Roommates escrita por weasleyyys


Capítulo 3
Neighbors


Notas iniciais do capítulo

OLA REBANHO
Me desculpem pela demora, essa semana foi bem corrida pra mim, mas cheguey
Infelizmente esse é o último capítulo pronto que eu tenho, então a partir de agora as postagens vão demorar um pouco mais.
Nesse capítulo eu tentei dar uma desenvolvida na relação dos dois, mostrando o modo como as coisas vão se desenrolar daqui pra frente skkskd
Enfim, o capítulo tá aqui, e espero muito que vocês gostem!!!



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Luke

 

"Shawn, eu vou cair!" berrei, me agarrando aos fios que seguravam a ponte. Abaixo, tudo o que havia era água, e eu estava no meio da travessia para a terra firme, onde Liz me encarava zangada. Eu segurava o celular dela bem rente à minha orelha, tentando ouvir Shawn Mendes enquanto tentava não cair. Por algum motivo, eu fora fazer rapel sem ter fios de segurança para me salvar se por acaso eu despencasse para a morte. No momento, eu tinha certeza que despencaria. "Ou pior: o celular da Liz vai cair, e daí eu vou ser esquartejado."

 

"Cara, você quer ou não cantar ao vivo no meu próximo show?" A voz de Shawn era persuasiva, e ele não parecia dar a mínima para a minha morte eminente. 

 

A ponte balançou, e eu perdi o equilíbrio, soltando um gritinho nada bonito. Agora eu me segurava apenas pelas mãos, e o celular estava preso entre meu pescoço e minha bochecha. 

 

"Luke!" escutei Liz gritar, e alguém me chacoalhou. "Luke, levanta, ô peso morto!" 

 

Levantar? O que essa menina achava que eu era, o Tony Stark?

 

O celular escorregou, caindo para a água lá embaixo. "Shawn!" berrei, escutando o ploft que significava minha chance de ser uma estrela sendo, literalmente, afogada. 

 

Então meus braços cederam e eu despenquei, batendo de cara com...

 

O chão.

 

Gemi, sentando rápido e olhando ao redor, encontrando Liz em pé ao meu lado, as mãos na cintura. 

 

— O que foi? — pedi, franzindo a testa e passando a mão pelo cabelo. Antes que ela pudesse responder, a campainha tocou, e Liz ergueu a sobrancelha. 

 

— Tem uma pulga bidestra tocando nossa campainha faz dez minutos. — explicou, de mau humor.

 

— Essas horas da madrugada? — indaguei, desacreditado. Ainda eram dez da manhã. Liz assentiu, parecendo tão indignada quanto eu. Seus cabelos estavam bagunçados, e ela ainda usava o pijama de ovelhinhas de ontem, quando fora dormir. 

 

A campainha tocou novamente, e ela me puxou do chão, me arrastando até a porta e a abrindo. 

 

— O que você quer? — Liz bradou, antes que a mulher do lado de fora tivesse chance de dizer qualquer coisa. Apesar da postura de Liz, ela sorriu amigavelmente e acenou. 

 

— Oi! — disse, nos analisando. Ela possuía cabelos louros compridos e parecia ter uns trinta e cinco anos. — Vocês são os novos moradores do prédio, não são? 

 

— Aham — murmurei, lhe estendendo a mão. Liz, por outro lado, ainda a encarava como se estivesse louca para voar no pescoço da moça. 

 

— Meu nome é Charlotte — ela se apresentou, dando outro sorriso. — É a primeira vez de vocês em Nova York?

 

— É. Eu sou o Luke e a minha amiga aqui é a Liz — nos apresentei, meio constrangido. Eu conseguia imaginar o que a mulher estava vendo: dois jovens com a cara amassada e cabelos despenteados, que ainda não haviam se situado no tempo e espaço. Charlotte, porém, não parecia dar a mínima. Pigarreei. — Estamos dividindo o apartamento, já que vamos fazer faculdade aqui na NYU.

