The Death Of Me escrita por julianab


Capítulo 4
Her anchor - when a storm is on the rise.


Notas iniciais do capítulo

Bem, o capítulo tava pronto mas o Nyah tava fora do ar e vcs sabem, né. Mas prometo que o próximo vem rapidinho! Segurem o fôlego ae que tem surpresas!



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Her anchor - when a storm is on the rise.
Sua âncora - quando uma tempestade está no horizonte.

 

 

Damon estava encostado na porta aberta, encarando Elena. Mais ou menos como fizera há quase um mês atrás, quando ela aparecera de ressaca. Ele não a vira desde então.

— Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? – Damon perguntou com um sorrisinho.

— Pena que eu não posso falar o mesmo de você. – Elena deu uma leve e curta risada.

— Meu irmão não está. – Damon respondeu antes que ela perguntasse, porém Elena confirmou com a cabeça.

— Eu sei, por isso estou aqui.

Damon franziu a testa, mas fez piada da situação. Típico.

— Oh, veio me ver. Eu sempre soube que você me desejava, Elena. – ela revirou os olhos.

— Na verdade, quero falar sobre Stefan. – foi a vez de Damon olhar para cima, entediado.  – Vai me convidar para entrar ou não? – ela perguntou com ironia.

— Você não precisa disso. – Damon deu seu sorriso irônico também, mas era óbvio que se divertia. Ele deu espaço para ela passar e fechou a porta.

Elena atravessou o pequeno corredor até chegar na sala. Seus olhos percorreram o ambiente; notaram a televisão ligada em um volume baixo demais para qualquer humano, e logo depois o jornal de Mystic Falls aberto na página central. A manchete chamou a atenção dela: “SÉTIMO ATAQUE ANIMAL EM MYSTIC FALLS NAS ÚLTIMAS SEMANAS”.

Parecendo se lembrar de algo, ela virou-se para Damon bem séria.

— E você precisa parar com isso. – ele ergueu a sobrancelha, sem entender.  – Não se faça de idiota, Damon. – Elena esticou o braço na direção do jornal. Ele demorou apenas um milésimo de segundo para compreender.

Seus olhos se encheram de uma fúria mal controlada, o que não era típico de Damon. Quando ele falou, porém, estava contido.  

— Eu não estou fazendo nada disso, Elena. – ela fez um som de descrença com a boca.

— Quem está fazendo então, Damon? Stefan? – ele deu um sorrisinho que deixou Elena repentinamente com medo. Pareceu lembrá-la de que ele era perigoso. Damon não deixou de notar, obviamente.

— Andei me divertindo com umas garotas por aí, sim. Dei meu sangue a elas e apaguei suas memórias. Mas isso... – ele esticou o dedo fino e pálido para o jornal. -... não fui eu. Estou ficando realmente cheio dessa mania de me culparem sempre. – ele se aproximou dela sem perceber, a mão fechada em um punho. Ela engoliu em seco.

— Você acha... – a voz dela falhou, retornando assim que Damon olhou-a mais calmo, controlando suas emoções como sempre fazia. – Você acha que tem outro vampiro na cidade?

— Eu tenho certeza que tem outro vampiro na cidade. – ele confirmou com a cabeça, apontando para outras páginas de jornal espalhadas pelo sofá, que Elena não havia notado. – Estou tentando descobrir alguma coisa. – então fez um gesto com a mão, mandando-a esquecer o assunto. – O que você quer falar sobre Stefan?

As feições de Elena repentinamente perderam qualquer brilho que ainda tinham. Ela soltou um suspiro, e depois se atirou numa poltrona por perto. Damon permaneceu de pé.

— Stefan não... Não é mais ele mesmo. – ela mordeu o lábio inferior de forma distraída, sem olhar para Damon. – Há quase um mês... Ele muda de humor constantemente, some e não fala nunca para onde vai. Como agora! Onde ele foi? – Elena ergueu os olhos tristes para Damon. Ele apenas deu de ombros, como quem não faz nem ideia. – Exatamente. Antes ele sempre estava no colégio, na minha casa ou aqui. Agora... – a voz dela foi diminuindo até sumir.

