— Annabeth — Uma voz feminina melodiosa soou pelo imenso quarto — Vem logo, você termina isso depois.

Uma garota morena, de traços indígenas e de cabelos castanhos escuros até a altura do ombro, com pequenas tranças nas pontas, se abraçava a um balde de pipoca e uma caixa de suco de maçã. A garota estava debruçada sobre uma cama de solteiro desarrumada, os shorts subiam a cada movimento e a camisa insistia em cair pelo seu ombro esquerdo.

— Um minuto — Annabeth falou sentada em uma pequena mesa de escritório ao lado da porta.

A garota na cama revirou os olhos.

— Você falou isso a 5 minutos atrás.

Annabeth virou para a amiga, dando um sorriso culpado e quase que implorando com o olhar por um pouco mais de paciência. O que fez Piper revirar novamente os olhos e começar a jogar pipoca para cima, para em seguida agarrar com a boca. Annabeth lhe lançou um beijo — que foi prontamente ignorado — e voltou a atenção para o computador a sua frente.

Naquele dia a Chase havia convidado a melhor amiga Piper para uma sessão de filmes, como faziam toda semana desde que tinham 8 anos. Mas também naquele dia, uma notificação indesejada brilhou na tela do computador.

Normalmente a loira ignoraria tudo e todos naquele dia, Piper e ela haviam prometido uma a outra que nada e nem ninguém podia atrapalhar suas sagradas sessões de filmes/séries.

No entanto, quando ela viu o nome da sua mãe brilhando na tela, ela teve que quebrar a promessa.

Antes de continuar, vamos entender quem era a mãe de Annabeth.

Uma mulher que criou a filha praticamente sozinha depois que o pai de Annabeth decidiu que o casamento não estava mais dando certo. Não me entenda mal, o pai de Annabeth ainda é presente na sua vida, mas a maior parte da guarda da garota ficou em responsabilidade de sua mãe.

Atena Chase.

A profissional mais conhecida e exaltada no ramo da arquitetura. Havia aberto seu primeiro negócio assim que acabou a Universidade com incríveis 18 anos de idade, tendo sido eleita a mais promissora e jovem arquiteta a se formar em São Francisco. Havia começado apenas com alguns dólares no bolso, alugando um pequeno imóvel caindo aos pedaços, onde transformou em seu escritório.

Atena trabalhou durante anos, de segunda à domingo, sem tirar um único dia de folga e agora, após quase 30 anos de trabalho duro, ela já ocupava a 9º colocação no Ranking de empresários mais influentes no ramo de arquitetura segundo a People.

Como mãe, Atena tentava o quanto podia, ser presente na vida da única filha, e ela realmente conseguiu, nos primeiros anos de vida. Ao entrar na adolescência Annabeth criou o hábito de sempre encontrar com a mãe no escritório para que pudessem ter refeições juntas. Ela já havia se acostumado com a ausência e nunca criou algum tipo de rancor da mulher que a criou, na verdade, a paixão de Atena pelo trabalho fez com que nascesse na filha um amor por criar vistas como sua mãe fazia.

E a arquitetura tornou-se uma paixão também da garota. Estudou por anos, para entrar na mesma faculdade que sua mãe havia se formado, almejava ter as mesmas experiências e seguir os passos daquela que havia se tornado seu ícone.

Então quando Atena chamou a filha para fazer um estágio na sua empresa, Annabeth só poderia aceitar e mostrar toda a sua dedicação para a mãe.

Mesmo que isso significasse, deixar Piper na mão às vezes, para fazer um relatório de última hora para os assessores da mãe.

— Annabeth — Piper chamou mais uma vez, quase como um grunhido.

Annabeth riu novamente e finalmente se levantou.

— Acabei — A loira correu pulando em cima da amiga, que derrubou um pouco da pipoca na cama da Chase, e equilibrou a caixa de suco com uma das mãos.

— Annie — Piper reclamou rindo, falhando em lançar um falso olhar de repreensão.

Annabeth apenas riu da situação, as amigas brincaram um pouco, seguido por vários pedidos de desculpas por parte da loira, para finalmente darem play.

Os primeiros raios de sol começavam a invadir o quarto, a persiana parcialmente aberta facilitava o incomoda que uma garota loira, de longos cabelos cacheados começava a sentir em seu rosto, virando de um lado para outro tentando fugir do calor emanado.

