Famous escrita por Ero Hime


Capítulo 1
Ei, olha, mãe! Eu consegui!


Notas iniciais do capítulo

Mayara posta outra fic sem terminar as antigas e choca 0 pessoas
GENTE ME PERDOA EU NÃO PUDE RESISTIR SAKDJSAKDJ MEUS DEDOS CRIARAM VIDA PR?“PRIA E COMEÇARAM A ESCREVER ESSA HIST?“RIA
Eu SEMPRE quis escrever alguma coisa assim!!! Toda essa vibe teen, um plot mega fofinho mas ao mesmo tempo ótimo, e, claro, aproveitar dois dos meus melhores lados: fã alucinada e jornalista! (infelizmente fã de onedirection desde 2012 e sigo sofrendo)
Vai ter muita ficção misturada com realidade, muitas referências, muito surto adolescente, tudo que eu tenho direito!
Espero que gostem mais desse projeto que eu to fazendo com tanto carinho ♥
Não esqueçam de comentar e dizer o que acharam desse prólogo! E, claro, confiram minhas outras ficzinhas que são uns nenes (e vão ser atualizadas logo!!!)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/774566/chapter/1

ÍDOLO TEEN TROPEÇA DE BÊBADO E AGRIDE PAPARAZZI

Por: Redação

E há quem diga que o aniversário de vinte anos de Naruto Uzumaki seria tranquilo!

O vocalista da banda Hinoishi reservou uma casa noturna com capacidade para quatrocentas pessoas na noite anterior, para comemorar com amigos e famosos. Entre a lista de convidados apareceram nomes como Ino Yamanaka, 18, e Kiba Inuzuka, 19, recentemente indicado como uma das dez melhores vozes da década pela Seventeen.

A festa manteve-se animada durante toda a madrugada, e tudo indicava que Naruto conseguiria se safar de mais uma polêmica. Doce engano! Às cinco da manhã, o queridinho da atualidade apareceu com as roupas amassadas e olhos turvos, aparentando agressividade. Quando fotografado pelos paparazzi de plantão, Uzumaki distribuiu palavrões e socos, quebrando o equipamento de uma das equipes do Daily News. Foi levado por seus seguranças até seu carro, e, na calçada, tropeçou e caiu.

Não tivemos notícias de Naruto pelas redes sociais, onde fez uma live para seus fãs, pouco antes do escândalo. As groupies da banda se manifestaram pelo twitter, em defesa do ídolo, e Gaara Sabaku, baterista da Hinoishi, postou uma selfie provocativa com o amigo e desejou felicitações.

Vale lembrar que, na semana passada, Naruto também atacou verbalmente dois fotógrafos que o acompanhavam enquanto comprava um café, e, na noite posterior, fotos suas na companhia de uma ruiva misteriosa quebraram a internet. O vocalista parece incapaz de se manter longe dos holofotes, e nossa revista noticiou tudo em primeira mão aqui.

A Hinoishi completa cinco anos de carreira em outubro, e está prestes a lançar o sexto álbum, sem título confirmado. Espera-se uma terceira indicação ao Grammy este ano, e a produtora está a todo vapor para a próxima tour, anunciada na última quinta-feira. Não tivemos resposta do empresário de Naruto, Kakashi Hatake. Kakashi é porta-voz oficial da banda desde seu lançamento pela Vocal Records.

Naruto foi compositor de sucessos como I Need U, música que obteve mais de treze milhões de visualizações no Youtube, e Kiss Me, uma das baladas românticas que lançou a banda no cenário musical americano. Para nosso azar, e de suas fãs fiéis, o ídolo parece mais focado em escândalos que composições, visto que o novo álbum teve seu lançamento adiado.

Fontes confiáveis garantiram para a Famous que o novo photoshop de Naruto e Sasuke vazou propositalmente para abafar a discussão sobre o vocalista. Nenhuma confirmação oficial foi constatada. Confira as fotos aqui.

Esperamos que Naruto tenha tido um aniversário inesquecível, e ficamos no aguardo de novas polêmicas fresquinhas protagonizadas pelo líder vocal mais amado da atualidade. Quer receber notícias em tempo real da Hinoishi? Nos acompanhe nas redes sociais!

