Hades e Perséfone- A historia que ninguém contou. escrita por Natália Barros


Capítulo 3
Capitulo 3




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Aquela deusa inferior ousa me desafiar! Quem raios aquela coisinha pensa que é?.

—Muitas almas para castigar querido Hades- Nem me dei ao luxo de responder, passei direto por Nix e me sentei na cadeira- Ok, está de mau humor- a mesma se levantou colocando o livro de volta na mesa- Quem foi a alma corajosa que te tirou do serio?- Um sorriso travesso e prazeroso surgiu nos lábios daquela venenosa deusa. Seu cabelo loiro e grosso batiam em seu belo traseiro como uma lembrança da sua beleza, seu corpo era beijado pelo vestido vermelho de seda que dançava conforme ela se mexia.

—Me pergunto que merda eu tinha na cabeça quando coloquei você como meu braço direito- Seu sorriso se alargou.

—Eu Hecate e Moiras somos as únicas criaturas no mundo em que você não quer foder, deve ser por isso que me tem como seu braço direito- Fechei os olhos com força para não lançar minha escuridão pela sala.

—Eu devia era banir vocês três e aquela criatura ardilosa que tenho sobre meu teto- murmurei procurando a papelada das almas.

—Que nova criatura se refere meu querido soberano?-perguntou ela e eu a olhei.

—Perséfone- Seu sorriso se tornou travesso .

—Não a tem em seu domínio não faz nem 24 horas e já se estressou com um ser de 18 anos? Preciso conhecer essa menina- Bufei em reprovação.

—Ela me desafiou, acredita que aquele serzinho me enfrentou? Jogou na minha cara que não tem nem um pingo de medo de mim? Ela é cruel e ardilosa, que nem o atrevido do meu irmão- bati com força o livro na mesa e ela sorriu de canto.

—Achou que fosse fácil? Trazer a menina contra a vontade dela? Uma menina que vivia no campo, na luz do sol, cultivando flores para esse lugar?- se eu não gostasse tanto dos serviços dela, juro que a mataria aqui mesmo.

—Se não for ajudar, cale a boca- a mesma suspirou e deu ombros.

—Acho bom ela não ter medo de você- a olhei confuso- Quer uma esposa medrosa ou uma corajosa? Prefere respeito ou medo?- Em algumas ocasiões eu preferia o medo, mais no momento que ela me encarou e foi sincera ao dizer que não tinha medo de mim, uma parte de mim ficou aliviado. Eu tinha que dar o braço a torcer, aquela coisinha cruel era valente.

—Ela não sabe... acha eu que a raptei mesmo- Ela se sentou e me encarou.

—Ela não sabe então da verdade?-perguntou e eu neguei com a cabeça- Por todos os deuses, como Demeter pode esconder isso da menina?- Olhei para o livro, o livro de Perséfone e massageei minha têmpora.

—Tinha que ver o que ela fez no salão, ficou tão brava com Zeus que transformou as rosas brancas em negras e apodreceu todas, os espinhos viraram estacas- sorri ao lembrar daquilo, ela realmente me impressionou, se a mesma sendo filha de Zeus o desafiou, por que eu fiquei surpreso quando ela me enfrentou?.

—Ela te conquistou- Olhei bravo para Nix.

—Não tem mais o que fazer? Além de atormentar o seu soberano? -ela revirou os olhos e se levantou.

—Vocês dois tem gênios idênticos, vai sair muita faísca desse relacionamento- com um gesto na mão mandei ela embora e a mesma foi, assim que porta bateu olhei de novo para o caderno da vida de Perséfone, suspirei e abri olhando a data. O livro dos vivos e mortos, nesse livro possui a data que qualquer ser nasce no mundo, seja ele deus ou mortal, e a data de sua morte. A estrela significava seu nascimento, o ponto escuro significava sua morte. Olhei para a linha de Perséfone por alguns minutos e suspirei.

—É meu querido irmão, sempre deixando o trabalho sujo para mim- Olhei mais uma vez aquela linha.

Perséfone (Zeus / Demeter)

★ 22 de setembro do ano 100

• 27 de Setembro do ano 100

A noite seria longa, me revirava na cama, não achava ponto confortável para ficar. Me sentei e suspirei.

—Porcaria de lugar- Sussurrei e andei pelo quarto, estava me sentindo claustrofóbica ali. Com cuidado abri a porta do quarto e não vi ninguém, com passos cuidados comecei a andar pelo corredor, fazendo o mesmo trajeto que Daira havia me ensinado, para não me perder decorei todos os vasos ali como ponto de referência. Fui até uma janela imensa, onde podia ver tudo ali fora, concidentemente havia um jardim, morto, com tudo morto e seco, uma tristeza profunda me abateu, olhei com dó para toda vegetação.

—Nada aqui sobrevive- Pulei com de susto. Parado atrás de mim estava Hades, apenas com a calça de pano mole, a visão era agradável e perfeita, seu peitoral parecia algo bom para se deitar, desviei meu olhar para o jardim morto.

—Não consigo dormir- sussurrei explicando o porquê estava fora da cama, antes que ele pensasse que eu estava tentando fugir.

