Truque do Destino escrita por Akiel


Capítulo 2
II - Perguntas




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Truque do Destino

 

II – Perguntas

Noite das Mil Luas. Muitos pensaram que as luas que apareceram no céu eram o sinal de que uma nova Conjunção das Esferas se iniciava, mas nada parecia mudar naquela noite. Exceto a magia. Nenhum feitiço era impossível de se fazer, nenhum desejo era incapaz de ser respondido. As mil luas quebraram todos as leis da magia. Naquela noite, a coração de nenhum feiticeiro possuía limites.

(Trecho de um rascunho encontrado na biblioteca da Academia de Oxenfurd)

 

Velen

 As palavras das Senhoras da Floresta ainda sussurram nos pensamentos do witcher, inquietando o coração que se recusa a acreditar. Elas não poderiam estar falando sobre Ileanna. Uma memória banida retorna sem controle, cegando Geralt para o pântano e o levando de volta para Kaer Morhen, tanto anos atrás. Na própria mente, o Lobo Branco vê uma menina de cabelo tão negro quanto as penas de um corvo e olhos dourados, de pupilas verticais, como de todos os witchers. Ela está nos braços de Vesemir, que a segura enquanto ambos observam Lambert e Eskel treinar. Lambert grita, a chama para treinar também, fazendo o mais velho dos witchers rir e segurá-la com mais força, porque ela quer ir, ela quer treinar, mas ela ainda é muito nova. Ileanna sempre gostou das espadas. O pensamento invade a lembrança e desperta Geralt para a realidade.

Os olhos do witcher caem sobre a mulher deixada encolhida em um canto, parecendo perdida na imensidão do pântano sem as crianças para cuidar. Mesmo sem uma imagem para guiá-lo na busca pela esposa do Barão Sanguinário, Geralt não esperava encontrar uma mulher tão quebrada, incapaz de escapar do poder e do controle das Senhoras da Floresta. Por um momento, o witcher se pega imaginando o significado das provocações das Senhoras, se elas realmente encontram Ileanna. O sangue do Lobo Branco ferve ao pensar que elas possam ter feito a Ileanna o que ameaçaram fazer com Ciri. Voltando a atenção para a Vovó, o witcher se aproxima alguns passos, a pergunta se formando nos lábios antes que a mente possa controlar:

— A garota que as Senhoras falaram...

— Não! – a mulher o interrompe com veemência – Ela é proibida!

Proibida. Intocável. As palavras retornam à mente de Geralt. O que elas poderiam significar? Por que Ileanna seria descrita como proibida e intocável? Sem mais nenhuma palavra, a Vovó se retira, voltando para a proteção do interior da casa. Deixado sozinho com os próprios pensamentos, o witcher dirige a atenção para o pântano, tentando encontrar algum caminho, alguma pista, que possa mostrar que Ileanna esteve ali. É nesse momento que Geralt se recorda de alguém que conhece as Senhoras e que, talvez, possa fornecer respostas. O olhar dourado passa por entre as árvores, os pés seguindo a trilha conhecida até a pequena caverna, quase invisível em meio à vegetação. O witcher se ajoelha diante da entrada, os olhos atentos procurando por um sinal do ocupante.

— Johnny? – Geralt chama – Johnny!

Logo, os olhos do púero podem ser vistos em meio às sombras e, após um momento de hesitação, terminado com o reconhecimento do visitante, a pequena criatura sai de seu esconderijo.

— Ei, é você! – Johnny diz como forma de cumprimento – Você está de volta!

— Preciso da sua ajuda de novo, Johnny. – o witcher diz – As Senhoras falaram sobre uma garota e eu quero saber o que você sabe sobre ela.

— Que garota? – o púero questiona batendo um dos pés no chão.

— Ela... – Geralt começa, mas logo se interrompe, incerto sobre como perguntar sobre Ileanna – As Senhoras disseram que ela é proibida, intocável. – ante as palavras do witcher, o púero assente.

— A garota de armadura! – ele responde – Faz muito tempo que ela não aparece por aqui.

— Fale-me sobre ela, Johnny. – o Lobo Branco diz – Por que ela é proibida e intocável?

— Porque o homem em armadura disse. – percebendo a confusão no olhar de Geralt, o púero suspira e continua – Eu não sei quem é ela, mas ela apareceu por aqui algumas vezes, com um homem, para falar com as Senhoras.

— Conte-me sobre a primeira vez que os viu. – Geralt pede.

