Onírico escrita por Deusa Nariko


Capítulo 2
Capítulo II: O Confronto


Notas iniciais do capítulo

Oláááá~
Aproveitando o feriado em SP pra postar o segundo capítulo de Onírico. Eu tinha dito que ia tentar manter as atualizações com intervalos de duas semanas, mas dessa vez consegui retornar antes do prazo estipulado.

Sem mais delongas, segundo capítulo de Onírico!
Boa leitura!



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CAPÍTULO II:

O Confronto

•♦•

SASUKE ESPEROU PELO primeiro movimento do adversário com uma empolgação crescente fervendo no seu sangue, bem dosada com a sua tendência analítica e calculista. Já fazia algum tempo que não se envolvia em uma batalha, mesmo que o nível de poder do oponente permanecesse uma incógnita.

O maior deles, a quem seu parceiro havia chamado de Susumo mais cedo, encarou Sasuke de maneira cortante. Uma gota de suor escorreu pela sua têmpora esquerda, sem dúvida estava imaginando do que mais Sasuke era capaz, além de possuir uma velocidade excepcional. Ele carregava uma espada grande nas suas costas, além de várias katanas menores atreladas a bainhas de couro negro.

Sasuke recuou o pé esquerdo alguns centímetros mais atrás e empunhou a kusanagi diante do corpo; o garoto que salvara um momento antes continuava seguro à sua retaguarda.

Susumo retorceu o rosto numa careta e ergueu um braço musculoso para segurar a espada presa às suas costas pelo cabo, prolongando o momento em que a empunharia certamente para também esperar que Sasuke fizesse o primeiro movimento.

E ele fez. Com sua velocidade quase indetectável, avançou contra o oponente. Susumo reagiu, puxou sua espada bem a tempo de aparar o golpe da kusanagi de Sasuke. Ambas as lâminas se chocaram com um estrépito agudo e metálico, que fez jorrar faíscas incandescentes devido ao atrito do aço. As espadas tremeram com o esforço que seus braços fizeram.

Num piscar de olhos, Sasuke tinha se movido, atacando Susumo pelo flanco direito tão logo enxergou uma abertura. Mais uma vez, seu oponente interceptou o ataque com a própria espada. E num movimento fluído — e bastante rápido — desatrelou a lâmina da de Sasuke para manejá-la num corte limpo e horizontal que o fatiaria em dois caso não saísse de sua trajetória.

Sasuke impulsionou o corpo para cima num salto perfeito, voando por cima da cabeça do oponente com uma pirueta antes de pousar sobre os próprios pés e surpreender Susumo pela retaguarda. Ergueu o braço e desceu a kusanagi, mas o homem conseguiu se recuperar no último momento e atirou-se para fora do alcance da espada. Sem dúvida era um espadachim habilidoso, não seria tão fácil derrubá-lo assim — e Sasuke estava satisfeito com isso.

De repente, Susumo se empertigou e franziu a face suada ainda mais, olhando de soslaio rapidamente para o parceiro, Iori, que ainda não havia executado seu primeiro movimento frente à kunoichi que o encararia.

Ela alongou o pescoço e um dos ombros de maneira despreocupada, mas não desviou o olhar dele em momento algum. Iori, por outro lado, conservava o sorriso desdenhoso que lhe puxava um dos cantos da boca para cima.

E ele susteve o sorriso todo o tempo, mesmo quando partiu para cima de Sakura em posse da katana que usava. Ela mais que depressa tratou de repeli-lo com uma kunai apanhada da bolsa atrelada à sua coxa. Juntos, os dois se moveram pela floresta com movimentos precisos. Iori podia não ter os músculos do parceiro, mas era veloz e mais ágil — e se aproveitava disso para tentar obter vantagem na luta.

Num entrechoque derradeiro das armas — forte demais —, tanto Sakura quanto seu adversário saltaram para trás, pousando a vários metros um do outro enquanto voltavam a se estudar.

— Por favor, procurem um lugar seguro!

Sakura apelou em direção às crianças, que prontamente trataram de acatá-la ao se afastar da área, antes de arremessar sua kunai na direção de Iori. Kunai esta que foi rechaçada pela katana dele sem dificuldade. A seguir, saltou com um impulso das pernas e mergulhou novamente rumo ao solo como um meteoro, o punho enluvado carregado de chakra.

