Dusk Till Dawn escrita por dracromalfoy


Capítulo 4
Capítulo Quatro


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, boa tarde, boa noite (depende do horário que vc estiver lendo essa att topssima)
Como sempre: desculpem qualquer erro e boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/762208/chapter/4

DUSK TILL DAWN

Capítulo IV

Não pensei que fosse conseguir chegar até o prédio onde eu iria morar nos próximos anos, mas dei conta de pegar um táxi e carregar todas as minhas malas até o endereço que eu tinha recebido de Marlene McKinnon – minha companheira de apartamento que eu ainda não conhecia. Fiquei um pouco ansiosa para conhecê-la, pois, pelo menos no telefone, ela me pareceu muito animada e simpática.

Desci do táxi e carreguei a mala maior até o portão do condomínio e, depois, fui buscar a outra, o taxista ficou olhando meu esforço enquanto falava ao telefone, sem se dar ao trabalho de oferecer ajuda. Entreguei a ele o dinheiro do trajeto e pedi para o porteiro ligar para o apartamento de Marlene e avisá-la que eu estava ali.

Fiquei alguns minutos esperando por ela, que apareceu usando um moletom preto e completamente largo, junto de um cachecol rosa escuro e toca da mesma cor. Eu claramente não estava esperando que aquela fosse Marlene. Ela era uma garota de estatura média e corpo magro, seus cabelos eram castanhos claros, quase loiros, e, num primeiro momento, ela não parecia tão animada quanto tinha parecido na primeira vez que nos falamos.

— Você deve ser a Lily! – Ela exclamou, abrindo um sorriso que se contrapunha à minha impressão interior. – Eu estava esperando você. Venha, vou te ajudar com essas malas. – Entreguei a mala menor para ela, sorrindo. – Então, Lily, eu fiz uma faxina ontem, para receber você, mas não garanto que eu vá limpar aquela casa tão cedo novamente. Quer dizer, está frio demais para eu pensar em limpar qualquer coisa. E também retirei tudo que tinha no quarto da Dorcas, que agora é seu quarto.

— Obrigada, Marlene. Eu não vou ocupar muito espaço, prometo. Provavelmente vou passar mais tempo no quarto do que em qualquer outro lugar da casa. E eu posso lidar com faxinas, eu sou muito boa em limpar e...

Marlene gargalhou, jogando a cabeça para trás antes de apertar o botão e chamar pelo elevador. Olhei em volta e fiquei boquiaberta. O prédio era muito mais sofisticado do que eu imaginei que fosse ser e, também, pensei que eu estava pagando muito pouco pelo aluguel para Marlene. Tive a impressão de que eu não estava pagando nem a metade do que ela teria de despesas num condomínio de luxo como aquele.

— Lily, meu bem, você não vai ter tempo para ser boa em limpar, acredite em mim. – Ela me olhou e tombou a cabeça para o lado, com um sorriso um pouco contido. – Eu fico tão feliz em ter alguém novo para desvirtuar.

Devolvi o sorriso pensando no que aquilo poderia dizer. Vestida naquele moletom e com aquela toca e luvas infantis, Marlene parecia inocente e inofensiva. Porém, algo nela mostrava o perigo que ela guardava dentro de si – não um perigo ruim, nada que pudesse prejudicar alguém, mas o tipo de perigo que te transformava naquilo que você sempre desejou ser, nos seus sonhos mais selvagens. Eu tinha a impressão que Marlene era, na verdade, um espírito livre pronto para qualquer aventura.

Chegamos ao nosso andar – o sexto – e Marlene destrancou a porta. Eu definitivamente não estava pagando-a o suficiente. O apartamento era altamente sofisticado, os móveis eram todos feitos de madeira maciça que combinavam com o ar de casarões antigos que se via nos filmes. O chão era de porcelanato e, no centro, havia um tapete felpudo marrom escuro. Fiquei olhando para aquele cômodo sentindo-me tonta com todo o luxo e toda a sofisticação. Imaginei que, talvez, nunca tivesse visto algo como aquilo.

Bem, a casa de James era um nível muito acima do meu. Os Potter viviam num casarão afastado de Londres que era avaliado em um valor alto demais para ser contado, no entanto, era trabalhado de forma simples, os móveis e todo o acabamento era comum, embora o tamanho da casa fosse equivalente a quatro terrenos da minha. Porém, nada comparado com aquele apartamento.