Qual integrante da Hinoishi é seu par ideal?

Relembre os maiores sucessos da Hinoishi nessa playlist especial

Sasuke e Gaara postam foto juntos e desmentem boatos de rivalidade

0 | 1

Ei, olha, mãe! Eu consegui!

— Está feliz agora, Naruto? – a revista foi jogada com força, e percorreu deslizando toda a mesa. O loiro teria respondido a altura, se não tivesse visto as veias saltadas por todo o rosto inchado e vermelho de Danzou. Deixou, então, que gritasse até se acalmar. Apoiou a mão entre os espaços dos olhos, massageando e pedindo por muita paciência. A ressaca definitivamente não ajudava.

Foi tirado de seu apartamento cedo demais, com a cabeça explodindo e enormes bolsas arroxeadas que nem mesmo Mei seria capaz de esconder. Mais uma reunião emergencial na sala do último andar. Em outros momentos, a vista de toda Los Angeles teria sido de tirar o fôlego, contudo, Naruto não conseguiria admirar a paisagem com a voz esganiçada e desesperada cuspindo gotículas particularmente grandes de saliva em sua cara.

— Não é tão ruim quanto parece. – resmungou, gesticulando na tentativa de convencer seu produtor-executivo mais histérico. Ele o fitou como se tivesse ofendido pessoalmente sua mãe, e Naruto temeu um novo aneurisma, com seus olhos arregalando e o pescoço apertando ao redor da gravata de milhões de dólares.

— É a matéria de capa! – berrou, espalmando na mesa e assustando-os.

— Ninguém lê essa revista sensacionalista, Danzou. Vai com calma. – Gaara partiu em sua defesa, e Naruto agradeceu silenciosamente. O empresário se virou como se tivesse acabado de notar a presença do ruivo, o que não serviu para aplacar seu surto.

— Já que se manifestou, que tal falarmos sobre aquele tweet? Está louco? Você só incentivou eles! – sua voz esganiçou algumas oitavas, mas Gaara sequer piscou – Já falamos sobre isso semana passada, mas que merda! Vou ter que confiscar suas contas de novo? – ameaçou, e Naruto viu, de soslaio, o amigo apertar os olhos, desafiando-o.

— Olha, era aniversário do Naruto. – Shikamaru decidiu intervir, com a voz tranquila. Danzou respirou fundo, passando a andar de um lado a outro pela sala, quase abrindo buracos por onde pisava – E sabemos que estão perseguindo ele desde o ano passado. Esses caras arrumariam qualquer besteira.

— Não é como se precisasse entregar de bandeja! – replicou, ríspido. Shikamaru suspirou, dando de ombros – Agora eu vou ter que arrumar a bagunça, de novo. – frisou. Apoiou seu corpo gordo e desproporcional contra a cadeira central – Liguei para a Ellen e ela concordou em gravar uma participação especial amanhã.

Entrevista? Está brincando? – Naruto gritou, indignado. Danzou o fuzilou, como um padrasto irado.

— É a melhor maneira de você se redimir. Vão falar sobre as férias, o novo álbum, fazer algumas brincadeiras e garantir que continua o mesmo líder simpático e exemplar que sempre foi. – sibilou de forma ameaçadora. Naruto engasgou, pondo-se de pé antes que pudesse segurar.

— Já temos os ensaios da tour nova, músicas para gravar, o programa do Jimmy Fallon e o ensaio para a Teen! Não temos tempo nem para cagar, quem dirá para gravar mais um programa! – respondeu, exasperado. Danzou balançou a mão, como se espantasse mosquitos incômodos, e se livrou de todas suas palavras no ar.

— Não me faça reler seu contrato. – disse em um tom desinteressado – Estamos combinados. Amanhã um carro vai pegar vocês no condomínio, estejam prontos. Enquanto isso, tente não atacar mais nenhum fotógrafo, Naruto. – deu as costas, ignorando os protestos. Antes de sair, virou-se, olhando por cima do pescoço roliço e praticamente inexistente – Ah, e não se esqueçam de escolherem os singles para o Good Morning America. – a porta bateu, e os quatro integrantes permaneceram, mais atônitos que antes, na sala de reuniões. As piores memórias de Naruto estavam naquela sala. Ele passou a andar, aos resmungos.

