Ele e Eu escrita por Thay Chan


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente. Então, esse n é um capítulo novo. Na verdade, é o capítulo anterior que eu estou respostando. Porque? Bom, é complicado. Eu sempre dou uma olhada depois que posto os capítulos para ver se ele está realmente bom e se n tem algum erro de gramática ou digitação. E dessa vez, eu fiz a mesma coisa, só que o que acontece, eu n gostei de algumas coisas na minha escrita. Achei q esse foi um dos capítulos que eu menos gostei. Eu fiquei tentando mudar umas coisas aqui, outras coisas lá, mas nada parecia bom. Então eu apaguei o capítulo, pensando em reescrevê-lo de novo, msm depois de postado, o que eu n achei justo com vcs que já tinham lido. Então, eu voltei a postá-lo com algumas pequenas alterações, verdade, mas nada demais. Espero que isso n cause nenhum transtorno a mais à vcs, e espero que possam me perdoar pela minha insegurança, prometo que só passarei a postar os capítulos quando estiver realmente segura sobre eles, palavra. E, gente, por favor, tentem comentar sobre o que acham do capítulo, isso me dá mais segurança e me deixam saber se a fic ainda está agradando. Bom, eu começarei a escrever o capítulo 10 logo então acredito q até semana que vem estará aqui. É isso, me desculpem mais uma vez, e obrigada pela compreensão. Beijos :*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/773046/chapter/10

NÓS SEMPRE VAMOS ao mercado no começo da semana de manhã. Para ser mais precisa, nós sempre vamos ao mercado em uma segunda-feira de manhã. Fizemos isso tantas vezes, que quase se tornara uma tradição. Nesse dia, nós acordamos cedo, tomamos café-da-manhã e colocamos roupas confortáveis, porque fazer compras pode levar horas e ser bastante cansativo.

Na maioria das vezes, eram as pessoas que escolhiam quando iriam à determinado lugar. Mas, no nosso caso, foi toda uma situação que nos escolheu. Aliás, isso era algo que vivia acontecendo com a gente; as circunstâncias estavam sempre decidindo por mim, e por consequência, papai.

Foi em uma tarde fria de abril. Nós estávamos no mercado. Eu era uma criança tímida de cinco anos e estava usando um casaco rosa com capuz, com um grande urso fofo, caramelo e de bochechas rosadas estampado na frente. Eu ficava toda hora colocando o capuz na cabeça, porque ele caía, e eu não gostava daquelas cordinhas que serviam para amarrar debaixo do queixo. Como papai não podia segurar minha mão porque estava empurrando o carrinho de compras e eu havia me recusado a ficar dentro dele, ele me pediu para segurar em sua jaqueta enquanto andava. Eu estava assustada, o mercado não estava cheio e nem era tão grande assim, mas tinha corpos o suficiente para me deixar nervosa. Ficava me escondendo atrás das pernas do papai sempre que via alguém atravessar o corredor.

Então, papai precisou ir à sessão de enlatados para comprar feijão em lata, e a sessão estava levemente movimentada, com pessoas amontoadas às prateleiras, comparando produtos e falando entre si. Eu fiquei ainda mais apavorada, mesmo com o tecido grosso da jaqueta jeans de papai entre os dedos. Quando passamos por entre todas aquelas pessoas, o medo ficou tão grande que parecia que eu sufocaria. Eu não conseguia enxergar mais nada, apenas vultos e um monte de pernas compridas ao meu redor.

Àquela altura eu já tinha soltado a jaqueta de papai, e estava encolhida no chão, gritando a ponto de perder a voz. Eu queria sair dali, achar papai, mas não conseguia me mexer. Parecia que morreria ali mesmo. Mas então, no meio de todas aquelas sombras de pessoas formando um círculo ao meu redor, papai apareceu, me pegou no colo, e me levou para fora do mercado. A friagem golpeou meu rosto e senti meu nariz ficar congelado na hora, mas nunca havia agradecido tanto por estar sob um céu tão cinzento, embora odiasse dias chuvosos. Papai me levou para o banco de trás de Dorothy, colocou meu cinto de segurança enquanto perguntava se eu estava bem, com uma expressão tão preocupada que até mesmo naquela época me senti culpada por ser a causadora de seu sofrimento. E entrou no carro, não voltou para pegar a comida, apenas saiu do estacionamento, e dirigiu para longe do mercado, sem se preocupar com a confusão que minha primeira crise havia causado no estabelecimento.

Depois disso, papai começou a fazer de tudo para evitar me levar ao supermercado com ele. Mas isso pareceu impossível, porque não havia ninguém para ficar comigo e ele não queria me deixar sozinha em casa. Então, um dia, quando não havia outra opção, porque não havia mais comida na despensa, papai me levou com ele ao mercado na manhã de uma terça-feira. Estava cedo, mas já fazia umas duas horas que o horário comercial havia começado. Mesmo assim o local estava praticamente às moscas.

Quando chegamos no caixa para passar a comida, papai perguntou, comigo apoiada em um dos seus braços:

— Está sempre assim à essa hora do dia?

A mulher passou nosso espaguete no leitor de códigos de barras, olhou para papai sem nenhum interesse, e disse em uma voz fanha:

— Se você quiser vê-lo mais vazio, é melhor às segundas-feiras – então pegou a lata de milho verde.

