Modus Operandi: Dias Negros de Ocultgard escrita por Nemo, WSU


Capítulo 10
Retomada da Jornada


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pelo atraso pessoas, tive que dar conta de uns problemas, mas estamos de volta ^^



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Este reino está enfraquecido, o rei se esqueceu do nosso poder, do que Jarnyanos realmente são capazes, mas não se preocupem, vou lembrar isso ao mundo, da maneira mais dolorosa é claro” Anazak.

 

Após o relato de Hadyle, os quatro Caminhantes permaneceram em silêncio, cada qual sentado à mesa.

— Acho que temos uma chance. — observou Gadamer, pensativo.

— Que chance há para nós? O Draghard lutou contra o monstro e venceu, matou uma dúzia de guardas e uma Inter-Reinos mediadora. — discordou Hadack, se levantando.

— O inimigo é muito superior, mas agora vocês conhecem suas técnicas, como nenhum oponente conheceu. Além disso, se conseguirmos trazer a verdadeira personalidade dele à tona, com certeza vai nos apoiar… — falou Hadyle.

— Mas Hadyle, ele é um Valkgard… e domina todas as habilidades da aura com uma mestria ímpar, desculpe ser realista, mas nós não somos o suficiente. — emendou Ashak, cruzando os dedos e fechando os olhos.

— Como eu já disse, desistir da missão não é uma vergonha. — falou Rayfla se apoiando na parede.

— Aceito. — disse Kay se levantando — Foi para isso que me alistei.

— Bem se você vai… — emendou Gadamer, também se levantando — Vou junto, detestaria que fizesse algo idiota.

— Já vocês dois podem ficar se quiserem, aproveitem a lua de mel também. — Ele finalizou olhando para Hadack e Ashak, saindo para fora com Kay.

— O Draghard, não é o único inimigo com quem devem-se preocupar. — A voz de Rayfla os deteve, isso era mal — Um movimento criminoso vem crescendo ultimamente em Jarnyan, já devem saber da fórmula.

— Eles quem? — questionou Gadamer se voltando para ela.

— Os Escravistas.

Kay, não se virou, mas não era preciso ver seu rosto para compreender o que ele sentia. Gadamer interpelou:

— Quem é o atual líder hoje? Em quinhentos e cinco, Reynard foi assassinado em Karnadyan.

— O atual líder é desconhecido, seus interesses também, meu ponto é que vocês devem sair daqui logo, esse lugar pode estar comprometido.

Kay, se virou para eles, seu semblante divergia emoções, calculava e odiava:

— Então, se for assim proponho algo. Dois grupos com três pessoas disfarçadas: uma vai para o porto de Atrus e a outra segue com o plano original, isso vai dividir as forças do inimigo. Hadyle e Gadamer, vem comigo, Rayfla, Hadack e Ashak, vão seguir pelo outro lado.

— Mas isso vai nos enfraquecer! — protestou Hadyle, se colocando a sua frente.

— Vai, mas vai agilizar o tempo de viagem, nossa missão é te levar para o santuário, acontece que estamos com poucas peças na mesa, quantidade de nada nos serve nessa situação.

— Vocês têm selas e cavalos? — questionou Gadamer, se dirigindo a Rayfla.

— Temos, vão abandonar a charrete? — indagou o velho, tinha acabado de adentrar no local.

— Isso vai ser uma corrida relâmpago. — emendou Hadack.

— Perfeito, agora arrumem as malas, partimos em meia hora. — falou Rayfla.

 

 

 

Perto de Jarnyan, dias antes.

 

— Os caminhantes planejam uma extração, infelizmente desconheço a localização do santuário, imagino que seja em algum lugar a noroeste, no reino de Karnadyan. — disse Guardyhan, para sua criatura — Eu quero o mínimo de derramamento de sangue, Hadyle deve ser trazida viva e com os materiais que roubou.

O assassino continuou recostado na árvore, seu olhar vazio indicava que ainda aguardava algo.

— No entanto, vou te dar mais uma tarefa, existem duas pessoas interessadas na fórmula, Impuros. Me é preferível que Alayhin a destrua do que ela caia nas mãos dos dois, infelizmente minhas informações são escassas.

— Devo trazê-los vivos? — disse ele dando às costas a divindade com o mesmo tom robótico.

— Como sempre, sim.

 

 

Tempo presente

 

Os grupos tinham se dividido conforme o planejado, o trio de Hadyle tinha terminado uma longa cavalgada para fora da cidade, iam num ritmo nem muito calmo ou acelerado.