— Eles vieram usando armaduras e a cavalo. Quando eles chegaram, todo pântano pareceu congelar, tudo ficou frio. Eu sai para ver de onde todo frio estava vindo e eu os vi. – Johnny conta – As Senhoras ficaram animadas quando viram a garota, a cheiraram e tentaram pegá-la. Mas o homem não deixou. Ele disse que ela estava fora dos limites, que ela era proibida. As Senhoras obedeceram ao homem e deixaram a garota em paz. – o púero faz uma pausa e o witcher aproveita para absorver a história – Ela me viu, sabia? O homem a deixou sozinha quando entrou na casa para conversar com as Senhoras e ela me viu escondido.

— Ela te atacou?

— Não. – a negativa é acompanhada pelo movimento da cabeça do púero – Ela sorriu e fez um sinal para eu ficar quieto. Ela não me pareceu má. Então, quando o homem voltou, eles subiram nos cavalos e foram embora por um buraco que a garota abriu no ar. Eles levaram o frio também.

— Obrigado, Johnny. – Geralt agradece, sorrindo para o púero e se colocando de pé.

Ela se tornou uma navegadora. Uma navegadora da Caçada Selvagem. Um suspiro escapa por entre os lábios do witcher. Tudo acabou de se complicar.

 

Skellige

A dança das chamas da lareira é acompanhada pelo atento olhar dourado, quase hipnotizado. O calor do aposento toca a pele clara, afastando o frio sentido durante a caminhada pela floresta. O encontro com os guerreiros foi inesperado, assim como o convite para a fortaleza, para conhecer o jarl desse lugar. Um discreto suspiro escapa por entre os lábios vermelhos. Ser pega nos modos de funcionar desse mundo não estava nos planos, apenas seguir o rastro de Zireael. E da Caçada Selvagem. Pensar nos cavaleiros vermelhos faz com que os dedos cobertos pelas luvas se contraíam, a raiva acordando no sangue.

As pálpebras se fecham, escondendo os olhos de witcher. Os pulmões capturam o ar aquecido, o usando para acalmar o ódio, para impedir que antigos ferimentos voltem a sangrar. A mente viaja para longe, para outra parte desse mundo, escondida de tudo, mesmo das lembranças da Caçada. A jovem feiticeira se recorda do lugar que aprendeu a chamar de lar e daqueles que a salvaram quando a queda para a morte parecia uma certeza inescapável. O som de passos se aproximando desperta a mente, fazendo-a retornar do reino da memória. Os olhos dourados se abrem, procurando pelo recém-chegado. As írises claras encontram um homem de cabelos e barba ruivos a observando com curiosa atenção.

O silêncio permanece como uma onda entre o jarl e a feiticeira, vacilante como o movimento do mar. O olhar claro de Crach an Craite não deixa a face jovem, marcada pela cicatriz. Quando foi informado sobre a presença de uma feiticeira em Ard Skellig, o guerreiro logo pensou em Yennefer e, por um momento, ao entrar no aposento, achou que sua suspeita se confirmaria. Foi apenas quando a feiticeira virou o rosto para vê-lo que ele percebeu não se tratar de Yenna. Ainda assim, a semelhança é impossível de negar. Se não fosse pela cicatriz e os olhos dourados, a jovem poderia se passar por uma cópia de Yennefer. E o olhar atento do jarl não falha em notar o medalhão na forma da cabeça de um lobo que permanece ao redor do pescoço do jovem feiticeira.

— Então você é a feiticeira sobre a qual meus rapazes falaram. – o homem diz, parando a alguns passos da jovem – Sou Crach an Craite, jarl of Ard Skellig.

— Sou Ileanna. – a jovem responde com uma mesura – E garanto que não desejo causar nenhum dano às suas terras.

Por um momento, Crach permite que o silêncio retorne, o olhar capturando mais detalhes sobre a jovem diante da lareira. O jarl percebe o modo como ela se coloca, a postura completamente reta, os braços relaxados ao lado do corpo e o rosto levantado, o olhar se recusando a ser diminuído. Para o líder dos an Craite, Ileanna tem a presença de alguém que conhece a própria força e o próprio poder, não temendo ser ameaçada. Pelo contrário, parece existir um desafio constante no olhar dourado. Um vento frio invade o aposento, tremulando as chamas. Apesar das palavras ditas, Crach não consegue afastar a sensação de que a feiticeira pode ser uma perigosa ameaça às ilhas. Aproximando-se de uma mesa, e usando a madeira para apoiar o corpo, o jarl questiona:

— Então, o que é que a traz até as Ilhas de Skellige?