Apesar de sua velocidade, Iori conseguiu desviar ao atirar seu corpo para a direita, fugindo da devastação que o golpe de Sakura criou na floresta quando colidiu com o chão, um bramido explodindo do seu peito.

Sasuke firmou ambos os pés para se impedir de cambalear com os pós-tremores do soco de Sakura, que levantou rochas que tinham o triplo do seu tamanho, derrubou pelo menos três árvores grandes e antigas, além de fazer surgir uma densa nuvem de pó que preencheu toda a floresta.

Susumo, à sua frente, olhou espantado para a destruição que ela causara com um único soco, uma reação comum para qualquer um que testemunhasse em primeira mão a força lendária que consagrou a Godaime Hokage e, também, a sua afamada discípula:

— Mas o quê foi isso?!

Coberto pela nuvem de pó, mas à primeira vista aparentemente intacto, o homem chamado Iori mostrou os dentes numa careta para a kunoichi que se empertigava no centro da cratera. Ela o encarou com malícia tanto no sorriso ínfimo que abriu quanto nos olhos verdes ardentes que fulminavam o sujeito.

— Você estava dizendo que não gostava de mulheres fracas, não é? — provocou-o, arrancando um muxoxo de Iori como resposta.

— Oe, Susumo. Vamos entrar naquela formação agora.

— Como quiser. — Foi a resposta do seu parceiro ao fincar a espada imensa no chão para unir as palmas das mãos e formar selos com elas.

Sasuke imediatamente tratou de tentar ler seu adversário para antecipar o próximo movimento que faria. Não queria revelar seu maior trunfo para o inimigo ainda — o Sharingan. Por isso estava torcendo para que Susumo e Iori parassem de se conter e revelassem seus verdadeiros potenciais com as técnicas que usariam a seguir.

O primeiro deles a fazer isso foi o próprio Susumo, que concentrou uma quantidade considerável de chakra e realizou uma série de selos para liberação do elemento fogo:

— Katon: Kaen Senpū!

Tanto Sasuke e Sakura se colocaram em alerta quando um vórtice de fogo envolveu o homem por completo, iluminando a floresta com uma aura alaranjada. As chamas dançaram num padrão espiral violento antes de Susumo centralizá-las em suas mãos, guiando os projéteis na direção de Sasuke.

Iori, por fim, também fez seus selos, mas o elemento que liberava era água:

— Suiton: Mizu Kamikiri!

Ao bater um dos pés no solo de forma brusca, um paredão de água ergueu-se e avançou em direção à Sakura, destruindo tudo em seu caminho, inclusive árvores e rochas, fatiando-as como papel.

Sasuke reagiu depressa ao ciclone gigante de fogo que vinha para cima dele. Fincou sua Kusanagi no chão, como seu inimigo havia feito e reuniu chakra nos pulmões para fazer os selos com sua única mão para a própria técnica, combatendo fogo com fogo:

— Katon: Gōkakyū no Jutsu!

Seus lábios sopraram uma grandiosa esfera de fogo que colidiu com o vórtice de Susumo numa explosão de calor e luz, enchendo a floresta com uma fumaça acre; fogo respingou nas árvores mais próximas e sobre a relva. Pássaros saíram em debandada das copas mais altas, grasnando e chilreando em pânico devido aos pequenos focos de incêndio.

Quanto à Sakura, tudo o que pôde fazer frente ao paredão de água que veio em sua direção foi desviar com graça, saltando do chão com outro impulso dos pés para ir pousar no galho de uma árvore que estava fora da trajetória do jutsu. A muralha de água fatiou ao meio o tronco de uma faia só a um metro de onde ela estivera momentos antes e em seguida se desfez.

Dali de cima, seus olhos afiados vasculharam a floresta, mas não vira sinais das crianças em parte alguma. Parte sua ficou aliviada, se não estavam à vista, isso queria dizer que não seriam atingidos durante a batalha. Mas outra parte angustiou-se com a possibilidade de que houvesse mais bandidos como aqueles dois ocultos na mata.