Papai sorriu para mulher, porque, embora ela fosse muito mal-humorada, não fazia ideia o quanto havia ajudado.

 

Naquela manhã, precisamos ir ao Walmart, porque a comida acabou. Fiquei meio relutante com a ideia no início, mas quando papai disse que poderia ir sozinho, tentei fazer o melhor para ser mais positiva, e respondi dizendo que com certeza iria com ele, afinal era segunda-feira. Talvez não fosse tão ruim assim, no fim das contas. Talvez muita coisa tivesse mudado durante todo aquele tempo. E, se não, pelo menos poderíamos fazer panquecas de mirtilo amanhã. Era uma forma bem otimista de pensar.

Meu problema com comida industrializada não era tão enorme assim. Na verdade, era justamente o contrário. Eu gostava de comida industrializada. Mas estava querendo virar vegetariana, porque também gostava de comida orgânica e parecia uma boa ideia levantar a bandeira que uma vida mais saudável defendia. Só que eu ainda ficava dividida entre as duas coisas na hora de seguir as vias de fato, porque não conseguia ficar mais que uma semana sem comer hambúrguer. Por isso, o único jeito era ir devagar. Um degrau de cada vez. Primeiro o alface, depois o mundo. Esse era o meu lema.

Acabou que ser mais otimista ajudou. Quando chegamos no Walmart, eu não estava mais tão emburrada. Consegui ajudar papai tanto quanto podia, sem deixar me influenciar por um documentário que eu havia visto na internet uma vez, sobre comida com agrotóxicos. Acho que não havia percebido, mas, eu era mais vegetariana do que havia pensado.

 

Na volta para casa, paramos em um drive-thru para comprar casquinhas de cereja com manteiga de amendoim. Ficamos no estacionamento enquanto comemos, porque papai não podia dirigir e comer ao mesmo tempo, e conversamos sobre o que pedíriamos no Whoole Foods de New Jersey.

Quando chegamos em casa e começamos a tirar as compras do porta-malas de Dorothy, um garoto estava sentado na varanda da casa em frente à nossa, com um fone de ouvidos enorme preso à cabeça. Era um dos meninos que eu tinha visto pela janela da sala naquele dia. Ele estava olhando para a gente com curiosidade, como se estivesse se perguntando quem nós éramos.

Será que ele não havia visto um dos caminhões de mudança enormes que havia estacionado ali algumas semanas atrás?

Apesar de estar meio incomodada sobre ter um estranho me vigiando, fingi não perceber o garoto. Porque não o conhecia e não era crime nenhum olhar, mesmo que parecesse muita falta de educação ficar encarando. Papai também não reparou, então acho que não havia tanto problema assim; ele estava colocando as sacolas na calçada. Tentei seguir seu exemplo, tentando me concentrar em ajudá-lo e, em um instante, consegui esquecer momentaneamente o garoto.

Mas então alguém apareceu ao meu lado. Eu olhei para o garoto, confusa e nervosa. Papai também olhou, só que mais para curioso do que chocado.

O garoto estendeu a mão para papai, sorrindo. Papai a apertou, animadamente.

— Quer uma ajuda com isso? – ele apontou para as sacolas.

Papai sorriu.

— Seria muita bondade da sua parte, se não for um problema – papai respondeu, terminando de colocar as sacolas que estavam no porta-malas junto com as outras.

O garoto tirou o fone do topo da cabeça, e o deixou pendurado no pescoço.

— Onde as coloco? – ele perguntou, já erguendo uma boa quantidade de sacolas.

Papai olhou para mim, que estava tão estática quanto pedra. Do mesmo jeito que ficava quando estava muito perto de um estranho. E ele deve ter percebido, porque tentou me levar para longe:

— Querida, você pode abrir a porta da casa? – ele me estendeu o molho de chaves barulhento. — E já pode começar a guardá-las na cozinha? – eu peguei o molho de chaves.

Assenti com a cabeça, e tentei não tropeçar ao caminhar para a porta. Quando entrei, enfiei-me na cozinha, enquanto eles acomodavam as compras no meio da sala. Eu só pegava as sacolas, quando o garoto estava lá fora.

Peguei a sacola com os alimentos perecíveis e arrumei-os no armário de cima, com a ajuda de um banco para me deixar um pouco mais alta. Depois, peguei os enlatados e, enquanto os tirava das sacolas, e as colocava em cima da pia, papai e o garoto estavam voltando para casa com mais sacolas. Eu saí da janela, e comecei a colocar os enlatados no fundo do armário. Então ouvi papai falar na sala:

— Acho que finalmente acabou – papai suspirou, cansado. — Estou ficando velho para isso – ele disse, achando graça.

— Quando o senhor precisar, pode bater na casa da frente – o garoto respondeu, achando graça também.

— Obrigado, Sasuke. – disse papai. — Fico devendo essa.

Um barulho de poucos passos, e silêncio. Acho que eles estavam apertando as mãos novamente.

— Até mais, senhor K. – disse o garoto. K. era o apelido de papai. Na verdade, o nome dele era Kisashi.

— Até mais, garoto – papai respondeu, e em seguida, barulhos de mais passos e a porta fechando.

Então olhei para fora da janela.

O garoto retornou à varanda da casa da frente, sentou nas escadas, e recolocou o fone de ouvido.

E aí parei de olhar, porque, nesse momento, papai entrou na cozinha para me ajudar a guardar o restante da comida.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ele e Eu" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.