Lovely Death Angel escrita por Jibrille_chan


Capítulo 6
Capítulo 05


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEM DEMORAR! Mas a internet deu problema e eu non fiquei em casa no fim de semana i.i~ Anyway, aqui está! o/



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E então eu havia pegado aquele hábito quase saudável, de sempre arrumar um tempo para almoçar com ele. Mesmo que muitas vezes ele só pudesse ter uma folga para o almoço depois das três horas da tarde, mas isso... era um mero detalhe. E aos poucos eu conhecia a sua vida. Ele não se cansava de falar.

Já sabia que ele era uma cidade chamada Kanagawa, que possuía duas irmãs mais velhas e casadas, que havia ido morar sozinho em Tokyo para cursar sua faculdade de medicina, que tinha uma alergia quase mortal de gatos, que sempre quis ter um cachorro, mas como mora em apartamento, resolveu que não seria bom para o animalzinho.

Também sabia que ele já havia cultivado o sonho de ser um músico famoso e sair tocando pelo mundo, mas achou que cuidar de crianças era mais divertido, e a parte mais paradoxal de tudo aquilo que eu havia aprendido dele: por mais que ele gostasse de crianças, ele não queria um filho. E quando eu perguntei o porquê, ele simplesmente sorriu e disse que mimaria demais o filho.

Eu realmente poderia imaginá-lo como um pai zeloso ao extremo e que mimaria o filho no que pudesse e até no que não pudesse. Mas o que me deixava realmente encantado é que ele parecia respeitar o meu silêncio, então ao invés de perguntar coisas sobre mim, ele simplesmente falava de si mesmo. Aquilo fazia com que eu quisesse descobrir mais sobre ele.

- Sabe, você deveria conhecer a minha família.

Eu o olhei, intrigado. Estávamos sentados na mesa de uma sorveteria, ao ar livre, enquanto ele devorava um sorvete no mínimo gigantesco.

- Conhecer a sua família?

- É! São todos muito simpáticos, você ia adorar!

Eu ri, negando com a cabeça. Da onde vinha toda aquela confiança em mim? Ele ficou me olhando de uma maneira diferente, e eu parei de rir, intrigado com aquilo.

- O que foi?

- Nada! – ele corou, voltando seu olhar para o sorvete. – É que são realmente raras as vezes que você dá risada... Só isso.

Eu sorri, e ele apenas ergueu o olhar, sorrindo fraco, completamente constrangido. Depois levou a mão à cabeça, uma careta de dor se formando em seu rosto. Aquilo em alarmou um pouco.

- Tudo bem?

- Está, é só a minha cabeça... Ela... Aoi... eu vou...

Para o meu horror, um filete de sangue começou a escorrer por uma de suas narinas, e no instante seguinte ele perdeu a consciência. Entrei em desespero, pegando-o no colo e correndo aflito para o hospital que ficava ali perto. O que estava acontecendo, afinal?

- Está tudo bem, Aoi. Eu já posso ficar de pé.

Ele estava se sentando contra a minha vontade na cama do hospital. Tinha plena consciência que meu rosto deveria estar pálido.

- Uruha, me diz uma coisa. Há quanto tempo você vem tendo esse tipo de coisa? Não adianta me enganar, essas coisas não acontecem simplesmente do nada ou do dia pra noite.

Ele suspirou, olhando pro chão.

- Bem... já faz algum tempo.

- Quanto tempo, Uruha?

- Um tempo.

- Takashima Kouyou, quanto tempo exatamente?

Ele se encolheu um pouco pela menção de seu nome verdadeiro.

- Três meses.

- E você não procurou um médico?!

Ele se encolheu mais um pouco, e eu percebi que ele estava tremendo. Suspirei, me levantando e indo abraçá-lo. Ele não precisou me falar, mas eu entendi que ele só não havia procurado alguém antes por medo de saber o que estava acontecendo. Senti seus braços trêmulos me envolvendo, e logo suas lágrimas estavam molhando o meu ombro, num choro silencioso e contido. Aquilo já estava assustando a mim.