Sasuke, no chão, aguardou que a fumaça se dispersasse por completo para ver o que seu adversário faria a seguir. E o que ele fez foi realizar novos selos de mãos:

— Katon: Gōenka!

Quando Susumo pulou, a vários metros do chão, foi somente para expelir inúmeras esferas de fogo sobre Sasuke, que, ao recolher sua kusanagi, desviou delas com agilidade, prevendo onde cairiam e tirando seu corpo da trajetória das explosões de fogo com uma série de saltos e cambalhotas perfeitas.

Ele também aproveitou uma brecha, tão logo Susumo pousou no chão, para usar o chidorigatana na sua kusanagi, e partir para cima dele. Susumo desviou dos golpes, frustrando as expectativas do Uchiha, e ainda conseguiu formar selos para mais um jutsu de vórtice de fogo. Dessa vez, contudo, tudo o que Sasuke fez foi desviar das chamas escaldantes ao se lançar para fora da sua trajetória.

Iori, a alguns metros dali, também se preparava para usar uma nova técnica tendo Sakura como alvo:

— Suiton: Suiryūben!

Do galho onde estava, ela se preparou quando viu uma esfera de água engolir Iori enquanto múltiplos vivos tentáculos tomavam forma. Tudo o que viu, antes que eles fossem atirados contra o galho onde estava, foi o sorriso irônico do homem para ela.

Sakura lançou o corpo para trás num salto acrobático e esquivou dos tentáculos de água que cortavam tudo a sua volta assim que pousou no solo, amortecendo a queda ao concentrar chakra nas solas dos pés. Sua habilidade impecável de esquiva era tudo o que a impedia de ser empalada por um daqueles projéteis mortais.

A certa altura, viu-se próxima de Sasuke outra vez, que havia voltado a entrechocar sua espada com a de Susumo. Iori a caçava implacavelmente pela retaguarda. Ela não hesitou em meter-se na outra batalha quando encontrou uma abertura pelo flanco esquerdo, sabendo que ele não seria tão rápido para repeli-la quanto seu parceiro devido a sua compleição robusta, e não enquanto Sasuke o mantinha completamente ocupado.

Concentrou chakra num dos punhos e nos pés para aumentar a velocidade. Quando ele a notou, já era tarde demais. Susumo, num movimento desesperado para tentar amortecer o impacto do seu soco, posicionou a lâmina larga e infundida em chamas diante do corpo. Sakura o acertou da mesma forma com força suficiente para quebrar sua espada em duas e arremessá-lo por metros antes que suas costas colidissem com uma árvore e rachassem-no ao meio.

Com um deles fora da batalha — por enquanto —, Sasuke assumiu para si a tarefa de deter o outro e ainda evitar que os tentáculos de água perfurassem ambos. Ele concentrou chakra suficiente para usar uma técnica de fogo que erradicasse a técnica de água de Iori:

— Katon: Hōsenka no Jutsu!

Inúmeras esferas pequenas de fogo foram criadas e se desprenderam do corpo de Sasuke para se chocar contra os tentáculos versáteis de Iori, transformando-os numa cortina de fumaça branca tênue. O próprio Iori apareceu a seguir para chocar sua katana com a de Sasuke. Eles digladiaram algumas vezes antes que Sasuke vencesse a defesa de Iori e, com sua espada imbuída em Chidori, desferisse um corte perfeito do peito ao ombro do homem, fazendo-o urrar de dor por um momento.

O júbilo pela vitória não durou mais do que um segundo, contudo. No instante posterior a isso, o homem ferido revelava-se um clone de água, que se desfez em inúmeras partículas no ar; uma expressão debochada emoldurou as feições feitas de água que miravam Sasuke antes que ambos ouvissem a voz grave de Susumo murmurar acima deles:

— Katon: Karyū Endan!

Ao olharem para cima, só tiveram tempo de ver o homem invocar três grandes esferas de fogo que tomaram a forma de três dragões. Incrédula, Sakura rapidamente desviou o olhar para o ponto onde o corpo inconsciente de Susumo deveria estar, só para encontrar um pedaço de tronco no lugar.

— Kawarimi?! — pronunciou através dos dentes trincados.

