Protocolo - Bebê Aranha escrita por Pixel


Capítulo 15
Reconhecido?


Notas iniciais do capítulo

~~ Boa Leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/776338/chapter/15

 Tony não voltou a dormir depois disso, nem ao menos tentou trabalhar em alguma coisa ou resolver certos problemas ou até mesmo planejar um discurso para a arrecadação de fundos da Fundação Maria Stark — ele nunca fez isso antes, seus discursos foram sempre improvisados ou apenas uma repetição de palavras motivadoras. Sua mente estava em alerta total, quase como se ele estivesse apenas esperando que Sexta-Feira o avisasse novamente que Peter estava sofrendo com os pesadelos.

 Parecia uma espera interminável.

 Ele estava apenas sentado na sua poltrona usual, com a televisão ligada num volume tão baixo que era praticamente impossível ouvir. O sol parecia querer surgir no horizonte do lado de fora, e a falta de nuvens no céu deixou claro que seria um dia ensolarada. Talvez a visão panorâmica apenas ajudasse a sua mente vagar ainda mais.

 Há pouco menos de 10 minutos ele havia pedido a Sexta-Feira para conseguir o histórico médico de Peter. Não era uma tarefa extremamente difícil, seria preciso apenas hakear alguns sistemas de segurança e ele logo teria todos os documentos em mãos.

 Tony sabia que se ele apenas pedisse o histórico médico de Peter já poderia consegui-lo, mas seria mais rápido se ele usasse a tecnologia de um jeito mais sujo. O resultado, no final, seria o mesmo.

 Havia uma pequena pontada de esperança, bem lá no fundo, de que no histórico de Peter tivesse todas as respostas e talvez os motivos do garoto estar sofrendo com pesadelos. Se eles começaram a acontecer ao pouco tempo ou se Peter tem lidado com ele a mais tempo.

 Tony apenas precisava saber, não era algo anormal, ele apenas precisava saber se Peter estava bem.

 Porque ele duvidava que o garoto fosse simplesmente ir até ele e se abrir.

 Quando Sexta-Feira avisou que as buscas estavam prontas, Tony apenas alcançou seu celular e o ligou, um pouco ansioso demais. Particularmente ele preferia um documento físico, mas era o melhor que poderia ter no momento. Talvez um dia ele vá novamente a assistente social e exigia esses relatórios.

 No primeiro momento, Tony apenas encarou os relatórios médicos de anos atrás, não tendo certeza se era bom ou não lê-los. Por fim, decidiu que valia a pena.

 A primeira folha era um diagnóstico médico de janeiro de 2009. Peter tinha apenas 6 anos na época e o bilionário não pode impedir uma imagem meramente imaginaria dele com essa idade. Tony apenas passou os olhos pela folha, deixando que as informações se instalassem em algum lugar do seu cérebro. Toda a folha falava sobre a mesma coisa.

 Peter tinha asma.

 Tony franziu o cenho. Não por ser algo estranho, mas por Peter não ter citado isso em nenhum momento. Ele deveria sofrer com ataques de asmas, deveria ter acesso a inaladores e a coisas parecidas, deveria ter um médico ao seu lado, mas ele nem ao menos se deu ao trabalho de contar a Tony que tinha asma.

 Foi como um grande e dolorido tapa.

 Tony abaixou o celular quando se deu conta de uma coisa. Algo que nem tinha cruzado sua mente até agora. Ele estava tão ocupado desde que Peter apareceu que nem parou para pensar nisso. Claro, as vezes ele se lembrava do pequeno Jean e das coisas que ele perdeu enquanto Peter crescia, mas as lembranças daqueles três — melhores e piores momentos — ainda estavam na sua mente.

 Era uma lembrança, gravada no fundo da sua mente, ainda presente, que veio até ele, obvia demais, mas que por algum motivo ele tinha esquecido.

 Eram 5 horas da manhã, o sol ainda nem começou a nascer e o quarto estava mergulhado em uma escuridão parcial, com apenas a luz de um único abajur acessa. O lugar estava uma bagunça, com roupa de criança espalhadas por todo o lugar em um puro caos.

