Amigo Secreto escrita por Ero Hime


Capítulo 2
A festa da vitória, o bêbado e a líder de torcida


Notas iniciais do capítulo

CHEGUEI CHEGANDOOOOO
E ai, gostaram???? O comentário da Phoenix me deixou ksjfdksdjf por uns cinco minutos socorro
Nene, considere este seu presente de amigo secreto de fic!!! ♥
A todos que estão acompanhando, obrigada por tornarem meu ano tão incrível ♥
Vou postar ao longo do dia até de noitinha! FELIZ ÚLTIMO DIA DO ANO ♥



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Parte de si – a parte que não estava surtando – pensou que, bem, não podia ser melhor. Era um ótimo motivo para se aproximar dela, uma vez que não sabia absolutamente nada sobre seus gostos. Se ela percebesse que era sua pessoa, ótimo. E finalmente poderia parar de olhar como um idiota sempre que ela passava com o nariz para cima.

Tremelicando, guardou o papel firmemente no bolso de sua jaqueta, e esperou pelos outros. Sakura foi a última, puxando seu próprio papel e guardando o plástico. Satisfeita, correu o olhar pelos colegas, para ver se todos tinham tirado pessoas diferentes. Por fim, deu alguns avisos, como a organizadora oficial do evento – limite de preço estipulado, lugar onde passariam o ano novo e outras baboseiras assim. Naruto não prestou realmente atenção; sua cabeça estava ocupada pensando em como se livraria daquela encrenca.

Faltavam três dias para o Natal, pouco mais de uma semana para o ano novo. Quando teria tempo para fazer compras? Na manhã seguinte, teria que cumprir quatro horas infelizes de estudo complementar – apenas burocracia para os felizardos que tiraram menos de quarenta pontos na recuperação. Naruto era bom em esportes, mas não tanto assim em literatura.

Saiu para o corredor, agora mais escuro, acompanhado de Sasuke, que mexia no celular, e Kiba, um pouco alterado e já encomendando alguns barris de cerveja para sua festa. Devia ser seis ou sete da noite, ainda. O loiro andou devagar, chutando os próprios pés e brincando com as chaves do carro. Tudo que conseguia pensar era em Hinata.

— Tira essa cara de enterro. – Sakura o assustou, provocando. Enganchou seu braço em Sasuke, que, por um milagre, resistiu há seis longos meses de relacionamento com a capitã estressada. Naruto, por outro lado, quase sempre caía em seus ataques e acabava xingando.

— Não sei como ainda caio nas suas roubadas. – amolou.

— Vai ser legal. — houve uma ênfase desnecessário na última palavra, nada que pudesse convencê-lo – Além disso, algumas das meninas pediram carona para a festa. – ela ergueu a sobrancelha como quem sabia de alguma coisa. Imediatamente, Naruto mudou sua carranca para um sorriso malicioso. Alguém se daria bem.

— Elas querem, é? – repetiu, parando de andar para esperar o grupo de garotas que acenavam para ele. Podia sentir Sakura revirando os belos e perspicazes olhos verdes para ele, mas não se importava. Quatro ou cinco líderes vinham em grupo, com suas bolsas, e – vejam só — Hinata entre elas. Ela usava um casaco grande e um cachecol vermelho. Estava linda – As garotas querem carona? – perguntou, galanteador. Ino e sua amiga loira, Shion, deram risinhos. Mais duas passaram, agradecendo, e ele se virou propositalmente para Hinata – Mais alguém? – ela nem sequer parou.

— Não.

O tom indiferente e inflexível o fizeram vincar a testa, secretamente despeitado. Não deixaria ninguém saber que suas mãos tremiam sempre que ela o ignorava – que patético.

— Ah, ignora a Hina, Naruto. Ela é tímida. – a segurança com que ela andava, os ombros para trás e os olhos sempre para cima indicavam outra coisa – Podemos ir?

Naruto balançou a cabeça, afastando os pensamentos, e tratou de colocar um sorriso afetado. Passou os dois braços pelos ombros das garotas, guiando-as para a saída principal, onde estacionara seu conversível. Estava tudo bem, porque ele era capitão do time de futebol, era popular e descolado e tinha duas líderes maravilhosas em seu encalço.

Uma nova procissão de carros seguiu, buzinando e derrapando, pela rua central da pacata – e, ainda assim, incrivelmente povoada – cidade onde moravam. Não havia um só aluno da Academia que não conhecesse a casa de Kiba, e todos eles, atletas ou não, encaminharam-se para ela. Naruto baixou a capota, deixando que admirassem seu carro reluzente e as duas garotas cheias de risadinhas sentadas sob o banco traseiro. Cumprimentou os colegas e seguiu em velocidade baixa, com o braço para fora e pose despreocupada.