De forma totalmente inútil.

Annabeth levantou-se, totalmente atordoada do sono que ainda sentia, seus fios enroscavam-se um no outro, mas ainda mantendo certa beleza na forma que caiam sob suas costas iluminadas, ao seu lado um outro corpo se mexeu.

Uma Piper sonolenta se remexia na cama da amiga, virando de um lado para outro, pelo desconforto que o levantar da Chase havia causado, a indígena procurava o corpo da amiga, murmurando coisas incompreensíveis no processo.

Annabeth sorriu.

— Pipes — Chamou ainda com a voz embolada e cansada, enquanto coçava os olhos e passava os dedos pelos nós do cabelo.

— Hã? — Piper soltou, mostrando certa consciência.

— Tá na hora de levantar, temos aula, lembra? — Annabeth continuou, levantando-se preguiçosamente do colchão confortável e acolhedor, mas permanecendo ao lado da cama apenas para cutucar a amiga repetidas vezes.

Piper reclamava e dava fracos tapas nas mãos da garota, mas acabou se dando por vencida no fim, levantando totalmente a contra gosto.

As garotas apoiaram-se juntas até o banheiro onde jogaram uma boa quantidade de água no rosto para despertarem finalmente para suas obrigações.

Haviam combinado que enquanto uma tomava banho e se arrumava, a outra deveria descer e preparar um café e algo para comerem antes de saírem, e por infelicidade do destino — e ter jogado pedra contra um papel — a escolhida foi Annabeth.

Após algum tempo, ambas já estavam prontas, cada uma segurando um copo descartável com um pouco de café forte e quente em uma mão e na outra um sanduíche recheado com o que seja que a loira tinha achado na geladeira, se dirigindo tranquilamente para a Olympus.

— O que vai fazer hoje? — Piper perguntou antes de morder seu sanduíche.

— Além de assistir aulas? — A Chase falava descontraída, bebericando um pouco do café — Não sei, talvez ficar na biblioteca — A garota afirmou, mas deixou transparecer certo ar de questionamento.

Piper acenou.

— Você sabe que agora somos líderes de torcida certo? — Annabeth olhou para a amiga com a sobrancelha arqueada, como se sem entender a relevância da informação, a McLean revirou os olhos — Temos que conhecer as outras garotas.

— Mas eu já conheço — A loira sorriu debochada — Conheço você, a sua irmã, e aquela garota que está fazendo trabalho com a gente, acho que se chama Hazel.

Piper suspirou, chocando o ombro de leve com o da amiga.

— Você entendeu o que quis dizer — Bebeu um pouco mais do café e mordeu novamente o sanduíche, que havia acabado de notar ser de queijo, e continuou com a boca parcialmente cheia — Além de que pode ir tirando a Drew da lista, ela não conta — Engolindo por fim.

Annabeth não conteve um riso.

— Ela não é tão ruim assim.

— Como é? — Piper a olhou fingindo incredulidade.

E ambas caíram no riso.

— Mas sério, você esqueceu mesmo?

Annabeth arqueou uma sobrancelha, confusa, enquanto dava uma última mordida em seu café da manhã. Piper revirou os olhos, segurando o copo de café com as duas mãos, afastando um pouco do frio que fazia.

— Hoje temos nosso primeiro treino.

E como se uma luz tivesse acendido em sua mente, seu nariz levantou e em seguida seus olhos pareciam desesperados, no entanto a garota soltou apenas um breve:

— Droga.

— Ué, você fez o teste — A outra garota ainda bebericava feliz seu café que já estava quase no fim.

— É, eu sei, eu sei — A garota falava parecendo novamente cansada — Mas hoje eu não estava planejando dar piruetas e mortais, preciso terminar de escrever uma relatório sobre edificação de pilastras em prédio comerciais — Falou se alongando após jogar o copo já vazio fora — Não tive tempo essa semana, além de que já tivemos nosso primeiro treino.

— Dar piruetas e mortais, ajudam a acordar — Falou a morena, com um sorriso divertido — E todo treino será o primeiro pra mim até participarmos de algum jogo.

— Até parece.

— Ah, vamos lá, você só trabalha e estuda, precisa se divertir um pouco.

— Esqueceu que estar nas líderes de torcida foi só uma desculpa pra conseguir mais crédito? — Lembrou a loira.

