Internato Madraio bell escrita por Legendary


Capítulo 1
Conhecendo o Castelo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/772372/chapter/1

 https://www.deviantart.com/batatinhadechocolate/art/Conhecendo-o-Castelo-779392994?ga_submit_new=10%3A1546459908

 

Eram três da tarde e o céu permanecia num azul límpido. As cabecinhas eram erguidas seguindo com o olhar o pico das torres da catedral.

Madre Artemísia sinalizou para as crianças subirem as escadas da entrada.

Degraus de azuleijos não eram pisados ao seguirem a Madre, mas podia-se ouvir o bater de asinhas por trás da moça do véu negro.

— Sejam bem-vindas à nova casa de vocês meninas! - Sorriu a mulher ao abrir a enorme porta dupla de carvalho.

— Sadô!! - Gritou uma das crianças espantada batendo suas asas azuis.

— Espero que sua exclamação seja de alegria, Serine. - Riu Madre Artemísia.

— Or...fa.. Orfana... - Uma das menininhas começou a ler a placa acima da porta - Tê com ô, tô... Orfanato Madressilva!

Madre caminhou para o lado da criancinha e seguiu seu olhar. Estava com os mesmos dizeres impressos em cima da porta dupla de carvalho. De longe podia-se ver a enorme catedral que fora inaugurada em meados de 1500 anos, e em tempos funcionava como orfanato. Agora jaz abandonado por muitos anos, não passava de um grande:

— Castelo abandonado com todas as cruzes arrancadas!! - Gritou surpresa uma das fadas com cabelo vermelho fogo.

E estavam todas meticulosamente arrancadas mesmo. Até imagens de pequenos santos ao lado de foa foram tiradas.  As fadas sorriram satisfeitas com aquele detalhe. Era uma questão de segurança para Avilyn.

— Sim Brigit, como mencionei muitas vezes, este castelo na verdade funcionava como orfanato católico - Explicou a freira - Mas foi deixado de uso por anos. Isso é, agora é a nova casa de vocês. Podem entrar enquanto retiro esta placa...

Então começou a correria e algazarra para dentro do castelo. Uma fada continuou ao lado de fora parada. Sus olhos confusos eram azuis em degradê com rosa, uma fusão que cintilava quando pensava.

A jovem Madre já estava em cima de uma pequena telha com um martelo nas mãos tirando os pregos da placa na porta. Como era habilidosa!

— Madre Artemísia... - embargou preocupada - E se... e quando... Os humanos?..

Antes da fada terminar sua pergunta, a freira em um instante já chegara à frente dela silenciosamente. Como uma borboleta sem nenhum rastro de som ou movimento brusco.

— Não se preocupe Ailsa... - Seus dedos esguios enrolavam no cabelo cor de pêssego da fada. A freira falava com convicção.

— Mas e se... - Ailsa abaixou a cabeça deixando seu cabelo repartido fechar como cortinas em seu rosto - ... se descobrirem que moramos aqui? Os humanos vão...

Madre Artemísia caiu numa risada contida deixando a fada mais confusa ainda.

— Tudo bem, fique calma. É por isso que estou tirando a placa Orfanato Madressilva. -  Riu a freira voltando para a telha com o martelo na mão.

Aquilo deixou Ailsa mais perdida em seus pensamentos. Madre Artemísia era a única humana entre elas. E se descobrirem que com ela estão cinco fadas e uma vampira?! Ailsa e suas amigas nunca estiveram no mundo real e estava com muito medo das coisas novas que podiam ocorrer.  Mal sabia ela que seria consolada com uma explicação simples que iria ajudá-la a se acalmar. Ailsa ficou tão feliz com a ajuda da Madre que saiu voando pelo castelo reunindo todas as meninas para compartilhar a informação.

                                                                           * * *

— Um internato!!? - Serine. A fadinha loira de olhos turquesa água se espantou enquanto seu chá era servido por Brigit com as mãos trêmulas.

— I-Igual ao nosso antigo, emain! - Surpreendeu-se Brigit.

Avilyn, a vampira silenciosa que vestia uma armadura de gesso para se proteger do sol ao lado de fora, estava sentada reunida na mesa redonda com as fadas. Ela grunhiu emitindo um som de dúvida.

— Você não sabe o que quer dizer "emain" , Avilyn? - Perguntou Ailsa passando os bolinhos para a pequena Vital.

— Significa "gêmeo". - Sorriu a caçula Vital satisfeita por ser a primeira a explicar.

— Sim - Uma fadinha de pele negra com aura reluzente ao lado de Vital concordou - Serine e Brigit são gêmeas!

Depois da explicação de Cino, todos os olhos da mesa estavam voltados para Serine e Brigit.  Ambas tinham 12 anos mas não eram nada idênticas. Serine tinha a pele clara, estrelas azuis em cada bochecha. Brigit era ruiva com um curto cabelo ondulado vermelho feito morando com bochechas rosadas e olhos castanho opacos como chocolate. Diferente da irmã, ela não nascera com asas.