A fachada já estava iluminada e barulhenta. As inocentes luzes natalinas piscavam em verde e vermelho, contratando ironicamente com os adolescentes surtados que invandiam o gramado, com caixas de som e tonéis de bebida. Os pais de Kiba raramente estavam em casa pela noite – ou em qualquer horário –, então, desde que limpassem todos os copos descartáveis e manchas de vômito, não havia nada de mal em uma pequena comemoração. Naruto estacionou quase na esquina, saltando com sua jaqueta surrada e os tênis converse. Mandou uma mensagem rápida para sua mãe, dizendo que estava com “os caras”.

O restante das líderes se juntaram a eles. Algumas não tinham trocado de roupa, acrescentando um cachecol ou luvas quentes. Embora a neve tivesse dado uma trégua, o frio não cessaria tão rápido do lado de fora. Naruto admirou as decorações típicas nas casas vizinhas, com guirlandas e piscas-piscas. Ah, ele adorava o natal.

Entraram pela porta já escancarada, sendo acometidos pela música alta e o falatório incessante. De alguma maneira, a taça tinha parado em cima da bancada, brilhante e imponente. Naruto cumprimentou com um semiabraço alguns de seus companheiros, mas não encontrou Sasuke, tampouco Gaara ou o anfitrião. Para distrair a cabeça, pegou um copo vermelho de plástico e encheu até a borda, tornando um gole generoso e amargo. Fez careta, bebeu outro. Recostando casualmente na parede, escutava qualquer coisa que Ino dizia, correndo os olhos pela grande sala e o corredor de acesso para a cozinha. De repente, a viu.

Empertigou-se. Hinata estava linda, usando meias altas e um suéter que ficaria ridículo em qualquer outra pessoa, mas, nela, apenas serviu para realçar o cabelo solto pelas costas e o nariz vermelho do gelo. Soltou um suspiro involuntário.

— Não sabia que a Hinata vinha. – comentou, como quem não quer nada. Aproximou-se para não precisa gritar, e Ino passou o braço por sua cintura, em busca de equilíbrio – Qual é a dela, afinal?

— A Hina é um amor! – ela respondeu, claramente alta — Ela só é, sabe, meio séria e responsável e essas coisas. Ela é tímida, não fala muito com a gente! Mas é uma ótima base de pirâmide. – as palavras começaram a enrolar, e Naruto dispersou. Voltou a procurar por ela, o rosto compenetrado fixo em seus pensamentos. Ela estava perto da mesa do DJ, parada. Por um instante, Naruto teve a impressão que ela o encarava, mas, tão rápido quanto veio, passou.

Balançou a cabeça. Ele nunca teria chance, e ainda tinha que comprar um presente para ela. Sério, de quem tinha sido a ideia genial?

Irritado consigo mesmo, terminou seu copo e logo pegou mais um. O álcool começou a fazer efeito muito rápido – ou assim ele pensou, mas perdeu a conta depois do terceiro. Seus amigos chegaram, e eles foram fazer bagunça no jardim dos fundos. Muita gritaria e risos, cumprimentos e garotas se atirando para ele. Beijou uma ou duas, mas nada além disso – não estava muito no clima –. Seus pés tropeçavam um nos outros, e seu estômago começou a revirar em algum momento entre as onze e meia-noite.

Depois de ficar longos quarenta segundos de cabeça para baixo tomando cerveja direto da mangueira, Naruto decidiu que a cota de façanhas brilhantes tinha se esgotado. Cambaleante, cruzou a sala novamente, agora cheia de adolescentes caídos nos sofás e balbuciando letras de músicas lentas. As paredes rodavam ao seu redor, e ele viu três Kibas, pelo menos, antes de sair.

Quando o ar gelado bateu em seu rosto, ele respirou fundo. Apoiou contra a cerca, tentando – e falhando – buscar equilíbrio. Puxou as chaves de seu carro, confundindo-as com o chaveiro. Ele se sentia pouco bêbado e muito alegre. Andava pela calçada, quase saltitando, quando avistou, perto de seu carro, um familiar par de olhos.

— Ei! – gritou, sem pensar – Ei, senhorita! – de novo, e atravessou a rua com maestria, é claro. Hinata parou, virando-se para ele com os braços cruzados. Embora tudo ao redor girasse, Naruto via seu rosto com clareza, e ela tinha as elegantes sobrancelhas erguidas para ele – Olá, minha cara. – cumprimentou, tentando ser galante. Parou, as pernas bambas. Ela permaneceu séria.

