The Death Of Me escrita por julianab


Capítulo 10
Your hair is everywhere, screaming infidelities.


Notas iniciais do capítulo

Oi! Eu sei que demorei mais, mas eu juro que passei por dias de falta total de inspiração. O resultado foi que o capítulo tá curtinho e não tão bom quanto eu queria. O próximo vai ser maior, prometo!



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Your hair is everywhere, screaming infidelities.
Seu cabelo está em todo lugar, gritando infidelidades.

 


Quando a luz da lua no teto começou a ser substituída pela do sol que nascia lá fora, Elena ainda estava acordada. Não dormira nenhum segundo sequer, sua mente funcionando a mil por hora, impedindo-a de se desligar. Não agüentando mais ficar na cama, ela se levantou e foi até o banheiro. Ligou a luz e tentou evitar o seu reflexo no espelho; esforço inútil.

Os olhos que ela encontrou eram acusadores. Ela podia ver sua consciência através deles. Ela, que sempre se achara tão boa e correta. Ela era uma vaca, assim como Katherine fora. Elena não abriria mais a boca para falar da outra; ela era tão ruim quanto, talvez pior. 

Elena respirou fundo, seu peito subindo e descendo na frente do espelho. Então, temerosa, ela virou o pescoço para o lado. Sentiu vontade de vomitar, tamanha era a culpa que lhe invadia o estômago. Ali estavam eles, os dois furinhos avermelhados na pele branca. A prova do crime.

Ela se afastou do espelho rapidamente, despiu suas roupas e se enfiou debaixo da água fria. Sua pele ficou toda arrepiada, mas ela não se importou. Ficou um bom tempo ali, tentando tirar do corpo qualquer vestígio da noite anterior. Saiu sem se sentir nenhum pouco melhor.

Depois de vestida, pegou suas maquiagens e tentou ao máximo esconder as marcas no pescoço. Por fim, colocou ainda um lenço por cima e desceu as escadas.

Na mesa, não sentiu vontade de comer nada. Jeremy estava quase dormindo na própria tigela de cereal, e Jenna observava Elena cuidadosamente.

— Você está bem? – ela perguntou depois de um tempo.

— Eu... só não dormi muito bem. – Elena levantou-se da mesa e estava pronta para subir as escadas quando a tia a chamou.

— Você está pálida. Fique em casa hoje, OK?

Elena concordou e foi para o seu quarto. Sentiu-se ligeiramente aliviada por dentro, por não ter que encarar Stefan ainda. Ela fechou as cortinas e atirou-se na cama. Porém, perto do seu travesseiro, Elena pôde notar algo que intensificou ainda mais sua culpa: contra o lençol claro estavam alguns fios de cabelo, curtos e extremamente pretos. Inconfundíveis.

 

Damon estava parado em seu quarto junto com sua melhor amiga: a garrafa de uísque. Na outra mão, ele segurava a foto que pegara nas coisas de Stefan. Seus olhos estavam focados na imagem de Katherine.

Era tudo culpa dela. Ela voltara e trouxera consigo todas aquelas coisas das quais Damon pensava ter se livrado para sempre. E agora ela fora embora, de uma vez por todas, mas deixara tudo aquilo ali, nas costas dele. Maldita.

Nenhum ser humano poderia ter acompanhado o movimento seguinte dele. Um livro qualquer, que descansava na sua mesa, foi lançado contra a parede.

— Por que elas têm que se parecer tanto?! – ele exclamou com raiva, observando algumas folhas do livro flutuando lentamente de encontro ao chão.

Era essa a resposta. Por isso que Elena não saía dos pensamentos dele. Não passava de uma reação à volta de Katherine. E era questão de tempo até aquilo passar; ele só precisava voltar a trancar qualquer coisa que sentia dentro de si mesmo, como ele fizera por tanto tempo. Ele era bom naquilo. Era bom em tudo que fazia.

Ele largou a foto e observou-a atingir o tapete. Depois pisou nela com força, rasgando-a em dois pedaços. Stefan iria incomodá-lo por isso depois, mas ele pouco se importava.

 

Elena ouviu um som que parecia vir de muito longe. Ela queria que ele parasse, mas ele apenas foi aumentando lentamente. Ela esticou a mão e pegou o celular que vibrava e tocava perto de sua cabeça. Ela apertou o botão para atender a chamada, sem sequer olhar de quem era.

— Alô? – ela falou com a voz embolada de sono.

