos, é complicado arranjar tempo para as aulas particulares... – Elena praticamente suplicava.

Monsieur Gérard balançou a cabeça e se ajeitou na cadeira, agora falando com mais autoridade.

— Não, Elena. Por mais algum tempo você terá de ir às aulas sim.

Elena olhou-o e suspirou, confirmando com a cabeça. Ela se levantou.

— Tudo bem. Obrigada pelo seu tempo, Monsieur Gérard. Boa tarde. – ela acenou e saiu da sala.

Elena encostou-se na parede e fechou os olhos, sem saber o que fazer. Aquela tarde ela teria que passar uma hora dentro da mesma sala que Damon, sozinhos, tentando fazer com que seu coração ficasse quieto, seu corpo não tivesse nenhuma reação à presença dele. Tentando manter-se longe dele, aquela voz irritante falou dentro dela.

Quando ela abriu os olhos, teve que segurar o grito que estivera prestes a sair da sua boca. Elena levou a mão ao coração, que batia acelerado, assustado, enquanto seus olhos arregalados encaravam Damon. Ela não ouvira nenhum sinal da aproximação dele; ele era silencioso demais, muito mais que Stefan.

— O que você está fazendo aqui? – ela sussurrou com certa raiva, sem saber o motivo de estar falando baixo e odiando ter sido pega naquela situação. Para sua sorte, ele não conseguia ouvir seus pensamentos.

— Entediado. – ele respondeu simplesmente, dando de ombros, um sorriso irritante dançando nos lábios dele. Damon encarava Elena com curiosidade, avaliando as expressões dela com os olhos ligeiramente cerrados.

— Por que você continua nessa cidade? Mystic Falls é parada demais, Damon. Vá para uma cidade grande, qualquer lugar onde existam vários pescoços pra você morder! – ela falou novamente irritada, gesticulando muito. Damon inclinou a cabeça, ainda com seu típico sorriso, estudando Elena. Depois fingiu uma expressão magoada, tocando o próprio peito.

— Assim você me magoa, Elena. Quer tanto assim me ver longe? – ele piscou os olhos devagar; eles brilhavam de uma forma que deixaria qualquer um com pena. Elena revirou os seus, olhando para o teto.

— Você seria mais útil estando longe, Damon.

Ele soltou uma risadinha descrente, apoiando a mão na parede ao lado de Elena, consequentemente aproximando os corpos dos dois. Ela tentou se afastar, querendo fundir-se a parede. Ele inclinou-se na direção dela, e todo o corpo dela correspondeu à proximidade.

— Você não me quer longe, Elena... - Damon sussurrou bem perto do ouvido dela, rouco, deixando a respiração de Elena imediatamente pesada. Ela colocou as duas mãos no peito dele, tentando afastá-lo, e olhou ao redor preocupada.

— Damon! – ela murmurou zangada, ainda fazendo força para empurrá-lo. –Sai de perto de mim, alguém pode nos ver! Stefan pode nos ver. – ele, como era de se esperar, não deu nenhuma importância às palavras dela; simplesmente as ignorou. Subiu a mão livre até o queixo dela, segurando-o levantado, fazendo com que ela o encarasse contra sua vontade.

— Você não me quer longe. – Damon falou olhando bem fundo nos olhos dela, agora sem nenhum sorrisinho insolente no rosto. Eles estavam tão próximos que ele podia sentir a respiração de Elena.

— Damon, eu estou usando verbena. – Elena segurou o seu colar com força, encontrando dificuldade para deixar a voz firme e para afastar os olhos dos dele.

— E eu não estou hipnotizando você. – ele ergueu a sobrancelha pra ela, e depois franziu a testa, concentrado.

Um segundo depois ele estava longe, do outro lado do corredor. Mais outro segundo e Elena pôde ouvir então os passos que ele escutara bem antes. Logo, porém, eles pareceram se afastar novamente. Damon olhou-a de onde estava e acenou com a cabeça.

— Nos vemos à tarde, Mademoiselle Gilbert.

Quando ele desapareceu, Elena soltou um suspiro pesado, cobrindo os olhos com as mãos e sentindo vontade de chorar. Totalmente sem fome, ela ficou ali parada até os primeiros alunos começarem a voltar para suas aulas.

 

Quando as aulas do dia terminaram, Elena decidiu que não voltaria para casa, afinal teria apenas algumas horas até a aula com Damon. Ela passou um tempo na biblioteca, mas a maior parte daquelas horas ela gastou no pátio praticamente deserto, sentada em uma das mesas de pedra. Elena fechou os olhos e ficou sentindo o sol esquentar seu corpo enquanto pensava em tudo que estava acontecendo nos últimos dias.