 

— Ah, eu imaginei — Charlotte comentou, e olhou para o outro lado do andar, onde uma porta para outro apartamento estava aberta. — Eu moro logo ali, se precisarem de alguma coisa, beleza? Ah, e eu queria apresentar a vocês meus filhos, mas não sei onde se meteram... Harry! Shannon! Venham aqui! — ela berrou, e um garotinho loiro de uns seis anos de idade apareceu na porta, parecendo envergonhado. Charlotte deu sinal pare que ele se aproximasse e nos cumprimentasse. Em suas mãos trazia um bolo de chocolate que parecia muito bom. 

 

— Oi — ele disse. — Sou o Harry. 

 

— E aí, cara? — sorri e ergui a mão para batermos um high-five. — Sou o Luke.

 

— Oi — Liz falou, ainda meio grogue. — Sou a Liz — de repente, ela pareceu notar o que o garoto carregava. — Ai meu Deus, isso é bolo? 

 

Harry sorriu, assentindo e esticando os bracinhos com a bandeja. 

 

— É pra vocês. Eu que ajudei a mamãe a fazer! 

 

Os olhos de Liz brilharam, e ela pegou o bolo como se fosse a coisa mais linda do mundo. 

 

— Muito obrigada — ela disse, ainda não acreditando, o mau humor matinal completamente deixado de lado. 

 

Charlotte riu, e nesse momento uma garotinha de uns três anos saiu correndo do apartamento e parou ao lado de Harry. 

 

— Harry, eu que queria dar o bolo! — ela disse indignada, as palavras ainda meio embaralhadas, se virando para nós com suas bochechas rosadas. — Oi, eu sou a Shannon.

 

Eu e Liz nos apresentamos novamente, e Harry pediu de onde tínhamos vindo.

 

— Eu sou do Texas — Liz falou. — Sempre quis vir pra Nova York.

 

— Sou de Washington — Respondi. 

 

Charlotte contou que moravam em Nova York desde sempre, e pediu como nos conhecemos, então explicamos toda a nossa história sobre o aeroporto. Logo já conhecíamos metade da vida deles, e eles da nossa, o que me fez pensar que acordar cedo daquele jeito não fora tão ruim.

 

No final, Charlotte se despediu dizendo que precisava ir trabalhar, e as crianças iam para a escola, então eu e Liz voltamos para dentro do apartamento e começamos a comer o bolo.

 

— O que vai fazer hoje? — Pedi enquanto tomava um gole de Nescau.

 

— Acho que dar uma organizada nas minhas coisas. Não quero deixar tudo pra a última hora, depois que as aulas começarem.

 

Com a lembrança das aulas, meu olho teve um espasmo. Gemi, encostando a cabeça na mesa. 

 

— Por que você foi me lembrar disso? — pedi, inconformado. Estudar era algo legal, mas isso quando eu não precisava realizar a tarefa. 

 

Logo que eu passei na faculdade, resolvi tirar umas férias longe de qualquer coisa envolvendo cadernos e canetas. Levi sempre ficava me amedrontando dizendo que a faculdade era a pior experiência da vida de um ser humano, e que se eu já achava a escola difícil, nunca ia conseguir sobreviver ao que vinha depois. Nunca dei muita bola pra ele, e eu costumava dizer que a faculdade seria a melhor época da minha vida. Eu já estava até planejando: era a hora de mirar lasers na janela dos vizinhos, correr pelado na rua e fugir para o México uma tarde para pular de paraquedas ilegalmente. Em geral, eu procurava não pensar muito na parte difícil do negócio, mesmo sabendo que ela viria. 

 

Agora eu não tinha certeza nem se eu lembrava de como se escrevia, e pensar que tudo começaria novamente dentro de dois dias era desanimador demais. 

 

— E você, o que vai fazer hoje? — Liz pediu, ignorando minha pergunta anterior. 

 

— Pelo jeito vou arrumar minhas coisas também — Falei de mau-humor, me levantando e colocando a louça na pia. Então reuni coragem, respirei fundo, peguei um avental que estava jogado ali perto e o amarrei ao redor da cintura, preparando minha mente para a transformação em elfo-doméstico. Não que eu nunca tivesse feito atividades de casa, porque eu tinha, mas eu fiquei tão focado em fugir das tarefas e da pressão de casa que não me toquei que viraria um elfo-doméstico 2.0 morando fora. 

