Brincadeiras, Erros Mortais escrita por 2Dobbys


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

N.A.1: Hahaaaa, e aqui estou eu de novo! 12 páginas word! Estou orgulhosa de mim mesma... ^^

Espero que gostem dele! É um momento de clímax. Finalmente se percebe qual a ligação entre a Line e Voldemort... huhuhu *rufam tambores* e agora... À LEITURA!



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XIV

Estava na sua torre privada. Sentia-se rejuvenescido e velho ao mesmo tempo.

Sorriu. Quem diria que Draco Malfoy estava apaixonado por Hermione Granger? Mas era melhor assim; agora só tinha de fazer tudo ao seu alcance para que ninguém soubesse dessa ligação especial. Caso contrário, o inferno pessoal do loiro aristocrático tornar-se-ia realidade, e aí ninguém o poderia salvar dizendo que se tratava de um pesadelo… ainda bem que a menina Granger se decidira a agir, conjurando o seu Pensatório. Apenas ela o poderia ajudar, de qualquer maneira.

Aproximou-se da enorme janela com a magnífica coruja das torres no braço. Ouviu um guincho estridentemente descontente atrás de si. Virou-se.

- Desculpa Fawkes, mas ainda não ganhaste toda a tua penugem. Vou ter de usar a Silka em vez de ti… por enquanto.

Virou-se de novo para a janela aberta, continuando a ouvir os 'resmungos' da pequena Fénix atrás de si.

Suspirou longamente, acariciando a barba. Sim, acima de tudo, sentia-se velho. Tantos anos se passaram e ainda havia coisas que o deixavam confuso por demais. Line Nelini… que estranha ligação é que estes dois tinham? Ele já se tinha apercebido de que Line tinha tanto poder (ou mais) que Tom Riddle aquando da sua idade… mas enquanto o mais velho utilizava esse poder para magoar os outros à sua volta e não tinha medo de o demonstrar, Line fazia de tudo para o esconder, tentando ao máximo controlá-lo e não o utilizar… eram ao mesmo tempo iguais e o oposto… mas será que se conheciam? Ainda havia o pormenor da mente da rapariga… como é que alguém tão jovem conseguia segurar uma muralha tão forte em torno da mente, dia e noite? Quem, no seu perfeito juízo, iria convencer Harry Potter a concordar que a melhor maneira de parar aquela chacina era chamar o próprio Lord Voldemort a Hogwarts?

Olhou para a longa carta que escrevera e que agora se encontrava presa numa das patas da coruja. Ele só esperava receber uma resposta.

Estava na hora. Soltou a criatura, vendo-a afastar-se de encontro ao luar. Ouviu mais uma vez um grasnado de Fawkes.

- Espero que ele venha, minha querida Fawkes… espero que ele venha…

oOo

Lord Voldemort andava aos círculos pela divisão. Sabia que alguma coisa iria acontecer brevemente, algo que poderia provocar grandes mudanças.

Desde que recebera a carta de Dumbledore que avisara aos seus Death Eaters a ficarem quietos. Explicou-lhes rapidamente a situação, ordenando-lhes para ficarem todos juntos na mansão. Nenhum deles deveria sair por razão alguma.

Pára. Uma sombra dirige-se à janela por onde ele olhava. O senhor das trevas apressa-se a abrir a mesma para acolher o mensageiro.

Ficou surpreendido com o volume da carta, apressando-se a lê-la. À medida que bebia aquelas palavras demasiado elegantes para o seu gosto, o seu semblante tornava-se cada vez mais carregado. A situação estava cada vez pior. E ainda por cima não lhe convinha nada que os seus fiéis Death Eaters o seguissem até Hogwarts. Aquilo estava descontrolado… nada conseguia parar as tais agulhas. Ele tinha de agir depressa para o seu próprio bem. Se isso significasse unir forças momentaneamente com o maldito Potter, que fosse. Seria apenas um parêntesis na histórica rivalidade entre os dois. Trataria daquele maldito fedelho mais tarde.