 Tony estava enlouquecendo.

 Talvez Rhodey e Obadiah estivessem certos, ele não tinha capacidade de cuidar de uma criança.

 Ele tinha Jean sobre seus cuidados por apenas dois dias; 42 horas, mas já estava enlouquecendo. Tony não tinha imaginado que era tão difícil.

 O garoto tinha sido calmo no começo, apenas um pouco manhoso e talvez curioso com o novo ambiente, com os olhos castanhos observando cada um dos movimentos do mais velho com atenção. Era adorável observar sua expressão. Mas depois as coisas começaram a ficar mais difíceis, e isso já era previsível.

 Tony sempre aprendeu as coisas rapidamente, fazer uma mamadeira e trocar fraldas não foi difícil. O difícil era persuadir Jean a tomar um banho — o que resultava em uma luta acirrada entre o bebê e a água — e faze-lo dormir à noite inteira — na verdade, isso era impossível, Jean trocou o dia pela noite. Além de claro, outros problemas, como a cólica.

 O choro de dor era terrível, doloroso até mesmo para Tony que acabava ficando sem saber o que fazer. Parecia que Jean estava prestes a morrer de dor, encolhido, chorando em plenos pulmões. Tony tentou de tudo, mas no final ele ainda acabava com Jeans em seus braços andando de um lado pro outro no quarto.

 Se Rhodey o visse agora, provavelmente iria jogar esse momento na sua cara pelo resto da vida.

 Foi somente quando Jean começou a se acalmar que Tony percebeu o leve chiado na sua respiração, algo que parecia vir de dentro do pulmão, e que se ele não estivesse tão atento jamais teria notado. Seu coração tremeu no mesmo instante com preocupação, mas ele imaginou que fosse apenas uma consequência de chorar por horas sem parar.

 — Jarvis, sabe me dizer o que é esse som? — Ele perguntou, aconchegando o bebê agora meio adormecido em seus braços, do jeito que a enfermeira ensinou. Ainda era estranho ter total controle sobre isso.

 — Isso pode ser um sintoma de asma senhor — Jarvis respondeu, um pouco cético. — Talvez o jovem Jean tenha problemas com isso no futuro

 Tony abaixou o olhar para o bebê adormecido em seus braços cansados, o chiado ainda estava ali toda vez que ele inalava e expirava, enviou uma onda de preocupação para seu coração. Ele não queria ver seu mais novo amigo sofrendo, principalmente se for um ataque de asma.

 Ele não levava jeito para ser pai, mas ainda estava tentando. Esse garoto dependia dele e Tony iria fazer o melhor para dar tudo que ele precisasse, lhe daria o mundo se possível.

 

 Tony se reclinou na poltrona, fechando os olhos por um segundo enquanto se amaldiçoava mentalmente por ter se esquecido disso. Não tinha acontecido apenas uma vez, o chiado na respiração de Peter era frequente. Como ele não percebeu isso? Era uma das suas maiores preocupações com o bebê Peter. Às vezes, Tony ficava ao lado do berço com medo que um ataque de asma viesse do nada.

 É claro que Peter ainda tem esse problema, mas... como ele lidou sozinho com a asma por tanto tempo? Aquele antigo prédio onde o garoto ficava deveria ser entupido de poeira. Ele deveria estar com sérios problemas a essa altura.

 Isso só o lembrou que ainda precisava levar Peter ao médico para um check up o mais rápido possível.

  Mas olhando por outro lado, haviam tantas coisas que Peter simplesmente não falava, Tony estava começando a pensar que seria obrigado a sentar e a conversas com o garoto. Algo típico de pai para filho. O que mais ele escondia? Os dois não iriam progredir se não tivesse uma colaboração aqui; Peter precisava confiar em Tony com essas coisas.

 Tony suspirou, deixando seus ombros caírem. Ele estava começando a se sentir cansado, mas sua mente ainda estava bem desperta. O bilionário voltou sua atenção para o relatório médico e viajou entre os registros, rodando por eles mais de uma vez.

