—Promete que vai pensar em mim? - pergunta Urso encarando-a nos olhos.

—Prometo. Todos os dias - responde Christine e entrou no trem Casey Junior que a levaria para o Esquadrão da Justiça.

O pequeno urso panda observou a tartaruga dentro do trem sorrindo e acenando um breve adeus.

E correu desejando poder acompanhar o trem, estar junto dela.

Há uns três semanas atrás, a tartaruga havia sido convocada pela chefe do Esquadrão da Justiça para participar de uma missão ultra-secreta no Esquadrão da Justiça e teria que ir até a sede da agencia se encontrar com seus antigos amigos.

E ela então teria de fazer uma longa viagem para estar lá.

—Todos a bordo! Vamos partir!- dizia Casey Junior, a locomotiva empolgada para deslizar pelos longos trilhos que percorreriam montanhas, vales e estradas de terra.

Urso ficou um pouco triste em saber que sua parceira estaria longe da Unique e suas missões sem ela já não seriam mais as mesmas.

Sentiu-se receoso em pensar como seria executar a uma missão especial em ajudar uma criança sem sua parceira.

 Seria um completo desastre voltar a ser aquele urso desajeitado e atrapalhado como sempre fora na época dos treinamentos.

Por um momento ele pareceu querer implorar a ela para não ir.

Mas teve de se conter para não causar alguma confusão.

Christine observou Urso e o contemplou com um olhar de preocupação.

 Enquanto o apito do trem soou alto e se afastando cada vez mais da estação, a tartaruga abriu a janela e colocando sua cabeça para fora e gritou:

— Oso!- gritou a tartaruguinha esperando que ele pudesse ouvi-la—Yo te amo! — e viu o momento em que ele não pode mais correr por que já havia chegado ao limite da saída da estação e ele ficou parado com uma visível expressão de espanto em seu rosto.

Aquele olhar pareceu ser de total surpresa,mas ela não soube distinguir se era de surpresa ou confusão.

E voltou a se sentar no trem, que com um solavanco, quase a fez cair no chão.

Seu cachorrinho robótico pulou em seu colo e abanando as orelhas, parecia empolgado por estar novamente junto de sua dona, depois de tanto tempo procurando por ela.

Christine sentia se confusa depois de ter dito aquilo a urso.

Havia sido como soltar algo que estava preso dentro de seu coração há muito tempo guardado.

 Mas não entendia por que havia decidido dizer a ele justamente naquele momento.

“Por que eu não paro de pensar nele? E por que eu disse aquilo a ele?” pensou enquanto contemplava a paisagem da janela.

 Foi então que se lembrou de algo esquecido em suas memórias.

Do jeito que ele era doce, gentil e atencioso. Quando alguém precisando de ajuda se aproximava dele, como uma criança, por exemplo, ele sempre procurava fazer o melhor que podia.

Christine percebeu que gostava do som de sua voz quando o ouvia rindo ou falando com seus amigos.

Ou quando cantava uma canção para se alegrar.

E só de pensar nele novamente percebeu seu coração inquieto pulando dentro de seu peito de novo.

Segurou o choro que parecia querer sair.

As lagrimas saindo e o nó em sua garganta se formando.

Quando viu Luna a corujinha se aproximando endireitou-se no banco do trem e afastou as lagrimas com o canto da mão.

—Já está com saudades dele, não é?- pergunta de um jeito sarcástico que Christine detestava.

—No.  Um agente não tem tempo para ficar sentindo algo tão inútil. -responde com seriedade, tentando em vão, não demonstrar que na verdade, gostava dele sim, de fato.

Luna se aproximou, e colocando sua asa sob os ombros tensos de Christine disse:

—Até mesmo os corações mais duros podem sentir uma pontada de saudade daqueles que em segredo sentem-se apaixonados. - diz Luna de um jeito pacifico e filosofico.

— O que quer dizer com isso?-pergunta a tartaruga e a corujinha, com seu olhar fixo, mais uma vez disse:

—eu sei que você gosta dele. E ele gosta de você.

—Eu... eu gosto do bom trabalho dele como agente com as crianças... - Christine tenta explicar, ainda mantendo sua postura séria.

—Não fique escondendo seus sentimentos. É uma coisa tão boa estar apaixonada.