Escreveu uma breve nota num pergaminho, indicando a resposta que o maldito pássaro deveria estar à espera. Após o mesmo se ter ido embora, decidiu esperar até ao dia seguinte para que os outros se preparassem para a sua chegada. Sorriu de maneira escarninha. Sim, o seu retorno a Hogwarts iria dar que falar… já estava a ver o pânico espalhado por todo o lado, espelhado em cada face inocente daquelas pestes…

oOo

Line estava deitada junto com Ty e Sophie, embora um pouco afastada deles, numa espécie de cama de campismo improvisada para alojar os alunos nas masmorras. Estavam na parte que cabia supostamente aos Ravenclaw; supostamente, pois os amigos decidiram ficar todos juntos, fossem da mesma equipa ou não, idades iguais ou não. Naquela parte, havia bastantes alunos do quinto ano, tal como do sexto e do sétimo. Hufflepuffs e Gryffindors e Ravenclaws… ela era a única Slytherin ali presente.

Olhou para o relógio de ponteiros luminosos. Eram três e meia da manhã. Todos dormiam, excepto ela. Suspirou. Era nesse dia, tinha a certeza. Seria nesse dia que todos, ou pelo menos um grande grupo de pessoas, saberiam o seu segredo. E era isso que a impedia de pregar olho. Ela não queria…

Impediu as lágrimas de caírem. Tinha de pensar em algo positivo… mas o quê? O que poderia ela lembrar-se se sabia que dali a algumas horas seria exposta?

O seu pensamento foi interrompido quando começou a ouvir passos de alguém que se tentava aproximar sem fazer barulho. Ficou alerta, o coração a bater a mil à hora. Estava pronta para atacar a qualquer momento. Não, não era exagero… pelo menos com os nervos com que ela estava.

Os passos aproximaram-se um pouco mais, estando agora muito provavelmente a escassos passos dela. Começaram a abrandar – definitivamente, quem quer que fosse, estava lá por causa dela. Além disso presumiu ser do sexo masculino, devido à maneira como andava. Sentiu-o agachar-se perto de si, e não teve meias medidas: levantou-se rapidamente enquanto puxava a varinha, agarrou nos colarinhos do outro e mandou-o de costas contra o chão coberto, não provocando muito barulho. Espetou a ponta da sua varinha na garganta do sujeito abaixo de si, que se começou a rir silenciosamente.

- Uau! Bons reflexos… Se fosse a ti tinha cuidado… ainda matas alguém de susto! – sussurrou ele – Além disso, devias estar um pouco mais alerta, mesmo assim… - e empurrou um pouco mais a sua própria varinha, que Line não notara estar apontada à sua cintura – Por isso é que são bons, mas não excelentes! – acrescentou.

Ela sorriu, reconhecendo a voz e vislumbrando um pouco da silhueta devido à lua que ficara descoberta das nuvens naquele momento.

- Touché! – ripostou ela também num sussurro, enquanto se afastava e deixava o intruso sentar-se à sua frente e massajar o pescoço no ponto onde ela tinha espetado a ponta da varinha – Mas o que raio é que estás aqui a fazer?

O luar ficou mais forte, deixando perceber bem os negros cabelos espetados em todas as direcções e os olhos verdes sorridentes que Harry apresentava.

- Muffliato! – e apressou-se a falar - Tentei contactar-te pelo tal 'canal' que criaste entre nós, mas não consegui fazê-lo… se calhar estavas muito preocupada com alguma coisa para não sentires a minha fraca tentativa de contacto…

Ela riu-se nervosamente, e ele ripostou - Não foste tu que me vieste dizer há um tempo atrás que querias que mal soubesse de alguma coisa te viesse dizer?

Line acenou veemente – Sim, sim, sim… e então? Sabes de alguma coisa? – perguntou ela ansiosamente.

- Se não soubesse achas que cá tinha vindo a meio da noite? – disse Harry sarcasticamente.

Ela encolheu os ombros, brincalhona – Podia ser que tivesses medo do escuro e quisesses companhia decente…

Ele apressou-se a estender os braços para lhe fazer cócegas na barriga, mas não durante muito tempo, para que ninguém acordasse com as gargalhadas da outra.