Piper deu de ombros, jogando o copo fora também.

— Nós duas sabemos que não é por causa disso.

E após mais alguns minutos de conversa sendo jogada fora e uma caminhada fria e agradável, elas haviam chegado finalmente a Universidade. Annabeth acompanhou Piper até a sua aula, combinando que se encontrariam mais tarde para almoçar e dirigiu-se a sua própria turma por fim.

As aulas passavam tão lentas e proveitosas quanto a loira se lembrava, aproveitava cada momento e informação compartilhada pelos professores e não deixava uma sequer escapar. Levantava a mão inúmeras vezes, em sua maioria não para tirar dúvidas, mas para confirmar curiosidades que havia aprendido por si só.

Annabeth tinha tudo para ser odiada por pelo menos metade de sua classe, trazia informações que nem mesmo os professores passavam, começava breve discussões sobre os conteúdos que lhe chamavam mais atenção, tirava sempre 10 e tinha um certo ar de superioridade. Entretanto, seu carisma se estendia até seus colegas, e a figura de superioridade que ela apresentava, caia por terra sempre que alguém falava com ela, sempre se apresentando muito simpática, aberta a ajudar os colegas com quaisquer dúvidas que pudessem vir a ter, passando anotações, indicando-os os meios que usava para estudar e sempre ressaltando o quanto não havia ninguém mais ou menos inteligente.

Annabeth conseguia ser amada por todos que a conheciam.

Após o término de mais uma aula sobre desenho técnico, tudo que a garota queria era sentar-se e segurar uma boa garrafa gelada de refrigerante para aliviar a dor no seu pulso dos momentos traçando complexos desenhos estruturais.

Chegando ao refeitório que começava a lotar, avistou ao longe sua amiga sentada em um lugar mais afastada como gostavam, já com duas bandejas prontamente postas sobre a mesa, no entanto havia algo a mais, sendo mais específica, haviam algumas pessoas a mais sentadas.

À medida que se aproximava conseguia identificar melhor as garotas espalhadas sobre seu lugar, Piper não parecia minimamente incomodada, mas Annabeth estava no mínimo, curiosa.

Pois ali, sentadas confortavelmente, estava seu grupo incomum do trabalho da cadeira de história da música, pessoas com as quais não tinha a menor intimidade e que confessava, ter se juntado pois, bem, foram as pessoas que haviam sobrado.

O que olhando e pensando melhor agora, não fazia o menor sentido. Thalia, Bianca e Hazel eram parentes dos caras mais populares de toda a escola, carregando com elas certa popularidade por tabela, enquanto que Calipso, bem, era Calipso.

Não que ela e Piper sejam fracassadas ou algo do tipo, mas desde que havia entrado naquela universidade, escutava pessoas suspirando pelos corredores sempre que os capitães do time de basquete de natação passavam com seus moletons do time, ou quando acabava de ter algum jogo, ou competição de nado.

Já havia perdido as contas de quantas vezes havia escutado sobre como os primos Grace e Jackson eram sem dúvidas os garotos mais quentes daquele lugar.

E depois de descobrir que aquelas três eram parentes dele, bem, simplesmente não passava pela sua cabeça que alguém iria ignorar a oportunidade de se aproximar delas também.

Enquanto que Calipso era sem dúvidas uma das garotas mais lindas que ela havia visto em toda sua vida, aquela garota parecia ter um certo magnetismo, e chegava ser ridículo o quão sincronizada ela estava com o mundo, como que alguém pode jogar o cabelo no exato momento em que uma brisa morna começa a soprar, ou sorrir sendo acompanhada de pássaros. Só pode ser planejado né?

O olhar de Annabeth encontrou-se com o de Piper, que acenou para a amiga, chamando a atenção das outras garotas, que olharam na direção da loira.

Se aproximando com certo cuidado, Annabeth sentou-se rapidamente no lugar vazio ao lado da amiga, sustentando um olhar simpático, mas ainda assim cauteloso.

— Annie, lembra das garotas? — Piper sorria animada, debruçada sobre a mesa, parecendo ter acabado de sair de uma conversa animada com Calipso, que dava um sorriso largo para a mesma.

— Hã — Seu olhar passava por cada uma sentada ali — Claro, olá — Sorriu amarelo.