 

Liz soltou uma gargalhada da minha figura, e eu revirei os olhos, jogando outro avental em sua direção.

 

『✦』 

 

Resolvi começar abrindo minhas malas e colocando as roupas no guarda-roupa, para já esvaziar um pouco o quarto. Depois resolvi empilhar meus livros da faculdade em um canto da escrivaninha que ficava de frente para minha cama enquanto abria um KitKat e fazia uma nota mental de comprar doces novos para Liz quando fôssemos ao mercado. Do quarto no final do corredor, eu conseguia escutar Liz cantarolando uma música pop aleatória daquelas que passam no rádio enquanto organizava suas próprias coisas. 

 

Achei meu notebook no meio da bagunça e o coloquei sobre a escrivaninha, pondo ao seu lado meu estojo e um porta-retrato onde eu, Levi e Reese – meu melhor amigo desde sempre – estávamos na areia da praia, com o mar atrás de nós. Minha mãe insistira em tirar uma foto nossa antes de irmos surfar, e fazíamos pose de pessoas respeitáveis com as pranchas embaixo do braço. 

 

Olhar para a foto me fez sentir saudades de casa, principalmente da minha mãe. Eu havia escolhido vir para Nova York para sair de casa, mas também porque aqui havia praias, como em Seattle, o que me fazia lembrar da minha cidade. Eu me sentia um pouco culpado por ter deixado minha mãe sozinha com meu irmão mais velho, mas ontem quando nos falamos por telefone ela parecia ainda mais animada que eu e até um pouco aliviada por finalmente conseguir despachar um dos filhos. 

 

Katherine Westline, ou apenas Kat, como todos a chamavam, era dona de um supermercado movimentado, e passou a ser responsável por tudo após a morte de meu pai há doze anos. Costumo pensar que ela é a pessoa mais foda que eu conheço, por ter dado conta de tudo sozinha, e se saído muito bem. Pensando bem, não sei se ela ficaria muito orgulhosa de ser reconhecida por esse nome chulo. Desculpe, mãe.

 

Enfim, arrumei o resto dos meus pertences até que sobrou apenas a melhor parte: meu violão. Olhei ao redor, tentando pensar em algum lugar para o colocar, e acabei o tirando da capa, encarando a superfície preta da sua tampa, me sentando na cama. 

 

Por um momento até pensei em pendurá-lo na parede acima da minha cama, mas logo desisti da ideia por pensar que ele poderia despencar em minha cabeça a qualquer hora. Talvez se eu comprasse um supor-

 

— Isso é um violão? — Liz brotou na porta do meu quarto, com o cabelo escuro preso em um rabo de cavalo e um pano de limpeza preso em suas mãos. — Não sabia que você tocava. 

 

— Toco um pouco — dei de ombros, mexendo nas tarraxas distraidamente. — E você, toca alguma coisa?

 

— Pffft — ela fez, balançando a cabeça como se a ideia fosse ridícula. — Só toco o terror mesmo. 

 

Não consegui evitar e ri da piada ruim, fazendo sinal para que ela sentasse na cama ao meu lado.

 

— Não, sério — Liz disse, sentando. — Uma vez meu pai me inscreveu na aula de piano, mas o professor foi bem sincero após umas semanas e disse que eu não tinha o mínimo futuro na coisa. 

 

— Se você quiser, posso te ensinar a tocar violão —  sugeri, a olhando com expectativa. Liz me encarou de volta, como se eu tivesse acabado de me oferecer para dançar frevo na avenida. 

 

— Eu sou horrível — declarou, sem mais rodeios. 

 

— Você nunca tentou tocar violão, Liz. Piano e violão são bem diferentes — Falei, erguendo as sobrancelhas. Liz deu um sorriso, me desafiando.

 

— Tá, mas eu avisei — ela falou, se levantando, e combinamos de começarmos as aulas à noite. — Ei, você já terminou de arrumar suas coisas aí? Eu tava pensando em ir procurar um emprego.