—Com o tempo irá acostumar- ele disse em um tom neutro- Com a escuridão- o olhei por cima do ombro.

—ela não me incomoda- estava sendo sincera, a noite nunca foi problema para mim.

—Para uma deusa do campo isso é uma surpresa- dei ombros sem me importar.

—Sempre me atrai pela escuridão- Pode ser impressão minha, mais senti ele estremecer- Nada cresce aqui?- ele se aproximou um pouco mais e eu tentei não ficar tensa.

—Não, aqui é úmido e escuro, nenhuma planta ou flor bonita nasce aqui- O submundo era um local totalmente diferente do que eu achei, o céu era estrelado, a lua iluminava o campo todo, a brisa era uma mistura de morna com fresca, um aroma de hortelã pairava no ar, pelo que vi, estava em um castelo, o jardim era a única parte feia dali, por que o resto era encantador- Acho que iria chegar aqui e ver as almas sendo açoitadas e punidas no meu jardim querida Persefone- havia divertimento na voz dele.

—Seria mentirosa se disse que não- sorri de canto- Aqui é lindo- sussurrei olhando para o céu- É o céu mais lindo que já vi- ouvi ele se mexer atrás de mim.

—Até mesmo mais lindo do que o olimpo?-perguntou e eu sorri de lado.

—Meu pai só sabe deixar o céu limpo, não há graça na escuridão sem um pouco de luz- ele ficou em silencio por alguns minutos e suspirou.

—Realmente, não a graça na escuridão sem um pouco de luz- ele olhou para mim de um forma muito intima e eu desviou o olhar.

—Posso?-indiquei a cabeça para o jardim e ele deu ombro.

—Não se chateei se não conseguir, tentei o melhor que pude- sorri abrindo aquela imensa janela de correr, tirei as sandálias do meu pé e toquei na grama, fluindo toda energia sobre a terra, no mesmo instante a grama que estava seca de tornou verde viva, até o cheiro fresco subiu no ar, sorri animada em sentir aquele formigamento, com uma aceno, espantei todas aquelas flores, que no mesmo instante viraram pó condensando ao ar, desejei que liberassem cheiro de jasmim para perfumar o ar , toquei a terra e desejei que lírios de todas as cores brotassem ali, e então gradativamente surgiram lírios amarelos e brancos no canteiro, logo em seguida direcionei para o outro lado bromélias lindas e vermelhas que pareciam se destacar na grama fresca. Nos canteiros desejei que brotasse Soleirolia, lindas e redondas, para finalizar, imaginei meus narcisos amarelos, e minhas carmelias vermelhas, e intercalei ambas para ficar uma coisa mais misturada. Inspirei sentindo o cheiro do jardim e sorri, agora sim, aquele era um jardim perfeito- Como elas vão sobreviver- quase havia me esquecido que Hades estava ali, o mesmo se encontrava no meio do jardim, admirando todas as flores.

—Nunca que as outras flores iriam sobreviver, não são para serem cultivadas no escuro e umidade- sorri olhando para as minhas novas criações- Já essas são adeptas ao frio, inverno, lugares úmidos e escuros.

—Faça aquilo de novo, aquele cheiro que você fez- ele disse distraído e sorri um pouco, desejando que o aroma de Jasmim flutuasse pelo ar, o mesmo fechou os olhos inspirando o cheiro e eu sorri, ele ficava tão lindo quando não perdia o tempo sendo babaca e mau humorado, me abaixei pegando o Narciso amarelo, fechei os olhos e desejei que ele fosse preto, e que liberasse o cheiro de Jasmim sempre que tocado, abri meus olhos e Hades me encarava- Por que fez isso- Sorri dando ombros.

—Consegue me arrumar um pote pequeno para colocar uma flor- Ele apenas estalou os dedos e um vaso pequeno e simples estava em sua mão, ele me entregou e nossas mãos se tocaram, tentei não arfar com o toque, me abaixei e coloquei terra no mesmo, e coloquei o narciso preto ali, me levantei e entreguei o vaso para ele- Para você- ele me encarou e pegou o vaso- Toque na pétala- sem pestanejar o mesmo tocou e um o cheiro de jasmim incendiou o ar- Sempre que tocar o cheiro irá se espalhar, não precisa rega-la, foi abençoada por mim para apenas ficar no seu quarto- passei por ele e o mesmo segurou o meu braço, aqueles dedos enormes eram firmes e gelados, porém eram delicioso, ele se inclinou até a mim e depositou um beijo na minha bochecha, meu corpo inteiro se arrepiou, eu o olhei envergonhada e ele não afastou o resto de perto de mim, ficamos nos encarando por alguns minutos e ele arfou.

—Obrigada-sussurrou ele e eu sorri- Não deixe esse jardim morrer, quero vê-lo sempre assim, e me lembrarei dessa cena pelo resto da minha eternidade- meu coração veio na boca, minhas pernas bambearam, antes que ele falasse mais alguma coisa eu sai dali, entrei no quarto arfando e fiquei pensando no que tinha acontecido naquele jardim.

—Ele não é tão mau assim- com esses pensamentos eu cai na cama. 


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