Plastic escrita por Tsukimiko san


Capítulo 3
EXTRA 2: Become Important to Him


Notas iniciais do capítulo

Huh, enfim chegamos ao fim de Plastic.
Me perdoem por demorar tanto pra postar esse extra. Eu ando bastante ocupada com a escola (além do Enem), não tive tempo de revisar e postar quando eu queria.
Enfim, aproveitem o extra!
Beijos de Mel ♥



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— Senhor Bakugou, tem certeza de que sabe o que está fazendo?

— Eu assisti a merda de uma playlist de cinquenta e sete videoaulas sobre mecânica de androides depois que comprei você pra não gastar com manutenção. — Bakugou limpou o suor da testa com o braço. — Eu sei pelo menos alguma coisa do que caralhos eu tô fazendo.

Katsuki empurrou o biocomponente de volta no peito de Kirishima. Era um pouco embaraçoso consertar o androide enquanto ele estava acordado. Eijirou ficava olhando para Bakugou, comentando sempre que ele colocava alguma peça no lugar errado e às vezes soltava um som esquisito ou mexia alguma parte do corpo involuntariamente. Mas, para o humano, parecia-lhe ainda mais errado mexer no seu corpo enquanto estivesse desativado, então aturava a vergonha.

— Isso deve resolver. Tenta ligar a TV agora.

Kirishima fechou os olhos e o LED na sua têmpora piscou em amarelo e passou para o vermelho.

— Não deu certo — o androide constatou o óbvio. — Meu sinal wireless não está funcionando adequadamente.

— Tem certeza que você precisa dessa merda de sinal? — Katsuki já estava ficando frustrado pelo seu insucesso em consertar seu androide.

— Absoluta. O sinal wireless é obrigatório para todos os androides da CyberLife, assim como o rastreador. Se ele não for arrumado logo, o senhor será notificado e...

— Eu já entendi! — Bakugou limpou as mãos sujas de “sangue azul” — o termo correto era thirium 310 — e suspirou.

— Se me permite uma sugestão, senhor Bakugou, nós podemos ir até a loja da CyberLife mais próxima. O conserto sai relativamente barato para um modelo como eu.

— Sabe o que é mais barato? De graça. — Bufou. — E eu sei exatamente onde conseguir isso.

— Onde? — Kirishima questionou, fazendo a pele sintética recobrir seu peito novamente e recolocando a camiseta e a jaqueta.

Katsuki se afastou do androide sentado na cadeira e direcionou-se para o banheiro para tomar um banho e livrar-se do fluido azul e suor.

— Me espera na entrada. Vamos pra casa daquele nerd.

►♦◄

Bakugou o odiava. Odiava ele e aquele androide filho da puta que o seguia para todos os lados. Foi com muito ódio no coração que o humano tocou a campainha daquela casa enorme, totalmente arquitetada em um design supermoderno.

— Quem mora aqui? — Kirishima perguntou. Katsuki ia responder, quando a porta se abriu para revelar um rapaz — não, um androide — que olhava para o humano de forma indiferente e com um toque de desprezo.

— Ah, é você.

— Não pareça tão desapontado, meio a meio de merda — Bakugou rosnou para o androide. O outro apenas ignorou-o, voltou-se para Eijirou e estendeu a mão. Kirishima fez o mesmo e segurou o braço do outro androide. A luz dos seus LEDs alternou entre azul e amarelo, piscando.

— Vamos ver... KE700, número de série RQ33700002HJ#, data de fabricação: 16 de outubro de 2037, nome customizado... Kirishima Eijirou. Prazer em conhecê-lo, Kirishima.

— O prazer é meu... Todoroki. Todoroki Shouto. — Eijirou afastou o braço. — Não consigo acessar seu modelo ou número de série...

— Isso é porque o nerd de merda quis ser diferente dos outros nerds de merda e criou a porra do próprio androide — Katsuki explicou, mal-humorado.

— Eu sou um modelo original e único desenvolvido pelo meu criador — disse Todoroki, ignorando novamente o humano. — E então? A que se deve a visita?

— Meu sinal de wireless está com problemas funcionais. O senhor Bakugou tentou consertar, mas teve dificuldades.

Shouto olhou para Bakugou, sem dizer nada. O humano sibilou.

— Enfia essa porra de olhar de menosprezo no c---

— Entrem — o androide o interrompeu, dando um passo para trás e permitindo que os dois entrassem. — O mestre está na oficina agora, podemos descer até lá. Será rápido resolver um problema tão simples. — Todoroki fez questão de enfatizar a última parte. Katsuki parecia prestes a soltar fogo pelas orelhas, então Kirishima apenas acatou silenciosamente o convite e deu o primeiro passo para dentro.

A casa era simplesmente magnífica. Não só por conta da mobília de aparência cara ou da enorme extensão, mas porque a residência era, de cima abaixo, completamente equipada com tecnologia. Desde câmeras nas paredes até televisões de suporte móvel robotizado, toda a casa era automatizada.