Sentei-me em um dos degraus do lado de fora da igreja, o desespero querendo tomar conta de mim. Precisava saber o que estava acontecendo com Uruha. Pelo menos eu poderia saber se a morte dele iria se aproximar. E só aquele pensamento já me dava um aperto no peito.

Eu não queria perdê-lo. Isso era um fato.

Suspirei, querendo gritar toda aquela agonia, quando eu vi uma rosa branca sendo estendida à minha frente. Levantei meus olhos, encarando aquela face infantil, os cachos quase dourados, o vestido tão lilás quanto o algodão doce que ela comia da última vez que havíamos nos visto, e aqueles olhos azuis penetrantes.

- Mizuki-chan?

Ela sorriu, e eu acabei aceitando a sua rosa. Ela se sentou novamente do meu lado.

- Sabia que em alguns países, dar uma rosa branca a alguém é um sinal de amizade?

- Você realmente sabe muita coisa para uma pessoa da sua idade.

Ela riu, negando com a cabeça.

- É, talvez sim, talvez não. Tem certas coisas que ninguém sabe, não importa que idade tenha. No geral tem a ver com situações complicadas e como sair delas.

- Sei bem como é.

- E então... da última vez que nos vimos, você estava pensando em se arriscar ou não. O que decidiu?

- Eu acabei seguindo o seu conselho.

- Ah, isso é bom.

Me virei para ela, vendo seu sorriso de criança marota.

- Será que eu poderia pedir outro conselho?

Ela sorriu e se virou pra mim.

- Sabe, eu acho interessante esse medo que as pessoas têm da morte. Não é como se fosse o fim... E você sabe disso melhor do que ninguém. Mas o verdadeiro problema está na ausência. Na solidão. Veja bem, a solidão pode matar uma pessoa, e ela continuar viva. Deu pra entender?

- Ahn... Não. Tente de novo.

- Por exemplo... se você perdesse alguém que você gosta. Alguém que você gosta muito, alguém que você se arriscaria sem pensar duas vezes, alguém que você confiaria a sua alma e a sua vida... Você ficaria chocado. Depois furioso por terem te tirado uma pessoa tão preciosa de perto de você. E por fim, a solidão falaria mais alto, e você se torna uma pessoa triste. Você não vê mais graça nas coisas, não se interessa por nada... pra quê, se a razão da sua vida se foi? Entendeu agora?

- Entendi.

- A morte não usa relógio ou calendário. Ninguém se esconde dela. Mas o que as pessoas não percebem é... que a morte não é um fim. É só um recomeço. O fim de alguma coisa para o começo de outra. O que eu quero dizer é que às vezes o que se tem que fazer é simplesmente deixar ir.

- E se eu não quiser deixar ir?

Ela me olhou no fundo dos meus olhos, e aquele olhar me incomodava um pouco, era quase como se ela pudesse ler a minha alma.

- Você gosta mesmo dele, não é?

- O que? Como você...?

Ela riu, negando com a cabeça.

- Você realmente não tem idéia de com quem está falando, não é?

Dei de ombros, e ela voltou a rir.

- Isso é bom. Acho que ninguém tinha me tratado como igual antes. Bem, você queria um conselho, Aoi. Então eu vou te dar um: volte lá e faça aquele médico feliz enquanto você ainda pode.

- E o que acontece depois?

- Depois? Ah... Na hora a gente pensa nisso. É como eu disse... Você só  precisa conhecer as pessoas certas.

Ela piscou um olho e me apontou a rosa, que aos poucos ia adquirindo um tom de azul muito intenso. Quando eu voltei o meu olhar espantado pra ela, ela já tinha ido embora. Aquelas rosas só eram encontradas em um lugar em todo o planeta e fora dele: nos jardins do anjo Gabriel.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos os reviews, mesmo que eu non tenha respondido todos ^^' Vou tentar postar a cada 2 dias, mas minha internet anda muito instável ¬¬'