— Kakashi! – implorou, agitado, para o empresário representativo que ouvira tudo, silencioso, esperando apoio, como nos últimos cinco anos. Do canto da sala, ele também deu de ombros, aparentemente cansado.

— Sinto muito, Naruto. Não pude fazer nada dessa vez. Danzou acordou com telefonemas de jornalistas e ficou mal humorado. – o vocalista jogou as mãos para o alto, alterado.

— Perfeito! Absolutamente perfeito! Abutres malditos! – saiu da sala batendo a porta, sem ouvir mais nada. Os demais entreolharam-se, e também se levantaram. Não podiam deixá-lo sozinho, pelo menos de manhã. Kakashi suspirou e indicou com a cabeça, dando autorização para segui-lo.

Naruto ainda esperava o elevador, bufando. Cruzou e descruzou os braços, com a camiseta mal cheirosa e as calças incomodando. Só queria tomar um banho e conversar com seus fãs. Sim, eles sempre arrumavam um jeito de animá-lo e lembrá-lo o porquê de aguentar toda aquela merda. Aos poucos, a raiva foi dissipando, dando lugar à culpa e a pouca sobriedade que seria capaz de manter antes do próximo surto. O elevador se abriu, e os quatro integrantes entraram. O Uzumaki não ergueu o rosto – teve medo dos reflexos que poderiam estar encarando-o.

— Foi mal, galera. – murmurou, frustrado. Nesses momentos, sua garganta se fechava da maneira mais dolorosa possível. Admitia que gostava de provocar alguns fofoqueiros de plantão, mas odiava trazer problemas para seus amigos. Sentiu a mão de Gaara nos seus ombros, a tatuagem em sua testa deixando-o muito mais intimidador do que jamais seria. O contraste em seus olhos era tranquilizante, porque eles brilhavam compreensivamente.

— Nós sabemos, Naruto. Eles não te deixam em paz. – retrucou, deixando a mão escorregar por seu braço em um afago singelo. O loiro deixou os ombros caírem, repentinamente exausto. Lembrou-se, rapidamente, de todas as capas que estampou desde março. Do ano passado.

— Eu te falei para me esperar. – Sasuke suspirou, as suas costas. Naruto o encarou pelo espelho, o vendo apertar os olhos.

— Era meu aniversário, achei que podia sobreviver sem uma maldita escolta. – retrucou. Toda aquela merda o deixava irritado – Dá para acreditar? Entrevista, apresentação, ensaio, tour, álbum novo. – um gemido coletivo foi ouvido – Acho que eu vou surtar.

— Ah, não, por favor, não surte. – Sasuke ironizou. Naruto conteve uma resposta ácida. Sabia que ele estava brincando, e todos estavam com os nervos a flor da pele, mas ele podia ser menos um pé no saco.

— Ok, vamos todos voltar para casa e discutir uma coisa por vez. – Shikamaru interveio no momento certo, como era sua especialidade. Com sua aura inabalável, os ânimos apagaram, e todos esperaram, calados, até que o elevador estacionasse no subsolo, onde o motorista os esperava.

Acomodaram-se nos bancos traseiros. Naruto encostou na janela com o cotovelo, suspirando como um velho. Lembrou-se, distraído, das primeiras vezes em que andaram naquela limousine. Pareceu um sonho se tornando realidade; o mundo do glamour finalmente ao alcance de quatro garotos estrangeiros. Agora, tudo que as janelas escuras de vidro fumê pareciam eram sufocantes.

Sabia que mal passava das oito horas, mas um grupo de fãs se acotovelava na calçada, e começaram a gritar quando o carro alcançou a rua. O loiro surpreendeu-se, acenando como podia, agradecendo por não poderem ver seu rosto inchado e o cabelo desgrenhado. Os demais integrantes também acenaram, já acostumados com as espalmadas na lataria e os objetos perigosos lançados com demasiada força. Gaara riu, apontando para uma fã que atirou o sutiã. Naruto acompanhou, contudo, a risada morreu no ar. Há quanto tempo não se divertia realmente?

