Apenas Escritos escrita por Th Roberta


Capítulo 15
Apenas 14


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoas!
Demorei, eu sei kkk Mas aqui estou com mais um capítulo e sem garantias de quando volto, mas penso que não vou demorar tanto como aconteceu dessa vez ^.^
Tenham uma boa leitura e um ótimo dia S2



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O sol no fim da tarde sempre renovava suas energias. Sentada na grama, sua vista era privilegiada e dali podia ver toda a cidade. "E pensar que, neste exato instante, há bebês nascendo, gente morrendo, trabalhando, descansando"... A relatividade do tempo ainda era curiosa para ela: tudo passava rápido e ao mesmo tempo tão devagar. Era só ela que sentia aquilo? Ela achava que não. Olhando para a cidade, deixava seus pensamentos livres. Por quanto tempo ainda aguentaria tudo aquilo? Por quanto tempo ainda se preocuparia? Tinha mil perguntas e nenhuma resposta. Quem dera ela pudesse se juntar ao universo ou ao seu criador em uma cafeteria onde poderia lhe fazer perguntas.

Na cafeteria Gosto dos Céus, tomariam algo sofisticado caso fosse esse o desejo de seu acompanhante; ela preferiria o bom e velho achocolatado. Consideraria a ideia de pedir café e parecer um pouco mais adulta, afastando o pensamento ao se lembrar do motivo de estarem ali: ela queria a verdade, ela procurava por respostas. Ali, naquela cafeteria, faria todas as perguntas que queria fazer para o universo ou ao seu criador, questionaria o sentido da vida e a relatividade do tempo. Perguntaria também se ainda valia a pena viver.

Ela era alguém que só fazia alguma coisa se soubesse que daria certo, tentar não era uma opção e errar estava fora de cogitação. A vida lhe mostrou de forma cansativa que os erros são necessários. Ela já não se importava em errar, tentar, aprender, recomeçar. Queria era saber se, algum dia, tudo aquilo valeria a pena.

Vamos considerar que o universo ou seu criador aceitasse a proposta da jovem moça de cabelos cacheados. Com muita calma ele respiraria o ar da cidade, uma mistura estranha de gases e fumaça. Talvez sentisse repulsa, talvez sua boa etiqueta o impedisse de deixar seus pensamentos transparecerem. Não prestaria atenção nas pessoas: são passageiras. Também não se apegaria ao ambiente aconchegante e refinado que os humanos tentavam reproduzir. Se gostasse do chá poderia até pensar em voltar! Já pensou: o universo visitando a cafeteria pra tomar um chá? Não com tanta frequência, é claro: ele estava sempre ocupado. Entretanto, a cafeteria não serviria seu chá verde. Teriam à disposição um chá de gengibre ou de camomila, mas não o chá verde. Se contentaria com um cappuccino. Aproveitaria para se perguntar o motivo de uma garota tão jovem tê-lo convidado para uma conversa. Pensaria também no porquê de ter aceitado o convite. A resposta é um mistério que se esconde como suas estrelas: brilha de longe e vemos somente aquele brilho, jamais a sua verdadeira composição ou formato. Não veríamos sua resposta e, de longe, veríamos um borrão, um borrão de sua resposta. Não gastaria tempo observando a moça: a vida é curta demais para se observar pequenos detalhes tão fúteis: observamos algo hoje e logo isso desaparece. São as façanhas da vida.

Ela estaria nervosa, preocupada de ser rude, afinal não é todo dia que se marca um encontro com o universo ou seu criador, não é mesmo? Ela tentaria controlar seu nervosismo. Ela seria uma boa atriz, saberia esconder bem o que estaria sentindo. Por fora passaria a imagem de ser alguém madura e decidida. Sábia? Não, quem é sábio diante do universo ou de seu criador? Somos nada perto dele. Mas ali, de frente a ele, ela se sentiria algo mais do que nada. O pedido dos dois demoraria a chegar. Ela se incomodaria com o silêncio entre os dois. Era moça da cidade, o silêncio não é uma dádiva cotidiana. Poderia conversar sobre o clima ou as últimas notícias. Mas, no fim das contas, havia algo que seu acompanhante não soubesse? Seria uma tentativa frustrada de conversar. Olharia para seus pés e deixaria seus pensamentos vagarem livremente. Nem mesmo ouviria o acompanhante a chamar.

