Onírico escrita por Deusa Nariko


Capítulo 3
Capítulo III: O Vilarejo


Notas iniciais do capítulo

Oláááá~
Acabei de revisar esse capítulo e como minha vista pode ter me enganado, qualquer erro de digitação, por favor, me avisem!

Boa leitura!



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CAPÍTULO III:

O Vilarejo

•♦•

 

QUANDO VOLTARAM PARA junto das crianças — no ponto onde os haviam deixado antes —, acabaram por interromper uma conversa sussurrada e permeada pela tensão entre Sachiko e Shouta.

O menino olhou para ambos, especialmente para Sasuke, com desconfiança indisfarçada enquanto a menina parecia estar mais inclinada a confiar nos dois Shinobis ou ao menos a sua linguagem corporal fortemente sugeria isso.

Sakura sabia que para ganhar a confiança de ambos teria de assumir a dianteira outra vez na conversação. E foi o que ela fez ao se aproximar do menino com seu sorriso mais solícito:

— Está se sentindo melhor, Shouta-san?

Ao menos para ela, Shouta não fazia questão de mostrar abertamente o quanto era cauteloso com estranhos. Já com Sasuke a postura era outra, bem mais ressabiada.

— Estou bem, obrigado.

Sachiko, sempre a mais simpática, meneou a cabeça.

— Obrigada mais uma vez, Sakura-san.

— O que duas crianças faziam sozinhas na floresta? — ela enfim despejou da forma mais sutil que encontrou a pergunta que pretendera fazer desde o início.

Sachiko olhou para Shouta, que por sua vez abaixou os olhos com certo constrangimento. Foi a menina a falar em nome de ambos.

— Sakura-san, Sasuke-san, se importariam de nos levar para casa? Podemos explicar tudo no caminho.

— É claro que não nos importamos! — Foi a resposta de Sakura, como Sachiko havia feito, em nome dos dois. — Pretendíamos mesmo ir até o seu vilarejo, não é, Sasuke-kun?

Sasuke anuiu, lacônico como era de seu feitio, mas Shouta disparou um olhar de censura, primeiro para uma animada Sachiko e em seguida para os dois Shinobis da Folha, terminando por resmungar consigo mesmo sobre a completa ausência de cautela de Sachiko.

Assim, os quatro partiram, com as crianças indicando o caminho. Apesar da tensão palpável que emanava de Shouta e batia de frente com a placidez (que era facilmente confundida com indiferença) de Sasuke, Sakura ainda considerou a curta jornada uma experiência agradável, sustentada o tempo todo pelas perguntas feitas por Sachiko a respeito da Vila da Folha.

— Eh, é a primeira vez que vejo Shinobis de Konoha — admitiu com um tom que não escondia a admiração, os olhos grandes quase não deixavam a figura esbelta de Sakura.

— Mesmo? — Sakura estava genuinamente surpresa. — Minha shishōu, Tsunade-sama, visitou seu vilarejo há alguns anos.

— Tsunade? — Sachiko ecoou num timbre agudo. — Você é discípula da lendária Sannin Tsunade?

Ela anuiu sem ocultar o orgulho que sentia por isso. Isso só pareceu aumentar o sentimento de admiração que ela começava a nutrir por Sakura. Shouta, por outro lado, continuava a não querer dar o braço a torcer e mantinha a expressão amuada.

— Nós não vemos Shinobis há anos porque deixamos de receber visitantes, pelo menos desde que aqueles canalhas tomaram posse do nosso vilarejo.

— Por falar neles... — Sakura o interrompeu. — Quem eram? E por que atacaram vocês?

— Nós nunca vimos o bando todo — Shouta respondeu descontente. — Alguns acham que é porque eles se escondem na montanha, os covardes. Mas sejam quem for, já nos importunaram por tempo demais.

Sachiko anuiu comedidamente, encolhendo-se devido ao medo.

— Iori e Susumo são os que mais aparecem no vilarejo para nos cobrar o pagamento do que eles chamam de “taxa”. E se ficam descontentes com o que damos a eles, agem com violência e fazem ameaças. Nos piores dias, eles acabam punindo um de nós para fazer de exemplo para o restante, para que não nos rebelemos e não tentemos buscar ajuda.

— Isso é... Isso é revoltante! — Sakura murmurou entredentes. — Shannaro, o que esses patifes pensam que estão fazendo?!

Seus olhos recaíram sobre a figura de Sasuke, encontrando nele o mesmo sentimento de revolta que a consumia. Estava implícito na impressão aborrecida que curvava sua boca para baixo assim como na rigidez com que seu corpo se movimentava.

— Sasuke-kun, está achando o mesmo que eu?

Ela perguntou, atraindo os olhos dele sobre si, e o viu aquiescer discretamente. Sakura franziu as sobrancelhas, remoendo suas suspeitas consigo mesma enquanto os quatro se embrenhavam cada vez mais floresta adentro.

— Onde exatamente é o vilarejo de vocês? — Sakura quebrou o silêncio suave que envolvia todos. — Porque nós estamos procurando por Iwaki há um tempo e não encontramos nem um rastro sequer.