— Procuro por uma pessoa. – Ileanna responde após um momento de quase imperceptível hesitação – Acredito que ela tenha passado por essa ilha.

— Essa pessoa é importante para você? – Crach pergunta ao ver, por um segundo, a intensa vontade de encontrar que se revela nas írises douradas – Ela tem um nome?

— Ela era minha... – a jovem feiticeira parece ter dificuldade em encontrar uma palavra que defina a relação que possui com a pessoa procurada - Amiga. – há um leve timbre de incerteza na voz – O nome dela é Zir... – uma pausa, a feiticeira parecendo perceber um erro no último instante – Nesse mundo, ela é conhecida como Cirilla.

Ciri. Com a simples menção de um nome, toda atmosfera no aposento se modifica, se tornando mais pesada e tensa. O olhar claro do jarl observa atentamente a face da jovem feiticeira, procurando por um algum motivo escuso escondido na feição relaxada. Ao mesmo tempo, as írises douradas assistem a todas as emoções que passam de modo transparente pelo rosto de Crach, um suave sorriso esticando os lábios vermelhos. Para o líder dos an Craite, a fala de Ileanna é uma confirmação do próprio instinto. Ela pode se tornar uma poderosa ameaça.

— Você a conhece. – Ileanna afirma sem a menor sombra de dúvida na voz.

— Sim. – o guerreiro responde após um momento de ponderação. O sorriso nos lábios vermelhos e a certeza nos olhos de witcher deixam claro que a feiticeira perceberia qualquer mentira – E, por isso, me pergunto o que você quer com Ciri e como você a conhece.

Alguns segundos se passam em silêncio, a ausência de som deixando mais evidente o desafio sem voz que acontece entre o jarl e a jovem feiticeira. Para Ileanna, é perceptível o sentimento de proteção que ecoa nas palavras de Crach, mostrando alguém pronto para defender Zireael ao menor sinal de perigo. A presença de alguém que se importa tanto auxilia a feiticeira a entender a força da vontade da Andorinha de retornar para esse mundo. Contudo, não há apenas proteção para com Ciri no olhar claro e sério do jarl. Há também uma intensa cautela dirigida à jovem de olhos dourados. Ileanna percebe que Crach a estuda, tentando conseguir dados o suficiente para julgá-la como inimiga ou aliada. Ou nenhuma das opções. Um jogo de palavras e aparência, de desafios e ameaças veladas. A jovem feiticeira sentiu falta desse tipo de jogo.

— Eu conheci Cirilla anos atrás. – a feiticeira finalmente responde – Ela era uma convidada no palácio do meu rei. Quanto as minhas intenções... Sei que ela está em perigo e desejo encontrá-la. Isso é tudo.

— E onde fica o palácio do seu rei? – Crach questiona, o tom de voz mais sério e alerta diante da menção de perigo. Ileanna leva apenas um segundo para responder:

Em outro mundo.

 

Anos atrás

 

Os cavalos se aproximam de um suntuoso palácio, belamente construído e iluminado pelos últimos raios de sol do dia. A cada metro ultrapassado, Ciri sente a inquietação de Kelpie aumentar e ecoar em seu interior. Os olhos verdes são dirigidos ao acompanhante, mas Avallac’h permanece com o olhar fixo no caminho a frente, o rosto belo erguido com altivez. Respirando fundo, a garota retorna a atenção para o palácio, notando, pela primeira vez, as duas presenças que parecem aguardar na entrada. O olhar esmeralda reconhece o homem como sendo aquele encontrado mais cedo. Eredin. Ao desmontar de Kelpie, Ciri consegue ver melhor a mulher com quem Eredin conversa, embora ela se mantenha de perfil, o cabelo negro ocultando parcialmente o rosto. A lembrança evocada pela aparência da desconhecida, entretanto, é o suficiente para fazer Ciri correr em sua direção.

— Yennefer! – o nome deixa os lábios sem que a mente possa controlar.

