Celle, o retorno escrita por Nany Nogueira


Capítulo 40
O segredo da Melanie




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Sam entrou no quarto sentou-se numa das cadeiras da pequena mesa e colocou as pernas para cima, deixando Melanie indignada:

— Os anos passam e você não aprende a ter educação, não? – empurrando os pés da irmã, que deu uma risada irônica.

— Posso não ser muito educada, como você, cheia das etiquetas, porém, você há de concordar comigo que dou excelente em guardar segredo!

— O que está insinuando irmãzinha?

— Quando vai contar ao Gibby que Mabel não é filha biológica dele? Ou melhor, quando vai contar para a sua filha que a enganou por mais de 20 anos, pela vida toda dela?

— Isso é um absurdo! Mabel é filha do Gibby! Está até acima do peso, como ele.

— Se ser gordo garantisse parentesco, haveria uma grande família no mundo – gargalhando.

— Não vejo a menor graça!

— Melzinha, eu tenho ótima memória! Na época em que você namorava o Gibby à distância, namorava também o seu vizinho, como era mesmo o nome dele? Aquele mais jovem que você, capitão do time de futebol no último ano da escola... Josh?

— Eu nunca me envolvi realmente com o Josh, foi só uma paquera, eu estava carente, longe do Gibby...

— Corta essa! Quem não te conhece que te compre!

— Você não tem prova nenhuma do que está falando!

— Realmente, mas hoje existe uma coisa chamada exame de DNA.

— O Gibby nunca vai cair nas suas acusações sem sentido.

— Será? Eu sou a melhor amiga de infância da Carly, que é a esposa do Gibby, que tem muita influência sobre o Gibby....

— Chega! O que quer, Sam?

— Uma coisinha muito simples: deixe o Cris ver a filha no dia do aniversário dela!

— Isso não depende de mim.

— Tenho certeza de que dará um jeitinho. Espero o seu contato, irmãzinha – pegando a bolsa, jogando um beijo no ar e saindo do quarto com um sorrido cínico.

Enquanto isso, Cris abraçava-se à Ellie sem conseguir conter as lágrimas. A pequena não entendia:

— O que está acontecendo, papai? Por que está chorando? – abraçando-o.

— O papai está chorando porque vai sentir saudades de você.

— Eu também, papai! Não quero ir – agarrando-se ainda mais ao pescoço dele, no colo.

— Vai sim, minha pequena. A mamãe e o tio Richard querem fazer uma viagem bem legal com você, como umas férias! – tentando esboçar um sorriso.

— Mas, eu vou te ver de novo, né papai?

— É claro, minha querida. Férias não duram para sempre. Agora, vai dar um beijo na tia Belinha – colocando-a no chão.

Isabelle se abaixou, já continha o choro e a menina beijou a sua bochecha e depois a sua barriga, dizendo:

— Até logo, meus irmãozinhos!

As lágrimas não puderam mais ser controladas e Isabelle deixou-as rolar. A menina percebeu:

— Você também tá chorando, tia Belinha? Não chora não, eu volto logo, antes dos meus irmãozinhos chegarem, porque quero pegar eles no colo logo.

— Eu sei disso, meu amor – beijando a face da menina – Eu te amo, vai com Deus.

— Eu também te amo, tia! Cuida do meu papai e dos meus irmãozinhos enquanto eu não volto.

— Pode deixar, minha bonequinha.

Mabel se manifestou:

— Vamos logo, Ellie. A gente tem hora para chegar no aeroporto – pegando a menina pela mão, enquanto Richard carregava a mala da pequena.

O casal não se despediu, simplesmente levou a menina, sem olhar para trás.

Isabelle e Cris se abraçaram, restava-lhes apenas o pranto, com o apoio um do outro.

Mais tarde, quando o casal Celle já nem tinha mais lágrimas para chorar e tentava se distrair com uma série, ouviram a campainha. Cris se levantou para atender, abriu a porta e viu a sogra:

— Sam! Por favor, queira entrar – saindo da frente e dando-lhe passagem.

Ela deu um beijo no rosto do genro e caminhou em direção à sala de TV, onde a filha estava jogada no sofá, com aparente desânimo. Sentou-se ao lado dela, depois de um abraço apertado e um beijo estalado no seu rosto disse:

— Cris poderá ver a Ellie no aniversário!

— Como a senhora conseguiu isso?

— Conto o milagre, mas não conto o santo.

— Sigilo da fonte é?

— Total.

— Cris! – chamou Isabelle – Vem logo aqui.

O rapaz que havia ido para a cozinha, a fim de deixar mãe e filha a sós, entrou correndo:

— O que houve?

Sam respondeu:

— Compre suas passagens para Los Angeles, rapaz! Verás a sua pequena Ellie no dia em que ela completa 4 anos!

— Você só pode estar brincando?

— Nunca falei tão sério!

— É sério, amor! – confirmou Isabelle, conseguindo abrir um sorriso.

Cris aproximou-se de Sam e deu-lhe um beijo na bochecha:

— Serei eternamente grato a você, sogrinha querida!

— Só não sumir com a minha filha e meus netos que tá tudo certo.

— Eu jamais os afastaria de você, quero que meus filhos conheçam a avó incrível que têm.

Os dias se passaram e chegou o dia do embarque de Cris para Los Angeles. Isabelle foi proibida pelo médico. Estava inchada e prestes a entrar no oitavo mês de gestação. Os bebês poderiam nascer a qualquer momento, ainda que prematuras, por ser uma gestação gemular, dado o estado da mãe.

Cris despediu-se dela com um beijo nos lábios e disse:

— Cuide-se direitinho, eu vou num pé e volto no outro. Não perderia o nascimento dos nossos filhos por nada.

— Pode deixar. Estarei no apartamento dos meus pais, sendo muito bem cuidada por eles e ainda tendo a sua mãe por vizinha.

— Então, prepare-se para os cuidados exagerados da Dona Carly.

— E da Dona Sam, também – rindo.

— Agora estou mais seguro de ir.

— Que bom. Mande um beijo meu para Ellie e diga que já estou com saudade.

— Pode deixar.

Deram mais um beijo e ele se afastou, acenando pouco antes de entrar na sala de embarque.

Isabelle saiu do aeroporto a procura de um táxi e sentiu uma leve pontada em baixo da barriga, mas, logo passou. Pensou: “Eles têm muito tempo para nascer, não será com o pai longe”.

Acariciou a barriga e falou baixinho:

— Sejam um pouco mais pacientes, o papai não está aqui no momento.

Como se entendessem, sentiu dois chutes na sequência, abrindo um sorrido. Encontrou o táxi e embarcou rumo ao Bushwell.


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