Sachiko piscou, aturdida.

— Mesmo?

— Sim, temos até um mapa — Sakura suspirou derrotada. — Que não nos levou a lugar algum.

A reação da menina dessa vez foi cobrir os lábios para abafar o riso.

— Eu não creio!

— É sério — Sakura reforçou, enfiando a mão dentro da capa para tirar de lá o mapa dobrado. — Um homem nos vendeu em Moyama garantindo que nos levaria ao seu vilarejo. Aquele mentiroso!

O fato de que Sachiko continuava a rir confundiu-a.

— Desculpa, Sakura-san. Mas acho que o “mentiroso” na verdade é o bobo do meu Jii-chan.

— Eh, como é que é?!

Sachiko cessou o riso para explicar com calma.

— Ele vem tentando resgatar o nosso vilarejo do limbo há anos! E digamos que ele não é o melhor dos cartógrafos. Iori e seu bando afugentaram todos os turistas desde que chegaram e, sem eles, tem se tornado cada vez mais difícil para subsistirmos. Para piorar, eles exigem o pagamento de taxas cada vez maiores.

“A única forma que meu Jii-chan encontrou de tentar nos salvar da completa miséria é atrair os turistas de volta para o nosso vilarejo. Mas além da má fama que passou a cercar o nosso vilarejo por conta dos bandidos, nunca foi muito fácil encontrá-lo devido à sua localização. Por isso ele próprio começou a desenhar os mapas e a vendê-los nas cidades grandes mais próximas. É claro que ele conhece os riscos, afinal, se descobrirem podem puni-lo — acrescentou as últimas palavras num sussurro como se temesse atrair má sorte apenas por dizê-las. — Mas meu Jii-chan diz que não tem medo e que ainda verá Iwaki cheia de viajantes e turistas como no passado, enchendo as casas de banho e de chá.

Sachiko concluiu com um sorriso:

— Aliás, conhecendo o meu Jii-chan, é bem provável que ele os tenha recrutado de propósito, Sakura-san, para que pudessem nos ajudar com Iori e seu bando.

Sakura e Sasuke se entreolharam, anuindo. Agora as peças começavam a se encaixar. Tinham sido trazidos de propósito para essa região. Eles tentavam ao máximo fazer de suas passagens pelas cidades maiores uma escala discreta, afinal, dificilmente permaneciam mais do que alguns dias, mas em Moyama havia sido impossível esconder suas identidades e os rumores de que a discípula da Godaime Hokage e de que o último Uchiha ainda vivo estavam na cidade se espalharam como fogo na campina.

A única falha no plano daquele mercador havia sido, é claro, a sua péssima habilidade cartográfica que retardara a chegada de Sasuke e Sakura à destinação escolhida.

— Aquele bobo! — Sachiko murmurou para si mesma entre risos.

— Acho que o seu avô cometeu um engano, Sachiko — Shouta se manifestou pela primeira vez em muito tempo. — Está na cara que esses dois não vão querer se envolver nos nossos problemas. Essa é a natureza verdadeira de um Shinobi. Afinal, são pagos para realizar os serviços. Nós não temos nada a oferecer para eles.

E, dizendo isso, disparou adiante, correndo pela floresta e ignorando os chamados insistentes de Sachiko, que olhou para trás como se pedisse desculpas pelo comportamento do garoto antes de correr atrás dele.

— Esperem! — Sakura tentou detê-los; em vão.

Apertou o passo para não perdê-los de vista, com Sasuke no seu encalço, enquanto a floresta ao redor deles se enchia com o som de aves e água corrente, provavelmente de alguma cachoeira ali por perto. Eles tinham andado um bom bocado em direção ao leste nas últimas horas.

Sakura seguiu as crianças pela mata sem diminuir o passo até perceber que se aproximava do fim dela: raios intensos de sol infiltravam-se pelas árvores agora, que começavam a rarear. Apertando os olhos para ver além da luz intensa, pensou discernir os contornos de uma formação rochosa monumental na orla da floresta.

Assim que pisou fora da mata, suas suspeitas se comprovaram verdadeiras: havia um verdadeiro paredão de rocha recoberta pela vegetação com centenas de metros de altura e que se estendia por todo o seu campo de visão.

Percebeu que se tratava de uma montanha cônica colossal, o vulcão inativo e homônimo a quem haviam emprestado o nome ao vilarejo famoso por suas fontes termais.

Tudo estava cercado pela vegetação densa e verde. E em meio ao verde da mata densa, pontos brancos se faziam notáveis: eram árvores ameixeiras em plena época de floração e as flores brancas e delicadas exalavam uma doce fragrância.

As casas charmosas de madeira, e até mesmo alguns estabelecimentos, espalhavam-se por todo o sopé e ao longo da montanha, algumas erguidas sobre a rocha sólida, outras amparadas pelo terreno plano. Eram muitas na realidade e eram ocultadas com facilidade pela vegetação. Ainda havia trilhas estreitas e íngremes entre os penedos que ziguezagueavam entre as construções, costurando caminhos de terra e de seixos e foi por um deles que ela viu Shouta e Sachiko seguirem para adentrar o vilarejo, subindo um outeiro.

