Brincadeiras, Erros Mortais escrita por 2Dobbys


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

N.A.1: Oie! Não, não morri (ainda)! Um pequeno aviso: este cap é apenas Dr/Hr (Draco/Hermione), mas é por uma boa razão! Nada do que eu escrevo nesta fic é por acaso! Enjoy! xD



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Mme. Pomfrey estava atarefada a preparar unguentos para evitar que aquela estranha reacção se espalhasse pelo resto do corpo do loiro. Nem ela nem Hermione dormiam há muito tempo, sempre alerta para o estado do loiro.

A morena já sabia algumas coisas que devia fazer, executando-as na perfeição. Estava agora mesmo a aplicar uma pomada espessa e gelada sobre o peito gretado do Slytherin, que estremeceu com o frio. A morena estava pasma – como é que um rapaz tão frio, tão mau, tão ruim… fosse tão quente? E não pensava apenas no calor da pele que sentia debaixo da sua mão… Vir a meio da noite para visitar uma amiga? Apenas para isso? Não soava nada a Draco Malfoy.

Até que se lembrou de Line: ficara assustada quando sentiu a voz da Slytherin amiga de Harry na sua mente… "Ele é mais do que vocês pensam. Acredita, eu sei do que falo! Ele não é um monstro com cara de anjo diabólico, é sim alguém que tem de usar permanentemente uma máscara para tudo e todos… acredita em mim, Granger, por favor… ele é boa pessoaapenas não o pode admitir…". Humpf, e quem acreditaria numa coisa dessas? Principalmente sobre uma pessoa que não sabia abrir a boca para dizer uma só palavra agradável, que não olhava os outros sem ser com desprezo, que…

Hesitou. E se fosse verdade?

Olhou para a face adormecida de Draco. Se não tivesse de conviver com aquela peste todos os anos, poderia facilmente induzir em erro e tomá-lo por um anjo caído do céu. Estava sereno, embora continuasse com os 'pesadelos', ou o que raio lhe estava a acontecer. A febre não baixara, o que obrigava a morena a repetir o feitiço, para que a toalha permanecesse gelada, constantemente.

- Herm… n… ne… - balbuciava ele. Parecia em agonia, agora.

Era sempre nestas alturas que ela se esquecia por completo do conceito de Draco Malfoy. Ela, tendo quase sempre as mãos geladas, punha-as de cada lado da face do rapaz. Ele arqueava o corpo; parecia sempre sufocar durante uma fracção de segundo, o que sempre a preocupava. Mas, lentamente, começava a expirar o ar contido por momentos, voltando a ter a respiração normalizada. Como se estivesse a libertar-se de uma prisão constante, permanentemente selada… e como se, de repente, se abrisse uma brecha de luz que deixava entrar ar fresco e puro para dentro daquele local escuro, sombrio, com ar viciado e na obscuridade.

Estava a tratar dele ao que parecia serem dias quando uma Pomfrey cansada e cheia de olheiras se dirigiu a ela.

- Menina Granger, poderia tomar conta dele sozinha por um tempo? Preciso de ir buscar mais ervas às estufas…

- Não se inquiete, mme. Pomfrey. Ele está seguro nas minhas mãos… - até a ela a frase lhe soou estranha.

Mal a anciã saiu, Hermione desejou ardentemente saber o que o loiro estava a sonhar que parecia assim tão real… que não o deixava descansar, fazendo com que as poções e loções curativas não tivessem o efeito desejado.

E lembrou-se do que poderia fazer! Mas ela não iria conseguir, aquilo devia estar fortemente protegido… ou não? Bem… talvez apenas precisasse de ter muita sorte (e esperar que o Director não a castigasse por causa disso) e aguardar até Draco ter outro ataque. O que não demorou muito tempo.

Mal o loiro se começara a agitar novamente, a morena tentou conjurar o Pensatório que havia no escritório do Director. Afinal, seria apenas emprestado durante uns minutos… isto se não estivesse fortemente protegido, o que duvidava…

Qual não foi o seu espanto quando o Pensatório apareceu à sua frente. Não hesitou: tocou com a ponta da varinha numa das fontes de Draco até ter a certeza de que estava lá tudo. De seguida, colocou o sonho no Pensatório. A imagem que se formara era bem escura… e não era nítida. Parecia que ela tinha mesmo de 'mergulhar'. Ao tocar naquela superfície, sentiu-se imediatamente a ser como que 'sugada' para dentro do objecto, em queda livre. Então a sensação era aquela…

Lembrou-se da descrição que Harry lhe fizera acerca da sensação de entrar num Pensatório… e nada do que se lembrava da conversa lhe tinha dado a ideia de como seria realmente… e percebe porquê – era inexplicável, uma sensação única…

Que acabou tão depressa como começou. Quando se deu conta, estava de pé, numa sala escura. Alguém gritava de dor… e outra pessoa ria… um riso maléfico, horroroso, que lhe fez arrepiar até aos pêlos mais pequeninos da nuca.