Ao levantar-se e entrar no colégio gelado, Elena estava confiante. Ela amava Stefan, e ela escolhera sim: era ao lado dele que queria ficar. Seu corpo podia até reagir ao de Damon, mas sua mente e seu coração eram mais fortes, e eles queriam Stefan. Ela teria de ser forte e se acostumar com a presença de Damon. Era só questão de tempo até tudo voltar ao normal e ela esquecer as sensações daquele beijo.

Chegou à sala e nem bateu na porta, entrando imediatamente. Damon levantou os olhos de alguma coisa que lia, mas não estava surpreso pela entrada dela; ele a ouvira, obviamente. Elena se sentou na cadeira em frente a ele e começou a mexer na bolsa, tentando manter seu coração controlado. Quando levantou os olhos, percebeu que Damon lhe encarava curioso, a testa franzida, e se sentiu constrangida.

— O que foi? – ela perguntou um pouco ríspida demais.

— Gérard me contou que você queria cancelar as aulas. – ele levou a mão até o peito. – Até diria que é a segunda vez que me magoa só hoje, se eu tivesse como ficar magoado. – ele abriu um sorrisinho cínico e abaixou a mão. Elena apenas revirou os olhos. Ele levantou-se da cadeira e contornou a mesa, sentando-se nela e observando Elena de uma forma que a deixava incomodada, como se a estudasse, mas ela não conseguia desviar os olhos dele. – Mas me pergunto o motivo.

Ela deu de ombros.

— Acho que já aprendi o suficiente e ele pode me ajudar daqui em diante.

Damon balançou a cabeça com uma risadinha descrente, encarando-a bem fundo nos olhos em seguida.

— Não é, talvez, por querer ficar longe de mim, já que não consegue mais se controlar na minha presença?

— Nem tudo gira ao seu redor, Damon. – ela disse com um tom de deboche, tentando não reparar em como ele ficava ainda mais bonito naquela luz alaranjada do sol se pondo.

— Tem certeza, Elena? – ele perguntou com os olhos ligeiramente cerrados, naquela sua expressão típica. (N/A: ”That eye thing that you do.)

— Tenho. – ela falou sem muita convicção, distraída pelo olhar dele. – Tenho certeza. – ela repetiu, agora com veemência, confirmando com a cabeça ao mesmo tempo.

— Se você diz. – Damon falou não muito convencido, dando de ombros e voltando ao seu lugar. Ele esticou uma folha para Elena. – Gérard me mandou lhe entregar isso, disse que ia lhe ajudar.

Elena pegou a folha cheia de exercícios e depois o estojo, tentando se concentrar.

Os dois ficaram um bom tempo em silêncio enquanto ela fazia os exercícios, mas pelo canto do olho Elena podia perceber que Damon a encarava sem nenhuma discrição, os dedos cruzados sobre a mesa, a testa franzida como se mergulhado em pensamentos, e o eterno sorrisinho pendendo do canto da boca. Ela tinha vontade de socá-lo por ser tão atraente, e em seguida a si mesma por pensar isso.

— O que foi, Damon? – ela perguntou depois de um tempo, levantando a cabeça e olhando-o irritada.

Ele abriu a boca para responder, mas seu celular começou a tocar no mesmo instante. Ele colocou a mão dentro da jaqueta de couro e tirou o iPhone, inclinando a cabeça, interessado, ao ver o nome escrito na tela.

— Rebecca. – ele olhou para Elena com inocência, e ela bufou.

— Quando é que você vai deixar a garota em paz?

— Eu não estou fazendo mal a ninguém, Elena. – ele revirou os olhos para ela, que olhava-o séria.

— Você não pode brincar com seres humanos, Damon, eles não são bonecos! – Elena exclamou.

— Você realmente quer retornar a essa discussão? Você sabe como terminou da última vez. – ele falou em um tom sugestivo, os olhos novamente cerrados e provocantes.

Imagens e sensações invadiram Elena junto com as palavras dele. Ela fechou a mão com força, sentindo as unhas perfurarem a palma e se levantou com raiva.

— Quer saber? Eu nem gosto dessa garota mesmo, não sei por que me importo. Espero que você sugue até a última gota desse sangue de cobra que ela tem e depois se engasgue! – ela pegou suas coisas e saiu da sala sem olhar para trás.

