Follow Your Soul escrita por Nez
37º Capítulo
-“Esta é a tua namorada? A tua mãe falou-me dela. Diz que mudaste muito!”
-“É a minha namorada sim. E teria visto que eu mudei se nos visitasse mais vezes. Mas como para nós nunca tem tempo.” – respondi-lhe tirando a moldura da minha princesa da mão dele.”
-“Se eu aqui estivesse não tinha permitido isto não…” – murmurou ele.
-“O QUE DISSE?”
-“Eu conheço a tua namorada Sérgio. Ela é de Lisboa não é?” – ele não parava de andar pelo meu quarto, estava a deixar-me louco.
-“COMO SABE ISSO?”- já me estava a passar. Como é que ele sabia tanto da Inês.
-“Eu vi-a lá há uns tempos. Vi-a num funeral a que fui.”
-“Algum colega que morreu? É que da família não morreu ninguém!” – perguntei sarcasticamente.
-“Não. Do senhor que eu atropelei. Daquele acidente que eu tive há uns tempos.”
-“O QUÊ?! O SENHOR NÃO ESTÁ A FAZER SENTIDO NENHUM!”
…
-“Vi-a num funeral do senhor … aquele acidente que tive…ai tu sabes filho.” – dizia-me ele atrapalhado.
-“Mas ela estava nesse funeral po-porquê?” – eu receava ouvir a resposta. Parece que estava num pesadelo.
-“Era o pai dela!” – disse ele apontando para a fotografia dela que eu segurava na minha mão, agora ainda com mais força –“ Ela é muito parecida com o pai sabes?”
Nem queria acreditar nisto. O meu pai era o responsável pela morte do pai da minha namorada. Era por causa do meu pai que eu a conheci. Tudo isto se deve a ele. Todo este sofrimento dela se devia ao meu pai. Ela perdeu o pai por causa do meu. Sentia-me enojado só de olhar para o meu pai.
-“Saia daqui!” – disse entre dentes.
-“Oh filho…foi um acidente.” – desculpou-se ele alcançando o meu ombro, que depressa eu sacudi.
-“NÃO ME TOQUE! O SR. MATOU O PAI DA MINHA NAMORADA!” - gritei o mais que pude. Sentia-me tão frustrado. Como é que isto me estava a acontecer. Porquê? Sentia tanta raiva que até os meus olhos ardiam devido ás lágrimas que ansiavam escorrer.
-“Filho?! “ – entrou a minha mãe a correr no meu quarto. Quando me viu neste estado depressa me abraçou. –“ o que fizeste?” – perguntou ela ao meu pai.
-“Só lhe disse que conhecia a namorada dele. Não percebo.” – abanava ele a cabeça de um lado para o outro.
-“ Foi ele mãe. Ele MATOU o pai da Inês. Foi ele mãe!” – agarrava-me á minha mãe em busca de algo. Sentia-me á beira do abismo neste momento.
-“Isto é verdade?” – perguntou na sua direcção.
-“Foi um acidente. Eu não vi o senhor. Eu não poderia adivinhar.”
-“De certeza que estava distraído com a sua amante e que por isso não o viu na passadeira!” – respondi-lhe cheio de repulsa.
-NÃO TE ADMITO RAPAZ!” – disse dirigindo-me na minha direcção de mão levantada e punho cerrado. Caí no chão com a força do murro que este me deu
-“SÉRGIO FILHO!”
-“Estou bem mãe. Eu estou bem. -Apenas não me doía imenso a cara – “Talvez assim a Clarinha perceba que tipo de homem ele é. Um ASSASSINO e um AGRESSOR!”
-“Não estou para ouvir estas coisas na minha ca…”
-“ESTA NÃO É NEM NUNCA FOI A TUA CASA! E como não sabia eu disto? Porque não me contaste?” – confrontava-o a minha mãe.
-“Não queria que te preocupasses!”
-“O pai não te contou porque fugiu. Ao menos diga-lhe logo a verdade. O condutor fugiu e deixou a vitima ali para morrer! COMO PÔDE?!”
-“EU NÃO SABIA. EU ESTAVA NERVOSO!”
-“E POR ISSO FUGIU? É UM COVARDE! METE-ME NOJO!”
-“Sérgio por favor…” – implorava a minha mãe , agora já a chorar. –“ Chega filho. Deixa-me falar com o teu pai a sós. Vai pôr gelo no olho.”
-“MAS MÃE…”
-“Sai por favor…”
Saí do meu quarto batendo com a porta, deixando para trás os gritos da discussão familiar. Fui á cozinha buscar um pouco de gelo. Amanha estaria bonito estaria.
Sentia uma raiva dentro de mim. Chega este homem desprezível cá a casa e instaura-se o caos. A Clarinha passa a odiar-me, descubro que matou o pai da minha namorada e ainda apanho no focinho.
Eu nem conseguia acreditar. Se deixasse a minha mãe ali sozinha com ele, de certeza que ele lhe dava a volta. Como sempre deu.
Como é que isto aconteceu? O meu pai responsável pela morte do pai da minha princesa. Ela nunca me iria perdoar.
Agora que tudo parecia estar bem…que iria eu fazer?
Preferia que tivesse morrido o meu pai em vez do dela. Mas então, outros pensamentos se apoderaram de mim.
-“Se não tivesse sido assim… eu nunca a teria conhecido. Deveria agradecer ao meu pai? Ou julgá-lo?”
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