“Arata soltou um suspiro pensando que a noite estava dando certo demais pra ser verdade. Depois de um jantar agradável com Takeo saíram com a intenção de tomar um sorvete, mas não contavam com a chuva que começou a cair fina enquanto caminhavam até a sorveteria mais próxima.

—Ah droga. -disse olhando para cima se dando conta de que o guarda-chuva havia ficado no carro.

—Podemos improvisar. -o ruivo sorriu tirando a jaqueta e colocando sobre suas cabeças.

O moreno sentiu as bochechas formigando não só pelo gesto de Takeo, mas pela proximidade que estavam, agora mais que antes. Caminhavam lado a lado, o perfume que o livreiro usava o envolvia fazendo querer estar perto e o abraçar. E só notou que sua mão realmente estava na cintura do ruivo quando pararam sob a marquise da sorveteria. Takeo abaixou a jaqueta molhada e seus olhos se encontraram e aproximaram-se devagar, os lábios roçando suaves entre si. Não notou quando seus olhos fecharam sentindo aquele toque gentil e quando tornou a abri-los foi com o carinho que o outro fez em seu rosto.

—Tudo bem? -Perguntou secando uma gota que escorria no cabelo do menor.

—Ah. Sim. Desculpe. -Se afastou discretamente olhando para a loja. -Vamos entrar?”

Hayato havia parado o chá a meio caminho dos lábios com um discreto sorriso. Quando notou pousou o tablet sobre a mesinha de centro, tomou um gole do chá e comeu um pedaço do bolo. Aquele beijo nem havia sido um beijo de verdade, mas foi fofo… e clichê. Não podia criticar muito porque seu primeiro beijo com Takeo foi quase tão piegas quanto o da história com direito até tropeçar no próprio pé graças ao seu pavor de altura.

Na verdade aquele não havia sido o primeiro beijo deles. Na banda eles eram responsáveis por boa parte dos fanservices durante o show o que rendia fanfics como aquela, mas houve um beijo que foi mais especial e para Hayato havia sido aquele na Torre de Tokyo. Eles estavam brigados, por assim dizer, por conta de um acesso de ciúmes de Takeo e a falta de tato de Hayato, suas conversas se limitavam a nada mais além do necessário e pertinente à banda. Em parte admitia que tinha culpa, mas também acreditava que não estava sozinho nessa, de qualquer forma quem deu o primeiro passo para reverter a situação pesada foi Takeo com uma caixa de bombons trufados e um convite para jantar em Minato. Quando ficaram frente a frente só queriam salvar a amizade e no entanto o final do passeio resultou num beijo e o pedido de namoro.

O beijo. Lembrava-se de ter ficado surpreso, mas como não ficar? Eles não esperavam por aquilo e apesar disso pareceu a coisa mais certa que poderia acontecer entre eles. Lembrava-se também de ter chegado em casa e contar pelo menos umas 3 vezes para o primo tudo que aconteceu e em cada uma delas descobria um sentimento novo a respeito do beijo. Definitivamente diferente de todos os fanservices combinados. Havia sido espontâneo, calmo, mas sem hesitação. Parecia que na plataforma só haviam eles.

Se tivesse que voltar no tempo, não faria nada diferente daquele dia. Aceitaria o convite de Takeo, iria até a plataforma de observação, tropeçaria no próprio pé tonto com a altura, procuraria apoio no amigo, se deixaria beijar e ficar surpreso. E o beijaria novamente com a mesma intensidade que naquela noite.

Mesmo que tudo parecesse clichê demais e tão semelhante à uma fanfiction.