- Não era mau pensado, mas vim mesmo para te contar. – e pôs um ar mais sério – Voldemort respondeu às cartas que Dumbledore lhe enviou…

Line pôs-se imediatamente séria – E… qual foi a resposta?

Pareceu-lhe que Harry levara anos a abrir a boca. Podia ouvir o bater do seu próprio coração nos ouvidos, sentia as suas extremidades pulsarem cada vez mais depressa… por um lado queria que ele viesse, mas por outro…

- Ele vem. Amanhã já cá estará.

O seu coração parecia ter falhado uma batida. Ele vinha mesmo?

- Ele… vem…? – continuava ela a perguntar, não conseguindo acreditar no que o moreno lhe dizia.

Mesmo Harry parecia surpreso – Sim… também me custou a acreditar, principalmente pelas rígidas condições que Dumbledore me disse que tinha posto na segunda carta que lhe enviou… ele vem. E vai ajudar-nos… e sem me matar.

Line gargalhou rápida e fracamente. As lágrimas estavam a formar-se de novo e a um ritmo mais acelerado. Ela sabia… aquele dia seria decisivo. Merlin…

Infelizmente, Harry notara as lágrimas, unindo as sobrancelhas – Line…? O que se passa? – perguntou ele preocupado, enxugando as lágrimas que caíam pela cara da morena, tornando-lhe aqueles magníficos olhos negros em ónix pura e perfeita. Não ónix como Severus Snape, odiosa, velha e ressequida, mas… brilhante e que o deixava sem palavras – Estás com medo? É normal, não te culpo…

Line não conseguia falar. Se ele soubesse… Como lhe haveria de dizer? Era impossível dizer-lho assim, sem mais nem menos! Ela era incapaz de o fazer…

- Amanhã, Harry… por favor, espera até amanhã…

- Ok… - disse Harry pensativo e derrotado – Mas quero mesmo que me digas o que se passa!

- Sim… tu vais entender na mesma… mas só te peço uma coisa.

- O quê?

Ela hesitou, desviando o olhar – Quando ele chegar… quero estar contigo e com o Dumbledore para o receber.

Harry levantou as sobrancelhas, profundamente admirado. Toda a sua cara era um ponto de interrogação – O quê? Para quê?

Era suspirou ruidosamente – Apenas quero, Harry! É a minha condição… - e acrescentou com uma voz que mal se ouvia – Por favor…

Harry não conseguia negar-lhe tal pedido ao vê-la assim. Ele queria protegê-la. Se pudesse evitar que ela se encontrasse frente-a-frente com Lord Voldemort, iria fazê-lo… mas como? Queria gritar-lhe que era demasiado perigoso, mas não seria ela também um perigo? Lembrava-se de como ela ficara descontrolada com o seu estranho poder no que tocava a magia… Merlin, ele mal a conhecia! Como poderia confiar tanto nela? Ao olhar de novo para aqueles olhos, nada mais importava. Ele confiava nela e ponto final. Ela confrontara Dumbledore por acreditar e confiar nele, por Merlin! Ele sabia que ela era uma rapariga muito forte, mas despedaçava-lhe o coração vê-la assim por algo que ele não conseguia compreender.

O moreno sobressaltou-se ao cair em si. Espera… despedaçava-lhe o coração?

Sentiu-se a morrer por dentro. Se Voldemort descobrisse os verdadeiros sentimentos que ele nutria por Line, provavelmente faria de tudo para a magoar para o atingir a ele… suspirou de frustração. Porque é que a vida era tão complicada? E principalmente a dele! Não se podia aproximar de ninguém, pois corria o risco de pôr todas essas pessoas em perigo.

Enterrou os dedos na floresta negra que era o seu cabelo, e inclino a cabeça para a frente. Line notou a mudança de atitude. Ela sabia o que se estava a passar. Período de auto-recriminação. Só precisava de saber o porquê.

- Harry…? – aproximou-se mais dele, afagando-lhe a cara – Conta-me o que se passa. Conta-me o que te apoquenta; não te feches na concha.