A lua por sua vez aparecia e hora desaparecia nos céus escuros e recheados de estrelas. Gadamer tentava obter o máximo de informação que podia:

— Bem, então o Draghard, tem mesmo um lado humano?

— Só pude vislumbrar por pouco tempo. — respondeu Hadyle — Foi estranho, ele era uma presença assustadora, depois se tornou... reconfortante? Pude sentir arrependimento, honra e caráter. Ele é uma boa pessoa...

— A boa pessoa que vai me matar na primeira oportunidade. — bufou Kay — Isso é mesmo reconfortante.

— Não desanime tão facilmente, se existe algo bom nele, podemos aproveitar alguma abertura. — disse o mentor de Kay.

— Vocês vão matá-lo? — questionou Hadyle, em tom de desaprovador.

— Se precisarmos. — Foi a resposta de Gadamer.

— Vocês se conheceram quando? — questionou Kay, preocupado com essa possível afeição.

— Em 505, Karnadyan, no mesmo dia em que o líder dos Escravistas foi assassinado. — Kay, olhou novamente para ela: Sua voz, seu jeito, essa data… a respiração do rapaz começou a aumentar, quando ele se deu conta da verdade:

— Você é a garota do beco… e o Draghard… — Hadyle, teve um sobressalto: Você era o malandrinho?

— Ele é o homem que te salvou. — complementou Gadamer, o rapaz tinha lhe contado sobre seu primeiro contato com Escravistas.

O negócio está pior, Kay não vai agir se encontrar o homem que salvou sua vida. Refletiu Gadamer.

— Isso vai ser complicado. — O rapaz lamuriou — Será que eu posso sonhar com a ideia de nunca topar com ele?

— Até que você tem algum senso de humor. — Hadyle sorriu e maneou a cabeça para baixo.

— Eu presumo que a função dos Valkgards, não seja apenas assassinar e guerrear, ou estou errado? — perguntou Gadamer com calma.

— Não, com certeza não é só isso. — Ela disse em concordância — Por vezes eles treinam guardiões, vão em missões de reconhecimento, onde um homem comum não poderia sobreviver e capturam outros como eles.

— Espera, o que você quer dizer com isso? — questionou Kay apreensivo. — Você não tinha dito que só haviam dois deles?

— Sim, no entanto, com a forma que eles foram modificados, se enquadram numa subcategoria. E recentemente a categoria tem se mostrado muito produtiva em produzir, pessoas com más intenções, Semideus Impuros.

As palavras de Hadyle deixaram tanto mestre quanto aprendiz estarrecidos, tinham o conhecimento de que no passado existiam Semideuses, frutos de um relacionamento Divino-Mortal, gerando homens e mulheres fortes e poderosos.

Percebendo sua dúvida Hadyle, continuou:

— Semideuses impuros, são pessoas comuns que sofreram aprimoramento divino. Algumas tem força sobre-humana, reflexos e outras capacidades. No início pensamos que eram pessoas de fora de Ocultgard, que vieram e sofreram modificações.

Ela faz uma pausa para que os dois pudessem absolver tudo.

— Mas não, eles são Ocultgardianos, aprimorados. Oposto dos Valkgards, nesse sentido. Não sabemos muito, só que temos um problema em mãos.

— Isso muda muita coisa. — disse Gadamer — Eu achava o Guardyhan, um cretino, mas olhando por esse ângulo, está fazendo o necessário, é corajoso até.

— Mas é diferente de ser o certo. — falou Hadyle, com amargor — Eu entrei na ordem para curar as pessoas, para ajudar… não para criar monstros.

— Então os Valkgards, são impuros… mas de uma certa forma são superiores os impuros?

— Sim, eles foram moldados com especificações complexas. — respondeu Hadyle a Kay. — Não foram porcamente modificados… cada mínimo detalhe da biologia foi idealizado, são a elite.

Foi então que o grupo percebeu o barulho de vários animais a galope, vindo pelas costas. Sem querer esperar por quem pudesse ser, colocaram seus animais para correr novamente, afinal já tinham descansado consideravelmente.

Virando uma curva, entraram por um caminho estreito na mata e foram seguindo até encontrarem uma bifurcação, Gadamer tomou a via da direita, mas o barulho não se fez menos audível. A impressão era de ser uma tropa, e se fosse isso podia ter certeza que não eram aliados.

Por fim o trio decidiu se ocultar no meio do matagal denso com cavalos e tudo, era melhor que os cavaleiros seguissem em frente, e os três então retornariam pela bifurcação. Assim fizeram, passaram por uma abertura pequena na vegetação e se esconderam por trás da mesma. Os inimigos passaram sem titubear, doze cavaleiros vestindo roupas variadas, alguns ostentando o símbolo dos escravistas em suas ombreiras: o dragão.