A garota de longos cabelos castanhos cacheados e pele negra, sorria animada e com um ar infantil, ao seu lado uma garota com uma boina assentiu sorridente, mas apenas a punk se pronunciou.

— É impressão minha ou você não ta curtindo muito a companhia?

A garota de curtos cabelos escuros, maquiagem pesada e olhos azuis eletrizantes, falou sem rodeios ou com qualquer incômodo na voz, o que contrastava com a intensidade de seu olhar. A garota olhava Annabeth como se qualquer resposta que ela pudesse dar, fosse a faísca que faltava para o seu pavio explodir, sua expressão era séria e selvagem.

Aquela garota fazia a Chase lembrar dos filmes antigos que costumava assistir quando mais nova, com motoqueiros insanos e violentos, sendo a única diferença entre aqueles personagens e a morena a sua frente, o sexo e que a garota parecia bem mais perigosa.

— Impressão — Respondeu Annabeth, devolvendo o olhar intenso.

— Thalia — A garota de boina tocou no ombro da outra — Não seja assim.

Thalia virou para a garota, parecendo suavizar levemente a expressão.

— Assim como? — Falou, tendo um tom de voz igualmente suavizado, quase como uma brincadeira.

A garota da boina revirou os olhos.

— Thals — A negra empurrou a punk com seu corpo, ainda com um sorriso infantil, como se não tivesse noção da onça que estava cutucando, a garota de olhos eletrizantes a olhou — Seja legal.

Annabeth interiormente temeu pela garota de olhar infantil, mas Thalia apenas deu um sorriso e assentiu com a cabeça, transmitindo uma energia completamente diferente.

— Claro Hazel — Thalia falou sorrindo.

Hazel sorriu de volta para a garota, e então voltou seu olhar para Annabeth, debruçando-se na mesa, empurrando um pouco a bandeja com o almoço.

— Acho que ela só tá confusa por que estamos aqui e não com o Per e o Jay, não é?

Annabeth piscou, surpresa com a dedução da garota.

— Bem... — A loira começou, mas foi interrompida.

— Eu concordo — Piper projetou o corpo ainda mais pra frente — Pensei que vocês sentassem juntos, são bem próximos, não é? Lembro de ter visto você — Apontou para Hazel — Com eles na lanchonete, lembra Annie?

Annabeth apenas assentiu.

— Ah sim, lembro de vocês também — Hazel falou animada.

— E vocês, lembro que falaram que são parentes, não é? — Piper falava agora apontando para Thalia e a garota de boina, e depois voltou-se para Calipso — E bem, você é simplesmente a garota mais popular desse lugar.

Calipso riu.

— Obrigada.

— É, na verdade, nós três somos parentes — A garota de pele oliva e boina falou, corrigindo — Sou Bianca, Thalia e Hazel, a Calipso não tem como não conhecer — Calipso riu novamente.

— Mas também somos parentes do Percy e do Jason, somos quase todos primos, tirando o Jason que é irmão da Thalia, e eu e a Bianca somos irmãs do Nico, aquele com sorriso sinistro — Hazel projetava-se mais pra frente, e Annabeth apostaria com qualquer um que ela estava balançando as pernas por debaixo da mesa.

Mas algo mais lhe chamou a atenção naquela garota, como ela poderia ser irmã...

— E sim, temos mães diferentes — Falou como se lendo a mente da Chase.

— Eu não... — Annabeth começou.

— E a sim — Hazel interrompeu, ainda sorrindo, não parecendo incomodada — Mas tudo bem.

Annabeth sorriu de volta para garota, mas ainda se sentia envergonhada pelo assunto, mas para sua sorte Piper não estava do mesmo jeito e logo havia começado novamente a falar.

— Então — A garota de tranças tomou um gole generoso do suco de pêssego — Não me entendam mal, mas por que não estão com eles?

— Somos um grupo — Dessa vez quem se pronunciou foi Calipso, que comia com uma classe desnecessária, um pedaço de torta de maçã da sua sobremesa — Pensamos que seria proveitoso passar um tempo juntos.

Annabeth novamente ficou calada, aquela conversa e situação eram no mínimo incomuns, jamais em um trabalho em grupo havia sentido a necessidade de aproximar-se mais que o necessário de seus colegas de equipe. Mas ali estava, cercado por aquelas garotas que havia conhecido a poucos dias, querendo se aproximar dela e de Piper? Só podia ser brincadeira.