Harry foi acalmando a respiração, que se tornou de novo regular – Eu não quero que vás.

Boa! Conseguira dizer o que queria!... Mas então porque se sentia tão mal?

Line enrijeceu – Harry… achas mesmo que me consegues impedir de o fazer? Sê sincero… - e levantou-lhe os olhos para que ele a encarasse.

Não conseguiu manter a cara de valente perante rosto tão honesto e sincero – Não… mas… - suspirou e começou a falar de rajada – Eu só quero que estejas em segurança! Vi como a vinda dele te afecta, embora não saiba porquê, mas não te quero ver assim porque dói em mim! Ver-te triste entristece-me também. Ver-te a sofrer faz-me sofrer de igual maneira e não quero que Voldemort descubra ou suspeite sequer que eu… - hesitou – …me dou bem contigo… ele vai querer magoar-te na próxima oportunidade para me atingir… eu estou farto que os outros sofram por minha causa e não me iria perdoar se algo te acontecesse; aliás, - agora parecia que ninguém o conseguia parar; ele já falava antes de pensar, sequer – Se alguma coisa te acontecesse não sei se iria conseguir aguentar a minha já parca sanidade mental… - suspirou ruidosamente, fechando os olhos e enterrando a cara nas mãos, os cotovelos apoiados nos joelhos flectidos.

Line estava sem palavras, mas aproximou-se de novo dele. Sentia-se profundamente tocada… mas ela sabia que quem se encontrava em perigo não era ela, mas ele. Como os muggles costumavam dizer, Harry nem sabia da missa a metade! Ele é que estaria em perigo por estar com ela…

- Ouve-me… eu não sou a donzela em perigo que vês. Sou bem mais do que isso. Em breve irás compreender… só espero que… - e a voz falhou-lhe. Ela tinha muito medo que isso acontecesse.

Harry ficou preocupado de novo – O quê?

- Só espero que… não… me… odeies… a partir do momento que souberes a verdade.

O moreno gelou – O que escondes é assim tão grave?

Ela encolheu os ombros, derrotada – Não faço ideia… talvez sim, talvez não… depende das pessoas… mas Harry, por favor… não me odeies! – a parte final saiu já um sussurro.

Ouviu-o suspirar lentamente – Tudo o que me contaste até agora acerca de ti… é mentira?

- Não.

- O teu apoio ao lado da luz, embora à tua maneira, é uma máscara?

- Não.

- Estás mesmo preocupada comigo? Importas-te mesmo? Estás comigo?

Não sabia o que o levara a fazer aquela enchente de perguntas à rapariga nem o que o levava a acreditar nas suas respostas, mas funcionava – estava a pô-lo mais calmo.

- Estou mesmo preocupada contigo, sim, Harry. É claro que me importo. E sim, estou e sempre estarei contigo para te apoiar, Harry James Potter… sempre que me quiseres e ao meu apoio…

Aquela frase soara estranha para ambos, mas Harry ficara definitivamente aliviado.

- Então não há nada a temer… eu estarei aqui para te proteger. Tudo farei para que estejas bem… só quero saber o que se passa afinal.

Line suspirou – Então quando a 'visita' chegar saberás as respostas às tuas perguntas… mas apenas desde que me leves contigo a recebê-lo.

Harry sabia que não tinha escapatória – Que seja… mas não me vou separar de ti por um minuto sequer…

Ela aconchegou-se mais a ele – Nem eu quereria isso… preciso do teu apoio.

- Sempre o terás, Line.

- Isso é o que vamos ver…

Deitaram-se juntos e juntos adormeceram. Nenhum deles pensava nas caras de espanto com que seriam saudados pela manhã ao verem Harry Potter a dormir junto com uma rapariga desconhecida de quase todos que pertencia à casa dos Slytherin. Também nenhum deles se tinha dado conta de que Ty estava também acordado, e que sorria. Mesmo com o feitiço silenciador do Potter, ele conseguira perceber que algumas coisas estavam prestes a acontecer… aquele dia seria decisivo, era certo. Só esperava que tudo corresse bem… ele estava verdadeiramente preocupado com a amiga.