Shouto guiou-os até um elevador na sala de estar, já aberto, e os três entraram. Lá dentro, havia uma série de botões na parede, mas que não faziam o menor sentido; ao invés de haver o número de andares, havia uma série de letras e números aparentemente aleatórios, e que cobriam quase toda a parede metálica. Certamente não existiam tantos andares assim naquela casa. O androide pressionou três deles e um scanner foi projetado para fora da parede.

— É realmente necessário tudo isso por causa da merda de uma oficina? — Bakugou resmungou, enquanto Todoroki colocava a mão sobre o scanner, fazendo a pele sintética do local desaparecer. O aparelho apitou e piscou em verde antes que o elevador começasse a descer.

— Prevenção. Segurança. Nada demais. — Sua resposta foi evasiva. Por fim, o elevador parou e abriu suas portas. Shouto gesticulou para a sala além. — Bem-vindos à oficina.

Fantástica. A oficina era uma sala alta e espaçosa, mas que parecia apertada por conta da imensa quantidade de objetos distribuídos pelo local: ferramentas jogadas no chão, braços mecânicos pendurados no teto, objetos de metal e plástico cheios de fios ocupando as paredes, uma mesa enorme cheia de plantas digitais de máquinas rodando pela superfície e várias telas distribuídas em todo o lugar, algumas mostrando as imagens das câmeras de segurança, outras apenas no modo de descanso.

Kirishima demorou um certo tempo para processar tanta informação de uma vez. Nisso, ouviram uma voz se fez ouvir:

— Ah! Kacchan!

Pertencia a um rapaz escorado na mesa, dono de cabelos esverdeados revoltos, presos para trás graças a um par de óculos de proteção de plástico descansando em sua cabeça, e sardas decorando as bochechas. Ele estava analisando um holograma de algum objeto cilíndrico, cheio de peças complicadas dentro.

— Você está bem? Faz tempo que eu não te vejo! — O rapaz, que Eijirou percebeu ser humano, deu um sorriso brilhante. — Ah! Quem diria que Kacchan tem um androide agora! Não fomos apresentados ainda, não é? — Ele caminhou até os três, ainda sorrindo, e acenou. — Meu nome é Midoriya Izuku. Amigo de infância do Kacchan.

— Kirishima Eijirou. — O androide acenou um cumprimento com a cabeça.

— Quer parar de nos apresentar como amigos de infância? Me dá vontade de vomitar. — Katsuki bufou e cruzou os braços. — E não me olhe com essa cara de assassinato, meio a meio filho da puta.

Todoroki não pareceu se importar; provavelmente estava mais do que acostumado com os xingamentos de Bakugou, e não mais os levava a sério. O androide virou para seu dono e curvou-se brevemente.

— Estarei lá em cima se precisar de mim. — Shouto voltou ao elevador, acenou com a cabeça e as portas se fecharam.

— Certo, o que eu posso fazer por vocês? — Midoriya perguntou.

— Meu sinal de wireless. Não está funcionando. Você pode consertá-lo?

— Obviamente que sim! O Kacchan não te disse nada? — Izuku desamarrou a jaqueta preta que levava na cintura e mostrou a Eijirou. Na parte de trás, havia um logotipo branca e simples, mas que qualquer pessoa e androide no país reconheceria. — Eu trabalho para a CyberLife. Eu instalei pessoalmente boa parte dos sistemas wireless e de rastreamento em centenas de androides. — Midoriya foi até a mesa e deu batidinhas na superfície. – Pode sentar aqui, que eu te conserto rapidinho.

Kirishima obedeceu. Ele parecia uma criança indo ao pediatra. O humano pediu para que tirasse a parte de cima das suas roupas e desativasse a pele do peito, e então começou a mexer nos seus mecanismos internos. Ele o fazia com destreza e eficiência, como se tivesse feito aquilo muitas vezes antes, e estivesse plenamente acostumado com o sistema dos androides.

— O senhor trabalha para a CyberLife? — Eijirou perguntou. Fazia sentido. A CyberLife era a empresa de maior sucesso do país, quiçá do mundo inteiro. Considerando o tamanho daquela casa, o androide não achou difícil que fosse verdade.

— Uhum. — Izuku pressionou um botão na lateral da mesa e uma gaveta cheia de pecinhas minúsculas se abriu. O humano pegou uma delas com delicadeza, deixou-a sobre o tampo da mesa e fechou a gaveta novamente. — Eu estava no primeiro ano da faculdade de engenharia elétrica quando consegui um estágio.

— Exibido do caralho — Bakugou murmurou, em tom baixo, mas Kirishima conseguiu ouvir. Seu dono parecia imensamente desconfortável, mas continuou ali, recostado na parede, de braços cruzados.

Midoriya tirou uma peça queimada de dentro de Eijirou e jogou-a no chão.

— Desculpe-me, terei que te desligar por alguns minutos.

— Sem problemas. — Kirishima não estava acostumado com lhe avisarem educadamente sobre desligamentos. Na loja em que passou quase a vida inteira, desde que fora fabricado, quando era necessário, os androides eram deixados dentro de salas isoladas e, por meio de ondas eletromagnéticas de frequências específicas emanando de todos os lados, seus sistemas eram forçadamente interrompidos sem aviso.

