I M P E R I U S escrita por T in Neverland


Capítulo 20
Betray


Notas iniciais do capítulo

Capítulo revisado e atualizado em 11/07/2021.



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Betray - Capítulo XX

O segundo dia de 1945 definitivamente foi o pior da vida de Ilka. Dumbledore chegou e tentou conversar com Grindelwald pacificamente, mas o diálogo não se estendeu muito e os dois logo começaram a trocar azarações e maldições. 

A garota permaneceu escondida enquanto feitiços eram atirados de um lado para o outro na sala, e somente saiu de seu esconderijo quando notou que o duelo havia terminado.

Saiu, apreensiva e esperando pelo pior, mas surpreendeu-se ao encontrar o professor, sentado ao chão, no centro da sala e seu pai desacordado, ao canto. Dumbledore parecia ainda indeciso com o que o faria, e ela revelou que o castelo na verdade era uma prisão para os inimigos de guerra, e que havia celas livres, as quais poderiam colocar o bruxo que ainda estava desacordado.

Ali era definitivamente melhor que Azkaban, e possuía diversos elfos que poderiam o manter vivo sem pestanejar.

 O professor lançou alguns feitiços na cela em que prendeu seu adversário, para que não corresse o risco de algum elfo tentar soltá-lo, obedecendo alguma ordem dele ou de algum outro superior, e após isso partiu de volta a Hogwarts.

Ilka também não tardou em segui-lo, apenas recolheu a varinha de seu pai, que estava largada no chão do salão principal e partiu logo em seguida, de volta à escola. Assim que chegou ao castelo, correu até a sala de transfiguração, em busca do professor. 

Não queria ficar com aquele objeto, ela sabia o que ele era, e sabia que ele agora pertencia a Alvo.

No caminho acabou trombando com um conhecido, que tentou interceptar sua corrida, segurando-a pelo braço.

— Ei, mal voltou e acha que vai fugir assim? – Sprout questionou.

Era difícil não pensar que apenas o viu uma única vez sem o uniforme de Hogwarts ou o de quadribol, e que suas roupas chamavam atenção. Leonard era definitivamente um garoto que se importava com suas vestes e se mantinha a par da moda.

Usava uma calça social larga e de cós alto, que se mantinha na posição certa devido a um fino cinto preto de couro. Por dentro da calça ficava parte da blusa, também social, porém de mangas curtas, e com os primeiros botões abertos, deixando o seu peito parcialmente à mostra. A parte inferior era escura, que contrastava com o torso claro. Seus cabelos, como sempre, estavam uma bagunça, com cachos espalhados, mas isso não o tornava mais feio, muito pelo contrário.

— Perdão, Leo, mas eu realmente tenho que ir, é urgente – disse ela, ainda com a varinha em mãos, e o garoto logo notou o que estava segurando.

— O que é tão urgente? É algo que eu possa ajudar? – ele perguntou, afrouxando o aperto em seu braço.

— Estou procurando pelo professor Dumbledore, por acaso o viu?

— Ele estava perto da sala do diretor a última vez que o vi. Por que Dumbledore é tão importante agora? Algo aconteceu? Devo me preocupar com você? – Leo pareceu ansioso, temendo pela amiga.

— Se está tão preocupado e faz tanta questão de saber eu lhe digo, o professor Dumbledore acabou de prender o meu pai e provavelmente vai entrar em contato com o ministério, e eu apenas quero conversar com ele antes – Ilka finalmente lhe contou.

Na virada do ano, havia chegado na decisão de que não esconderia mais sua identidade de ninguém, e se alguém a julgasse pelo seu sobrenome, a pessoa era a errada da história, e não ela.

— Como assim prendeu seu pai? Ele não estava trabalhando nos Estados Unidos? – perguntou Leo, confuso pela revelação da garota.

