A magia do Amor escrita por Lu Inoue


Capítulo 4
Paisagem noturna




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Tanto tempo havia se passado desde o passeio no parque, neste período a vida de Andrew havia se tornado mais sombria que já fora antes, afastou-se aos poucos dos amigos e conhecidos e passou a voltar-se completamente para o piano.

Inconformado com o desempenho nos estudos, do filho tendo baixado drasticamente, Paul Hanbridge obrigou-o a começar visitas periódicas ao psicólogo, mas de certa forma acabou sendo um ponto positivo, o jovem decidiu desabafar e mesmo tentar entender o que se passava consigo.

Para tal Andrew precisava de um tempo somente para si, sem contatos com o restante do mundo, sem as cobranças de seu pai. Ele entendia a necessidade de ser um visconde, de se envolver no ramo político, havia muitos pontos que precisavam de atenção, muitas idéias que ele aprendeu a compartilhar com seu pai e defendê-las, mas o peso de sua pouca idade e seus sentimentos por Atsuko lhe atormentavam mais a mais a cada dia.

Não responder as mensagens da menina não bastava para afastá-la por completo, pois de alguma forma ela encontrava meios para saber notícias, mesmo sendo por algum de seus colegas de curso. A verdade era que Kagari foi abatida pela pior das doenças, os boatos. O telefone sem fio estudantil, fez com que a situação do jovem visconde parecesse bem mais agravada do que era.

Atsuko não queria parecer indiferente aos problemas do amigo, mas também não gostaria de ser invasiva, sabia bem a postura reservada que o rapaz fazia questão de cultivar, então é certo dizer que a garota também passou a levar dias de preocupação e distração durante as aulas, o que resultou em uma conversa séria com sua professora.

Sentada na sala fechada, olhando para as prateleiras repletas de livros antigos, Akko percorria seu olhar por todas as partes do local. Ainda era estranho fitar Úrsula com seus cabelos vermelhos, melhor dizendo Chariot . Não que a bruxinha ainda estivesse magoada, mas é que agora já não tinha mais um sonho para correr atrás, bom, ela ainda queria ser uma grande bruxa, mas não para se apresentar e levar alegria, já viu que isso só trouxe problemas, então Kagari estava passando por certa crise existencial.

Quando consultada sobre seus problemas, Akko não foi sincera de tudo, ponderou que seria ofensivo para sua ex ídolo, afinal não deixava de ser frustrante ver que sua grande musa estava vivendo uma vida enfadonha como professora de Luna Nova. Se aquilo tinha a ver com ela? Sim, a bruxinha não queria mais ser como Chariot e nem tampouco como Úrsula, agora estava perdida sobre seus planos para o futuro, contanto guardou sua inquietude para si e contou apenas sua preocupação em relação ao jovem de olhos verdes.

Havia muito pouco que a professora pudesse fazer, pois a mesma que passou a vida tentando levar alegria e depois escondendo-se de seus erros, na verdade sentia-se solitária, em parte era feliz como professora, mas não felicidade plena. Limitou-se a aconselhar que Akko não se corroesse por boatos exagerados e fosse por si mesma em busca da verdade.

Ponderando as opções, Atsuko rememorou quase ter sido torturada junto com Lotte e Susi, certa vez na Academia Aplleton, se não fosse Andrew interceder por elas, teria sido terrivel. Imaginou como poderia chegar a mansão do jovem, mas teria que saber um dia em que ele estivesse em casa.

— Ah, universo porque você me odeia? — Esbravejou no terraço de Luna Nova, o por do sol lembrava o que compartilhara com o rapaz enquanto andavam na Roda Gigante.

— Se está mesmo preocupada deveria saber que semana que vem o conde de Hanbridge vai realizar uma festa de aniversário para ele. — Diana revelou, parecendo ter surgido do nada.

— Eu não estou preocupada, quem disse que estou? — depois de quase cair de susto, Akko se recompõe mentindo sem convicção para a loira que apenas ri cruzando os braços e olhando o horizonte. — Tem mais de dois meses que ele não responde as minhas mensagens. — resmungou num muxoxo.— Nem as de bom dia ou boa noite, na verdade nem chega a ler. — sentou-se no chão abraçando os joelhos.

— Creio que Andrew esteja passando por uma fase complicada na vida dele. — pressupõe a outra com ar de preocupação. — Não se deixe levar por boatos, todos temos um momento de surto e o meu teria acontecido se não fosse por você.

— QUEEE? — espantou-se a menor, quase caindo pra trás.