— E quanto ao internato Ailsa? - Perguntou Cino - Será como o nosso último no Reino Thamedal?

Ailsa abriu a boca para responder mas foi surpreendida pela imagem de Madre Artemísia presente em um instante perto de todas as meninas.

— Desculpem interromper a reunião fadinhas. - Sorriu gentilmente - Expliquei primeiro a Ailsa que estava mais preocupada, agora explicarei para todas reunidas aqui.

As meninas fixaram os olhos no olhar púrpura de Madre Artemísia. Estavam ouvindo com atenção.

— Enquanto ficarmos nessa dimensão - Continuou ela - ...teremos que fazer parte dela. Aqui na Terra, sou uma freira responsável por seis meninas num internato privado. Poderemos sair pela rua livremente uniformizadas por aí igualando-se aos humanos. Ajudarei a se adaptarem com aulas e passeios.

— Mas e nossas asas? - Cino espantava-se com medo. Suas asas eram enormes demais para uma menina tão pequena.

— Madre... - Falou Brigit mais dramática ainda - VÃO ARRANCAR AS ASAS DAS MINHAS AMIGAS E QUEIMAREM NA FOGUEIRA COMO NOS CONTOS!!

Serine sua irmã, ofereceu o ombro para Brigit começar a chorar.

— Tudo bem, tudo bem... - A voz de Artemísia não perdia a suavidade - Algumas de vocês não precisam se dificultar com isso. Sua irmã Serine pode esconder suas asas azuis por baixo da roupa, assim como a pequena Vital.

    Vital ao ser mencionada abriu um sorriso doce. Era a criança mais nova entre as meninas e tinha apenas 6 anos. Ela tinha os cabelinhos tão escuros quanto os olhos. Sardas espalhadas como estrelas no céu de sua pele clara e pousada na cadeira, batia suas asinhas negras suavemente.

— Comigo também parece que não terá problema... - Ailsa pousou os olhos no chão envergonhada. Apesar de ter 14 anos suas asas eram minúsculas como as de uma bebê.

— COMIGO TAMBÉM! - Gritou Cino. Ao se animar esticou as enormes asas douradas e brilhosas esbarrando em todas de cada lado por acidente.

Em contraste com Ailsa, Cino era bem nova com 10 anos e exibia formosas e grande asas de ouro.

— Não Cino... - Repreendeu Artemísia gentilmente - Com você terei que usar feitiço mesmo. - Todas riram enquanto a Madre voltava-se para brigit e Avilyn - Avilyn, tente não mostrar as presas enquanto humanos estiverem por perto. Brigit, seja uma boa menina.

Brigit parou de chorar fungando o nariz e voltando a sorrir. Apesar de ser a única fada sem asas dali, ela não demonstrava tristeza alguma por este detalhe.

— Creio que mal exploraram o castelo ainda – Indagou a freira animada – Vão, é nossa casa agora! Divirtam-se!

Todas se retiraram animadas com algumas saindo voando aos arredores e outras correndo em círculos.

Avilyn a pequena vampira esguia era bem caladinha mas saía correndo animada retirando sua armadura de gesso. Seus olhos vermelhos faíscavam.

Vital, a cuçula pulava nas poltronas de couro vermelho, afundando-as e tocando seus dedinhos no teto que entalhava querumbins de ouro.

Ao lado de fora, Serine debruçava-se sobre o lago no jardim dos fundos rodeado por estatuetas de gnomos. Ela aproximava seu rosto na água deixando suas madeixas loiras dançarem sob a pequena corrente do lago.

Cino, a negra fadinha que possuía grandes cabelos esvoaçados e olhos dourados como o sol, rodopiava pelo salão de festas do castelo. Cino tinha uma aura luminosa intacta cor de ouro que brilhava cada vez mais forte na medida que se animava. Suas asas se alongando pelo baile imaginário reluziam como sol – Avilyn adorava mas permanecia distante quando esta iluminava-se próximo a ela.

Em meio as escadas espirais estava Brigit subindo a Torre do Sino. A arcústica das paredes era perfeita para a sua voz melodiosa ao entoar canções dos anjos.

Ailsa soprava uma mecha do seu cabelo repartido lendo um livro concentrada em uma grande biblioteca da catedral.

Estava sendo uma tarde de diversões e descobertas para as meninas. Numa parte do castelo, distante das fadas, Madre Artemísia observava a placa que terminava de pregar ao lado de fora do castelo, bem em cima do portão no lugar da antiga.

Ela sorriu ajeitando seu véu negro e entrou numa parte onde se encontrava seu silencioso escritório. Sentou na poltrona deixando uma mecha ondulosa do seu cabelo castanho escapar

— Reino Thamedal...

Sua suave voz quebrou o silêncio pronunciando um encanto que revelava no centro da mesa imagens de ruínas...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Internato Madraio bell" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.