— E o que você acha que está acontecendo? – Damon perguntou lentamente enquanto enchia um copo com uísque num pequeno bar logo atrás de Elena.

— Eu esperava que você me ajudasse. Você o conhece muito melhor do que eu, Damon.  – ela se virou por cima do ombro para encará-lo de forma quase suplicante. Seus olhos brilhavam, mas não era de felicidade. Subitamente, Damon se lembrou de seu irmão mais novo. Aquele tipo de infelicidade que sempre emanava dele.

Ele ficou alguns segundos em silêncio, pensativo. Levou o copo até os lábios e tomou mais da metade do conteúdo em um só gole. Depois encarou Elena.

— Não deve ser nada, Elena. Sugiro que você fale com ele. Provavelmente ele só encontrou algum motivo pelo qual ficar se martirizando mais do que o normal. – ele deu um pequeno sorriso, depois bebeu mais um pouco. Elena não parecia convencida. – Espere ele aparecer novamente e converse com ele.

Ela confirmou lentamente com a cabeça, suspirando.

— Enquanto isso, o que acha de dar uma volta comigo? Não aguento mais ficar nessa casa.

— Eu acho melhor eu ir para a minha, tenho algumas coisas para fazer... – Elena falou em dúvida, ainda pensando nos problemas com Stefan.

— Eu estou entediado, Elena. Esse Guitar Hero já está muito fácil para mim. Se você me deixar sem ter o que fazer, vou ter que ir às compras. – sua voz não demonstrava nenhuma ameaça, como se estivesse falando sobre o tempo ou qualquer outra coisa banal.

Ela bufou e encarou-o. Sabia muito bem o que aquilo significava.

— O que você quer fazer? – Elena perguntou contrariada.

— Podemos ir ao Mystic Grills.

— Para você me embebedar de novo? – ela perguntou de forma cínica.

— Você bebeu porque queria, Elena. – ele deu um sorrisinho de canto, e ela não conseguiu se segurar, imitando-o. – Mas podemos fazer outra coisa, se você quiser. Já conheceu o novo boliche?

— É só para maiores de 21 anos, Damon. – ela tentou ficar indiferente e não sorrir. Elena já sabia o que ele responderia antes mesmo de Damon abrir a boca.

— Então hoje é o seu dia de sorte. – ele deu um sorrisinho malicioso e terminou o seu uísque, deixando o copo ali mesmo. Caminhou até onde ela estava e ofereceu sua mão para ela levantar, como um legítimo cavalheiro.

Elena segurou-a e depois fez uma pequena reverência, agradecendo. Ele sorriu de canto e revirou os olhos.

 - Me sinto novamente no século XIX.

Os dois caminharam até a porta da frente, sendo recebidos pelo sol daquela tarde de sábado. Damon deixou Elena esperando na entrada enquanto ia até a garagem, logo ao lado da casa.

Ela ficou observando o jardim de forma distraída, ainda pensando em Stefan.

Subitamente um ronco muito suave de um motor se fez ouvir atrás dela, e Elena virou o rosto para observar o carro que se aproximava.

Era italiano, preto, insinuante e de aparência sexy. Todas as janelas estavam ilegalmente pintadas de preto; ela nem ao menos podia ver dentro. O emblema da Ferrari chamava a atenção até mesmo de inexperientes no assunto como Elena.

O vidro desceu lentamente, revelando um cabelo preto tão insinuante e líquido quanto a pintura do carro, óculos de sol e um sorriso muito branco.

— Precisa de uma carona? – perguntou Damon suavemente.

Elena balançou a cabeça, sorrindo contrariada. Damon era realmente uma figura, quando queria ser. Ele desceu do carro e contornou-o, abrindo a outra porta para ela. Depois voltou ao lado do motorista e tornou a se sentar. 

— Eu acho melhor nem perguntar como você conseguiu essa Ferrari. – Elena tentou soar repreensiva, mas Damon podia perceber a diversão por trás do tom de voz dela.