Seu aniversário foi nada menos que incrível. Todos seus amigos estavam lá, e algumas centenas de pessoas que ele não tinha interesse em decorar o nome. Atores e artistas influentes que postaram algumas selfies oportunas e beberam do seu champagne caro. Do alto do palanque vip, ele amou a vista e a sensação de rei do mundo. Bebeu margueritas como se fossem água, dançou até suas pernas quebrarem, falou palavrões e fez uma transmissão ao vivo no seu twitter, para seus milhões de seguidores. Enquanto estava chapado, era fácil fingir que as coisas estavam bem. Quer dizer, olha quem ele era – o famoso Naruto Uzumaki, vocalista da maior banda da atualidade. Seus quinze anos tinham sido em um quarto apertado e quente, com um bolo simples de creme e uma velinha em cima. Seus melhores amigos encheram bexigas e fingiram que o lugar simplesmente não fedia; em vez disso, cantaram parabéns e fizeram um desejo coletivo de alcançar tudo que a indústria da música podia oferecer. Quatro anos depois, ali estavam, no salão de festas mais caros da costa oeste de Los Angeles, com doces feitos exclusivamente para eles – enquanto ele fingia que o gosto amargo vinha do álcool.

Sua vida era uma festa. Uma eterna festa. Dinheiro, garotas e fama. Prêmios, reconhecimento. Sucesso ao redor do globo. Naruto amava os palcos, ele amava cantar. Só não entendia por que não conseguia escrever um maldito verso sequer.

Suspirou. Sabia que aquele assunto também viria a tona.

Hollywood Hills se estendeu atrás do Canyon Park mais rápido do que ele esperava. O carro entrou pelos portões do condomínio sem parar, atravessando coberturas de três andares e propriedades fabulosas. Perto dos vizinhos, o apartamento de trezentos metros quadrados era como um sótão velho onde se esqueciam as quinquilharias. Quando o motorista parou, desceram em fila única, caminhando de ombros tensos e olhares pesados. Não precisavam se esconder de bisbilhoteiros indesejáveis – embora alguns casos embaraçosos não fossem realmente incomuns.

Mais elevadores, com uma música agradável suprindo o silêncio infernal. Desceram em seu próprio andar, com a melhor vista para o mar. Depois de cinco anos, Naruto ainda não tinha se arrependido de dividir uma pequena fortuna para que todos os integrantes continuassem morando juntos em grande estilo. O clima agradável substituiu o calor outonal, e o loiro correu para o sofá, se jogando com os pés para cima e deixando uma onomatopeia de satisfação escapar. Shikamaru afundou na poltrona, e Gaara desviou para a cozinha, provavelmente para buscar uma cerveja ou algo mais forte.

Naruto, enquanto esperava pelo baterista, puxou seu celular, abrindo o aplicativo do twitter e rolando a timeline. Fotos de famosos, vídeos de fofocas, algumas pessoas que ele admirava, outras nem tanto. Entrou nas mentions abertas, sorrindo para as interações ininterruptas que chegavam. As vezes respondia algumas, para interagir, ou tweetava alguma coisa, para deixar os fãs enlouquecidos. Eles eram criativos quando queriam.

 

As respostas começaram a chegar imediatamente. Enquanto o número de retweets e curtidas crescia, Naruto riu de algumas fãs com montagens suas, outras desejavam melhores. Depois de algum tempo, era fácil demais ignorar os haters. Eles eram lixo, moscas insignificantes. No fundo, era legal ser invejado, e alguns xingamentos eram realmente interessantes.

— Tudo bem. – Gaara anunciou, trazendo uma garrafa e com os pés descalços – Reunião oficialmente aberta. Quem quer a palavra? – começou com uma brincadeira, mas viram que dava certo, então continuaram a fazer. Foi Sasuke quem ergueu a mão primeiro.

— Ellen. – um suspiro coletivo levantou uma sólida nuvem de pêsames sobre eles – Ninguém estava esperando essa entrevista em cima da hora. O que vamos fazer?

— Sorrir e acenar. – Naruto resmungou, ainda sentindo pontadas nas têmporas.