 Foi como dar uma espiadinha no passado, um passado que ele não conhecia e estava interessado em explorar. Essa fase da vida do seu filho era um completo mistério, e Tony se viu atento a todas as vezes que, por algum motivo, Peter foi levado ao hospital ou para enfermaria.

 Depois de um tempo, Tony levantou uma sobrancelha, surpreso com o fato de Peter nunca ter quebrado nenhum osso. Ele era um bebê tão imperativo, deveria seguir o mesmo caminho quando criança; mas Tony não estava considerando tudo que aconteceu antes dos Parker adota-lo, então era compreensivo. Além do mais, crianças sempre se machucam, de um jeito ou de outro, mas os únicos casos que tinham no registro eram repetidos.

 Ele foi pra emergência mais de uma vez por causa de crises de asma, além de algumas viroses aqui e ali. Esteve na enfermaria da escola mais de uma vez graças a problemas como quedas e resfriados, certa vez ele até caiu no pátio e machucou a testa. Fora isso, não havia mais nada. Peter não teve grandes problemas de saúde, fora a asma.

 Tony não sabia se via isso como algo bom ou ruim. Ainda assim, ele precisava falar com o garoto.

 ...

  O toque do despertador era uma música de rock antiga, talvez de meados dos anos 80, alta demais para seus ouvidos. Ela o tirou do sono calmo e completamente livre de pesadelos de uma forma abrupta. Peter fez um enorme esforço para deixar o sono de lado e se mexer na cama, alcançando o celular sem nem ao menos abrir os olhos; ele estava no piloto automático.

 Ele não tinha dormido tão bem assim em dias, finalmente sentindo que seu corpo estava descansado, mas ainda era plenamente capaz de dormir mais algumas horas. Seu maior desejo era simplesmente ficar ali, deitado. Deixar seu corpo voltar para a inconsciência. Parecia uma ideia encantadora, seduzente, mas ele se forçou a abrir os olhos e encarar a realidade.

 Por um instante o mundo pareceu borrado e turvo, até que seus olhos se adaptarem a luz matinal que entrava pelas janelas, que ele havia justamente esquecido de cobrir com as cortinas na noite anterior. Demorou um pouco para sua mente acordar, para tudo se encaixar novamente, mas quando aconteceu, Peter arregalou os olhos e no mesmo instante um rubor ardente subiu para as suas bochechas dominado até mesmo suas orelhas.

 Havia um motivo por ele ter conseguido dormir à noite inteira pela primeira vez em quase uma semana.

 Mortificado, Peter se virou na cama, enterrando o rosto no travesseiro. Ele soltou um gemido desesperado, abafado pela fronha, mas ainda assim esperava que aquilo aliviasse parte da vergonha que estava dominando seu ser, mas não serviu para nada.

 Ele não podia apagar o que aconteceu.

 Estava tão claro em sua mente como o sol lá fora. Peter tentou se convencer de que era apenas uma alucinação, um truque da sua mente, mas então ele se lembrou de cada palavra, de cada gesto reconfortante e até mesmo do pânico que apertava seu coração. Tudo gravado em sua mente, se tornando praticamente impossível de esquecer.

 Era mais do que real.

 Tony realmente apareceu para conforta-lo, para ajuda-lo de alguma forma. Ele esteve ao seu lado quando Peter precisou, mesmo se fosse no meio da noite e ele provavelmente tinha acabado de acordar. Peter nem ao menos se lembra se isso já aconteceu alguma vez antes, se alguém o acordou de um pesadelo e depois o confortou; esteve ao seu lado.

 Ele realmente tentou se lembrar de alguém, mas não havia ninguém; Tony tinha sido o primeiro e o único. Mary e Richard nunca o abraçaram pra valer, nunca sussurram palavras gentis, apesar de tê-lo acordado várias e várias vezes, Peter era tímido demais para estender os braço e pedir um pouco de atenção.

 Por algum motivo isso só deixou a situação mais vergonhosa ainda.