— O que foi? – Perguntou Marlene, arqueando a sobrancelha ao ver minha expressão.

— Nada, eu apenas... Uau, você tem certeza que me falou o valor certo naquele dia? Eu sinto que...

— Deixe de ser boba. – Marlene abriu um sorriso, me puxando por um corredor relativamente extenso. – Venha, vamos ver o seu quarto.

Entramos na primeira porta do grande corredor. O quarto – assim como tudo naquele lugar – era muito grande. Havia uma cama no meio do cômodo do mesmo material dos móveis da sala. As roupas de cama estavam passadas e eram de seda cinza claro. Havia, também, um grande guarda-roupa ocupando uma parede inteira e eu tinha certeza de que não tinha roupas o suficiente para guardar naquele móvel imenso.

— Não é nada demais. – Começou Marlene, colocando a mala ao lado da cama. – Toda a decoração era de Dorcas, então ela levou embora, até mesmo a tinta da parede ela raspou. Tive que pintar novamente. – Marlene revirou os olhos e bufou, o que me fez pensar que a tal Dorcas talvez tenha feito algo para deixá-la muito irritada. – Ela também queimou a roupa de cama, então eu tive que pegar uma antiga dos meus pais para colocar aí, espero que não se importe.

Estreitei os olhos para ela, voltando a olhar o quarto em seguida e rindo. Marlene me encarou confusa, encostando-se na porta.

— Eu estou muito satisfeita com esse quarto, pode ficar tranquila. Na verdade, eu estou me sentindo no paraíso. Esse quarto é imenso.

Marlene sorriu, aliviada.

— Que bom que gostou. Sugiro que comece a arrumar suas coisas. Eu vou me enfiar embaixo das cobertas e fingir que não tenho nenhuma obrigação.

Marlene me lançou uma piscadela e fechou a porta ao sair. Meu primeiro instinto foi me jogar no colchão macio e me encolher levemente com o frio. Ainda era outono, mas eu era uma pessoa que não lidava muito bem com baixas temperaturas – nem com temperaturas medianas. Ou estava calor, ou estava muito frio.

Sentei-me na cama e busquei meu celular dentro da bolsa para poder ligar para James. Eu deveria ligar para minha mãe, sim, mas não resistia à ideia de ouvir a voz dele novamente. Disquei o número sem me importar com o horário que provavelmente seria lá.

— Lily! – Ele exclamou assim que atendeu. Ouvi um barulho estranho do outro lado da linha, como se algo tivesse caído. Sorri apenas com o ruído da sua exclamação. – Deus! Como é bom ouvir a sua voz.

James estava ligeiramente rouco, talvez eu tivesse ligado durante o seu sono. Eu sorri ainda mais apenas de pensar na imagem dele acordando com a minha ligação.

— Ei, te acordei?

— Sim, mas isso não importa. Você chegou bem? Já está em casa?

— Sim, estou! – Soltei um gritinho de animação e voltei a me jogar na cama. – James, você não faz ideia de como é lindo aqui. Quero dizer, o apartamento, eu ainda não conheci a cidade... Mas é tudo tão chique, sabe aquelas coisas que víamos naquelas séries esquisitas que você assistia? É exatamente igual. Marlene é muito legal, pelo menos parece muito legal. Deus, eu estou tão feliz! Quer dizer, não tão feliz, obviamente eu estaria muito mais com você aqui comigo, mas ainda assim estou feliz.

— Eu fico feliz de saber que você está feliz, amor. – James riu da minha empolgação. Eu quase podia visualizá-lo coçando os olhos com os nós dos dedos para afastar o sono, já que sua voz era trêmula e sonolenta. – Eu tenho mal posso esperar para conhecer tudo aí. Bem, você precisa conhecer a cidade para quando eu for te visitar você ter onde me levar para comer.

— Claro, porque é só nisso que você pensa. – James riu e ficamos em silêncio por alguns segundos. – É estranho falar com você sabendo que não te verei amanhã.

— Sim, mas eu vou estar aqui sempre que quiser falar comigo, nós podemos lidar com isso, certo? Nós passamos por tantas coisas nesses dois anos, Lily.

— Mas nunca ficamos sem nos ver por tanto tempo, sem nos tocarmos...

— É com isso que está preocupada? – James brincou, eu podia visualizar seu sorriso travesso na minha mente.