A respiração dos três e seus animais estava pesada, a ansiedade os tomava enquanto pediam aos deuses para que os escravistas não percebessem o ardil. Se eles voltarem, vão matar a mim e Kay, e sabe-se Alayhin, o que farão com a garota… Pensou Gadamer, receoso, o medo transparecia também em Hadyle, mas também podia ser visto na inquietação de Kay.

Após sete longos minutos, saíram do lugar onde estavam e retrocederam pela bifurcação, indo agora para seu destino. Mas na escuridão não perceberam que arqueiros os espreitavam, prontos para desferir um ataque mortal.

Eles estavam em seis, todos dispersos na mata em pontos isolados, vestindo roupas verdes, e pinturas corporais para que melhor se camuflassem.

— Isso é fácil demais. — sorriu arqueiro, armando a flecha e apontando para Kay, ia soltar o disparo quando sentiu duas mãos fortes pegarem seu crânio e o virarem, quebrando seu pescoço, tal qual de seus outros companheiros, já assassinados.

A figura se levantou, observando os três continuarem sua viagem, cogitou matar os dois Caminhantes ali mesmo, mas detectou aproximação vinda do sul. Sem cerimônias se pós a correr pela mata, fazendo o mínimo de barulho possível, em alguns momentos sequer fazia algum. Teve trabalho em determinar por onde passariam e não iria perdê-los tão facilmente.

 

Na tarde seguinte

 

Hadyle sorria, as coisas estavam começando a dar certo, por serem um trio eles avançavam depressa, e fora o grupo de cavaleiros não encontraram resistência. Além de conseguiram um lugar seguro para repousar e descansar os animais.

Kay se sentia dolorido pela viagem e pela noite de vigília, mas nada que ele não pudesse aguentar. O dia estava nublado e parecia dar indícios de chuva, a brisa era forte, os animais estavam inquietos, fosse pela possível tormenta ou por perceberem algo.

Gadamer orava e repassava tudo a Alayhin, este por sua vez se encontrava em uma reunião com seus principais Caminhantes, para determinar que medidas efetuar depois das recentes descobertas e se deveriam levar isso aos Inter-Reinos.

Essa estrada era mais movimentada que a anterior, vários comerciantes passavam por ela ou mesmo cavaleiros Jarnyanos. A medida que a tarde ia avançando o tráfego diminuía, afinal ladrões sempre espreitavam nas sombras. E eles não eram o único perigo, haviam relatos de criaturas agressivas na região: Trolls, Gobliens e Nokkens.

As forças do exército até investiam muito na proteção e no patrulhamento, mas Jarnyan era grande, e muitos homens eram necessários em outros lugares, como as fronteiras. O ecossistema daquela sociedade era frágil, bem como da maioria das outras, uma mudança abrupta ou ameaça a colocaria em risco.

A tudo isso Gadamer refletia, a realidade por vezes era desesperadora, seu único consolo, é que enquanto existissem trevas, a luz também se faria viva. Não acreditava na humanidade, mas sim nas pessoas, em algumas poucas pessoas.

A esperança é um dos sentimentos mais poderosos, ora dá sustentação, ora engana, mas no fim, o que somos sem esse sentimento? Pensou ele, olhando para trás onde estavam seus companheiros. A estrada de terra batida deixava os campos verdes para adentrar novamente em uma floresta.

O caminho estava silencioso, não haviam pássaros por ali, só o barulho dos cascos se chocando contra o solo e a respiração dos três era audível. Um clima agourento tomava forma e cada um se perguntava, o que estava acontecendo?

A resposta veio quando vinte Escravistas emergiram da mata, cercando os fugitivos, com espadas e arcos em punho. Maldição, esse tempo todo pensei que estivesse tendo sorte, que estávamos fugindo deles, mas na verdade… fomos guiados por eles, uma ovelha para o abate. Calculou o líder do trio com várias setas venenosas apontadas para ele.

 

Em Outra Parte

Hafnyr esperava numa floresta, afastado da base e dos guardiões, seus cinzentos dedos se cruzavam enquanto sapateava incessantemente, até sentir a presença daquele a quem viria encontrar.

— Você tem boas novas para mim? — ressoou a cavernosa voz.

— Ah mestre, você não sabe da maior… — sorriu o elfo cheio de maus pensamentos sobre uma certa pessoa.


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Notas finais do capítulo

E assim as coisas tomam forma...
Espero que tenham gostado. Obrigado pela atenção e sim meus fantasminhas, eu amo vocês :)



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