— Elena? – foi o suficiente para fazer com que ela despertasse rapidamente; tão rápido quanto a culpa invadiu todo o seu corpo, queimando-a por dentro. – Você está bem? – perguntou Stefan, preocupado com ela. Ele era tão bom... Ela se controlou para não demonstrar nada e respondeu.

— Sim, Stefan. Eu estava cansada, pálida, e Jenna me deixou ficar em casa. Estou melhor agora. – ele pareceu aliviado do outro lado da linha.

— Ótimo. Estava pensando em passar aí, depois da aula. Tenho sentido sua falta, sabia? Você está meio distante.

— Eu sei, Stefan... Me desculpa. – ela sussurrou enquanto fechava os olhos, controlando o nojo de si mesma.

— Está tudo bem, Elena. Eu entendo. Eu vou passar aí mais tarde, certo? Para matarmos a saudade.

— Ah, Stefan... – ela falou como se estivesse comovida, mas no fundo ela queria que ele parasse de ser tão fofo. Não era bom para a consciência dela. – Vou ficar te esperando.

— Certo... Eu te amo, Elena. – ela sabia que ele sorria do outro lado da linha. Ela engoliu em seco e forçou a voz a ficar firme.

— Eu também. – ela murmurou antes de desligar. Assim que o fez, as lágrimas começaram a jorrar sem parar, escorrendo pelo seu rosto e molhando sua blusa.

Elena afundou o rosto no travesseiro e deixou que tudo aquilo saísse de dentro de si. Os únicos sons que ela ouvia na casa toda eram seus soluços altos, que ela não agüentava mais segurar.

Depois de um tempo se sentiu um pouco melhor. Levantou-se e enxugou o rosto inchado. Ela chegara a uma conclusão, dessa vez para valer: ela amava Stefan.

E ela tinha a esperança de que essas três palavras fossem as responsáveis por mantê-la no lugar daquele dia em diante.

Elena desceu e fez algo para almoçar, já que seu estômago mais parecia um buraco de tanta fome que ela estava sentindo. Sentou-se na sala e comeu com o prato no colo, assistindo a qualquer coisa na televisão. Depois lavou a louça e ficou esperando Stefan.

Quando a campainha tocou, ela foi rapidamente até a porta. Abriu-a sorridente, sem nem olhar quem era. Então congelou, o sorrindo sumindo; o Salvatore ali parado não era exatamente o que ela esperava. Inconscientemente, ela tocou o pescoço com a mão, como se o protegendo. Lembrou-se que Stefan estaria chegando a qualquer momento, e não queria que ele os visse. Segurou Damon pelo braço e o puxou para dentro, batendo a porta.

— Recepção interessante. – ele disse com um meio sorriso. Elena revirou os olhos.

— O que você está fazendo aqui? Stefan está vindo agora mesmo!

— Ah, por isso a expressão de decepção. – Damon deu um sorriso agora irônico e depois ficou sério. – Eu vim avisar que eu conversei com o Gérard. Você não precisa mais ir às aulas. – Elena olhou-o surpresa.

— Conversou? – ela perguntou sugestivamente, e ele deu de ombros, um sorriso corrompido.

Respira, Elena. Respira. Por que ele tem que ser tão bonito, merda?!”.  Felizmente, os pensamentos dela ele não conseguia ouvir. Ela amava Stefan. Isso.

— Sobre o que tem acontecido... – a voz dela falhou e ela tossiu antes de continuar. – Stefan não...

— Não, não vai saber. – Damon interrompeu-a. – Eu não preciso ouvir todas aquelas acusações, não mais uma vez. – ele revirou os olhos. Depois se concentrou por alguns instantes, a testa franzida. – Stefan está chegando.

Damon olhou para Elena brevemente, e então se afastou na direção da porta dos fundos. Ela ficou parada, observando-o ir. No instante que a porta se fechou, a campainha da frente tocou. Ela respirou fundo, ainda confusa pela aparição de Damon, e abriu para Stefan.

Ele sorriu e abraçou-a, beijando seus cabelos. Por cima do ombro dele, Elena pôde ver Damon, já distante, entrando na floresta. Não sem antes lançar um sorriso sugestivo para ela, que abraçou Stefan com mais força, procurando por algum ponto de apoio.

 

Alguns dias haviam se passado, e Elena até se acostumara com a culpa que sentia. Já era sua companheira, a acompanhando a qualquer lugar que fosse. Não era mais tão ruim ficar perto de Stefan; na verdade, eram os momentos em que até conseguia esquecer-se das coisas ruins que fizera. Pior era ficar sozinha; era quando tudo vinha à tona.