Enquanto seus passos pesados ecoavam nos corredores, ela tentava entender o motivo pelo qual se irritava tanto com aquele assunto.

Damon ficou parado observando o celular e ouvindo os passos de Elena até eles silenciarem. Então ele apertou o botão para ignorar a chamada. Aquela garota era insuportável, e tampouco tinha o sangue tão bom assim. Ele só agüentava-a ainda porque, de alguma forma, ela irritava Elena, e vê-la daquela forma lhe trazia uma diversão profunda.

Ele juntou os papéis que estavam sobre a mesa e foi até seu carro, saindo do estacionamento. Antes de ir para casa, resolveu parar numa loja e comprar um bom vinho, já que seu estoque de uísque terminara. Quando chegou na rua em que morava, pôde ver o carro de Rebecca estacionado. Pensou em dar ré e ir embora, mas era tarde demais; ela já tinha visto-o.  Ele revirou os olhos e foi até a garagem, estacionando sua Ferrari.

Mal descera, Rebecca chegou batendo os pés como uma criança mimada, aquela voz aguda já elevada demais para os ouvidos de Damon.

— Por que você não me atendeu? – ela perguntou com as mãos na cintura, o rosto furioso.

— Estava ocupado. – ele respondeu sem emoção nenhuma, enquanto pegava o vinho e fechava o carro.

— Estava ocupado nas aulinhas particulares com aquela Gilbert, não é? Como você não me contou sobre elas? – ela ia soltando todas as palavras rapidamente, irritada, naquela voz que incomodava os tímpanos de Damon. Ele foi entrando na casa e fechando a porta, seguido por ela, sem lhe dar importância. - Imagino o que você ensina pra ela. Anatomia, não é? E o seu irmão, sabe sobre isso?!

— Olha aqui, garota. – Damon segurou Rebecca pelo pescoço com a mão desocupada, levantando-a do chão e grudando-a na parede da casa. – Você quer me deixar surdo?! – ele bateu-a contra a pedra gelada, tentando manter o controle. – Os benefícios que você me traz não valem toda essa incomodação. – ele olhou bem fundo nos olhos dela, as pupilas se dilatando. – Você vai voltar para casa achando que teve uma tarde maravilhosa comigo. E não esqueça, ninguém pode enxergar o seu pescoço, nunca. Entendeu, querida? – ele perguntou com sarcasmo no final.

— Entendi. – ela respondeu de forma maquinal, totalmente sem emoção.

Damon a soltou, fazendo-a cair no chão, e ela imediatamente levantou-se e saiu da casa. Ele respirou aliviado, pegou uma das taças marcadas com o brasão da família Salvatore que ninguém usava há décadas e se atirou no sofá com seu vinho.

 

Ele estava sentado num dos altos bancos em frente ao bar do Mystic Grills, apoiado no balcão, observando tudo ao redor. Não tinha vontade de morder ninguém por ali. Talvez Elena estivesse realmente certa; talvez aquela cidade fosse parada demais para ele.

Damon se virou para pedir outra dose de uísque e bateu a mão num dos vários copos em sua frente. Claro que conseguiu pegá-lo antes que caísse ou alguém percebesse, mas ele franziu a testa. Ele não era do tipo desastrado... Aliás, nem tinha como ser, com todos aqueles reflexos apurados.

Ele levou a mão até os cabelos e coçou a cabeça, fechando os olhos por um instante. Ele estava se sentindo estranho... Tonto? Damon abriu os olhos, confuso. Ele não podia estar bêbado. Ele sequer se lembrava como era se sentir bêbado, tampouco qual fora a última vez que assim ficara.

Humanos tinham toda aquela história de que a bebida pega mais forte quando não estão alimentados. Será que aquilo se encaixava a vampiros, também? Mas ele nem bebera tanto assim... Depois de terminar a garrafa de vinho, fora até a loja e comprara mais duas. Então decidira ir ao Mystic Grills em busca de algum pescoço do qual se alimentar. O bar estava parado, e ele acabara pedindo duas doses de tequila. Fazia tempo que não bebia tequila. E então... Um, dois, três – ele ia contando os copos na sua frente – treze doses de uísque.  

Bem, talvez ele bebera um pouco demais, mas não importava, de qualquer forma. Como se alguém naquele lugar estivesse em melhores condições. Ele apoiou os cotovelos no balcão e deixou sua mente vagar livremente. Além de tonto, ele estava sentindo outras coisas estranhas. Coisas que ele não estava acostumado a sentir, que ele tinha trancado muito bem dentro de si.