Com aquela quantidade absurda de chamas, Sasuke sabia que apenas um elemento seria o bastante para contê-las. Finalmente, ele revelou seu olho esquerdo e concentrou chakra suficiente para ativar uma de suas técnicas mais perigosas:

— Enton: Kagutsuchi!

Chamas negras explodiram acima dos dois, avançando sobre os três dragões que desciam contra eles. Sasuke manipulou-as com seu olho direito, o Mangekyō Sharingan, enquanto o fogo negro praticamente devorava a técnica do inimigo, extinguindo e diminuindo as chamas o máximo que pudesse antes que estas colidissem contra ele e Sakura.

Instantes depois, uma nova explosão de fogo — tanto alaranjado quanto negro —, voltou a iluminar toda a floresta enquanto outra cortina de fumaça se expandia; chamas diminutas caíram como chuva sobre Sasuke e Sakura, quase inofensivas, e sobre o perímetro ao redor deles.

Iori e Susumo estavam lado a lado mais uma vez quando a cortina de fumaça se dispersou. Eles encaravam Sasuke, ou mais especificamente: o olho direito de Sasuke, que cintilava em carmesim e negro no padrão do Sharingan.

— Está vendo o mesmo que eu, Susumo? — Iori perguntou ao parceiro. — Heh, parece que tiramos a sorte grande, afinal.

O outro, menos cínico e mais taciturno, franziu o rosto molhado de suor numa expressão desgostosa.

— Esses olhos e chamas negras... Não há dúvida, Iori.

— Quem diria que cruzaríamos com ele nesse fim de mundo! — Iori declarou empolgado.

— Nossa luta terá de terminar outro dia e em outro lugar, Uchiha Sasuke — seu parceiro prometeu num tom sombrio e intimidante.

Sakura viu Sasuke enrijecer assim que ele escutou o sujeito pronunciar seu nome.

— Não vamos deixar que escapem tão facilmente! — Sakura ameaçou, cerrando os punhos.

— Você também, kunoichi. Outro dia nós terminaremos o que começamos. — E, dizendo isso, Iori deu-lhe uma piscadela debochada, que fez o sangue de Sakura ferver pela segunda vez naquele dia.

Sasuke até tentou se antecipar, mas Susumo aparentemente já tinha todo o plano de fuga cuidadosamente orquestrado: ele realizou alguns selos de mão e exalou pelo nariz uma fumaça densa:

— Katon: Haijingakure no Jutsu!

Uma nova explosão envolveu-os, misturando uma cortina de fumaça, densa o suficiente para fazer Sasuke e Sakura lutarem para respirar, e chamas controladas que se expandiram pela floresta.

— Sasuke-kun!

Sakura chamou pelo nome de Sasuke em meio à confusão criada por Susumo; perdera-o de vista em meio à fumaça acre que fazia seus olhos lacrimejarem e sua garganta arder.

Ouviu um ruído abafado em seguida. Num momento, a cortina de fumaça e fogo estava lá, no outro, uma rajada abrupta de vento a fizera se dispersar. Sakura afastou o punho esquerdo, que usara para tapar nariz e boca, e olhou surpresa para a forma incompleta do Susano’o de Sasuke. A figura humanoide feita de chakra e protegida por uma armadura samurai tinha um dos braços projetados, justamente o braço que segurava uma katana imensa.

Compreendeu num instante que Sasuke havia sido o responsável por dispersar a nuvem de fumaça. Olhou para o lugar onde Susumo e Iori haviam estado apenas momentos atrás, mas constatou para o seu desapontamento que eles tinham, de fato, desaparecido.

— Covardes — rosnou sob a respiração áspera, praguejando contra os dois nukenins.

Sasuke desativou seu jutsu como também seus olhos. Os dois se entreolharam e acordaram de forma tácita que a prioridade seria encontrar as crianças que salvaram anteriormente. Com os pequenos focos de incêndio — resultado da batalha de dois usuários de katon — controlados, eles partiram e na realidade nem precisaram procurar por muito tempo para encontrar a menina e o menino: estavam agachados atrás de uma rocha grande o bastante para ocultá-los e meio camuflados entre alguns arbustos densos.

— Não precisam ter medo, estamos aqui para ajudá-los — Sakura acalmou-os, oferecendo-lhes seu sorriso mais gentil, antes de tentar qualquer aproximação.