Naquela manhã Stefan fora buscá-la em casa. Ela desceu as escadas correndo quando ouviu a buzina e se despediu da tia. Entrou no carro dele e sorriu, beijando-o de leve. Os dois foram conversando sobre várias coisas no caminho até o colégio. Chegando lá, atravessaram o pátio de mãos dadas. Perto da porta de entrada, viram um pequeno tumulto. Elena olhou para Stefan com a testa franzida, e ele parecia concentrado; tentava ouvir o que acontecia.

Eles se aproximaram, agora escutando um choro alto e escandaloso. Abriram espaço entre as pessoas e puderam observar o que estava acontecendo. Rebecca estava sentada em uma das mesas de pedra, os olhos inchados, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Uma amiga tentava abraçá-la, mas ela a afastava.  Então, por trás da cortina de lágrimas, Rebecca visualizou o rosto de Elena. Seu rosto se transfigurou da dor para a raiva, e ela apontou seu dedo para Elena.

— Você! – todos que estavam ali se viraram para ela. – É tudo sua culpa! Ele me largou por sua causa! Sua vadia! Seu namoradinho sabe de tudo?!

Elena ficou olhando-a sem reação, a boca ligeiramente aberta. Rebecca se livrou dos braços da amiga e se levantou, partindo na direção de Elena. Stefan se colocou entre elas enquanto outros que estavam por ali seguravam Rebecca. Ele pegou a mão de Elena e a puxou para longe sob os olhares de todos e os gritos de Rebecca.

— VADIA!

Elena abaixou a cabeça e deixou-se ser puxada por Stefan até dentro do colégio. Ele parou quando estavam longe o suficiente, e abraçou Elena.

— Não preste atenção nisso, Elena. – ele apoiou o queixo no topo da cabeça dela, que estava imóvel. – Damon mexeu muito com a mente dela, controlou-a muito. Isso gera confusão, danos irreparáveis...

Ela simplesmente ficou em silêncio, deixando que Stefan a abraçasse. Quando o sinal tocou, os dois foram para aulas separadas. Nada conseguiu prender a atenção dela naquele dia, enquanto as palavras de Rebecca ecoavam em seus ouvidos, deixando-a enjoada.

“Ele me largou por sua causa!” Porém, de alguma forma, dentre todas as outras, essas eram as que mais faziam seu estômago se remexer de forma incômoda.

 

Elena combinara de encontrar Stefan na casa dele, na noite seguinte, para os dois irem ao aniversário de uma colega. Ela não sentia muita vontade de ir, mas qualquer coisa era melhor do que ficar em casa, sozinha, com tempo de sobra para ficar pensando. A solução era simplesmente se distrair e manter certos pensamentos longe.

Como ficara pronta cedo, Elena resolveu ir até a casa de Stefan antes da hora. Quando bateu na porta, foi Damon quem abriu-a. Ele olhou Elena por um instante e depois falou frio, sem qualquer cumprimento.

— Stefan está no banho.

— Eu espero. – ela respondeu brevemente, a testa franzida. A expressão de Damon era vazia.

Ele fechou a porta quando ela passou e os dois caminharam em silêncio até a sala. Ali, Elena andou na direção do sofá, mas Damon se aproximou da escada.

— Não espere que eu fique fazendo sala. – ele disse por cima do ombro ao começar a subir.

— Soube que você terminou com Rebecca. – Elena falou, prendendo a atenção dele e fazendo-o olhá-la. – Ela disse que era minha culpa.

— Aquela garota é louca. – ele disse simplesmente, encarando-a sem muito interesse.

— Por que você acabou com ela? – Elena insistiu.

— Já falei. Ela é louca. – Damon tornou a se virar e a subir as escadas.

Elena observou-o subir quase todos os degraus, antes de chamá-lo subitamente.

— Damon! – ele parou e se virou lentamente, o rosto frio. Os olhos dele não tinham o costumeiro brilho, e nenhum sorrisinho típico pendia de seus lábios.

Elena suspirou e depois balançou a cabeça, permanecendo em silêncio. Ele apenas desviou o olhar e terminou de subir às escadas, deixando-a sozinha.