Ele esticou a mão e ligou o rádio enquanto cruzava o portão para a rua. Uma voz masculina soou dentro do carro.

É o terceiro ataque só nessa semana. A vítima foi encontrada na beira da estrada, perto das árvores, com seu pescoço quase todo dilacerado. Não se sabe se ele se recuperará o suficiente para...”

Damon trocou de estação antes que a notícia se concluísse. Elena o encarou, tensa.

— Quem quer que seja, não está muito preocupado em que se esconder. – ele comentou enquanto dirigia pelas ruas de Mystic Falls, parecendo despreocupado também.

Elena teria ficado perturbada o resto do dia, é claro, se não fosse Damon quem estava ao seu lado.

Depois de uma rápida “conversa” com os seguranças, Damon colocou Elena para dentro do boliche sem nenhum problema. Por ser uma tarde de sábado, o local não estava muito cheio. Os dois foram até a pista mais afastada e, enquanto Elena cadastrava seus nomes na máquina, Damon foi até o bar. Voltou com uma dose de uísque e uma lata de coca-cola.

Elena revirou os olhos enquanto pegava o refrigerante. Ele sorriu inocente.

— Quando eu te dou bebida, você reclama. Quando eu não dou, também? – ela confirmou com a cabeça e roubou o copo da mão dele. Obviamente, ele teria impedido-a se quisesse. Mas é claro que ele não queria.

Ela fez uma careta enquanto a bebida descia pela sua garganta, entregando o copo a Damon.

Ele o segurou e então caminhou até o início da pista, pegando uma das bolas e atirando-a com uma mão só, como se atirasse uma bola de gude.

— Strike – ele disse com um de seus sorrisos convencidos, de costas para a pista e sem ter de se virar para conferir.

— Exibido! – ela exclamou, se aproximando para jogar. Ele fez uma reverência e deixou-a passar, se divertindo.

Elena teve dificuldade só para levantar a bola. Depois, quando a atirou, ela caiu para a lateral da pista, sem atingir nenhum pino. Elena bufou e Damon riu, virando todo o uísque do copo e deixando-o em cima da mesa.

— Você tem mais um arremesso. Pegue a bola que eu vou te ensinar.

— Exibido... Eu não quero que você me ensine – ela resmungou ao se virar na direção da pista para jogar novamente.

Então Elena foi pega de surpresa; Stefan não costumava ser assim tão silencioso. Ela não ouvira Damon se aproximar por trás, e seu corpo todo se arrepiou subitamente ao sentir o dele a centímetros do seu. Sua mão tocou o pulso de Elena, mostrando-a como segurar a bola. A outra deslizou para o quadril dela, virando-a levemente de lado para a pista.

A pele de Elena parecia queimar sob os dedos dele e ela fechou os olhos involuntariamente quando a voz de Damon soou perto do seu ouvido.  

— Agora você solta a bola, assim... – segurando-a pelo pulso, ele mostrou-a como se fazia. A bola rolou pela pista e atingiu oito pinos. A mente de Elena, no entanto, estava totalmente focada nas sensações que percorriam seu corpo sem que ela quisesse. – Entendeu? – ele sussurrou novamente, fazendo as pernas dela vacilarem.

E então Damon se afastou, mas as sensações não sumiram tão rápido quanto surgiram.

Ele pediu mais um uísque pro garçom, como se nada tivesse acontecido. Elena duvidava que um vampiro como Damon tivesse deixado de notar como o corpo dela reagira à sua aproximação. Ele era treinado para isso, era um predador.

Ela se afastou para deixá-lo jogar, e a tarde se passou sem mais nenhum incidente.

 

— Me lembre de nunca mais competir em nada com você. – Elena resmungava enquanto Damon abria o portão da casa e estacionava o carro.

— Você é uma péssima perdedora, Elena. Nem sempre podemos ganhar.

— Você sempre ganha. – ela disse emburrada, com um bico enorme, parecendo uma criança de cinco anos de idade. O sorriso convencido dele se transformou, por uma fração de segundo apenas, em algo diferente. Algo que Elena não identificou, mas que mudou a forma como ele a olhava. Parecia... carinhoso. Terminou tão rápido quanto começou.