Christine ficou calada.

Não soube mais o que dizer. Mas no fundo, sabia que estava verdadeiramente apaixonada pelo agente especial Urso.

De repente ouviu um som dentro de sua bolsa.

Abriu a tela de seu dispositivo e viu um emoji sorridente quando aceitou a ligação.

Era sua chefe, Dalila, que preferia nunca mostrar sua identidade.

—Olá Christine- disse uma voz clara e suave através dos alto falantes do iPad que imitava uma espécie de caderno._Todos estão ansiosos para te ver aqui de novo. E espero que suas experiências na Unique tenham sido de bom proveito.

—Foram sim, chefia. Mas senti muita saudade de trabalhar com meus velhos amigos.

—Suas primas já estão muito ansiosas para te ver de novo minha querida.

—diga para elas que eu estarei chegando.-diz Christine a sua chefe antes de dar a ligação de vídeo por encerrada, depois voltou a guardar o dispositivo em sua bolsa.

Comtemplou a paisagem da janela enquanto o trem continuava seu longo trajeto até a agencia e pensou;

“Urso e seus amigos devem agora estar bem ocupados, ajudando as crianças. Mas espero que eles tenham muito mais desempenho sem mim, que só deve atrapalhar em tudo.

Mal sabia a tartaruga que estava muito enganada.

**************

No escritório da agencia da unique tudo estava bem tranqüilo naquela hora do dia.

Mas, mesmo assim,Urso não conseguia se concentrar em escrever o relatório matinal daquela manhã.

Ainda pensava em Christine e em sua confissão inesperada.

Foi então que Guia Palm apareceu flutuando em meio a tela do computador.

—Urso. Está tudo bem?- perguntou a pixie preocupada.

Urso não respondeu.

Sentia medo de tudo.

De dizer que de fato, sentia saudades de Christine, e que tinha muito medo de fracassar nas missões se atrapalhando todo como nos estágios que fizera para ser agente especial desde o começo.

A fadinha percebeu seus receios e então abriu na tela gigantesca do computador o mostruário de todas as digimedalhas que ele havia conquistado ao longo dos treinamentos e missões especiais.

Urso observou-as e lembrou que tudo o que havia feito.

E soube que de alguma forma, a tartaruga havia aparecido em sua vida não por um acaso, mas sim , por que ela haveria de ter um objetivo a fazer.

Desde que as duas agencias haviam se unido para exterminar a terrível criatura que se alimentava dos sentimentos humanos mais escuros, os agentes sentiam-se mais determinados do que nunca.

Porem haveria um perigo a mais para urso e seus amigos.

Agentes do governo humano com uma missão ultra secreta de exterminar animais inteligentes estariam a procura de Urso e os agentes do esquadrão da justiça a fim de pegar todos os animais inteligentes existentes aonde quer que estivessem e fazer experimentos científicos para analises.

Natalie, lhe contou em uma cartinha que eles  fariam alguns procedimentos padrões a fim de descobrir como eles funcionavam ou suas intenções.

Segundo o seu professor Mark dissera; os agentes poriam eles em contato com fogo, congelariam seus corpos, seriam submetidos a altas voltagens elétricas e também os dissecariam.

Urso ficou horrorizado quando soube disso.

Mas as crianças que haviam sido ajudadas Por Urso e seus três amigos, haviam prometido que não iriam deixar isso acontecer.

—A gente promete que vai te proteger Urso.-diziam as crianças fieis a cada vez que as joaninhas robóticas traziam mensagens para os agentes da Unique.

Mais cartinhas e bilhetes chegavama cada dia para urso e os agentes, na qual as crianças lhe prometiam que o protegeriam dos "Agentes Malvados".

Isso o aliviava de alguma maneira.

Urso sabia que poderia contar com as crianças que o protegeriam de tais agentes e que nunca teria segundas intenções.

Olhou tudo a sua volta e de alguma maneira, sentia-se grato por tudo o que havia conseguido alcançar.

E no fundo, desejava que nada de ruim fosse acontecer.

Mais especificamente ser encontrado pelos agentes que exterminariam a ele e seus amigos.

Por que estar vivo era uma coisa boa, e ninguém podia tirar isso dele.

Nem de seus amigos que tanto amava como uma família.