O humano girou uma engrenagem perto do núcleo — uma parte do corpo androide semelhante ao coração humano — e a luz azul da peça diminuiu. Os olhos de Eijirou fecharam e seu corpo ficou inerte como o de uma boneca. Izuku virou para Katsuki e encarou-o com um olhar sério.

— Você está estranho.

— O que quer dizer com isso? — o rapaz retrucou.

— Quando saímos do ensino médio, você fez duas promessas para mim. “Nunca terei um androide, eu sei me virar sozinho”, e “Nunca mais vou precisar de você para nada”. — Midoriya pôs as mãos na cintura. — E você quebrou as duas.

— As coisas mudaram, idiota. Eu saí de casa. ‘Tô quebrado, mal consigo me sustentar, e agora eu tenho a porra de um androide porque eu sou um imbecil que não suportou a ideia de vê-lo sofrendo abuso naquele caralho de loja... o que não faz a porra do menor sentido porque ele é uma máquina! Mas quando eu olho para ele, eu não consigo vê-lo assim... e isso me confunde! — Bakugou soltou de uma vez, como se tivesse aquilo preso dentro de si há muito tempo, arrependendo-se logo depois.

— Então as coisas são assim, huh? — Izuku olhou para o androide de cabelos vermelhos sentado na mesa. — Eu sempre te disse, não é? Você tem um coração, Kacchan. Pode achar que não, mas você tem. Um coração muito gentil. Não há nada de errado em sentir empatia.

— Você trabalha na CyberLife. Não deveria estar reafirmando que ele é só uma máquina?

— Hm... Uma pergunta astuta. — Midoriya sorriu e pegou a peça nova com cuidado, posicionando-se em frente a Kirishima de novo. — Eu não sou como eles, Kacchan, e você sabe disso.

Katsuki ficou em silêncio, sem saber como responder àquelas palavras. Então, ele percebeu um detalhe.

— Ei, nerd de merda. Você não precisava realmente ter desligado o Kirishima, não é? Por quê?

— Se ele estivesse ouvindo, você nunca admitiria o quanto se importa. — Izuku empurrou a pequena peça dentro do corpo de Eijirou, girou a engrenagem e o sangue azul voltou a ser bombeado normalmente. O LED do androide piscou várias vezes e seus olhos se abriram. As pupilas artificiais se ajustaram, como o foco da lente de uma câmera. — Prontinho! O dispositivo receptor estava queimado. Eu tenho um monte desses aqui, então eu troquei por um novinho em folha. Tente mandar uma mensagem para Shouto lá em cima.

— Ok... — Kirishima pensou um “Olá...?”. Quase imediatamente, a voz do outro androide foi recebida por ele: “O mestre conseguiu consertá-lo? Não esperava menos.” — Deu certo.

— Ok! – Midoriya recuou, dando espaço para que Eijirou colocasse suas roupas novamente. — Venham visitar mais vezes! Eu estou trabalhando em um novo protótipo de dispositivo comunicador para a nova linha de androides...

— Argh, pare de ser tão fodidamente nerd! — Bakugou desencostou da parede. Kirishima olhou para o dono, confuso. Por que ele parecia duas vezes mais irritado que antes? — Vamos logo, Kirishima.

— Sim, senhor. — O androide desceu da mesa. Izuku pôs a mão no ombro de Eijirou e aproximou-se do seu ouvido.

— Cuide bem do Kacchan, ok? Ele costuma ser bastante impulsivo nos piores momentos. Eu nunca consegui controlar esse ímpeto de fazer besteira, mas eu tenho a impressão de que você consegue — sussurrou e sorriu. Kirishima não entendeu, mas parecia que o humano queria que ele cuidasse de Katsuki... ou algo assim? Mas Midoriya não precisava ter pedido. Ele era seu dono, afinal.

— Ei, nerd de merda! O que você ‘tá fazendo? — Bakugou gritou. Izuku soltou-o e ergueu as mãos.

— Nada! Vamos, eu vou levá-los até a entrada.

►♦◄

 Katsuki e Eijirou já estavam longe da casa de Midoriya quando o androide comentou:

— Aquele androide... Todoroki... ele é estranho. Androides normalmente não são tão devotos e afeiçoados aos seus donos, eles apenas seguem instruções. A não ser... Não, impossível. Um funcionário da própria CyberLife sendo dono de um...

— Conhecendo o Deku, não duvido de nada — o humano resmungou e puxou Kirishima pela manga da jaqueta. — Vamos logo pra casa. Eu ‘tô com fome.

Eijirou deixou aqueles pensamentos de lado e sorriu, mostrando os dentes pontudos.

— Sim, senhor Bakugou!


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Notas finais do capítulo

Eu tô muito triste por dar adeus a esse AU incrível...
Não, talvez não um adeus, mas um "até logo".
Essa fanfic está finalizada e não será mais atualizada, mas quem sabe eu não volto a escrever nesse AU um dia?
Beijos de Mel!



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