— Quando abandonei Luna Nova para ser chefe da minha família, você não desistiu do meu sonho, quando eu já tinha desistido. Eu estava a beira de um surto. — os cabelos claros esvoaçavam cobrindo-lhe parte do rosto, escondendo um tênue sorriso.— Mas não vamos falar de mim. Essa festa do Andrew está fadada ao desastre, o garoto visivelmente precisa de um tempo e o pai quer forçar as aparências e jogá-lo aos lobos.

— Você diz como naquele história da cova dos leões?

Diana fica com uma gota sobre a cabeça.

— Não literalmente Akko. Estou dizendo que enquanto Andrew está em crise existencial o pai dele vai jogá-lo para uma festa com nobres e bajuladores, isso pode ter um péssimo resultado.— esbravejou a loira saindo de seu estado paciente.

— Calma, calma, ta legal eu entendi. — Kagari balança a mão em sinal de amenizar a fúria da outra. — Pobre Andrew, já vi o nível daquelas festas, as pessoas cheiram a falsidade.

— Eu acho que...— Diane respirou fundo.— Não acredito que vou dizer isso… Acho que você deveria ir.

— O que? O pai do Andrew me odeia, fora o fato de eu já ter estragado a festa passada com a abelha cupido, lembra?

— Como eu poderia esquecer daquele desastre? — a loira riu relembrando as confusões causadas. — Mas creio que no fim, Andrew se divertiu muito.

— Ah, não sei não. Além disso eu nem recebi convite e não quero ser colocada pra fora ou criar algo para entrar de penetra. — explicou desanimada. — E se ele não responde as mensagens, talvez não queira me ver. — Concluiu.

— Quando foi que se tornou uma covarde? — Diana foi direta. — Sempre te tratei mal e quando precisei você foi atrás de mim, sem hesitar, mas apesar de um começo tortuoso Andrew é seu amigo e você quer fugir de encará-lo de frente e saber o que houve? Isso não faz sentido. Depois de tudo que passamos você se tornou uma medrosa?

A loira não esperou uma resposta e saiu deixando Akko olhando para os últimos raios de sol. Diana estava certa, mas ela também. Não iria arriscar a ser expulsa da festa, tampouco expor suas amigas a serem escorraçadas  e magoadas. Contudo, não ficaria sem fazer nada e tinha duas semanas para planejar algo.

(...)

A mansão Hanbridge estava agitada, a nobreza e convidados ilustres aos poucos iam chegando, a decoração e o buffet estavam impecáveis e os violinistas tocavam uma melodia suave.

No seu quarto, Andrew terminava de colocar sua gravata, desgostoso por ter que aturar a tal festividade, quando ouviu batidas em sua janela, pensou ser fruto de sua imaginação, mas as batidas persistiram o forçando a abrir as cortinas revelando Akko trajando um belo vestido preto, voando em sua vassoura.

Ele não pode evitar sorrir, não queria vê-la, mas quando a viu foi um festival de boas sensações. Abriu a janela, vislumbrando-a completamente produzida e maquiada, os cabelos esvoaçando juntamente com o vestido.

— Jeito estranho de entrar, a recepção é lá embaixo. — pentelhou-a com seu jeito severo de ser.

— Na recepção eu não ia ter te visto só de cueca. — brincou a fim de quebrar o clima, ganhou um rubor do rosto do rapaz, mas também sentiu seu rosto queimar.— Isso não é verdade, é só brincadeira, mas eu não vim pra essa festa.

— Não? Então eu não entendo. — coçou a nuca intrigado.

— Nem fui convidada pra essa festa chata. — mostrou a linga.

— Eu lamento, não me envolvi com nada disso. — defende-se

— Nem ligo, na verdade eu vim aqui te sequestrar pra outra festa.

— Como assim pra outra festa? Qual festa? — questinou coçando o queixo.

— Hm… Porque você não deixa esse povo esnobe por aí e vem comigo descobrir? — e ela estendeu a mão para o rapaz.

Quando a mirou, julgo a cena tão linda, os cabelos, o vestido, o tremular do tecido, a noite estrelada com uma lua gigante no céu. Não pensou duas vezes e segurou a mão da menina e montou na vassoura, envolvendo a fina cintura com os braços.

— Ai Kami, o que eu estou fazendo da minha vida?

— Vivendo uma aventura de aniversário. Segura firme e lá vamos nós…

A vassoura decolou a toda velocidade fazendo o rapaz agarrar-se com todas as forças ao corpo da bruxinha, mesmo depois que ela se deu conta que o estava matando de susto e reduziu a velocidade, ele ainda permaneceu abraçando-a bem forte, tentando controlar as batidas de seu coração, enquanto passavam por sobre a bela paisagem noturna.


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