Ele e Eu escrita por Thay Chan


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Como estão vcs? Então, eu sumi, eu sei. Mas minha vida realmente está corrida, não estou tendo tempo para nada, apenas para responsabilidades, kkk, viver é difícil. Por isso, não sei quando voltarei novamente. Espero que no máximo em julho, mas eu não sei se realmente será. Talvez antes, talvez depois. Mas enfim... espero que gostem do capítulo, não sei se é um dos melhores, mas espero que vocês gostem. Aproveitem!



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EU NÃO CONHECIA muitas maneiras de relaxar. Quero dizer, na verdade, até conhecia, graças às milhares de pesquisas que fiz na internet ao longo de todos aqueles anos para me ajudar nisso, mas nenhuma delas tinham tido um efeito satisfatório. Ou se tinham, nunca haviam ficado por mais de três dias. Era como lutar contra um vírus da gripe mutante, que sempre se adaptava às defesas do seu corpo, e que a cada novo ataque estava sempre um pouco mais forte. Ironicamente, meu cérebro era o vírus, e a meditação, a ioga ou os exercícios de respiração eram o meu corpo. Mas minha mente assimilava as coisas de uma forma diferente da maioria das pessoas. Por exemplo, alguns desses métodos ajudavam em certas situações, geralmente nas mais difíceis, mas não sempre. O que me levava de novo à ideia do vírus da gripe, que, eu imaginava, de vez em quando voltava à uma constituição antiga que o corpo infectado não estava mais protegido.

O problema era que eu não estava em crise o tempo todo e esses métodos não funcionavam quando eu estava no meu estado comum de ruminação, que era quando eu pensava tanto em uma coisa que minha cabeça parecia pesada e dormente. Eu sabia que as pessoas especiais do tipo normal ficavam assim às vezes, principalmente quando estavam com problemas financeiros (Shizune havia dito algo sobre elas supervalorizarem demais o dinheiro), mas eu não achava que elas sentiam suas cabeças ficarem tão pesadas e tão dormentes quanto a minha, nem que os pensamentos delas na maior parte do tempo parecessem viajar a trezentos anos-luz por segundo, e nem que esses pensamentos a impedissem de dormir, pelo menos, não constantemente (novamente a superestimação do dinheiro).

Então eu não tinha muitas opções que me tirassem do redemoinho tortuoso mais confuso do que o normal no qual eu havia me metido no dia anterior. Eu só conseguia pensar na mudança, no sr. Hatake, nas suas perguntas muito normais, e na meia dúzia de prédios muito altos e irregulares que eu tinha visto pela janela de Dorothy enquanto voltava da consulta. A voz contundente do sr. Hatake fazendo eco na minha cabeça, repetindo sem parar "O que você está achando de Toms River? e "Você não deveria ter medo de ser sincera comigo".

Parecia o gravador de papai com o botão de reprodução eternamente emperrado.

E isso estava começando a me deixar assustada. A pior questão desses momentos de ruminação intensos era que eles poderiam me levar à uma crise. E isso era o que Shizune vivia me dizendo para tentar evitar. Por isso, naquela manhã, tomei o dobro da minha medicação, depois de finalmente desistir de tentar dormir. Eu sabia que isso não conseguiria aplacar a minha ansiedade, mas meus pensamentos passariam de trezentos a, pelo menos, cem anos-luz por segundo, o que já era muita coisa.

Como era nosso primeiro sábado na casa nova, papai decidiu fazer frango assado e ervilhas para o almoço para comemorar. Sábados eram tão importantes para nós como domingos eram para outras famílias. Papai dizia que era porque poucas pessoas davam importância para os sábados, apesar deles também fazerem parte do fim de semana e serem melhores do que os domingos, porque no dia seguinte ninguém precisaria trabalhar.

Quando o frango estava quase pronto, nós começamos a colocar a mesa. Enquanto eu colocava os copos ao lado dos pratos e dos talheres e papai colocava a travessa de ervilhas no centro da mesa, ele perguntou:

— Como está se sentindo hoje?

Eu estava fazendo o possível para não deixá-lo perceber a confusão interna em que eu estava. Mas a pergunta talvez fosse a prova de que eu havia falhado, ou não. Papai estava sempre querendo saber como eu estava.

De qualquer forma, eu fingi me concentrar na posição correta dos copos como se eu soubesse tudo sobre etiqueta e o jeito certo de se arrumar uma mesa.