Virou-se de costas para o casal, decidindo-se a pegar no sono de novo. Adormeceu com um sorriso nos lábios ao pensar em fogosos cabelos vermelhos…

oOo

Era de manhã.

Dumbledore andava de um lado para o outro, nervoso. Sim, o grande Albus Dumbledore estava muito nervoso mesmo. Parecia que Harry nunca mais chegava…

Ouviu baterem à porta. Finalmente!

- Entra, Harry!

Perdeu a fala ao ver entrar no seu gabinete o jovem acompanhado por Line. Ergueu uma sobrancelha. Harry apressou-se a falar.

- Professor, ela insistiu muito em vir connosco recebê-lo… acho que, depois de tudo, ela o merece. Está de acordo, professor? – apressou-se a acrescentar para não parecer rude.

Albus suspirou – É verdade que insistiu com ele, menina Nelini?

- É, sim. – respondeu ela decidida. Dumbledore tinha um pouco de receio daquele tipo de reacção pela parte da rapariga. Mas enfim, ela já provara que estava do lado deles. Isso deveria ser o bastante…

- Então vamos andando, sim? A professora McGonagall já foi reunir todos os outros com a ajuda dos restantes professores para lhes contar o que se sucederá… só espero que ninguém entre em pânico…

- Isso será impossível, é normal que entrem em pânico. – ripostou Line com voz firme – Afinal, não é todos os dias que se encontram no mesmo local que o maior assassino em série de todos os tempos… se têm medo de pronunciar essa estúpida alcunha que ele se auto-nomeou, quanto mais falar da sua presença em carne e osso…

Harry levantou as sobrancelhas, olhando-a com cautela. Desde quando é que ela era tão sincera assim a esse ponto? E ela? Não tinha medo de pronunciar o seu nome porquê?

- Todos vão entrar em pânico. – continuava ela aparentemente imperturbável – No entanto, é bom que se habituem à ideia. Têm de o aceitar. Que alternativa têm? Ou morrem das agulhas ou morrem de medo que ele os ataque depois de ter concordado com uma série de regras para os proteger? Por Merlin, espero que sejam mais inteligentes que isso…

Dumbledore deu um pequeno sorriso. Aquela rapariga fascinava-o, alarmava-o e intrigava-o ao mesmo tempo. Uma criatura espantosa, deveras!

Enquanto se encaminhavam para o exterior, afim de receberem Voldemort, o silêncio tornou-se constante.

A Line nunca lhe parecera que o caminho até ao exterior fosse tão longo como naquele dia. Desde que acordara que tentara fazer os nervos desaparecerem, mas apenas conseguira camuflá-los até ali. Agora que caminhavam em silêncio, o seu temor voltava em força. Começou a tremer. Harry notou pelo canto do olho.

Sorriu e colocou a sua mão quente e aconchegante na dela, fria e trémula. Foi como um choque eléctrico, fazendo-a acordar do mundo de preocupações em que se estava afundar. Aquele sorriso e aqueles olhos verdes davam-lhe a força que precisava para terminar o percurso e ainda mantê-la em pé.

Ela sorriu de volta. Ele aproximou a boca do seu ouvido, fazendo-a arrepiar-se quando falou – Não pensei dizer-te isto, mas ainda bem que estás comigo. Podes não te aperceber, mas a tua presença acalma-me. Se não estivesses aqui, estaria no mesmo estado que tu. Temo por ti, mas agradeço-te por seres teimosa e por me teres 'melgado' a cabeça para vires comigo.

Ela sorriu mais ainda, comovida – Eu disse-te que estaria sempre ao teu lado, certo? Não era apenas uma metáfora…

Harry sentiu-se chocado consigo mesmo, ao se aperceber do verdadeiro significado das palavras da morena e de descobrir que se sentia ainda melhor por isso. Mal acordara naquela manhã, começara a relembrar de proteger bem a sua mente, não fosse Voldemort saber da sua forte e inexplicável ligação a Line. Tudo faria ao seu alcance para que tal não acontecesse.

