Como eu ainda vivo sem você? Me diz: como ainda consigo me levantar da cama todos os dias sabendo que você não está ao meu lado?

Imagino que, se você tivesse morrido, certamente a dor seria outra. Mas não, você não morreu. Você continua vivo, esbanjando beleza e alegria onde passa. Esbanjando amor. Como consegue ser tão cativante? Como pude me deixar cativar assim?

Ah, se você soubesse dos meus medos, meu querido... Ah, se você soubesse que, ao mesmo tempo que estamos tão próximos, existe um abismo gigantesco entre nós... Quem sabe se você soubesse disso, você não me ajudasse para que, juntos, vencêssemos esse abismo invisível que separa nossas almas? Mas tenho medo. Medo de me entregar a você. Medo de lhe contar a verdade. Medo de errar. Medo de me machucar.

Posso me lembrar de tudo: de quando nos conhecemos, de quando fizemos um trabalho de Química juntos - que deu muito errado -, de quando fomos ao cinema ou à sorveteria. Me lembro de seu sorriso em cada um desses momentos. Me lembro de suas frases, como se tivessem sido ditas profeticamente,  marcando eternamente minha memória.

Me lembro também de maus momentos, como quando nossos amigos mentiram sobre o trabalho que ajudamos a fazer  e acabamos ficando sem nota em geografia. Lembro também de quando levamos uma punição do diretor injustamente e tivemos que limpar a escola inteira. Lembro de que, em cada momento ruim, você achou algo para me fazer rir e até mesmo ver o lado bom das coisas! Ah, como você me faz bem!

Tenho os sonhos mais bizarros contigo em minha cabeça: conhecer a Rainha Elizabeth, viajar pelo mundo e, quem sabe, ir à Lua sem que ninguém saiba. Quando soubessem, já seria tarde: estaríamos no controle da nossa espaçonave, viajando pelo universo, avistando os mais surpreendentes planetas. Tudo seria com você.

Já perdi a conta de quantas vezes chorei por te dizer "não": que não te amava - sendo que você é o único motivo de eu ainda existir -, que não pensava em você, sendo que você reina em meus pensamentos, que não me importava se você estivesse com outrappessoa quando, na verdade, esse seria o meu fim. Mas se você soubesse que por trás de cada "não" existem falhas e medos que não me deixam tentar...

Pelo menos você não desistiu de mim e continua ao meu lado. Minhas melhores lembranças são de nossos beijos - sempre roubados, já que eu não facilitava. Naqueles momentos sim eu era ousada, era outra pessoa: tentava te conhecer e me conhecer ao mesmo tempo. Buscava mais de ti, ao passo que era completamente sua. Eram momentos rápidos, mas de total descontrole de minha parte, e de total entrega de ambos. Isso nunca irei esquecer.

Cada dia, quando acordo, sinto a dor de não estar contigo, de não declarar aquilo que já está óbvio: que te amo. O meu medo ainda me acorrenta, meu bem... O meu medo ainda me atrapalha... Medo de te machucar, medo de errar, medo de parecer muito imatura, medo de te perder (mesmo que você não seja meu por completo).

Não sei até quando você vai continuar esperando que eu crie coragem; não sei até quando deixarei que meu medo tome conta de mim. Mas, em nome do amor, do nosso amor, tentarei. Mas, por favor, me ajude... Sem você eu não consigo... Sem você, eu sou ninguém...