— Ele estava, mas agora está preso – explicou Ilka, virando-se de costas para o amigo – É uma longa história. Eu sou uma Grindelwald Leo, espero que não seja um problema para você – revelou, olhando o rosto surpreso do lufano uma última vez antes de correr na direção contrária a que ia anteriormente, rumo ao escritório do diretor.

Quando enfim chegou em frente a grande estátua que dava acesso à sala de Dippet, Ilka preferiu não incomodar, e sentou-se no banco ao lado, esperando o momento que Dumbledore apareceria. Provavelmente estava tratando alguns assuntos com o diretor e não demoraria tanto. Escondeu a varinha de seu pai em suas vestes e aguardou.

Ao fim, ela estava errada, e acabou tendo de esperar mais do que o previsto, pelo professor, que apenas deixou a sala do diretor depois de algumas horas. E, assim que desceu pela escada escondida pela estátua, notou a garota ali sentada no banco.

— Ilka? O que faz aqui? – questionou ele, parecendo preocupado. Notou que a garota usava as mesmas vestes de cedo, não se dando o trabalho sequer de tomar um banho quando chegou em Hogwarts – Está tudo bem?

— Está tudo bem sim, professor. Somente queria lhe entregar isso, pertence a você agora, não confiaria deixar lá no castelo para que qualquer um pegasse – explicou Ilka, levantando-se com a presença de Alvo, entregando-lhe a varinha que havia escondido em suas vestes.

— A varinha de seu pai? – ele perguntou, confuso, mas uma ideia pareceu surgir em sua mente e ele logo mudou de expressão, parecendo surpreso – Não me diga que é...

— É. Ele conseguiu, professor. E agora que o senhor o derrotou, ela pertence a você – esclareceu, e Dumbledore relutou em aceitar a varinha.

— Não sei se devo.

— É sua, professor. Acredito que ninguém merece mais do que o senhor, a posse da varinha é mérito seu.

— Obrigado, Ilka. Sou grato pela senhorita confiar em mim, mesmo com todas as circunstâncias – o vice-diretor agradeceu, finalmente aceitando o objeto mágico.

Ilka finalmente sentiu que poderia descansar. Havia entregado a varinha das varinhas ao seu verdadeiro dono e agora não precisava mais se preocupar com as chances de seu pai acabar sendo assassinado pelo ministério. 

Muitas pessoas entenderiam suas ações como traição, pois havia contribuído com a prisão de seu próprio pai, mas ela sabia que aquela era a melhor opção para o momento.

Era evidente que, apesar de tudo que havia acontecido, Dumbledore ainda se importava com Gellert, e Ilka acreditava que ele o amava verdadeiramente. 

Lembrava pouco de sua mãe, mas algo que ela se recordava claramente era que Orsolya não possuía uma relação de amor com seu pai. O sentimento era muito mais próximo de adoração do que de amor em si. E Alvo agia e demonstrava algo muito parecido com o que ela acreditava que fosse amor.

Caminhou, vagarosamente pelos corredores, sentindo finalmente aquele sentimento de culpa cair sobre si, enquanto dirigia-se para seus aposentos nas masmorras.

Quando finalmente chegou ao salão comunal da sonserina, Ilka logo reconheceu uma figura familiar ali. Não esperava o encontrar tão cedo, e não havia se preparado psicologicamente para aquele encontro. Não possuía nada elaborado para dizer-lhe, e tinha medo de como seria sua reação ao vê-la ali.

Tom estava sentado no sofá, ao centro do salão, com as costas recostadas no encosto do sofá, e as pernas cruzadas. Parecia distraído, com olhar baixo e fixado no objeto que possuía em mãos. Um livro, como o esperado. 

Ilka suspirou profundamente, e se aproximou do garoto, chegando à conclusão que fingir que não o vira ali somente pioraria a situação.

 Sentou-se ao lado do moreno, que moveu-se, levemente desconfortável, ao sentir uma presença do seu lado. Riddle fechou o livro com agressividade e virou-se, preparado para repreender quem quer tivesse sentado ao seu lado sem permissão, invadindo o seu tão precioso espaço pessoal.