A voz arrepiante começou a falar – Então senhor Malfoy júnior… ainda quer salvar aquela 'coisa'? Aquela aberração da natureza? Nunca pensei que descesse tão baixo na minha consideração e na do seu pai… ele deve estar destroçado com o seu comportamento… não estás, Lucius?

Lentamente, Hermione consegue adaptar a sua visão à penumbra do local (embora tudo continuasse ligeiramente desfocado), vislumbrando o vulto de Lucius Malfoy que se encontrava junto a um outro completamente coberto com vestes negras. Não se lhe via a cara, mas não era necessário: ela sabia que quem se encontrava sob aquelas vestes negras era Voldemort.

Hermione estremeceu quando se viu a si própria, moribunda, coberta de sangue aos pés daqueles dois. Quase que teve um ataque: estava com o peito literalmente aberto, vendo-se o coração a bater muito fracamente. Tinham-lhe cortado uma orelha e o nariz e retirado parte da pele do pescoço, junto à garganta. Sentiu-se tonta com as fortes náuseas que sentia. Tentou vomitar, mas não conseguiu. Seria por estar no Pensatório? Muito a custo, levantou o olhar para a dupla assassina e notou o estranho olhar que Lucius Malfoy lançava para trás dela. Era de puro nojo, desapontamento violento… e ela virou-se.

Atrás de si encontrava-se alguém de joelhos no chão, um rapaz de cabelos claros, dobrado sobre si mesmo, com as mãos atadas atrás das costas; estava de tronco nu e a luz da lua cheia entrava por uma pequeníssima janela com grades, caindo sobre ele. A sua pálida pele das costas musculadas estava fortemente golpeada. Sentiu o seu coração apertar-se e apressou-se a ir ter com o jovem. Mal o fez, ele levantou a cabeça. Ela paralisou. Era Draco Malfoy. Mas…

Draco estava com uma expressão que ela nunca lhe vira, uma mistura de medo, desespero, e tristeza infinita. As lágrimas misturavam-se com o sangue dos múltiplos cortes – Por favor… matem-na! Mais vale que a matem do que a façam sofrer assim! Por Merlin, matem-na! Não a façam sofrer… ela não tem culpa… não a façam sofrer…

Estaria ele a falar dela? Não podia ser… mas começou a juntar as peças. Não pode ser…! Pensou ela com assombro. Ele importa-se comigo? Mas sempre me odiou!

Lá estava outra vez a risada horrível – Draco, Draco… já não és o primeiro a vir-me com essas falinhas mansas. Achas que ela me importa para alguma coisa? Tu é que nos traíste! Traíste a tua família, traíste o nível a que pertences! És um traidor de sangue, tal como os Weasleys… tsc, tsc…

- Por favor… - tentou Draco novamente, com a voz cada vez mais fraca e mais desesperada – Eu não aguento vê-la sofrer mais! Já me castigaram o bastante! Ela não tem nada a haver connosco! Apaguem-lhe a memória, então, deixem-na algures num sítio muggle onde possa ser encontrada e tratada, mas não lhe façam mais isso! Fiquem comigo! O que lhe quiserem mais fazer de mal façam-no a mim!

Desta vez foi Lucius que falou – Cavalheirismo, Draco? A fazeres-te de herói? Pareces o santo Potter! Queres-te juntar à laia dele, é? Eu nunca te deveria ter chamado de filho, sua aberração! Cá por mim continuávamos a acordá-la, para ela sentir bem cada sensação de ser mutilada… és uma vergonha, Draco, apaixonares-te por uma muggle…

Hermione deixou de respirar. Apaixonado?... por… mim?

O loiro mais velho continuava - Este sim, é o castigo que mereces! Conseguiste enganar-nos bem, estava convencido que a odiavas! Humpf. Sofreres por ela sem ela sequer se lembrar de ti? Hum… era uma boa punição, mas esta é bem melhor! Estou correcto, meu senhor?

O outro sibilava alguma coisa. Hermione viu movimento por detrás dos dois vultos, algo a serpentear o chão…ai, não…!

Lentamente, uma cobra gigantesca dirige-se a Draco, com a maldita língua a provar o ar, sentindo o pavor que o loiro sentia. Pára mesmo à sua frente, olhando-o nos olhos.

Draco fica ainda mais pálido – Não… por favor, Nagini, não lhe faças isso…

Voldemort solta uma gargalhada – A quem, a ela? Meu querido, ela vai-te esmagar a ti… depois das tuas costelas perfurarem os teus pulmões e sufocares no teu próprio sangue, podemos fazer desta sangue de lama o que quisermos sem termos de te ouvir…!

- NÃÃÃÃOOOOOOO!