O chamado faz com que a mulher de cabelos negros vire o rosto e a face que se volta para Ciri desfaz o sorriso nos lábios finos. Não é Yennefer. Apesar do cabelo do mesmo tom, a desconhecida possui olhos dourados, com pupilas verticais, uma forma familiar para a garota de cabelos acinzentados. A desconhecida não parece ser muito mais velha do que Ciri, o rosto jovem e bem maquiado, sem marcas ou cicatrizes. O olhar verde logo percebe o medalhão na forma da cabeça de um lobo que se encontra ao redor do pescoço da jovem. O alívio e a felicidade sentidos diante da perspectiva de reencontrar Yennefer se desfazem no coração de Ciri, sendo substituídos pela cautela e pela hesitação.

— Você deve ser Zireael. – a desconhecida diz, um sorriso suave esticando os lábios vermelhos.

— O que faz aqui, Ileanna? – Avallac’h questiona com um leve tom de reprovação na voz.

— Auberon pediu que ela auxiliasse Zireael e a fizesse companhia. – Eredin responde antes que a jovem possa dizer qualquer coisa, um claro tom de provocação colorindo as palavras.

— Não se preocupe, Avallac’h. – Ileanna começa, o olhar se voltando para o elfo, a voz ecoando a provocação expressa por Eredin – Não irei tomar a sua autoridade.

Uma fraca sombra de irritação surge na face de Avallac’h, sendo perceptível apenas na contração das sobrancelhas. Um longo momento é passado em silêncio, durante o qual o Sábio e a jovem de olhos dourados parecem ter uma conversa sem som. Ciri tem a sensação de que, quem quer que ela seja, Ileanna conhece Avallac’h muito bem. Oferecendo um sorriso pintado de divertimento e provocação para o elfo e, com isso, colocando um término à muda conversa, a jovem volta o olhar para Ciri.

— É um prazer conhecê-la, Zireael. – ela diz – Por favor, siga-me.

Antes de responder ao pedido, Ciri procura o olhar claro de Avallac’h. Somente após o Sábio assentir, a Criança de Sangue Antigo decide seguir a intrigante garota de olhos de witcher.

 

Presente

 

Skellige

— Não estou pedindo que acredite em mim. – Ileanna diz diante da surpresa nos olhos do jarl – Mas digo uma vez mais: minha única intenção é achar Cirilla. Não desejo causar nenhum mal à ela ou as suas terras.

— Então você não pede nada de mim? – Crach questiona.

— Somente que me permita continuar em seu território. – a feiticeira responde, o sorriso sendo desfeito e a face jovem assumindo uma expressão mais séria e comprometida.

— E se eu me recusar a permitir?

— Eu irei embora. Imediatamente.

A prontidão e a certeza com que a resposta é dada surpreende o líder dos an Craite. Na verdade, o jarl de Ard Skellig não sabe o que pensar sobre a jovem feiticeira. Há uma provocação e um desafio que parecem incapazes de abandonar a postura de Ileanna. E, ao mesmo tempo, as palavras ditas soam verdadeiras, sem traços de mentiras ou enganações. Os olhos de Crach observam a jovem de olhos dourados da cabeça aos pés, reforçando na mente cada detalhe e palavra dita. Ileanna é um mistério e um que é melhor ser mantido por perto.

— Você acredita que Ciri passou por aqui? – o jarl questiona, ponderando o que fazer com a feiticeira.

— Sim. – Ileanna responde – Eu conheço o poder que Cirilla possui, o reconheceria em qualquer lugar. – uma pausa, as írises procurando e se fixando no olhar claro do guerreiro – Houve uma explosão de energia aqui e eu tenho certeza de que Cirilla estava no centro. Estava investigando isso quando encontrei seus guerreiros.

Por um momento, Crach deixa que as palavras da feiticeira permaneçam no ar, pesando entre eles. O jarl sabe que há muito mais do que Ileanna está contando, do que está disposta a dizer. Contudo, ela contou o suficiente para fazê-lo decidir.

— Você pode permanecer. – o jarl diz – Será minha convidada pessoal. Ficará hospedada aqui, em Kaer Trolde e poderá ir onde quiser em Ard Skellig.

A jovem feiticeira sorri, lendo a intenção do jarl. A confiança – ou desconfiança – de Crach an Craite não importa. O desejo de Ileanna é achar Zireael antes da Caçada Selvagem. E, com isso, achar ele também, quem sabe. O objetivo original era permanecer incógnita na ilha, mas ela não irá recusar uma oferta de abrigo. Ainda mais de alguém aparentemente tão justo e confiável quanto o jarl de Ard Skellig.

— Eu agradeço. – a jovem de olhos de witcher diz, fazendo uma curta mesura.