— Ilka? O que faz aqui? – perguntou ele, parecendo surpreso pela garota estar ali – Não ia passar o feriado com seu pai?

— Eu passei o feriado com meu pai, mas agora estou de volta – Ilka explicou, ajeitando-se no sofá, procurando por uma posição confortável.

— Estava previsto que os alunos que fossem passar o natal e ano novo fora de Hogwarts somente voltariam daqui a três dias, aconteceu algo para você ter voltado por agora? – questionou ele, enquanto guardava o livro que lia, parecendo mais interessado na garota que agora o acompanhava.

— Meu pai foi preso, Tom. Por isso eu voltei. Para um bem maior finalmente chegou ao seu fim, e meu pai está preso – revelou a garota, se sentindo mais leve em poder dizer a verdade.

— Como? Grindelwald foi considerado o bruxo mais perigoso e poderoso do século, como o ministério conseguiu o parar? Você estava lá? Não fez nada? – começou a bombardeá-la com perguntas.

— Nunca que o ministério sozinho conseguiria parar meu pai com tanta facilidade, também não conseguiriam fazer sem criar toda uma cena em cima disso. E eu estava sim lá, e fiz a minha parte.

— Se não foi o ministério, quem o derrotou? Não fez nada para impedir?

— Como filha eu fiz a minha parte, visando qual situação seria a melhor para o meu pai. Eu mesma escolhi a cela em que ele ficaria – Ilka respondeu, levantando o olhar e encarando Tom seriamente, para que ele entendesse o que ela havia feito.

— Você traiu seu próprio pai? – Riddle questionou, se afastando discretamente, recusando-se a acreditar que sua namorada seria capaz de algo do tipo.

— Eu entrei em contato com alguém que eu sabia que amava tanto o meu pai quanto eu, e que se preocupava com ele. Caso o ministério juntasse os seus sei-lá-quantos aurores e conseguissem a sua derrota, meu pai seria condenado a um beijo de dementador, quem sabe até algo pior. Você pode ver como traição, mas eu fiz o que fiz somente pensando que seria o único jeito de manter meu pai vivo e bem.

— Então você somente arruinou todos os planos do seu pai, mas o manteve vivo.

— Eu faria o mesmo por você, Tom. Talvez eu faça algo que vá contra o que você almeja, mas se eu o fizer pode ter certeza que eu fiz tentando lhe proteger de alguma maneira – explicou, já cansada de justificativas. Ela se levantou, recolhendo sua bolsa, que estava jogada no chão – Boa noite Tom, preciso descansar. Quem sabe amanhã você tenha entendido melhor o que eu fiz e por que eu fiz.

E ao despedir-se, Ilka virou-se e foi embora para o seu quarto, o qual parecia abandonado sem suas colegas. Guardou seus itens, tomou seu banho e quando enfim deitou-se na cama para descansar, permitiu-se finalmente chorar.

Chorou como nunca, como não chorava há anos. Mas sentiu-se leve. Não precisava mais se preocupar em esconder a sua identidade real de seus amigos, e muito menos em dormir sabendo da possibilidade de acordar órfã. Estava segura agora.

No dia seguinte, Riddle parecia mais compreensivo. Cumprimentaram-se de manhã com um beijo singelo e ele pediu desculpas por não ter respeitado o momento de Ilka, já que tudo havia sido muito recente e ela provavelmente ainda estava fragilizada quando ele a bombardeou com perguntas.

Ilka entendeu o lado de seu namorado, e não fez muito drama em cima do assunto. 

Os dois tomaram o café da manhã juntos e leram também um na companhia do outro o conteúdo do Profeta Diário, que estampava em sua capa a prisão de Nurmengard, que abrigava agora Grindelwald.

A garota se surpreendeu, porém aceitou bem que agora o belo castelo que ela havia conhecido como lar, não passava de uma prisão que abrigava o poderoso bruxo das trevas Gellert Grindelwald.

 


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