Damon Salvatore sentia-se... sozinho. Sentia-se sem nenhum propósito, sem nenhum lugar para ir. Katherine se fora para sempre, e ele não tinha mais nem o sentimento de vingança para guiá-lo. Era como se ele estivesse perdido no meio de todas aquelas pessoas, de toda aquela existência, de toda aquela... eternidade.

Merda, ele pensou com raiva, a mão fechada em punho, se controlando para não socar a mesa. Ele tinha certeza que aqueles sentimentos eram reações que a bebida estava causando nele. Afinal de contas, era ótimo não ter um propósito, sair por aí mordendo pescoços aleatórios. O que mais ele queria?

Várias imagens vieram à sua cabeça como flashes. Elena rindo de alguma coisa que ele falara, Elena com as bochechas coradas de vergonha, Elena com a respiração acelerada de raiva, Elena com os cabelos bagunçados ao se separar dos lábios dele... Elena, Elena, Elena.  

Porra!, ele xingou em seus pensamentos. Depois levantou a mão e recebeu mais uma dose do barman, virando-a de uma vez só. Não fez nem cócegas na garganta dele. Então Damon tentou desligar seus pensamentos, observando um homem com uma expressão miserável numa mesa ali perto. Entretanto, nada nele prendeu a atenção de Damon, que se desviou para uma música que saía baixa das caixas de som.

 

I know you're prob'ly gettin' ready for bed (Eu sei que você provavelmente está se arrumando para deitar)

Beautiful woman, get out of my head (Linda mulher, saia da minha cabeça)  

You gotta pull me out of this mud (Você vai me tirar dessa lama)  

Sweet baby, I need fresh blood (Doce garota, eu preciso de sangue fresco)  

 

The moon shines in the autumn Sky (A lua brilha no céu de outono)

Growin' cold, the leaves all die (Crescendo frias, as folhas todas morrem)  

I'm more alone than I've ever been (Eu estou mais sozinho do que algum dia eu já estive)

Help me out of the shape I'm in (Ajude-me a sair dessa forma em que eu estou)  

 

After the fires, before the flood (Depois dos fogos, antes da inundação)

My sweet baby, I need fresh blood (Minha doce garota, eu preciso de sangue fresco)

 

Sangue fresco; era disso que ele precisava. Não era de ninguém ou nada mais: apenas sangue. Ele tirou a carteira do bolso e deixou algumas notas no balcão, provavelmente mais do que era necessário. Ele saiu do bar dando uma última olhada para o homem que estava sentado sozinho. Aquele homem que tinha uma vida miserável. Ele, Damon, tinha uma morte adorável.  Quando se virou para sair, quase chutou uma cadeira. Ele xingou baixinho, culpando a bebida.

Lá fora ele sentiu o ar gelado bagunçando seus cabelos. Ele ergueu o rosto e se concentrou nos cheiros da noite que invadiam suas narinas. Nenhum chamou sua atenção em particular; na verdade, estava difícil de distingui-los. Era como se a bebida tivesse posto em dormência seus sentidos aguçados.

Damon deu uma olhada para sua Ferrari e decidiu que daria uma volta a pé. Deixou suas pernas levarem-no para onde elas bem entendessem, caminhando por longos minutos, absorto nos barulhos da noite. Só quando parou foi que percebeu onde estava: em frente à casa de Elena. Tudo estava escuro nos dois andares, e ele não conseguia ouvir nenhum ruído lá dentro. Ele quase deu meia volta e foi embora, mas algo o prendeu ali.

Damon olhou para a porta com os olhos cerrados. Já havia sido convidado a entrar, e ninguém o escutaria de qualquer forma. Quando deu por si, estava subindo as escadas da casa de Elena. Não sabia muito bem o que faria ali, nem o motivo de estar ali. No momento só seguia a sua vontade, o seu instinto.

 

Elena acordara de repente. O relógio marcava uma hora da madrugada, e ela levantou para ir ao banheiro. Enquanto lavava as mãos e encarava seu rosto sonolento no espelho, ela se deu conta de que não sonhara com Damon. Era um ótimo avanço.

Ela desligou a luz e fechou a porta, se arrastando para o quarto. A única iluminação vinha da janela, cuja cortina estava aberta e deixava a luz da lua entrar. Elena esfregou os olhos e, quando voltou a abri-los, paralisou de choque. Ela tentou gritar, mas sua voz parecia congelada; seu coração, por outro lado, batia frenético, assustado.

