Observei Sally encaixotar meus pertences, até que ela me encarou.

— Muito folgadinho você! — Ela brincou e eu voltei a ajudar.

Me perguntava se ela ficaria bem sozinha, se talvez ela gostaria de se mudar para um apartamento próximo ao meu... se eu continuaria sendo um bom filho ao deixá-la nessa casa imensa cheia das lembranças soturnas de Poseidon.

— Mãe... — Seus olhos castanhos amenos me encararam. — Estava pensando se você não gostaria de se mudar... Morar mais próximo de mim.

Ela sorriu.

— Ah Percy... Essa casa é o legado que seu pai mais zelava, vivia me contando que não via a hora para você a herdar, e ela ficar muito tempo na nossa família. — Ela abaixou o olhar para as caixas.

Pensei sobre suas palavras e passei a admirar mais o amor dos meus pais um pelo o outro e por mim. Eu sentia falta de Poseidon todos os dias, gostaria que ele estivesse vivo, que nós pudéssemos ter nossas conversas intermináveis de sempre, e que eu lhe pudesse contar sobre Annabeth.

Quando o caminhão de mudança chegou, os auxiliares colocaram meus móveis e caixas dentro, enquanto eu fui falar com o responsável.

— Bom dia Sr H. — Sorri para o homem loiro frente ao volante, que levantou um pouco o boné.

— Bom dia Percy, já informei aos homens da organização que faremos no apartamento, pode ficar tranquilo na sua viagem. — Ele me disse.

— Eu pedi para minha secretária que ajudassem vocês também, caso seja necessário. — Falei e observei a pintura na lateral no caminhão, um caduceu com os dizeres Hermes Company.

Após a ida do caminhão, entrei novamente em casa para pegar apenas a mochila de viagem e fixar a prancha de surf no bagageiro do carro. Dei um beijo na bochecha de Sally e me despedi, enviando uma mensagem para Annabeth de que logo estaria em sua casa.

Em pleno mês de fevereiro, o céu se encontrava com poucas nuvens e um sol perfeito sob a cidade, declarando um verão que finalmente deu as caras. Como estava combinado a meses atrás, finalmente eu e Annabeth faríamos nossa viagem até a praia.

Comentamos sobre isso com Thalia e Luke, que logo se incluíram no plano e Castellan ofereceu sua casa de praia para nosso fim de semana, que seria o último antes da empresa Olympius reatar seus atividades.

Avistei Annabeth, em um vestido de verão branco rodado, caminhando até mim e me senti o homem mais sortudo da raça humana por tê-la comigo. Ela trazia uma bolsa e tinha os cabelos presos.

— Oi amor! — Ela sorriu radiante e pensei sobre quanto essa estação combinava com ela.

Sorri e a beijei depois que ela se acomodou no banco do passageiro.

— Onde está Thalia? — Perguntei, já que as duas dividiam apartamento.

— Ela decidiu ir na frente com Luke para dar uma geral na casa.

— Sei bem a geral que Luke quer fazer...

— Percy! — Rimos e dei partida na marcha.

Desde o baile empresarial, eu e Annabeth não nos desgrudamos mais, e isso me agradava muito. Todo o tempo que passamos juntos nunca parecia o bastante, e eu sempre acabava precisando de mais. Ficamos o natal e ano novo juntos, ao lado de nossos amigos, e agora faríamos a nossa primeira viagem.

Olhando para o passado, é evidente o quanto a loira havia transformado minha vida desde agosto. Me sentia completamente sortudo de encontrar alguém assim, que é totalmente recíproca aos meus sentimentos, que me apoiou no pior momento após a morte de Poseidon e me ajudou a enxergar além de toda a dor.

Dei uma olhada nela, tinha a cabeça balançando suavemente no ritmo da música e os lábios cantarolavam baixo. Ao voltar meu olhar para a estrada, foi tudo muito rápido, puxei o volante para o lado contrário ao outro carro que claramente iria se chocar com o nosso, e desci estrada a fora, mas não escapei do poste de luz que se fixou no motor, e com a colisão tudo se apagou.