O primeiro a deixar o esconderijo foi o garoto, a quem a menina chamara de Shouta, que veio manquejando ao encontro de Sasuke e Sakura com uma expressão determinada que sem dúvida era usada para mascarar seu medo.

— Quem são vocês? — ele demandou num tom seco, pouco amigável, contrariando todas as expectativas depois que os dois interferiram e salvaram suas vidas.

Sakura decidiu tomar a frente nas apresentações, uma vez que suas habilidades de socialização eram definitivamente mais refinadas do que as de Sasuke.

— Somos Shinobis de Konoha. Estávamos apenas de passagem pela região quando cruzamos com vocês.

— São Shinobis da Vila da Folha?!

O garoto ecoou com uma expressão lívida, de olhos muito esbugalhados. Quando percebeu, porém, que tinha desfeito a carranca já era tarde demais para recompô-la. Por fim, a garota, com as faces frescas com rastros de lágrimas, também deixou o esconderijo. Ela tinha doces olhos verde-escuros e feições arredondadas que ainda carregavam alguns poucos traços da infância.

— O meu nome é Sakura. — Mais uma vez, a kunoichi assumiu a frente na conversação, indicando a seguir para Sasuke, bem ao seu lado. — E esse é o Sasuke-kun. Vocês são civis de algum vilarejo nas redondezas, suponho.

— Moramos em Iwaki, que fica não muito longe daqui. — A menina deu um passo adiante, olhos fixos em Sakura. — E meu nome é Sachiko. Muito obrigada por ter nos salvado antes, Sakura-san, Sasuke-san.

E dizendo isso, curvou-se numa reverência respeitosa para ambos. Sakura, contudo, estava perplexa com o que a menina havia acabado de revelar.

— Eeeh?! Vocês são de Iwaki?! O vilarejo de Iwaki?!

Sachiko sorriu de forma doce para Sakura em anuência. Mas o garoto, Shouta, protestou com um muxoxo, interrompendo o diálogo amigável:

— Tsc, não revele coisas assim para estranhos, Sachiko. Especialmente forasteiros como esses dois. — Mediu Sasuke de cima a baixo como que para comprovar um ponto de que os dois não deveriam se tornar confiáveis de uma hora para outra.

— Eles salvaram nossas vidas, Shouta-kun — Sachiko contrapôs, levando o garoto a tentar dar meia-volta para se afastar de forma brusca, quando se curvou com um gemido de desconforto e Sakura rapidamente correu os olhos pelas escoriações no seu corpo.

— Você está ferido! Eu sou Iryō-nin, por favor, me deixe examiná-lo e curá-lo! — Ela se adiantou, dando um passo cuidadoso adiante enquanto a menina amparava Shouta contra a vontade dele com novas lágrimas quentes escorrendo pelas faces.

Ao assimilar que Sakura era uma ninja-médica, Sachiko suplicou:

— Por favor, Sakura-san, cure o Shouta-kun!

Sakura se aproximou imediatamente, pronta para usar sua força bruta para conter o garoto, caso ele teimasse e resistisse. Habilidosa, fez o primeiro diagnóstico apenas com um olhar: ele tinha vários hematomas despontando sob a pele, sem dúvida tinha sido espancado antes que ela e Sasuke pudessem interferir. Sua maior preocupação era que ele pudesse ter tido uma costela trincada ou sofrer uma  concussão.

Tirou a luva da mão esquerda com os dentes e aproximou-a do menino, já tratando de emanar chakra com sua técnica da palma mística enquanto fazia um exame mais minucioso dos machucados no corpo dele. O desconforto dele foi abrandando conforme seu jutsu agia, até ser extinguindo por inteiro.

— Está tudo bem — Ela sorriu docemente para o garoto, que enrubesceu. — Pode confiar em mim e no Sasuke-kun.

Sasuke observou a cena com bastante atenção. Também estava alerta para a aproximação de qualquer inimigo. Quando o tratamento chegou ao fim e Shouta já exibia uma aparência melhor, com Sakura trocando meias palavras gentis com Sachiko, ele decidiu se aproximar.

— Sakura, pode vir comigo?