— Bem, ela sempre ajeita para o nosso lado. Não vai falar das polêmicas, nem nada. – Shikamaru os tranquilizou, concordando com o outro – Não temos com o que nos preocupar. Vai ser uma gravação de uma, duas horas.

— Vai atrasar o photoshop. – pontuou Sasuke – E tecnicamente passaríamos a manhã toda no estúdio, e depois iríamos para a Teen.

— É, para gravarmos o que? – a frase soou bem mais irada do que realmente era. Gaara estava calmo, bebericando o líquido amargo como café da manhã, mas, para Naruto, soou como uma exigência inevitável – Não temos material novo.

— Eu deveria estar cuidando disso. – o Uzumaki murmurou, de olhos fechados. Ele era responsável pela maior parte das composições, com Sasuke e os outros. As vezes faziam parcerias com alguns escritores incríveis, mas gostavam de gravar suas próprias letras, manter a autenticidade que tinha garantido a eles cinco anos nos topos das paradas de sucesso – Vou entregar alguma coisa. – se lembrou dos rabiscos convenientemente escondidos na bagunça do seu quarto.

— Ninguém está te cobrando, Naruto. – Shikamaru garantiu.

— Ainda sem inspiração? – Gaara perguntou, com o mesmo tom cauteloso e compreensivo.

Aquela era uma ferida pessoal. Naruto não foi escolhido como líder por acaso – sua habilidade natural de expressar seus sentimentos foi o que o tornou tão conhecido. Amado. Suas músicas se transformavam em singles de milhões de vendas, todavia, mais que isso, eram partes dele. De quem ele era. Nos últimos meses, tudo que saiu foram frases desconexas e superficiais. E aquilo o amedrontava. Não queria se perder – perder a sua essência.

Abriu os olhos, encarando o teto infinito e iluminado pelas paredes de vidro. Virou o pescoço, os amigos entrando em seu campo de visão. Ele sorriu entristecido, apenas acenando. Apesar de tudo, era grato por ter aqueles caras com ele. Já teria desabado há muito tempo – e, se fosse por Danzou, despejado e apagado do cenário musical tão rápido quanto as notas de dez dólares que ele usava para limpar a bunda.

— Vou encontrar. – garantiu, tornando aquilo uma promessa – Então, – pigarreou – estúdio vai ser uma perda de tempo. Cancelamos? Vamos ter tempo para ensaiar para o The Good Morning, no sábado. – um gemido desgostoso foi o bastante para exemplificar o estado de espírito coletivo.

— Eu odeio aquele programa. – Gaara reclamou – A plateia é aberta e tem um monte de jornalistas o tempo todo enfiando os microfones na nossa cara.

— Querem apostar que o pessoal da Famous não vai perder a chance? – Sasuke comentou, azedo. Naruto fez som de asco. De todos os jornais, revistas e tabloides, aquele era o que ele mais odiava. Vinham perseguindo-o há meses, procurando por furos e provocando seu temperamento explosivo apenas por uma matéria de capa. Transformando sua vida em um reality show doentio.

Ficaram em silêncio por um tempo, imersos em seus próprios pensamentos – bem, Shikamaru parecia ter cochilado –. Naruto tentou manter a pose irreverente e sarcástica, mas, no fundo, estava perdido. E com uma dor de cabeça fodida. Queria saber o que fazer, queria ter o que escrever, queria ser a pessoa que esperavam que ele fosse. E ainda esperava o telefone tocar, mesmo que seu aniversário já tivesse passado.

— Você está bem? – Sasuke chamou sua atenção, com o semblante preocupado. Apesar de tudo, ele era seu melhor amigo, e se preocupava, embora não demonstrasse. Naruto assentiu.

— Tudo certo. – forçou um sorriso.

— Tem certeza que não quer adiar a turnê? O Danzou não vai poder fazer nada. – insistiu. Tinham batido o martelo alguns dias antes, e o loiro não pestanejou, mesmo depois de tudo.

— Não podemos. Não vamos decepcionar nossas fãs. – ele não faria aquilo – Não se preocupe, eu vou ficar bem. Nós vamos conseguir. – afirmou para eles, ou para si mesmo.