— Olha, desculpem, mas isso não faz muito sentido — A loira decidiu falar algo, debruçando-se também sob a larga mesa.

— Eu sei — Thalia estava apoiada nos braços cruzados sobre a mesa — Pra mim não fez muito também — Suspirou cansada.

— Claro que faz sentido — Hazel falou —Vai ser um trabalho para o período inteiro, e temos que seguir os garotos, que basicamente moram com a gente, mas para vocês, é um pouco mais difícil por não terem tanta intimidade, então se todos andarmos juntos ninguém vai ficar envergonhado — Finalizou abrindo os braços como se esperando um abraço, sentando-se novamente em seguida, mas então seu rosto se iluminou com mais uma lembrança — Ah, e somos líderes de torcida juntas — Alargou ainda mais o sorriso.

— Fez sentido para mim — Calipso falou animada, sorrindo na direção de Annie, que havia olhado diretamente para o sorriso da garota só agora, e se admirou em como seus dentes eram brancos.

— Eu amo fazer amizades novas — Bianca disse.

— É — Thalia falou brincando com as almôndegas do seu prato.

— Certo... — Falei, procurando o olhar de Piper, que quando se encontrou com o meu, demonstrou apenas divertimento.

— Acho ótimo, seria legal andar com os populares alguma vez na vida — Piper riu.

E ali estava mais um fato não tão interessante sobre Annabeth, dessa vez mais especificamente dela e de Piper, elas nunca haviam sido notadas nas escolas que estudaram — Juntas por sinal — eram normalmente as nerds, pessoas normais o suficiente para não chamarem atenção, seja ela negativa ou positiva, o que lhes permitiu por outro lado observar de longe por muito tempo como ambos os extremos se comportavam.

Os excluídos com seus problemas em se relacionar, seus gostos incomuns e alguns com claro desinteresse pelo estudo. Enquanto que os populares agiam em sua maioria como ela se lembrava dos filmes, fúteis, mesquinhos, egoístas e com complexo de superioridade.

Então ninguém poderia culpa-la se ela não se sentia tão confortável assim perto daquelas garotas.

— Nós não somos populares — Thalia falou, com o mesmo ar de desinteresse, chamando a atenção de Annabeth — Nossos primos e a Cal são, somos apenas muito próximas de pessoas conhecidas, popularidade não acontece que nem osmose.

Ela sabia o que era osmose?

— E sim, eu sei o que é osmose — Finalizou preguiçosa.

— Nem é uma escolha — Calipso se pronunciou novamente — Eu não faço nada para chamar atenção, mas as pessoas simplesmente decidiram me pôr como objeto de desejo — Ela falava com um sorriso meio cabisbaixo, como se infeliz por sua fama, o que soava bem estranho para Annabeth — Ninguém me conhece de fato.

— Pois é, vocês sabiam que a Cal faz os melhores brownies desse lado da cidade? — Hazel falava com o olhar sonhador.

Calipso riu do comentário da garota.

— A maioria das pessoas só tem visual e não escolhem a posição que são colocadas — Bianca disse dando de ombros.

— Nem seus primos? — Piper questionou curiosa.

— Percy e Jason são dois idiotas que por acaso são bons em esportes, e as pessoas decidiram colocá-los em um pedestal só por causa disso —Thalia falou ainda apoiada em seus braços cruzados.

Annabeth não conseguiu evitar o riso baixo e contido que soltava.

— Isso aqui parece O Clube dos cinco tudo de novo — A loira soltou.

— Você viu Clube dos cinco? — De repente o interesse de Thalia havia surgido.

— Pelo menos umas 10 vezes — Annabeth sorriu, dando de ombros com falsa modéstia.

Thalia sorriu.

E quando Annabeth deu por si já haviam engatado em uma conversa sobre as várias lições e alegorias feitas pelo filme. O clima na mesa finalmente havia se normalizado, Piper entrou na conversa, se localizando graças as vezes que fora obrigada a ver o filme, enquanto que a Chase não escondeu a surpresa quando as outras garotas, e principalmente Calipso entraram na conversa, contando teorias e suas próprias interpretações sobre o filme.

Quem sabe, afinal de contas, ela poderia estar errada sobre aquelas garotas.