 Peter tinha lidado com os pesadelos antes. Na verdade, ele lidou com eles desde pequeno, desde quando não tinha nem ao menos lembranças do que era ou do que foi. Ele era pequeno demais para entender, mas os pesadelos ainda estavam ali, o perturbando durante a noite, e quando ele acordava, era incapaz de se lembrar o que causou tanta euforia. Mas Peter passou por isso, ele se ergueu e lutou, apenas para que mais e mais coisas fossem jogadas em cima dele.

 Parecia nunca parar.

 Ultimamente tem sido pior. Os pesadelos pareceram ter multiplicado, e mesmo que a ansiedade que dominava seu corpo tivesse ido embora, ele ainda tinha esse problema. Agora, porém, diferente de todas as outras vezes, ele não estava realmente sozinho.

 Peter suspirou, fechando os olhos por um momento. Seu rosto estava quente de vergonha, tudo porque ele era mais do que capaz de se lembrar de tudo com clareza.

 Ele se lembra do abraço, e da forma como os segundos passavam e aquele peso em cima do seu peito ia se desfazendo até que ele foi capaz de respirar novamente. Ele se lembra da forma como estava se segurando na camisa do mais velho, provavelmente rasgando-a, pelo simples fato de não ser capaz de controlar sua força.

 Ele deveria pedir desculpas por isso mais tarde.

 Peter alcançou o travesseiro mais próximo e o abraçou, se sentindo mortificado, não pelo o que aconteceu ou pela forma como ele mesmo reagiu, já que chegou a demorar um pouco para perceber que era Tony ali. Não, ele se sentiu mortificado por finalmente perceber o quão necessário tudo aquilo era.

 Peter não tinha percebido até agora o quanto ele precisava de um abraço assim, de um pouco de atenção e até mesmo um pouco de afeto. Ele tinha se acostumado a viver sem isso, a não se importar em ter outra pessoa ao seu lado que nem sequer percebeu que, apesar de tudo, ele ainda precisa disso. Ele quer isso.

 Sim, ele quer outro abraço no mesmo nível. A percepção de que ele era apenas um adolescente extremamente carente o estava deixando envergonhado.

 Peter criou coragem para se levantar da cama apenas quando teve certeza que Happy já o estava esperando no estacionamento da Torre, como era de praxe agora.

 Ele se arrumou completamente no automático, colocando o traje do Homem-Aranha por baixo das roupas normais mesmo quando não tinha certeza se poderia sair como vigilante hoje; ainda assim, o fez. Peter terminou rapidamente, ajeitando suas coisas que de alguma forma sempre acabavam espalhadas pelo quarto todos os dias.

 Peter estava um pouco mais sobrecarregado do que o normal, justamente por causa da quantidade de livros que ele estava carregando pra cima e pra baixo ultimamente. As finais do semestre ainda estão um pouco longes, mas os professores não estão sendo gentis. Eram tantos que Peter estava apenas esperando o momento onde sua bolsa iria rasgar do nada.

 Grande parte daqueles livros eram didáticos que ele era obrigado a trazer para casa por causa dos deveres, mas havia alguns que eram recomendações de MJ e outros de Gwen. Basicamente, ele estaria com sério problemas na colona se não fosse aprimorado.

 Peter pegou seu celular e o enfiou no bolso antes de sair do quarto. Particularmente, ele não estava esperando encontrar com Tony na cozinha, justamente pelo fato do bilionário estar muito ocupado nos últimos dias; Peter ainda esperava que ele estivesse metido no laboratório ou algo parecido.

 Ele se sentiu tímido apenas com a presença do mais velho, as lembranças de apenas algumas horas atrás se repetindo na sua cabeça um e outra vez. Peter não tinha coragem para simplesmente levantar o olhar e encarar seu pai.

 — Bom dia Peter — Ele o cumprimentou, levando uma caneca fumegante de café a boca. Peter apenas pegou uma maçã da fruteira, sentindo que Happy provavelmente já estava começando a ficar impaciente.

 — Bom dia — Peter respondeu, não com o mesmo entusiasmo usual, mas totalmente envergonhado.

 — Como está se sentindo — Tony perguntou, antes mesmo que Peter tivesse a chance de alcançar o elevador e desaparecer. Peter soltou um suspiro e fez um enorme esforço para levantar o olhar e encarar o mais velho.