Em seguida, agruparam-se no tapete, com o computador ligado, e começaram a discutir quais músicas cantariam no programa matinal – as vezes, a realidade os fazia esquecer como a vida das pessoas normais era; e como a deles era estranha.

 

— Deus abençoe quem tirou essas fotos, isso está maravilhoso. Eles estavam tão lindos. — a garota choramingou novamente, agarrada ao velho notebook que ganhou de presente no seu primeiro ano da faculdade. Deitada de bruços na cama, rolava a página foto por foto, salvando todas em seu pendrive. Enquanto isso, a outra garota andava de um lado para o outro, com pressa, calçando seus sapatos sociais e os brincos de argola.

— Saki, é, literalmente, a terceira vez que você diz isso, em cinco minutos. Eu já entendi. – rolou os olhos, indo até o banheiro e pegando sua escova de cabelo. Passou pelos fios longos demais, mas que tinha dó de cortar.

— Mas você não vai entender de verdade até ver as fotos, Hina. – ela virou a tela, exibindo, em tamanho cheio, dois dos garotos da sua banda preferida – Olha como eles estavam perfeitos! – suspirou novamente. Hinata parou apenas para identificar quais dos integrantes eram. O loiro e o ruivo. Certo. Informação útil adicionada: nenhuma.

— Bonitinhos. – no fundo, era apenas para provocar, embora não visse, realmente, o que tinha levado aqueles garotos para as primeiras posições da lista de Rostos Mais Bonitos do Ano. Eles eram arrumadinhos, mas ela já tinha visto melhores no seu departamento. Como esperado, sua colega de quarto, e melhor amiga, bufou ruidosamente.

Bonitinhos? – repetiu, como se fosse a pior das ofensas – Você é impossível. Essa implicância te deixa cega para a verdadeira beleza deles. – voltou a tela para si, continuando a salvar fotos e alimentando sua conta no twitter com novos updates.

— Sabe o que me deixa cega? Sair para trabalhar sem meus óculos escuros. – replicou, girando em círculos e jogando as cobertas da cama para o alto.

— Dentro do armário, perto do perfume. – a garota respondeu, sem nem ao menos olhá-la. Agradecida, a outra o puxou rapidamente, jogando dentro da bolsa e ajeitando a camiseta – Hinata, você precisa arrumar melhor suas coisas.

— O que eu preciso, Sakura, – respondeu – é um quarto maior. Aliás, nós precisamos. A não ser que queira se livrar de algumas dessas bugigangas e me dar mais espaço no guarda-roupa. – provocou, e ela lhe deu a língua.

— Não e não. Nosso dormitório é do tamanho perfeito, e eu não vou jogar nada. Deixa meus pôsteres em paz.

Hinata riu, deixando a amiga de lado para verificar se tinha pego seu crachá, atando-o seguramente na gola. Enquanto Sakura surtava por aquela banda, de novo, ela tinha que abrir espaço entre os inúmeros itens de colecionador da colega para chegar até seu brilho labial. Estava atrasada, como sempre – parecia impossível conseguir sair a tempo, não importava o quanto tentasse –.

— Ah, não, por favor, eu não aguento mais essa música. – reclamou, de repente, quando ouviu os primeiros acordes do último clipe que a banda lançou. Sakura cantarolava distraidamente, e não ligou para as queixas da amiga. Geralmente Hinata não reclamava do som, a não ser quando ele estava muito alto – o que era o tempo todo –, todavia, ela não aguentava mais aquela batida pop chiclete e industrializada – Quer saber, eu estou saindo. Alguém precisa comprar nossa comida. – desistiu, pegando sua bolsa e suas chaves.

— Até mais, gatinha. – mandou beijos no ar, fazendo a outra rir – Ah, se tiver alguma edição da revista sobrando, você traz para mim? – gritou, quando Hinata já estava do lado de fora.

— Não! – gritou de volta, a tempo de ouvi-la xingar e rir. Acompanhou, atravessando o corredor de dormitórios estudantis da universidade.