— Não tem graça, James. – Suspirei, mordendo o lábio. – Eu só... Quero fazer isso dar certo. Quero de verdade. A maioria das pessoas acham relacionamentos à distância loucura, eu também sempre achei, mas agora que estamos nessa situação, eu me sinto disposta a tentar e fazer dar certo.

James permaneceu em silêncio por alguns segundos, o silêncio era tão incômodo que eu pude ouvir sua respiração um pouco mais pesada.

— Eu também quero que dê certo. Acho que nós podemos sim fazer isso dar certo, Lily. Tudo é uma questão de comprometimento. E amor, é claro. – Ele pausou novamente e eu sorri ao ouvi-lo dizer aquilo. – Amo você, muito.

— Também amo você. – Fiquei em silêncio, virando-me na cama como se quisesse sentir cada pedaço daquele novo espaço. – Minha cama é imensa, também é muito macia. Uau, eu amo essa cama.

James gargalhou do outro lado da linha e eu o acompanhei, pensando em como era fácil me divertir com ele. Sempre fomos um casal divertido, na minha visão. Não importava se estávamos em casa, no parque, num restaurante ou numa igreja. Era sempre divertido, era sempre uma sensação nova e diferente. Ali era a mesma situação: estávamos distantes, sabendo que passaríamos por momentos difíceis devido a essa distância, mas mesmo assim James ainda me fazia sentir confortável para rir com ele de qualquer coisa, por mais simples e banal que fosse.

— Bom saber disso, senhorita Evans. – Murmurou James, com uma voz rouca e debochada. – Muito bom saber disso.

— Ok, estamos indo por um caminho perigoso aqui... – Comentei, novamente me virando na cama. Era difícil ficar parada numa só posição. – Puxa vida, estou me mexendo tanto nessa cama e ela nem mesmo faz barulho. É incrível, James.

James mais uma vez ficou em silêncio, mas, dessa vez, não era incômodo. Ele parecia – pelo menos a meu ver – pensar numa resposta para me dar, pensar na próxima brincadeira que ele soltaria.

— Ótimo. Não precisaremos incomodar Marlene quando eu for te visitar. As paredes são reforçadas? Seria bom ter um contexto sobre isso também...

— Hmmm, eu não sei, mas podemos dar um jeito nisso. Quer dizer, podemos, definitivamente, dar um jeito nisso. – Levantei-me da cama e fui em direção a janela, que estava aberta e era um pouco maior do que eu havia reparado, seu acabamento era de vidro e a vista do lado de fora era incrível. – A janela do meu quarto bate bem na minha cintura e, bem, essa vista é incrível, James, você adoraria vê-la enquanto...

— Uau, ok, uau! – James exclamou, suspirando fundo. Eu podia imaginá-lo passando as mãos pelos cabelos descontroladamente, porque ele fazia muito isso. – Eu preciso visitar você, Evans, é meio que meu objetivo de vida nesse momento. E preciso beijar você, tocar você... Ah, eu faria muitas coisas com você agora, Lily Evans.

Sentei-me na beirada da cama apenas porque eu precisava de apoio, meu corpo já correspondia a James – que estava longe de mim, mas ainda tinha muito efeito – e suas poucas palavras. Palavras costumam ter um grande poder em situações como aquela, porque nossa imaginação é capaz de fluir por lugares e sensações que, talvez, nunca tenhamos nem imagino.

Minha imaginação parou no momento em que ouvi batidas na porta e, em seguida, a imagem de Marlene à porta.

— Você está ocupada? – perguntou ela, mordendo o lábio inferior. – Eu realmente preciso da sua ajuda.

— Hã, ok, eu acho. Só um momento. – Levantei-me novamente e me virei para a janela, ignorando a presença de Marlene ali. – James? Eu... Ah, droga, eu preciso ir agora. Você pode me ligar depois? Quando você acordar, depois?

— Claro... sim, eu ligarei para você. Acho que vou voltar a dormir então. – James suspirou e eu não conseguir não rir. Que situação constrangedora. – Boa noite, Lily. Não sei que horas são aí, mas, enfim.

— Boa noite, James.

Voltei-me para Marlene, que tinha uma expressão de quem estava se sentindo levemente culpada.

— Mil desculpas! – Exclamou ela, se aproximando de mim e tocando meus braços. – Eu atrapalhei você, não foi? Droga, eu não queria ser uma péssima companheira de quarto logo nas primeiras horas.