 — Bem... — Sussurrou, sentindo suas bochechas esquentarem. Por um momento ele se limitou a apenas isso, receoso demais para continuar falando, mas então decidiu que era melhor ao menos agradecer; porque tinha sido algo até mesmo mais do que importante. — Obrigado por ontem... e desculpa te acordar

 — Não tem problema Peter — Tony garantiu, um pequeno sorriso no rosto. — Só... não se esforce muito

 Peter acenou. Ele desviou o olhar novamente, considerando suas opções. Ele estava preparado para sair depois da escola e ir para uma patrulha, mas ainda assim precisava dar uma desculpa. Agora, sua bolsa parecia até mesmo mais pesada, ou talvez fosse apenas o peso da sua consciência o torturando.

 —Eu... tenho que passar na biblioteca municipal hoje — Disse, com uma pausa enorme entre as palavras. A ansiedade estava revirando eu estômago, apenas uma emoção a mais para perturba-lo. — Espero que não tenha nenhum problema — Por fim, Peter suspirou e encolheu os ombros. Era apenas mais uma mentira para conseguir escapar de Happy. Elas provavelmente se tornariam frequentes.

 Dessa vez Tony nem hesitou quando respondeu.

 — Tudo bem — Disse, abaixando a caneca para a bancada. Peter não conseguiu levantar o olhar para o mais velho, se sentindo a cada segundo mais e mais tímido, hiperconsciente de si mesmo. — Acho que não tem nenhum problema. Só não chegue muito tarde

 Peter acenou. Foi necessário um enorme esforço para levantar a cabeça e encarar o bilionário, nem que fosse apenas por meio segundo. Ele respirou fundo antes de apertar o botão do elevador. Naquele ponto, ele estava apertando tão forte a maçã em suas mãos que ela estava ameaçando se despedaçar.

 — Tchau — Não era a sua melhor despedida, mas era o máximo que Peter podia fazer por enquanto. — Pai

 Peter simplesmente não esperou para ouvir nenhuma resposta — ele não tinha coragem para esperar alguma resposta —, ele se virou e praticamente correu para dentro do elevador. Seu rosto estava queimando mais do que antes quando as portas se fecharam, praticamente em chamas. Ele parecia ofegante, quase como se estivesse correndo uma maratona, mas isso tudo era graças ao seu coração que estava batendo loucamente no peito.

 Ele não se sentiu arrependido, na verdade, era como se tivesse acabado de fazer algo que deveria ter sido feito a muito tempo atrás. Isso não diminuía o receio e a vergonha que ainda estavam presentes.

 Como se para disfarçar esse sentimento, ele simplesmente mordeu a maçã, mastigando com uma certa dificuldade.

 ...

 Peter não foi para a biblioteca. Isso já era o planejado.

 A escola tinha sido estressante, mais do que o normal. O treino do Decatlo foi mais divertido do que todas as aulas juntas e foi basicamente a única coisa que salvou seu dia — fora sua breve conversa com Gwen na biblioteca na hora do almoço —, então sim, ele estava precisando de uma distração.

 Dessa vez, ele não foi para Manhattan, em vez disso, preferiu ficar no Queens. Fazia um tempo que ele não dava uma volta como Homem-Aranha em seu bairro natal, e o sentimento de estar em um ambiente tão familiar era reconfortante.

 Foi, sem dúvidas, o dia mais ocupado de todos desde que ele voltou.

 Peter tinha o Queens mapeado em sua cabeça, justamente por ter passado tanto tempo vagando pelas ruas, andando ou em patrulha, a questão é que ele sabia exatamente onde os crimes mais frequentes aconteciam.

 Ele conseguiu impedir dois arrombamentos, um bem próximo do outro e, surpreendentemente, por pessoas que ele conhecia e já lidou antes. Minutos depois de ele ter deixado um post-it na cena, com sua assinatura — ‘”do seu amigo da vizinhança, Homem-Aranha! ” —, Peter teve que separar uma briga em um beco. Pessoalmente, ele não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que não estava sendo algo muito “amigável”.