Ela se atirou no sofá, escondendo o rosto nas mãos. Aquele Damon não era o que o mesmo que a fizera rir sentada num bar ou que jogara Guitar Hero com ela. O que ela mais deveria querer era isso... um Damon indiferente, frio, vazio, que a mantivesse afastada. Era o mais saudável para sua relação com Stefan. Mas, de alguma forma, aquela atitude dele só espalhava lentamente uma sensação horrível pelo peito de Elena. Por que ele estava assim com ela?

Elena se deixou ficar ali, remoendo aqueles sentimentos, até ouvir os passos de Stefan na escada. Levantou a cabeça e forçou um sorriso, ficando de pé para cumprimentá-lo.

Logo os dois saíram da casa, entrando no carro dele e indo até o local da festa. Em um pequeno momento de silêncio entre eles, Elena pigarreou e perguntou fingindo desinteresse.

— Damon tem agido estranho com você?

— Na verdade, tem. – Stefan virou-se para ela com a testa franzida. – Ele fez alguma coisa para você? – Elena negou rapidamente com a cabeça. – Ele deve estar começando a se entediar em Mystic Falls. – ele deu de ombros, estacionando o carro. – Talvez assim ele vá embora.

Elena se encolheu no banco de forma imperceptível.  A ideia de ver Damon indo embora de Mystic Falls, como ela mesma sugerira há alguns dias, soava insuportável. Ela bateu a porta do carro com um pouco mais de força do que gostaria ao descer. Ela só queria entender esses sentimentos confusos que tinha em relação a Damon.

A rua estava cheia de carros, e da esquina podia-se ouvir a música que vinha da casa de Karen, a aniversariante. Stefan deu a mão para Elena e foi cumprimentando algumas pessoas enquanto eles caminhavam. Ela dava pequenos sorrisos forçados.

Os dois entraram na casa e abraçaram Karen, desejando-lhe feliz aniversário. Depois misturaram-se entre todas aquelas pessoas, muitas delas desconhecidas. Stefan encontrou a mesa de comidas e serviu algumas coisas num prato para Elena, trazendo dois copos de cerveja também. Ela negou com a cabeça, e ele deu de ombros, bebendo ambos com um sorrisinho.

Stefan passou praticamente o tempo todo abraçando Elena pela cintura, enquanto conversava com várias pessoas. Ela nunca tinha reparado em como ele tinha feito amigos em Mystic Falls. Normalmente ficaria feliz por Stefan, por ver que ele estava bem por ali, sem se sentir deslocado. Naquela noite, porém, só o que preenchia sua mente eram os olhos vazios de Damon.

Ela tinha raiva daqueles olhos tão bonitos, daquele sorriso tão irresistível; sempre se perguntava por que a natureza fora tão boa com ele, dificultando tudo para ela. Agora, no entanto, queria vê-los. Muito. Queria as piadinhas, os olhares e os sorrisos sugestivos, e não aquela máscara sem sentimentos.

Várias horas haviam se passado, mas ninguém parecia com vontade de ir embora além Elena. Ela se levantou, avisou a Stefan que já voltaria e deixou-o conversando com alguns caras, que riam alto de uma piadinha machista.

Ela vagou entre as pessoas sem direção, observando-as. Cutucou Karen ao passar por ela e perguntou onde ficava o banheiro. Ela apontou para o segundo andar, e Elena se esquivou até a escada, subindo-a lentamente. Lá em cima estava deserto e ligeiramente mais silencioso. Ela caminhou até o fim do corredor e entrou no banheiro, trancando a porta e se olhando no espelho. Suspirou e limpou o canto do olho onde o lápis preto que passara havia borrado; depois lavou as mãos. Saiu e deu um pequeno sorrisinho para uma garota que esperava. A luz do corredor estava desligada, e a única iluminação vinha da escada.

Então, subitamente, Elena sentiu um movimento atrás de si, mas não rápido o suficiente para conseguir escapar. Uma mão tapou sua boca com força, abafando o grito dela, e outra segurou-a pela cintura. Elena foi arrastada até uma das portas à direita, entrando num ambiente escuro demais. A porta foi chaveada enquanto seu coração batia acelerado e suas mãos tremiam. Ela não conseguia enxergar nada, muito menos o rosto da pessoa que a prendia com força contra a parede.

 


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Notas finais do capítulo

Eu achei particularmente chatinho esse capítulo, mas ele tinha que ser de "transição" pros próximos, que eu já sei direitinho o que quero escrever. Espero que gostem, beijinhos! E continuem comentando e recomendando, vocês me fazem muito feliz assim.
AH! E o que vocês acham que vai acontecer? Algum palpite? hahahaha