Plastic escrita por Tsukimiko san


Capítulo 2
EXTRA 1: Become His Android


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como vão vocês?
Como prometido, vou postar aqui o primeiro extra de Plastic. Vão ser dois, ok? Ambos vão se passar antes dos eventos em Become Deviant, e são só pra dar uns momentos fofinhos do meu KiriBaku porque eu amo eles.
Bom, chega de enrolação, vamos pro primeiro extra!
Beijos ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/765384/chapter/2

Mas que merda, gelo sempre foi tão demorado de fazer? Bakugou jogou-se no sofá e cruzou os braços com a expressão amarrada. Todo o seu corpo doía, especialmente seu olho esquerdo, completamente roxo e com o supercílio cortado. Ele se sentia como se tivesse servido de saco de pancadas de alguém por quase quinze minutos.

O que era a mais pura verdade.

Maldito filho da puta do bar e seu maldito gancho fodidamente bom. Da próxima vez que se metesse em uma briga, venceria.

Mas Katsuki sabia que isso não era verdade.

A pequena parte não-orgulhosa dele sabia que estava completamente fora de forma. Não lutava há anos, desde que sua mãe o obrigou a largar os treinos para fazer suas notas no colégio pararem de cair vertiginosamente. Seu corpo se esquecera de como sempre costumava vencer as competições de judô e taekwondo da liga estadual. Muita coisa aconteceu naqueles anos desde que fugiu de casa, e uma delas foi esquecer da sua paixão, como se seu coração ardente de outrora houvesse se reduzido a brasas.

Impaciente, Bakugou levantou num pulo, ignorando a dor que se alastrou em seu corpo, e abriu o congelador. O gelo na forma parecia bom o bastante. Jogou os cubinhos em uma compressa e, sem cerimônias, pressionou-a contra o olho inchado.

O frio súbito ardeu. Queimou. Katsuki xingou e praguejou. Subitamente, lágrimas se formaram nos cantos dos seus olhos, mas ele se recusou a deixá-las cair. Não era a dor.

Era a humilhação.

►♦◄

Bakugou já tinha interagido com androides antes; era praticamente impossível viver naquele mundo sem nunca o ter feito. Mas a experiência de comprar um era muito mais esquisita.

Ele se sentia desconfortável cercado por robôs que pareciam exatamente com pessoas, falavam como pessoas, sorriam como pessoas, mas eram vendidos como aparelhos celulares em liquidação. A intenção original de Katsuki era apenas visitar aquela loja da CyberLife por pura curiosidade, já que ainda relutava muito com a sua ideia.

Deveria ou não comprar um androide?

Bakugou já tinha visto reportagens na televisão sobre atletas que melhoraram em até 120% seu desempenho depois de receberem treinamento de inteligências artificiais. Não que o humano tivesse procurando por algo assim; há muito já sabia que as chances de retornar ao palco das competições de luta eram praticamente nulas. Aquela era apenas uma tentativa desesperada de reviver aquele resquício de paixão pela luta que ainda vivia dentro de si.

Estava quase desistindo quando ouviu vozes empolgadas de crianças em algum lugar da loja. Foi quando viu, em um dos estandes, um androide ajoelhado. Ele deixava duas crianças brincarem com seus cabelos escuros enquanto seus pais conversavam com um vendedor. Ouvindo a conversa por cima, pareciam querer um androide para cuidar dos filhos, mas não conseguiam encontrar um por um preço em conta. O vendedor estava tentando convencê-los de que aquele modelo, apesar de ser especificamente um personal trainer, tinha funções domésticas, e ainda era mais barato que os androides especializados naquela função.

Bakugou desviou o olhar para o androide. Ele permanecia imóvel, de olhos fechados, enquanto a menina fazia uma trancinha em uma das mechas escuras do seu cabelo. Havia um quê de tranquilidade que ele exalava, como se a qualquer momento fosse abrir um sorriso, ouvir todos os seus problemas e consolá-lo.

Os pais sacudiram a cabeça, para a decepção do vendedor, puxaram as crianças e saíram da loja. O androide abriu os olhos – eram rubros, como fogo – a tempo de ser agarrado rudemente pelas costas do uniforme para se pôr de pé.

— Por que eu nunca consigo vender você? Argh, seu androide de merda! Tira essa porra da sua cabeça agora, e volte para seu estande. Se você não for vendido em uma semana, vai ser jogado fora, ‘tá me entendendo?

— Sim, senhor. — Prontamente, o androide levou as mãos aos cabelos, tentando desfazer a trança, enquanto o vendedor se afastava resmungando xingamentos direcionados a ele.