— Tecnicamente não somos companhe-

— Eu fiz uma encomenda, há três meses atrás, e aquela porcaria de loja só me entregou agora. Três meses! O pior não é isso, a maldita poltrona foi entregue na loja, e não aqui. Ou seja, eu preciso ir buscar.

— Tudo bem...

— É uma poltrona grande, eu talvez precise de ajuda para trazê-la. Eu sinto muito, Lily, realmente não queria estragar sua conversa com... com quem quer que seja.

— Não, tudo bem Marlene. Vamos buscar a poltrona.

Eu me senti frustrada, sim, quando tive que desligar o telefone e interromper minha conversa com o meu namorado, do qual eu já sentia muita falta, mesmo que fossem apenas algumas horas longe. Eu me senti frustrada, também, porque estava muito cansada depois da viagem. Porém, não foi de todo ruim. Marlene era engraçada, era alegre e, aquelas horas – sim, horas! – que passamos juntas, foram interessantes.

Aconteceu, para nossa azar, de termos um grande problema com os papéis e notas fiscais da maldita poltrona. Um grande exemplo de tudo que pode dar errado quando se realiza uma compra pela internet numa loja que você nunca ouviu falar na vida. Marlene e eu ficamos durante muito tempo sentadas na recepção da loja que tinha recebido a entrega e, nesse meio tempo, pudemos conversar muito e nos conhecer melhor. Foi legal, sim, embora eu achasse que seria muito mais agradável se toda aquela conversa tivesse acontecido no conforto do apartamento, acompanhada de chocolate quente e cobertores.

Marlene me contou algumas coisas sobre ela e ela era uma garota muito interessante. Pais ocupados, muito dinheiro. Porém, o que se destacava nela era sua forma distraída e pouco preocupada com tudo – eu me sentia próxima dela ao saber que não teria que lidar com uma nova versão minha, pois éramos bem diferentes.

Ela me contou sobre seus anos no internato, sobre sua escolha de cursar Medicina Veterinária e sobre seus relacionamentos passados, que incluíam homens mais velhos que não a amavam de verdade e a tal da Dorcas Meadowes, que havia raspado a tinta da parede do quarto e colocado fogo nas roupas de cama após o término. McKinnon não gostava de se rotular, nem mesmo sabia como faria isso. Ela apenas rotulou sua situação como “eu gosto de homens e de Dorcas Meadowes.” Ou gostava, essa parte ficou confusa.

As horas foram se passando, Marlene discutiu várias vezes com os entregadores e eu pensei que fosse ficar louca apenas por acompanhar toda aquela cena. Nos minutos que fiquei sozinha, aproveitei para pedir a Deus para que aquilo não voltasse a se repetir. Eu realmente não queria ter que enfrentar situações como aquela com frequência.

Depois de muito tempo, tudo foi finalmente resolvido. Marlene e eu cuidamos para que a poltrona coubesse no porta-malas do seu carro e seguimos para casa.

— Não vai caber, Marlene. – Suspirei, tirando as luvas das minhas mãos. Até mesmo com aquele frio, eu podia sentir-me suando com o esforço. – Não é mais fácil pagar para que eles entreguem lá na porta?

— Não vou dar mais dinheiro para eles, Lily! – Marlene se afastou minimamente do porta-malas, observou, voltou para perto da poltrona e verificou o tecido bege claro por baixo do plástico que o cobria. – Vai ficar lindo no seu quarto, não acha?

— No meu quarto? Mas eu pensei...

— Eu comprei para a sala, mas agora olhando de perto, acho que combina mais com o seu quarto. O que acha?

— Eu acho que, depois que levarmos isso para lá, você não tem permissão para me pedir que busque mais nada com você, combinado?

— Certo. – Ela me lançou um sorriso antes de finalmente colocarmos o móvel no carro e seguirmos para casa.

Quando chegamos, eu queria dormir, mas, por algum motivo, não conseguia. Várias coisas se passavam na minha cabeça, desde coisas do passado quanto dúvidas do futuro. O relógio já marcava meia noite, o que significava que James provavelmente já estaria acordado na Inglaterra. Fiquei na esperança de que ele me ligasse para que eu pudesse passar pela minha insônia na sua companhia. Esperei até às três da madrugada, quando eu finalmente caí no sono depois de um longo e exaustivo dia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dusk Till Dawn" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.