 Era cinco contra dois, e Peter se viu obrigado a separa-los — ele também deixou uma nota, porque perdestes locais ligaram para a polícia.

 Ele ainda impediu um roubo de carro e ajudou um senhor a concertar de uma moto, sujando seu traje de graxa no processo. No final, Peter ainda passou pela casa dos seus tios, combatendo uma careta quando percebeu que tudo estava fechado. Eles deveriam estar trabalhando agora e se Peter quisesse vê-los teria que ser em outro dia.

 Depois disso ele ainda andou um pouco pelos arredores, orientou alguns turistas e quando o relógio bateu as 6 horas, Peter se sentou no topo da ponte do Brooklyn para observar o sol.

 Era realmente uma visão bonita.

 ...

 — Não sei como é possível um bicho daquele tamanho ter conseguido se esconder — C               lint murmurou, claramente mal-humorado.

 Ambos, Clint e Natasha, haviam chegado a apenas uma hora na Torre, e não era nenhum pouco surpreendente que eles tivessem muito o que falar — no caso de Clint, reclamar. Os messes em que ficaram fora não foram de grande progresso, por isso a dupla não tinha muito o que falar.

 — É obvio que ele não queria se meter com os grandes — Natasha disse como se fosse óbvio, e talvez fosse. Ela se acomodou em seu assento, claramente a vontade com o ambiente.

 Todos estavam reunidos na sala de estar como nos velhos tempos, apenas jogando conversa fora como bons amigos fariam em um dia preguiçoso. A televisão estava, como de praxe, ligada, mas ninguém na sala se importava com o que J. Jonah Jameson estava falando.

 — Acho que só a existência dele já mexe com os grandes — Wanda comentou. Ela e Visão ficaram sabendo sobre o tal do Venom por Nick Fury assim que chegaram na Torre a um tempo atrás.

 Nenhum dos dois tinha alguma opinião.

 — Ou talvez ele esteja tramando algo mais profundo... não tem como saber já que nem sabemos o que ele é — Natasha apontou, as vezes ela ficava cética quanto a tudo, claramente tentando desvendar um mistério com apenas algumas pistas.

 Ela estava claramente incomodada com tudo o que estava acontecendo. Provavelmente não iria descansar até ter todas as respostas.

 — Você acha que ele planeja nos atacar? — Steve perguntou do outro lado da sala, ele estava junto com Bucky no balcão da cozinha, provavelmente tendo uma conversa aparte, mas completamente capaz de fazer comentários em voz alta.

 — Não duvidaria disso — Ela respondeu, balançando a cabeça de um lado pro outro. Por fim, cruzou os braços sob o peito e deixou seu olhar vagar para a televisão.

 Tony levantou uma sobrancelha apenas pela forma como o rosto de Natasha se contraiu. Ela passou de pensativa para atônica, como se tivesse visto algo estranho o suficiente para perturbá-la. E quase nada perturba Natasha.

 Curioso, o bilionário também olhou para a televisão, franzindo o cenho no mesmo instante quando percebeu que não era Jameson falando na tela, e sim uma mulher loira. Era um daqueles momentos de conversa que tem nos telejornais, quando os âncoras discutem alguma coisa.

 No caso a manchete era inesperada.

 “Novo Vigilante em Nova York?!”

 — Nos últimos dias um novo Vigilante tem aparecido nas ruas de Nova York — A barra de volume apareceu na tela, e um rápido olhar ao redor confirmou que Natasha tinha alcançado controle e estava aumentando o volume por pura curiosidade.

 De repente, Tony também estava interessado. Se lembrando instantaneamente do “Amigo” de Peter. Será que o Homem-Aranha finalmente voltou? Talvez Tony possa conversas com ele pessoalmente agora — apenas por curiosidade.