Ao ver que ela estaria perdida em seus pensamentos, o universo ou seu criador sentiria algo novo. Novo ou antigo demais para ser lembrado? Ele se irritaria com o narrador por se perder em perguntas desnecessárias e técnicas de escrita e o narrador tentaria ser mais objetivo. O universo ou seu criador se sentiria desconfortável com a distração da garota. Poderia existir alguém tão distraída assim? Ele sabia da resposta e sentiu uma leve alegria em seu peito. Não sorriu; raramente sorria, apenas sentia os sentimentos e suas leves consequências em seu corpo imortal e imaterial. Forjaria uma tosse para tirá-la de seus pensamentos. A veria corar e ficar sem jeito, colocando o cabelo atrás das orelhas. Ela perguntaria, morta de vergonha, o que o universo ou seu criador havia dito, seu rosto ficaria quente e sentiria como se tivesse passado uma tarde inteira na praia sem protetor solar. Veria seu acompanhante observá-la brevemente antes de repetir a pergunta, uma voz cheia de calma e paciência. Ela já nem saberia o que era isso, calma e paciência. Se surpreenderia ao ouvir a pergunta: se ela gostava de chuva. Tentara ignorar o assunto e olha só como as coisas "caminharam"! Responderia desconcertada que a chuva era entediante. Ele fixaria seu olhar em uma coisa qualquer enquanto diria coisas quaisquer, como "o tempo chuvoso é bom e agradável, diferente do calor de todas as tardes". Ela se aborreceria com a pergunta e voltaria à frieza de sempre, decidindo guiar o rumo da conversa. Perguntaria o motivo de sua existência. E o universo ou seu criador não se surpreenderia com a pergunta, já tão repetida e antiga para ele. Ele ficaria em silêncio, pensando se valeria a pena revelar a resposta àquela garota, uma simples garota urbana, inteligente, certamente saberia de seu potencial, mas... No fundo, saberia que nenhum deles compreendia o sentido da vida. E ficaria em silêncio por exatos 60 segundos, inspiraria e soltaria o ar com calma antes de lhe dar um sorriso falso (ele dificilmente sorria genuinamente) dizendo que ela já sabia da resposta.

Ela levantaria as sobrancelhas, olharia para as mãos e diria que não sabia. "Se soubesse, não teria marcado este encontro", ela diria sincera.

Ele se agradaria com a sinceridade da garota e veria em seus olhos que ela estava determinada a encontrar respostas, mas também veria algo ruim, algo parecido com desespero. "Há quanto tempo ela tem pensado nisso?", o universo ou seu criador se perguntaria e não se surpreenderia com a resposta. E ela chamaria sua atenção para a conversa dizendo o que tinha planejado dizer: que viver já não fazia sentido e que nada era tão bom como sempre fora. Que não entendia o sentido de viver onde só havia injustiças e maldades e que tentar fazer o bem enquanto o mal está avançando muito mais rápido não tinha lógica.

O universo ou seu criador a olharia com um olhar vazio e cansado, já ouvira palavras semelhantes em diversos outros momentos. Seu olhar intenso a deixaria constrangida e ela repensaria sobre aquele encontro, "realmente vale a pena fazer isso?". Ele, percebendo o constrangimento dela, responderia que não tinha culpa de nada, que não tinha domínio das ações das pessoas. "Cada um é livre para escolher o que quer fazer da vida", seria sua resposta final. E se levantaria agradecendo pelo encontro, se dirigindo lentamente à porta. Não se importava de deixar os outros sem respostas. Na verdade, ele as dava, mas ninguém as entendia. Que culpa ele tinha?

Ela se levantaria depressa e o seguiria. Já na calçada, pegaria seu pulso com mais força do que gostaria e o impediria de seguir para o infinito. Ele a olharia sem surpresa alguma e lhe pediria para lhe soltar. Ela diria que a conversa não havia terminado e que ainda queria respostas. Ele se soltaria dela gentilmente e com elegância e, com um sorriso arrogante, a deixaria ali.

Ela não se contentaria com tal atitude e iria pará-lo novamente, não fosse por um pequeno problema: o universo ou seu criador já havia sumido e, onde ele estava, veria apenas algumas estrelinhas brilhantes que caíam no chão. Voltaria frustrada para casa enquanto ele a observaria lá de cima. E em seus pensamentos diria a ela que nem ele mesmo entendia o mundo que havia criado, mas que tinha esperanças. E diria a ela em sua imaginação que ela era uma de suas esperanças para a humanidade. Mas ela nunca soube e ele nunca lhe disse. E cada um seguiu para o seu caminho naquele fim de tarde de primavera.


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