— Competir é o mais importante. – ele disse com uma careta de descrença, fazendo-a rir. Os dois saíram do carro e caminharam até a entrada da casa. A noite já havia caído há algum tempo.

Damon abriu a porta e os dois entraram. Subitamente, ele parou e Elena, que estava distraída, acabou se chocando contra as costas dele. Quando abriu a boca para reclamar, Damon tapou-a com a mão, mantendo-a em silêncio.

Ele tinha os olhos cerrados virados para o teto, como se enxergasse através dele, e seu nariz estava ligeiramente retorcido, como se farejasse. Os instintos de caçador à mostra.

O coração de Elena estava congelado no peito, seus olhos arregalados.

Damon sentia cheiro de sangue. Sangue fresco, sangue escorrendo. Ele podia ouvir o sangue sendo sugado no segundo andar. Ele não podia levar Elena até lá, mas não podia tampouco deixá-la sozinha. E se tivesse mais de um?

Ele não cogitou sequer falar alguma coisa para ela. Quem quer que estivesse lá em cima, poderia ouvir. Damon fez um gesto para Elena, mandando-a fazer silêncio, e puxou-a pelo braço escada acima.

A cada degrau, a mão de Elena suava mais e mais frio. Ela sentia vontade de correr. Seus instintos gritavam, mandando-a ir na direção contrária. No entanto, os dois chegaram mais rápido do que ela gostaria.

Damon podia identificar o som vindo do fim do corredor. Do quarto de Stefan, mais precisamente. Ele puxou o ar, se concentrando nos cheiros que sentia. O aroma daquele sangue adocicado enchia suas narinas e o inebriava. Ele não conseguia distinguir nenhum outro enquanto se aproximava.

A porta estava aberta, mas sua mente lhe deu a resposta antes mesmo de ver. Só não antes o suficiente para impedir Elena de se aproximar mais.

Uma garota loira estava sentada na cama, no colo de alguém e de costas para a porta. Sua blusa estava no chão e ela usava um sutiã rosa. Uma mão segurava os seus cabelos, tirando-os do caminho enquanto a boca do predador estava grudada em seu pescoço. Um feixe bem fino de sangue escorria pelo ombro dela.

Damon ouviu Elena sugar o ar com força, como se estivesse sufocando. O barulho fez o vampiro sentado na cama levantar a cabeça subitamente.

Os lábios de Stefan estavam vermelhos, assim como as presas que ele mostrou involuntariamente. Seus olhos estavam escuros de uma forma que mais do que assustou Elena, enojou-a. Eles se arregalaram ao reconhecê-la, e qualquer ameaça na expressão dele desapareceu, começando a se tornar um terror mudo.

A visão de Elena ficou turva antes que essa transição nos olhos de Stefan se completasse. Ela levou a mão à boca, abafando um soluço, e saiu correndo na direção da escada. Tudo o que ela queria era sair daquela casa, ir para longe daquela pessoa que não era o Stefan que ela conhecia.

Quando estava quase na porta de entrada, um corpo praticamente se materializou na sua frente, de tão rápido que apareceu. Ela sentiu braços fortes envolverem o seu corpo, e não lutou; pelo contrário, se segurou naquele corpo, buscando um apoio que não existia dentro de si. E desabou.

Elena escondeu o rosto naquele pescoço, e não conseguiu mais conter os soluços enquanto as lágrimas jorravam de seus olhos e molhavam a jaqueta de couro dele. Ela não soube quanto tempo passou até que o cheiro do cabelo dele a acalmou. Pelo menos o suficiente para que ela pudesse murmurar, certa de que ele ouviria.

— Me tira daqui, Damon.

Em uma velocidade sobrenatural, ela se viu fora daquela casa, na Ferrari preta. Ela não deu a mínima importância para onde estavam indo quando ele deitou a cabeça dela no próprio colo e dirigiu para longe dali.

Ela não percebeu no momento. Mas, em um canto escondido de seu ser, ela soube que ficaria bem.


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Notas finais do capítulo

O que acharam da surpresa?!