Era engraçado provocar Sakura quando se tratava daquela banda adolescente que ela gostava tanto. Se lembrou de quando era uma caloura, chegando em uma cidade desconhecida com alguns dólares e uma bolsa vazia. Mal acreditou quando foi aceita no programa de jornalismo da Universidade da Califórnia, e ganhou uma vaga no prédio de estudantes que ficava atrás da faculdade. Se deparou com duas camas vagabundas, sem armários ou panelas na cozinha minúscula que usavam para ferver café todas as manhãs. E, claro, com sua colega de quarto. Magra, baixinha e de cabelo rosa, ela era tudo que Hinata não era: extrovertida, calorosa e segura de si. Não demorou até se tornarem melhores amigas. A paixão enlouquecida de Sakura pela Hinoishi não era exatamente um segredo – ela usava uma camiseta com os quatro rostos estampados, além de estar colando seus pôsteres na parede, do seu lado da cama. Desde então, junto dos conselhos maternais, das broncas e dos horóscopos, Hinata também aprendeu a ouvir toda a discografia daquela banda japonesa que estourou na América.

Não era tão ruim quanto parecia, na verdade. Ela não tinha nada contra, e, em segredo, ouvia alguma das músicas mais antigas, ainda em japonês. Se tornou particularmente insuportável quando ela conseguiu o estágio disputado em uma das maiores empresas de jornalismo de entretenimento de Los Angeles, se tornando uma das duas estagiárias do programa universitário. Além de ouvir tudo sobre eles em casa, Hinata também era obrigada a ouvir tudo sobre eles no trabalho – pior, produzir sobre eles. A banda representava para ela seus piores pesadelos, que iam desde hora extra, cafeína em excesso e pausas para o banheiro, até reuniões de pauta barulhentas e energizadas.

Se espremeu entre os transeuntes do metrô, mantendo sua bolsa junto ao corpo e a mão agarrada firmemente na barra de metal. Não era longe, e, nos dias bons, conseguia ir andando, para economizar seus passes. Desceu na segunda estação, empurrada por uma onda de passageiros tão apressados quanto ela. Subiu os degraus com seus saltos estralando, e avistou, de longe, a empresa multimilionária e poderosa. Apresentou o crachá na segurança e subiu até seu andar, cumprimentando os executivos e seus ternos caros.

Chegou na hora por um milagre. Se largou na mesa, lendo os recados e entrando com a sua conta, que dava acesso ao servidor de matérias. O lugar estava um caos – mas, até aí, era apenas mais um dia incrível na empresa. Correria e gritaria, pessoas com pastas e imprimindo material, seus superiores nervosos até o pescoço e a máquina de café apitando. Curiosa, se inclinou para a mesa ao lado.

— Quem morreu? – a morena de cabelo chocolate se virou para ela, sorrindo em meio a um bolinho.

— Aniversário do vocalista ontem. – Hinata soltou um gemido, amaldiçoando ele e a sua terceira geração.

— Muito ruim?

— Agressão, caindo de bêbado, xingando paparazzi, o pacote completo.

Ela praguejou, voltando para sua mesa e ajeitando as costas. Seria uma longa tarde. Qual era a dificuldade daquele infeliz se manter longe de problemas? Cada ataque de estrelismo dele resultava em horas de trabalho árduo para ela. Pesquisar, anotar, montar esqueletos, alimentar as redes sociais, tudo voltado para ele. Abriu o Facebook, dando de cara com – que surpresa – uma foto do momento em que ele caía na sarjeta. Reprimiu um revirar de olhos. Mais um pouco e começaria a ver aquele rosto em seus pesadelos. O cabelo loiro desgrenhado, os olhos azuis turvos. Se parasse para analisar atentamente, veria pouquíssimos traços estrangeiros em sua pele bronzeada e nos ombros naturalmente largos – mas, obviamente, Hinata não tinha tempo para isso.

Acessou o acervo de fotos que a empresa tinha, tão diferentes das que Sakura lhe mostrou mais cedo, enquanto engolia seu almoço. Todos os piores ângulos do vocalista e o resto dos integrantes. Ela tinha que admitir que era sujo – mas, desde que entrara no ramo, poucas coisas a surpreenderiam naquele meio obscuro, sensacionalista e mórbido. Teve o privilégio de conhecer o lado sombrio das celebridades e da fama. Os aspectos mais podres das pessoas virando notícia para consumo e venda de tabloides.