 — Ele está ficando famoso entre os policiais na última semana. Aparentemente, o Vigilante que se auto intitula de “Homem-Aranha”, tem ajudado as pessoas da cidade, desde de coisas casuais como salvar um cachorro até assaltos e arrombamentos

 Tony sentiu seu coração afundar quando a tela da televisão mudou e agora havia uma gravação amadora de uma rua movimentada, provavelmente de Manhattan. Tony sentiu um déjà vu quando viu uma figura — não, um borrão — vermelho e azul, caindo do céu e depois derrapando pela rua e então voltando para o ar.

 A pessoa que estava gravando soltou um suspiro exasperado quando a figura começou a rodopia no ar e então voltou a se pendurar entre os prédios. Era como uma acrobata de circo em meio as ruas de Manhattan.

 Era ele. Sem dúvidas, era ele. A forma como ele estava se balançando entre os prédios era idêntica à qual Tony tinha visto naquele vídeo, não foi preciso muito para ligar os pontos. O Homem-Aranha tinha sofrido um upgrade, dos grandes, completamente remodelado.

 Tony não pode deixar de lado o fato de que Peter poderia ter algo a ver com isso — na verdade, ele quase tinha certeza —, considerando que o garoto nunca se abre com ele.

 — O que acha do novo herói, Jameson? — Ela perguntou, e a imagem cortou para o rosto ranzinza de J. Jonah Jameson. Tony conteve a vontade de revirar os olhos.

 — Herói? Essa não é uma palavra muito forte? — Havia sarcasmo em seu tom, do jeito que o âncora ficou conhecido. Tony não entende como as pessoas podem gostar de alguém assim. — Um herói de verdade não esconde o rosto! Esse aí é só mais um farsante com medo de se expor! Anotem as minhas palavras, ele vai trazer problemas!

 Tony piscou, não sabendo o que pensar sobre isso. Em parte, ele não podia negar, Vigilantes sempre trazem algum tipo de problema, com o Homem-Aranha não poderia ser diferente. E talvez era por isso que ele queria conversar com ele.

 Apenas uma breve troca de ideias.

 — Isso é bom? — Scott perguntou, quebrando o silêncio estranho que tinha se instalado na sala. O assunto mudou completamente agora.

 — Não sei se podemos confiar... — Natasha disse, meio distante. Um rápido olhar em sua direção confirmou que ela estava pensativa. Tony queria poder ler seus pensamentos, porque Natasha sempre se aprofundava demais em coisas assim, e talvez ela estivesse até mesmo criando teorias silenciosamente.

 Não tinha como saber.

 — Vamos ter que ficar de olho nisso também? — Sam perguntou, desviando o olhar da televisão para olhar ao redor.

 — Como assim “também”? — Clint perguntou, levantando uma sobrancelha para Sam. — Aconteceu alguma coisa enquanto estivemos fora

 Aí estava, o assunto que ninguém queria falar até agora. Clint não tinha boas memórias sobre Loki e provavelmente guardava uma certa quantidade de rancor do deus nórdico. Era por isso que ninguém tinha tocado no assunto; até agora.

 — Tony, é contigo — Scott respondeu, literalmente jogando toda a carga para cima de Tony como se o bilionário tivesse as respostas para todos os problemas do mundo.

 — Sério?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então. tenho algumas coisas para falar.
Acabei lendo alguns spoilers de Endgame e cheguei a conclusão que, a partir daqui, nada que seja canônico irá influenciar na história. Eu confesso que tinha planos pra meter o Thanos na fic e juntar os Vingadores com os Guardiões - desculpa o pequeno spoiler, mas ainda planejo fazer isso -, mas com os recentes acontecimentos que me deixaram incapacitada de dormir a noite, vou mudar o roteiro.
Tenho muitos planos para a fic e não desejo abandona-la, nem em mil anos. O enrede dessa série é praticamente um sonho pra mim a essa altura e não vou desistir, porem não posso mais lidar com a canon. Espero realmente que ainda existam pessoas interesadas em ler.

BDW, desculpa os erros, esse foi o pior capítulo que eu já escrevi na vida. Metade dele eu estava bem, e na outra metade estava meio que... abalada emocionalmente. Algum erros podem ter passado, mas garanto que os próximos capítulos estão a caminho!

~~ See Ya Later



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Protocolo - Bebê Aranha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.