Katsuki bufou de irritação. Qual era o problema daquele cara? Não era culpa do androide que ele fosse um vendedor de merda. Mas que filho da puta.

O humano observou o androide lutando para desfazer a trança, suspirou e andou até ele.

— Você vai encher seu cabelo de nós, idiota. — Com uma delicadeza que não lhe era comum, Bakugou tocou os fios negros e, depois de alguns segundos mexendo neles, já estavam de volta ao normal.

— Muito obrigado — o androide respondeu e deslizou os dedos pelos seus cabelos. — Mil perdões por fazê-lo perder seu tempo, senhor.

Ele deu um passo para trás e subiu o degrau do display em que estava antes, ajeitando as roupas. Katsuki ouviu alguém se aproximando e pensou em se afastar, mas era tarde demais: o vendedor havia retornado, e ao vê-lo, vestiu um falso sorriso de negócios e aproximou-se do rapaz.

— Vejo que se interessa! Esse modelo será perfeito para o se-- — O homem se calou ao ver o olhar mal-humorado de Bakugou. Ele sempre tinha aquela expressão irritada no rosto, mas ela tinha ficado especialmente mortífera porque, por todos os deuses, aquele cara o irritava até a alma.

— Eu não... — Hesitou. Olhou de volta para o androide. Nada o deixaria mais puto naquele momento do que por dinheiro no bolso daquele filho da puta. Correção: nada, exceto deixar aquele androide ali, prestes a ser descartado como lixo.

Respirou fundo, tentando controlar seu gênio, e perguntou, entredentes:

— Quanto?

Os olhos do vendedor brilharam, e Katsuki quase pôde ver os cifrões neles, como nos desenhos animados. Quando ele disse o preço, o rapaz piscou, surpreso: não era tão caro quanto pensava. Provavelmente fazia parte de uma queima de estoque. Antes que o homem abrisse a boca para tagarelar sobre parcelas, juros, garantia e outras ladainhas, Bakugou estendeu seu cartão, interrompendo-o.

— À vista. Faça logo essa merda antes que eu me arrependa.

Alguns minutos e vários dólares perdidos depois, Katsuki meteu as mãos nos bolsos e saiu da loja, com o androide em seu encalço.

— Espere um segundo, senhor, o senhor precisa fazer as configurações iniciais de personalização... — O rapaz parou, deu meia volta e olhou para o androide que havia comprado impulsivamente. — O senhor precisa me dizer seu nome e escolher um para mim – explicou gentilmente, sem se abalar pelo olhar de poucos amigos do humano.

— Bakugou Katsuki. E você... — O humano percorreu o corpo de androide com os olhos, pensando. Então, seu olhar captou o nome do seu modelo, estampado no peito do uniforme. KE700. KE. Lembrou-se de um personagem de um mangá antigo que costumava gostar quando era um pirralho e disse: — Kirishima. Kirishima Eijirou.

— Meu nome... — O androide deslizou os dedos sobre o peito do uniforme, e as letras e números brancos tremeluziram antes de serem substituídos pelo seu novo nome. — Kirishima Eijirou. Obrigado, senhor Bakugou!

Kirishima parecia tão legitimamente feliz — o que não fazia o menor sentido, porque ele era a porra de um androide — que Katsuki ficou sem reação por alguns segundos. Como ele conseguia parecer tão fodidamente fofo? O humano virou, sentindo as pontas das orelhas se aquecerem, e disse a primeira coisa que conseguia pensar:

— O seu cabelo é tão brega, parece que saiu da porra de um álbum de fotos dos anos 2010.

— Se o senhor quiser... — Eijirou deslizou os dedos pelos fios negros. Em instantes, eles se tornaram vermelhos, da cor dos seus olhos. — Assim eu pareço mais legal?

Ouvir o androide usar o termo “legal” com uma expressão tão séria trouxe a Bakugou um ímpeto muito forte de rir, mas conseguiu se segurar. A moldura de cabelos flamejantes combinava com seu rosto estupidamente perfeito e com seus olhos de rubi, mas é claro que Katsuki não admitiria.

— Menos pior. Vamos para casa antes que eu me arrependa.

Bakugou Katsuki se arrependera de muitas coisas ao longo da sua vida: parar de lutar, abandonar a faculdade por falta de dinheiro, viver em constante estado de guerra com seus pais. Mas a verdade é que, dentre todas as decisões que tomou, essa foi uma das únicas que nunca se arrependeria, pelo resto da vida. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vejo vocês no último extra! Beijos ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Plastic" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.