 

Estrada de Velen para Novigrad

Com o pôr-do-sol no horizonte, Geralt deixa que todos os acontecimentos do dia sejam colocados para descansar. A maldição de Anna Strenger e a morte do Barão Sanguinário foram o desfecho de uma história que há muito tempo prometia terminar em tragédia O único ponto de conforto sendo que as crianças do pântano se encontram a salvo e longe do alcance das Senhoras da Floresta. Velen provou ser realmente uma terra de ninguém, onde o medo e o desespero governam, empurrando as pessoas para o controle de poderes que as dominam e manipulam. Para o witcher, é hora de deixar essa terra e seguir para a próxima pista de Ciri, para Novigrad.

No silêncio da última hora do dia, a fogueira começa a crepitar. As espadas foram deixadas no chão, perto o suficiente para que a mão possa alcançá-las com rapidez. O Lobo Branco se coloca de joelhos, mas a recém-descoberta não permite que a mente alcance o nível necessário de relaxamento para meditar, ecoando como um insistente pensamento. Ileanna está viva. Morte não foi algo que Geralt tenha pensado que acontecera com Ileanna, entretanto, após tantos anos, era difícil pensar nela, quanto mais em qual tipo de vida poderia estar vivendo. Ou que poderia retornar para esse mundo. Com a Caçada Selvagem. Ileanna se tornou parte da Caçada. Isso poderia significar que, procurando por Ciri, o witcher acabaria enfrentando Ileanna? A noite cobre o mundo com sombras e o crepitar da fogueira continua, o único som a quebrar o silêncio.

Envolta pelas sombras da noite, a mente de Geralt se deixa dominar pelo eco das memórias, sendo guiada para um sonho que angustia a mente e faz com que o corpo se inquiete mesmo ajoelhado. O witcher vê Ciri e Ileanna exatamente como se recorda delas, duas meninas correndo pela floresta, as mãos dadas e sorrisos nas faces. Entretanto, a grama começa a congelar, o frio fazendo as duas meninas pararem e olharem ao redor. Entre as árvores, cavaleiros da Caçada Selvagem se encontram a postos, espadas desembainhadas e cavalos prontos para a perseguição. Quando o primeiro cavalo se move, Ciri e Ileanna voltam a correr, dessa vez, com mais rapidez e com medo nos rostos. Uma raíz escondida pela neve faz com que as meninas tropecem e caiam. Ao levantarem, Ileanna manda Ciri correr na frente. A menina de olhos verdes não quer obedecer, mas o som dos cavaleiros se aproximando a faz voltar a correr. Ciri corre o máximo que pode, parando e se escondendo atrás de uma larga árvore para poder recuperar o fôlego. Um som metálico captura a atenção da menina, que vê um medalhão com o formato da cabeça de um lobo jogado no chão, o sangue que o molha manchando a neve. Ao tentar olhar para trás, Ciri se depara com a figura imponente de Eredin. O rei da caçada ergue a espada e, quando a desce na direção da menina, os olhos do witcher se abrem, encontrando as chamas enfraquecidas da fogueira.

Por alguns segundos, Geralt apenas olha para a paisagem ao redor, deixando que a mente abandone o sonho e retorne para a realidade, mas os pensamentos não são tão pacientes. Ileanna e Ciri nunca se encontraram, o witcher tendo conhecido a princesa de Cintra anos após Ileanna ter sido levada. Mas no sonho, as duas estavam sendo perseguidas pela Caçada Selvagem. Então, talvez, Ileanna não seja mais parte da Caçada, Johnny disse que há muito tempo ela não aparece no pântano. Poderia ser que, assim como Ciri, Ileanna esteja sendo perseguida pela Caçada Selvagem?

 

Skellige

A suave brisa traz o frio do mar, como se empurrada pelas ondas. Um negro capuz esconde parcialmente os olhos dourados que, seguros na distância, observam a cena que se desenrola na praia de Ard Skellig. Crach an Craite recepciona uma mulher recém-chegada, de longos e ondulados cabelos negros, vestida em branco e preto. A jovem feiticeira ouviu o nome da mulher sendo sussurrado nas conversas em Kaer Trolde. Então essa é Yennefer. Ileanna sente uma antiga curiosidade ser saciada, mas, quanto mais o tempo passa, mais a feiticeira sente outra sensação sendo despertada pela mulher de cabelos negros. Uma sensação quase similar a familiaridade.


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Notas finais do capítulo

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