Hinata evitava pensar no assunto, ou entraria em uma crise existencial. Quando lembrava do porquê estava fazendo jornalismo, sentia-se tão suja quanto eles. Contudo, ideal não pagava as contas, e ela precisava do emprego. E precisava escrever sobre aquele vocalista polêmico e sobre a banda adolescente de música industrial.

Com um suspiro, abriu o bloco de notas. Reuniu as principais informações para uma coluna rápida, que viraria um quiz informativo depois. Estava prestes a começar, quando recebeu um bip da sua chefe. Engoliu em seco, desligando a tela e se levantando para ir até sua sala, no fim do corredor. Tenten, de soslaio, desejou sorte com um sussurro. Ela agradeceu e caminhou para o covil das cobras.

A porta era simples, mas não se deixe enganar pela aparência – a sala grande e ornamentada sempre cheirava as bebidas mais caras. Hinata tornou a fechá-la quando entrou, abafando todo e qualquer barulho que vinha da redação. Na mesa do centro, a figura loira e ocupada digitava furiosamente. Tudo em sua fisionomia gritava poder feminino, e ninguém entendia como Tsunade Senju ainda era uma simples editora-chefe, quando poderia ser dona daquele negócio de olhos fechados. Todos a temiam, todos a respeitavam. Com uma carreira genial, já escreveu nos maiores jornais do país, e boatos da sala do café diziam que ela já tinha enlouquecido um ou dois famosos. Não importava – Hinata tremia quando chegava perto dela.

— Obrigada por ter vindo, sei que deve estar ocupada. – ela disse, ainda sem fitá-la.

— Sem problemas, Tsunade. – respondeu de imediato. Era bom agradá-la. Um dos motivos de Hinata ainda aguentar o estágio eram as possibilidades que o nome da editora-chefe podiam trazer – Do que precisa?

— Eu sei que o estágio é apenas em dias úteis, mas a Hinoishi vai se apresentar no Good Morning America no sábado, e a minha principal equipe vai estar cobrindo outro evento. – Hinata esperou, engolindo em seco. Tsunade desviou da tela, a olhando no fundo dos olhos e transmitindo audácia – Quero que você lidere a cobertura em nome da Famous.

Hinata congelou.

Ela literalmente congelou, seus pulmões pararam de funcionar, e ela sabia que estava ficando branca, e depois roxa. Forçou seu cérebro a reagir, gaguejando miseravelmente:

— E-Eu? – sua voz mal saiu – E-Eu sou apenas uma e-estagiária. – estagiários nunca saíam da redação. Nunca. Havia uma série de contratados para cobrir eventos televisivos, coletivas oficiais. Não ela. Não estagiários da faculdade.

— Você é uma das minhas funcionárias mais competentes. – Tsunade retirou os óculos meia-lua, a encarando sem piscar. A garota engoliu em seco, suando – Vem se mostrando um agregue valioso para a revista. Sei que vai fazer um bom trabalho. – cada palavra vinha como uma faca afiada, direto em seu cérebro.

— O-Obrigada, Tsunade, muito obrigada. Não vou decepcioná-la. – esqueceu que era trabalho no sábado, esqueceu dos possíveis colegas que a odiariam. Aquela era sua primeira oportunidade, de verdade, para trabalhar em campo. Ser uma jornalista.

— Sei que não vai. – a mulher sorriu – Pode ir agora.

Hinata assentiu furiosamente, virando-se e saindo. Era como estar nas nuvens. Uma chance daquelas não vinha sempre. Mostraria que era capaz de ser parte da equipe, e estaria um passo mais próxima do seu sonho. Até conseguiria esquecer que era uma cobertura do show da Hinoishi, e que precisaria aguentar várias horas daquela banda e do seu vocalista estúpido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hina jornalista e hater? Naruto cedendo à fama? Gestão maravilhosa que faz de tudo pela imagem da banda? Com certeza esse programa no sábado vai dar o que falar!
Acompanha que vai ser sucesso ♥