Parte I

05h 25m 07.9s, +06° 20′ 59″

            A queda do Lord tinha acontecido a mais de três meses, e durante três meses Bellatrix Black não sabia bem o que sentir. No auge dos seus vinte e dois anos, recém-formada e uma das mais brilhantes bruxas da sua geração, ela ainda estava dividida quanto aos sentimentos negativos que sentia.

            Ela acreditava, mas acreditava tanto no que ele defendia. Na separação, na pureza, na superioridade, na sua superioridade, ela acredita no discurso, nas palavras certas, na ideologia. Mas se havia coisa que Bellatrix detestava era ser ordenada, mandada, acatar ordens… não, definitivamente ela não tinha nascido para ser mandada, mas sim para mandar. E foi assim que Bellatrix Black não escolheu um lado, mas se ela queria que o Lord vencesse, sim queria, muito, ela queria tanto que aquela causa ganhasse. Ela era melhor, muito melhor, ela era pura, toujour pur ela dizia, pensava, respirava e acreditava com a força de mil estrelas.

            As estrelas, a estrela dela. Olhou a estrela dela brilhar no profundo céu escuro. A lua em fase de lua nova, invisível, e a estrela dela brilhava no céu negro, sorriu, orgulhosa. A terceira estrela mais brilhante da constelação de Oríon, a estrela guerreira. No céu negro, da pequena janela da casa dela, ela sorriu. Pelo menos, a sua estrela continuava no céu, e todos a podiam admirar, era ela. Um orgulho.

06h 45m 08.9173s, −16° 42′ 58.017″

            Sirius acelerava pela noite fora, sem destino, apenas sentido o vento frio e gélido no rosto, a sensação de liberdade, de libertação, o vento glacial deixa os sentidos dele ainda mais aguçados mas o que Sirius Black não conseguia evitar, era o imenso sorriso que sempre tinha, aquele gosto de liberdade e segurança que o deixava sempre sem palavras, finalmente aquele ser, que de humano tinha pouco, tinha sucumbido as mãos de Dumbledor, e eles eram, todos, finalmente livres.

            Vidas perdidas, famílias destruídas, tudo em nome da ‘pureza de sangue’… pureza, ele pensou com ódio, quando parou a mota numa encosta, a vegetação rasteira esta praticamente congelada na delicadeza do frio. Desceu da mota, e encostou-se a esta. Olhou o céu.

            Se havia alguma coisa que sempre o reconfortou em ser um Black, eram as estrela. Experiente procurar a sua estrela. A mais brilhante, a estrela mais brilhante do céu, a dele. Sorriu quando a encontrou. Canis Major, a sua constelação. Sorriu. Sempre se reconfortará em saber, que nos céus, brilhava a sua estrela, mas que outra qualquer, a dele brilhava, indicava o caminho, ensinava culturas, era ele, um pedaço dele no céu. Mesmo com o frio, ele continuou a observar as estrelas, e mal ele sabia, as estrela não deixavam nada por escrever.

Eles não sabiam, nem podia saber, mas as estrelas escreviam com o seu brilho e pontuavam com fulgor o destino de todos eles. Eles não sabiam, mas iam descobrir.