— O que você quer, Uzumaki? – parecia cética.

— Uau, que agressiva. – provocou – Eu só queria dizer, ick, oi. – soluçou – Não achei que viesse. – as palavras apenas surgiam, e uma de suas personalidades, em algum lugar, estava gritando para que ele não continuasse falando.

— Eu só dei uma passada. – deu de ombros.

— E ficou até agora? – vincou a testa, como um desafio. Podia jurar que ela quase sorriu. Quase.

— Estava interessante. – foi tudo que disse.

— Você não é de falar muito, né? – ele prosseguiu com a humilhação. Para alguém lidando com um bêbado libertino, parecia muito paciente.

— Não com pessoas como você. – não foi um ataque, mais como uma constatação. Mas Naruto fingiu ter se ofendido mesmo assim. Teatralmente, levou a mão até o peito, por cima da jaqueta.

— Você é uma líder de torcida! Eu sou o, ick, capitão! Somos meios que predestinados! – sua língua adormeceu por conta do frio, e Hinata realmente soltou uma risada. Ele acompanhou, porque foi como anjos cantando.

— Tenho certeza que vai se arrepender disso amanhã, Uzumaki. – disse, bem-humorada.

— Pode me chamar de Naruto, sabe. – ele revirou os olhos com dramaticidade. Em seguida, cansado, buscou as chaves e começou a andar – O papo foi, ick, ótimo, mas eu preciso ir.

— Espera, espera. – ela chamou de repente – Você vai dirigir? Nesse estado?

— Eu sou um ótimo motorista. – gabou-se. Hinata se limitou a reprimir um suspiro. Puxou seu punho, e, onde ela tocou, uma onda de calor invadiu – Pulando as preliminares? Gosto assim. – cantarolou. Ela fez um barulho com a garganta, ignorando-o.

— Vai acabar se matando desse jeito. – resmungou – Vem, eu te levo para casa. – agora ela estava impaciente. Naruto queria perguntar por que ela estava fazendo aquilo. Como ela sabia onde ele morava. Se ela sabia dirigir um modelo Boxster clássico. Todavia, não conseguiu formar as frases, e se deixou arrastar até o lado do passageiro, um tanto zonzo.

Ela o ajudou a montar, prendendo o cinto de segurança enquanto ele cantarolava uma das músicas que ouviu durante a festa – atualmente apenas uma recordação distante –. Em seguida, Hinata subiu no lado do motorista, aproximando o banco e apertando o volante, desfrutando daquele pequeno prazer, alheio ao quarterback. Deu a partida, com o motor rugindo, e saiu com os pneus cantando. Foi um trajeto curto, com poucas curvas. O vento gélido acordou um pouco Naruto, que identificou onde estavam, contudo, a garota dirigindo ainda parecia como uma alucinação.

Parou em frente a sua casa, estacionando e descendo. Naruto conseguiu descer sozinho, tentando, a todo custo, manter o corpo de pé. O cansaço o atingiu em cheio, e suas pálpebras pesavam. Hinata entregou as chaves, e deu as costas, abraçando os braços enquanto caminhava para longe.

— Espera! – ele pediu repentinamente, e ela se virou, olhando por cima do ombro – Vai a pé? – não tinha neve, mas o pouco orvalho nas árvores já o fazia soltar fumaça pela boca.

— Não moro longe. – foi a única coisa que respondeu. O loiro tentou racionar, dizer que a acompanharia, que era tarde da madrugada e podia ser perigoso. Novamente, nada. Sua boca não obedeceu.

— Um beijo de boa noite? – é claro que ele tinha que escolher a melhor frase. Hinata pareceu levar na esportiva, porque apenas balançou a cabeça, tremendo os ombros, talvez de rir, talvez de frio.

— Até mais, Naruto. – voltou a caminhar, se afastando cada vez mais, até virar a esquina e desaparecer, com sua saia e seu suéter.

Ele grunhiu, insatisfeito. Sua cabeça rodava, e ele tinha que entrar sem acordar seus pais. Abriu o portão de ferro, passando pelos fundos sem muito cuidado. Trombou na escada, tropeçou no corredor do segundo andar. Chegou em seu quarto por um milagre, e deitou com as roupas que estava. Antes de apagar completamente, pensou que deveria anotar em uma lista as coisas que descobria sobre Hinata Hyuuga, sua pessoa do amigo secreto. Número um: ela dirigia carros conversíveis.


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