 

— Já — respondi, a segundo para o corredor enquanto soltava o avental da minha cintura. — Também preciso arrumar um emprego, aliás. 

 

Liz se virou para trás, dando um sorriso. 

 

— Beleza, então vamos.

 

『✦』

 

— Então vocês não vendem comida aqui? — Liz pediu, inconformada, pela quinta vez. A moça atrás do balcão suspirou, balançando a cabeça.

 

— Não — Ela apontou para a parede atrás de si, onde lia-se Carmen Steffens. A loja era de roupas e sapatos. — Mas se quiserem, as vagas são de vocês.

 

Neguei com a cabeça, agradecendo. 

 

— Sinto muito, mas acho que nos daríamos melhor com comida por perto — falei, arrastando Liz pra fora da loja enquanto ela murmura indignada:

 

— Como assim eles não vendem comida? Eu estou vendo daqui os docinhos naquele balcão! — Resolvi não falar que aqueles docinhos eram para uma comemoração especial da loja, e não precisavam de ninguém para servi-los. 

 

— Ei, acho que ali eles vendem comida — apontei para o outro lado da rua, onde estava uma padaria. 

 

Abrindo a porta do estabelecimento, o aroma de comida boa me alcançou com tudo, e os olhos de Liz brilharam. 

 

Uma garota de cerca de vinte anos, loira com mechas azuis no cabelo, veio nos atender. 

 

— Oi — disse, parecendo meio entediada — Querem o quê?

 

— Vocês estão precisando de alguém pra trabalhar, né? — Liz se escorou no balcão a olhando interrogativamente.

 

— Pois é — a moça respondeu, e ficamos esperando ela continuar, mas isso não aconteceu. 

 

— Hã... nós estávamos pensando se poderíamos nos oferecer — falei, meio incerto.

 

— Ah, tá bom — Ela bufa, mexendo no piercing do nariz. — Venham comigo. 

 

Ela nos guia para trás da loja, onde há uma salinha com uma mesa e três cadeiras. A garota se senta na do lado do computador, e eu e Liz sentamos do outro, como se estivéssemos na diretoria da escola aguardando uma suspensão.

 

— Meu nome é Livian, e vocês vão ter que me aturar se trabalharem aqui — Ela deu um sorriso pela primeira vez, estendendo a mão para nós. — Ok, quantos anos vocês têm? 

 

— Vinte — Respondi. 

 

— Dezoito — Liz falou. Livian assentiu, entregando um papel para cada um de nós e mandando que preenchêssemos com nome, endereço, tipo sanguíneo, signo e assinatura. 

 

— Hã, Livian? — Liz indagou, curiosa. — Por que vocês pedem o signo?

 

Livian a olhou como se fosse óbvio, mexendo em uma de suas mechas. 

 

— Preciso ver se os nossos signos batem! — exclamou, e fim de papo. Depois de preenchermos o formulário e os estender para Livian, ela os analisou minuciosamente, murmurando coisas aleatórias de vez em quando. 

 

— Tá tudo ok eu acho — decidiu, mas do nada nos olhou desconfiada. — Vocês não são do circo, né? 

 

Eu e Liz nos encaramos, decidindo o que responder. 

 

— Não — Respondi por nós dois, sorrindo inocentemente. 

 

— Que bom, porque acho que não aguentaria conviver com mais alguém do circo depois do último cara que trabalhou aqui. — Livian comentou, e antes que pudéssemos responder algo, ela continuou. — O emprego é de vocês — ela mexeu em alguma coisa na gaveta, retirando uma caixinha colorida, nos olhando com cara de bunda. 

 

Suspirei aliviado, e eu e Liz agradecemos. Livian balança a mão, como se dizendo para pouparmos o fôlego. 

 

— Tenho ordens para fazer isso — avisou, e puxou um fiozinho da caixa, que tocou uma musiquinha e estourou em confetes. Então ela acrescentou de forma fúnebre: — Parabéns, vocês começam na segunda.


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Notas finais do capítulo

O que estão achando????? Conversem comigo nos comentários ♡
BEXOS DE LUZ E ATÉ BREVE KE KDKSKSODKFJ



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