Seus olhos não enxergavam perfeitamente naquela escuridão, mas não lhe mentiam: Damon estava parado contra a parede do seu quarto, observando-a.

Elena abaixou a mão que estava no peito e que tremia devido ao susto e respirou fundo antes de falar.

— Damon, o que você está fazendo aqui? – ela perguntou em um sussurro fraco, sentindo como se seu coração fosse pular da sua boca.

Ela não enxergava-o direito, mas pôde dizer que algo estava diferente na expressão dele. Damon não respondeu à pergunta e apenas começou a se aproximar dela. Elena estava dividida entre confusa e amedrontada; afinal de contas, Damon era um vampiro, e ela sabia que ele podia ser cruel.

— Damon? – a voz dela estava falhando enquanto ela recuava até a parede. Quando bateu as costas nela, não teve mais para onde fugir.

Damon parou na frente dela, seu rosto nas sombras. Antes que Elena pudesse entender o que estava acontecendo, ele grudou os lábios nos dela.

Elena permaneceu de olhos abertos, sem nenhum tipo de reação por alguns segundos. Depois deixou a boca totalmente fechada, sem permitir que ele aprofundasse o beijo, tentando se controlar como prometera a si mesma que faria. Ela encheu sua mente com imagens de Stefan, mas quando as mãos de Damon começaram a percorrer o corpo de Elena, parecendo aquecer e até queimar a pele por onde passavam, ela desistiu. Seus lábios deram passagem para a língua dele, que começou a beijá-la intensamente enquanto ela se agarrava nele, pressionando-os e acabando com qualquer espaço que ainda existia entre seus corpos.

Elena retribuiu o beijo com a mesma luxúria, com a vontade que ela estivera guardando dentro de si há alguns dias. Poderia muito bem ser mais um de seus sonhos, se a sensação dos lábios de Damon nos dela não fosse tão inconfundível.

Ele colocou as mãos por dentro da leve blusa do pijama que Elena usava, tocando a pele das costas dela e apertando-a contra o próprio corpo. As respirações dos dois eram rápidas e se misturavam enquanto nenhum deles ousava quebrar o beijo. Era como se seus corpos fossem atraídos como imãs, e eles não queriam fazer força contra aquela atração.

Tão rápido que Elena mal percebeu que se mexera, ela estava deitada na própria cama, com Damon em cima dela. Ele beijava-lhe o pescoço e a parte descoberta do peito com os lábios úmidos, provocando arrepios por todo o corpo de Elena. Ela afundou os dedos nos cabelos da nuca dele, puxando-os com força enquanto deixava um ou outro suspiro pesado escapar entre seus lábios. A outra mão ela subiu pelo peito de Damon e depois arrancou a jaqueta de couro que ele usava, jogando-a no chão.

Então, repentinamente, ela sentiu uma fisgada de dor e soltou uma exclamação assustada enquanto Damon cravava os dentes no pescoço dela. Ela tentou afastá-lo instintivamente, mas logo uma sensação de torpor começou a percorrer seu corpo, e Elena acabou permitindo. Enquanto ele sugava seu sangue, ela deixou as mãos subirem e descerem pelas costas dele, alisando-as. Depois de alguns minutos, se dando por satisfeito, Damon afastou as presas da pele dela e começou a tirar a blusa do pijama de Elena.

— Damon, não... – ela falou de forma entrecortada devido à sua respiração acelerada enquanto segurava os pulsos dele, mesmo sabendo que não adiantaria nada. Ele continuou puxando a blusa, e ela tentou se afastar das mãos dele. – Damon, por favor. Vá embora. – Elena colocou a mão no queixo dele e fez com que ele a olhasse. – Damon.

Na pouca claridade do quarto, ela mal pôde ver as expressões dele. Ele apenas a encarou por alguns instantes, o canto dos lábios sujos com o sangue dela, e então se afastou. Damon pegou a jaqueta no chão, vestiu-a, e saiu pela janela tão rápido que ela não viu nem o vulto dele.

Elena ficou encarando o teto iluminado pela lua. Ela levou os dedos até as pequenas feridas no pescoço e pressionou-as até que parassem de sangrar. Ela sentia uma leve ardência, mas não era aquilo que a incomodava. O que impediu Elena de dormir e a deixou acordada o resto da noite foi a consciência de que havia gostado.

 


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Notas finais do capítulo

Gostou do capítulo? Acompanha minha fic? Então seja um leitor lindo e recomende-a! É rapidinho e não faz mal a ninguém. Obrigada pelo tempo de vocês e até a próxima.