Chegaram ao local onde aguardariam pela chegada iminente do senhor das trevas, junto ao lago, mas de costas para este. O céu estava coberto de nuvens que ameaçavam chuva e trovoada a qualquer momento. Quem diria, com uma noite tão bela que tinha precedido aquele dia… havia uma leve aragem que fazia as ervas à volta e o cabelo ondular.

E súbito silêncio. Line sentiu os pêlos da nuca arrepiarem de antecipação. Era chegada a hora.

Chegou-se ao ouvido de Harry, meio como em transe – Ele vem por trás de nós… pelo lago…

Harry sobressaltou-se, virando-se repentinamente para verificar por si próprio. Prendeu a respiração: Voldemort vinha aí; já se avistava o seu vulto negro. Vinha a flutuar. Sozinho. Pelo menos isso

Sentiu a mão ser apertada, e desviou o olhar para Line. Ela estava pálida e a tremer ligeiramente. Merlin, será que tinha feito bem em trazê-la? Olhou melhor. Os olhos dela brilhavam? Devia estar a ver coisas…

Line sabia que deveria estar com um aspecto estranho. Aliás, sentia-se estranhíssima. Não era por ter medo… quer dizer, era medo, mas não medo pela razão normal para todos… tinha medo de não conseguir o que prometera a si mesma fazer de tudo para o conseguir há 16 atrás…

Aquele era o momento pelo qual esperava há 19 anos… só não desmaiara ainda por sentir a mão firme de Harry na sua. A sua áurea negra de poder estava a ser contida com extrema dificuldade devido aos nervos.

Lord Voldemort descia dos céus, elegante e imponente, embora trajando apenas uma simples túnica negra que parecia feita de vapor.

Harry pôs Line imediatamente atrás de si, protectoramente. Ela sentia-se sensibilizada com o gesto, mas precisava de se mostrar. Ela precisava de aplacar aquela ânsia.

Voldemort apenas olhou para Dumbledore directamente.

- Tom. – cumprimentou o Director polidamente.

- Dumbledore. – retrucou o Lord das trevas com a sua voz gélida e ligeiramente metálica. – Não era preciso vires com comitiva para me receberes… - e desviou ligeiramente o olhar escarlate para Harry e para…

O tempo parou. Os olhos vermelhos passaram rapidamente pelo moreno e iam passando por Line, mas hesitaram, ficando pregados nela. Um olhar de confusão ia-se espelhando na face normalmente fria e isenta de emoções que não fossem sádicas. As suas sobrancelhas franziram-se.

Dumbledore estava sem reacção, passando a olhar também para Line, alternando de tempos a tempos o olhar de um para o outro. Harry continuava a tentar interpor-se entre Voldemort e Line, mas uma mão fria no seu ombro fê-lo voltar a cabeça para trás, para ela. Ficou extremamente surpreendido ao ver o estranho e brilhante olhar da rapariga., que criava lentamente uma fina película de lágrimas contidas. Ela não desviava o olhar do seu maior oponente, e isso intrigava-o por demais.

Voldemort sacudiu a cabeça quase que imperceptivelmente. Estaria a lembrar-se de algo que esquecera? Subitamente, alguns flashes de cenas passadas quase que duma outra vida estavam a assaltar-lhe a mente. Não, não podia ser… podia?

Lentamente, como que saboreando a palavra e tendo medo de falhar em simultâneo, a sua voz voltou a funcionar. Nunca se sentira tão perdido na vida como a olhar naquele momento para aquelas duas marejadas ónix negras e cheias de algum sentimento desconhecido (ou não?) dele.

- Line…? – arriscou ele. Sentia que a conhecia, mas sabia que isso seria impossível. Certo? Ela parecia…

A rapariga expirou o ar que estivera a conter, e finalmente falou com um pequeno sorriso e deixando as lágrimas caírem livremente – Olá, pai…


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Notas finais do capítulo

N.A.2: Eu seeeeeei, também me enerva quando leio um capítulo que termina assim do género... a meio da 'revelação'. xD Mas percebo que crie a expectativa... ^^ A ver vamos... se receber muitos reviews pra este cap, a ver se me dedico mais a postar mais depressa... xDD

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