— Eh? Claro, Sasuke-kun. — Anuiu depois de superar uma confusão momentânea e seguiu Sasuke floresta adentro.

Ela parou quando ele parou, flexionando os dedos da mão direita de forma rígida e discreta. Olhou ao redor, ansiosa, a floresta havia se tornado silenciosa mais uma vez e o sol mal se infiltrava pelas brechas das copas das árvores imensas, formando pequenas poças de luz no leito coberto por folhas secas.

— O que acha que aqueles nukenins queriam com duas crianças, Sasuke-kun? Antes que nós os interrompêssemos, tive certeza de que eles não estavam apenas tentando amedrontá-las.

Sasuke se voltou completamente para ela, mas o que ele disse não foi o que esperava quando a chamou para uma conversa longe dos ouvidos sensíveis das crianças:

— Você se feriu.

Surpresa se espalhou pelas suas feições suaves. Sua boca se apartou, embora som nenhum proviesse deles, e suas sobrancelhas elegantes ergueram-se na testa de tez clara. Sasuke exalou de forma curta pelo nariz e venceu a distância entre eles em três passadas. Pegou no pulso do braço direito, erguendo-o, e olhou-a nos olhos irredutivelmente.

— Você se feriu, antes, quando socou aquele homem. E não se curou. Eu notei como parou de usar a mão direita desde então.

— Sasuke-kun — Sakura até tentou argumentar em sua defesa, mas Sasuke a surpreendeu de novo antes que ela tivesse a chance de retrucá-lo.

Ela corou sob a intensidade do olhar dele. Seu coração acelerou quando percebeu como ele estava atento a cada gesto dela, como a percepção de Sasuke dela era irrepreensível.

— Não é nada, Sasuke-kun — murmurou, mas aparentemente Sasuke não estava afim de ouvir seus resmungos, ou ela deduziu isso pela forma como ele se curvou e prendeu os dentes na ponta de um dos dedos da sua luva, puxando-a como ela havia feito antes.

Sasuke soltou seu pulso apenas quando a removeu por completo, descobrindo a pele vermelha e cheia de bolhas da mão de Sakura. Ela olhou surpresa para o próprio ferimento. Tinha sido fácil ignorar o latejar insistente com a luta ainda em curso, e mais tarde com a urgência em encontrar as crianças, e ainda em curar as escoriações de Shouta — o fato de que possuía uma alta tolerância para dor não havia contribuído. Mas, agora que encarava a queimadura, a dor tinha voltado para incomodá-la com uma intensidade crescente.

Suspirou, reconhecendo a própria negligência.

— Desculpa, Sasuke-kun — sussurrou cabisbaixa.

— Não precisa se desculpar — ele emendou, as feições se abrandavam a cada segundo e somavam-se ao desconcerto pelos próprios sentimentos que fluíam em cada palavra que proferia. — Só... Não esconda se sofrer um ferimento.

— É claro, Sasuke-kun — ela prometeu com um sorriso terno e, para evidenciar sua boa vontade em amainar as aflições de Sasuke, ergueu a mão intacta, envolta em chakra, e levou-a até a mão ferida, curando-a em pouco tempo.

— Bom — Sasuke aprovou com um menear sutil da cabeça, devolvendo-lhe a luva tão somente quando viu que a mão dela estava completamente curada.

Inflada com uma nova onda de determinação e otimismo, Sakura decretou por ambos:

— De volta às crianças então, shannaro!

 

 


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Notas finais do capítulo

Gente, muito obrigada por todo o feedback no capítulo passado! Foi muito mais do que eu esperava, obrigadíssima a todos que tiraram um tempinho pra comentar. Eu fiquei toda chorosa com o carinho de todos vocês!

E faz tempo que eu não escrevia cenas com porradaria no universo de Naruto, prometo que vou tentar desenferrujar porque eu quero mais cenas de luta aqui com certeza!
Qualquer erro de digitação, me perdoem! Eu escrevi esse capítulo quase todinho ontem, na maior empolgação e ouvindo a trilha sonora do Anime, e apesar de sempre revisar o texto acaba ficando pra trás um errinho bobo, então, se virem algum é só me avisar.
Até o próximo capítulo!