— Bem – respondi simplesmente. Papai parou ao meu lado.

— Só bem? – ele perguntou.

Eu me virei, sem olhá-lo, e voltei para a cozinha. Tentando parecer convincente. Abri a geladeira e tirei a jarra de chá gelado de lá de dentro.

— Sim, o que mais o senhor queria que eu dissesse?

Papai pegou um pano de prato e deu de ombros enquanto abria o forno.

— Não sei, talvez no que você está pensando. Você parece estar pensando em alguma coisa.

— As pessoas estão sempre pensando em alguma coisa, papai. É isso o que as tornam racionais.

Papai colocou o frango assado sobre a bancada. Ele estava dourado e bonito, com as pernas amarradas juntas. Ele o analisou para ver se estava no ponto e depois olhou para mim.

— Você só parece meio dispersa – ele disse, tentando soar descontraído.

— Eu estou bem – eu disse, olhando para ele. — Só estou um pouco mais pensativa que o normal.

Uma sombra de preocupação escureceu o rosto de papai.

— Papai, não é nada. Eu não estou à beira de uma crise. São só pensamentos bobos. Nada com o que o senhor precise se preocupar – tentei devolver luz ao seu rosto. Mas papai ainda parecia angustiado. — É sério, papai. Eu estou bem.

Ele permaneceu me olhando durante alguns minutos, e então suspirou.

— Certo – ele disse. — Mas você me dirá se sentir algo fora do comum? – a voz dele estava temerosa.

Eu queria dizer "Papai, tudo que acontece comigo é meio que fora do comum", mas eu senti que não era hora para piadas.

— Feito – eu concordei, e então me inclinei para frente, ainda com a jarra de chá gelado na mão, e aspirei o ar ao redor do frango. — Hummmm, – eu disse — isso está com um cheiro ótimo.

Isso fez papai sorrir um pouco.

— Espero que o gosto não esteja tão ruim também.

 

Algumas horas depois, papai e eu estávamos sentados no sofá, assistindo a uma comédia romântica qualquer que eu sequer sabia o nome, isso porque quem estava assistindo mesmo era papai. Eu estava longe dali, fora do meu corpo, minha mente tão distante quanto uma estrela no espaço. Minha parte física era apenas mais uma casca, e minha consciência parecia ter vida própria. 

Até que eu ouvi a voz de papai me chamar de repente, e me trazer relativamente de volta.

Eu olhei para ele.

— Certo, eu sei que nós combinamos que você me avisaria se algo diferente acontecesse – papai falou, virado para mim, no sofá. — Mas eu acho que o que está acontecendo na sua cabeça nesse exato segundo já é algo diferente.

Eu não sabia o que deveria dizer, eu só sabia que dizer a verdade estava fora de cogitação.

— É só um daqueles dias em que estou um pouco distante, papai. Acho que só preciso desestressar um pouco. Eu realmente não estou à beira de uma crise – eu disse, torcendo para que ele acreditasse. Não queria que aquela conversa se estendesse mais.

Papai apertou minha mão, que estava ao lado do corpo.

— Mudanças são mesmo estressantes – disse papai, com sua voz macia. — Mas a casa está quase que completamente habitável. Acho que já podemos respirar e voltar às nossas atividades usuais. Não a vejo desenhar desde que nos mudamos – comentou.

Então a conversa foi para um caminho que eu não queria, porque eu entendia o que papai queria dizer. E, em partes, ele estava certo. Desenhar iria me ajudar a limpar a mente, mas eu não sabia se queria fazer isso naquela casa. Eu não sabia se conseguiria fazer isso naquela casa.

— Eu sei, papai. Só não tenho estado com cabeça para isso.

Papai estranhou, e eu sabia o que ele estava pensando. Era justamente por eu não estar com cabeça, que deveria fazê-lo. Mas eu não consegui pensar em uma desculpa melhor. Porém, como era papai, ele não fez mais perguntas, ele apenas apertou minha mão mais uma vez, e disse:

— Tudo bem. Mas pensa no assunto. Pintar sempre a ajudou.

Eu apertei a mão de papai também.

— Vou pensar – eu disse. Embora eu não fizesse ideia se realmente iria.

 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?*dedos cruzados* Hihihi, bom, me digam! Vejo vcs no próximo! Bjs!



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