Sakura olhou para tudo aquilo estupefata. Não esperava ser surpreendida por uma paisagem tão pitoresca, coroada por um céu azul impecável e ainda inegavelmente bela. Embora houvesse uma aura intimidante sob todo aquele encanto que indiscutivelmente estava relacionada ao fato de o vilarejo ter sido construído à sombra de um vulcão — mesmo que inativo.

Sasuke estagnou ao seu lado, olhando para o mesmo panorama que ela.

— É tão lindo.

Ela se pegou sussurrando com deslumbre e encontrou no silêncio meditativo de Sasuke a confirmação de que aquele sentimento era mútuo. Apertou um punho contra o peito quando uma sensação ruim a tomou, quebrando a ilusão do momento.

— Mas estou preocupada com o que as crianças nos contaram. Aqueles dois patifes de antes não estão sozinhos.

— Eles eram fortes — Sasuke completou, amargando a frustração de tê-los deixado escapar. — Não dá para dizer se os outros possuem o mesmo nível de poder e nem mesmo quantos são, mas, por ora, devemos manter a cautela acima de tudo.

— Sim — Sakura anuiu.

Finalmente, eles deram, juntos, o primeiro passo em direção ao vilarejo. Caminhavam lado a lado num ritmo constante e não baixavam a guarda sob nenhuma circunstância.

Subiram a trilha estreita pela qual Shouta e Sachiko tinham seguido antes, atraindo de imediato as atenções dos civis que circulavam pela área.  A desconfiança e até mesmo o medo era visível nos rostos da maioria dos moradores.

Ouviram murmúrios e exclamações enquanto mães aflitas escondiam crianças atrás de seus corpos e os poucos homens à vista davam passos adiante para se colocar entre os forasteiros recém-chegados e suas esposas e filhos.

Sakura se esforçou ao máximo para transmitir seus sentimentos inofensivos através de sua linguagem corporal. Encolheu os ombros e tentou não encarar nenhum deles, concentrando-se na trilha íngreme que subiam e nos próprios pés. Mesmo assim, não conseguia evitar olhá-los rapidamente de soslaio. Iori e Susumo, e o restante do bando, tinham deixado uma ferida profunda naqueles aldeões e ela só ansiava poder reparar um pouco que fosse do mal que eles fizeram.

Chegaram, por fim, ao centro do vilarejo onde uma mulher com os mesmos cabelos castanhos abraçava Sachiko com alívio evidente.

— Onde você estava?! Quer me matar de preocupação?! Eu já te pedi que não fosse à floresta sozinha!

Sachiko, constrangida por estar sendo repreendida na frente de uma multidão, abaixou o rosto.

— E-eu não estava sozinha! Eu já disse que estava com o Shouta-kun!

Shouta, surpreendentemente, não havia deixado o local ainda. Mas sua expressão já não carregava o azedume de outrora e seu tom sugeriu remorso ao se dirigir à mulher, que àquela altura ficara óbvio para Sakura se tratar da mãe de Sachiko:

— A culpa foi minha. A Sachiko só tentou me impedir de fazer uma besteira, Yumiko-san. Eu assumo toda a responsabilidade.

— Desculpas não vão salvar os dois caso sejam pegos por nukenins! — ela continuou a ralhar com as duas crianças. — É preciso bom senso!

Um homem calvo e idoso, usando um quimono desgastado e se apoiando precariamente numa bengala, se aproximou em seguida com um semblante calmo; parecia disposto a poupar Shouta e Sachiko do sermão que estava começando a atrair mais e mais espectadores.

— Yumiko, são crianças. Você sabe como eles são inconsequentes nessa idade.

— Tou-chan, não ouse defendê-los. O que eles fizeram não foi só inconsequente, como absurdamente perigoso considerando as circunstâncias. Onde já se viu tentar encontrar o esconderijo daqueles criminosos?! Além do mais, Tou-chan é o último que pode dizer algo sobre ser inconsequente, não é mesmo?! — Ela direcionou um olhar recriminador para o homem idoso a seguir, que se encolheu.

Nesse momento, os olhos de Yumiko enfim recaíram sobre Sasuke e Sakura, tal como todos os outros notaram ambos ali, fitando-os com surpresa e com espectros de medo atravessados nas expressões estupefatas. Todos exceto pelo homem idoso, que abriu um sorriso ao vê-los ali, em Iwaki.

— Are, e não é que vocês encontraram mesmo o nosso vilarejo?

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Um capítulo um pouco mais calmo depois de tanta ação no capítulo anterior. Eu não estava tão satisfeita com esse capítulo (pra ser sincera ainda tenho sentimentos mistos), mas está aí.

Ontem foi aniversário do Sasuke awnnnnnnn. Queria até ter postado esse capítulo ontem, mas não rolou. Estourei o prazo combinado em um dia, vou ver se trago o próximo na semana que vem.
Até o próximo! o/



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