Quem gritou desta vez foi Hermione, embora ninguém a tivesse ouvido. Ela tremia violentamente, tinha a cara marcada pelas lágrimas. Como era possível que Draco estivesse mergulhado em tamanho pesadelo? Mas ela não se lembrou que aquilo não era real; correu na direcção do loiro, tentando protegê-lo, infrutiferamente – as mãos passavam por ele. Ela não podia fazer nada para o ajudar, não podia impedir aquela cobra horrenda de se começar a enrolar no corpo cansado e mutilado de Draco, que já não falava. Embora a cobra apertasse o seu corpo e de se ouvirem ossos a estalarem, o loiro deu apenas um grito, continuando de cabeça baixa. Os olhos crispavam-se de dor, os lábios arreganhavam-se, mas ele nada dizia… até tombar para o lado, com a face serena, os olhos semi-abertos, meios-mortos.

Hermione não se lembrava de ter chorado tanto na sua vida. No entanto o mundo pareceu parar quando viu que os lábios do loiro se moviam. Apressou-se a aproximar-se, de maneira a poder perceber o que diziam.

- … Mione… Hermione… perdoa-me… por não te ter protegido…

E mais uma vez, a sensação estranha que a atingiu quando entrara no Pensatório voltou, desta vez para a atirar de volta à realidade, na enfermaria. Embora tivesse caído de pé, tremia tão violentamente que não se conseguiu aguentar, caindo no chão como se não soubesse andar.

N-Não… Draco… não… Draco…

E reparou finalmente que voltara à realidade. Mesmo assim, não conseguiu impedir que uma gigantesca náusea se apoderasse dela, fazendo-a vomitar. Lentamente, a sua respiração foi-se acalmando, tornando-se mais profunda, mais serena. Tremulamente, pegou a varinha e limpou o chão e a boca com um feitiço não verbal; ainda não confiava na sua voz.

Draco moveu-se. E se ele estivesse constantemente a ter aquele terrível pesadelo? O que é que ela poderia fazer?

Depois de enviar o Pensatório de novo ao local onde pertencia, apressou-se a recordar do que lera acerca desse assunto. O braço do loiro não melhorara, e o peito estava a ficar gravemente afectado. Parecia que a cada pesadelo que tinha, os ferimentos agravavam-se, por maiores que fosses os esforços em sentido contrário. Se ao menos ela pudesse entrar realmente naquele pesadelo…

E fez-se luz! É claro que lá podia entrar!

Desde que Snape tentara fazer com que Harry, no 5º ano, conseguisse bloquear a passagem à sua mente por parte de Voldemort, decidira ler num dos livros de magia mais avançada acerca de Legilimância. Teoricamente, seria capaz de o fazer; agora na prática… isso era outra história!

- …Herm… nee… one… - balbuciava o outro, completamente inserido naquela falsa realidade.

Ela finalmente percebera… é o meu nome! E sentiu-se imediatamente capaz. Hei-de ajudar-te, Draco… aguenta! Espera por mim, não desistas!

- Legilimens!

Sentiu-se a ser empurrada para dentro da essência daquele rapaz. Ele estava cheio de sentimentos escondidos e reprimidos, ela conseguia senti-lo. Subitamente, viu-se travada por uma parca protecção, demasiado fraca (ela percebeu com uma mistura de alívio e preocupação) para se proteger verdadeiramente de qualquer invasão exterior. Bastou um pouco mais de concentração e viu a parca protecção desfazer-se à sua frente, dando-lhe acesso livre à mente do loiro.

Mal 'entrou', viu-se novamente naquela estranha e macabra realidade do pesadelo. Desta vez, as coisas estavam mais nítidas ainda. Desta vez, ela conseguia sentir o frio do ambiente e o cheiro agridoce do sangue derramado pelas lajes de pedra antiga. Deu por si na altura em que uma sibilante Nagini rastejava na direcção do jovem atado cujas marcas ensanguentadas eram lugubremente iluminadas pela luz do luar. Desta vez, todos notaram a sua presença… excepto Draco, que parecia demasiado cansado e fraco para levantar sequer os olhos.

- TU! – gritou Lucius Malfoy surpreso e irado.

Voldemort começou a sibilar com mais entusiasmo, e Hermione viu a terrível serpente olhá-la e prostrar-se para atacar. Tirou imediatamente a varinha.

- Vipera Evanesca!

Nagini contorceu-se numa bola, produzindo uma espécie de guinchos estridentes que lhe arrepiaram os cabelos da nuca. No seu raio de visão, percebeu que um dos dois feiticeiros de pé lhe apontava a varinha, enquanto o outro apontava a sua a Draco, que estava caído no chão… não se mexia. Ela sabia que não tinha escapatória.

Correu na direcção do loiro, abraçando-o fortemente mas não de maneira a magoá-lo ainda mais.

- Draco! Draco, consegues ouvir-me? Por favor, diz alguma coisa…

- AVADA… - começaram os dois.

- DRACO! Olha para mim, por favor, tu estás a ter um pesadelo! ACORDA!

- KED

Ele finalmente abriu os olhos. Hermione nunca pensou ver tamanha ternura e carinho nos olhos dele, aqueles olhos prata que a imobilizavam. O tempo começou a andar muito mais devagar.

- Hermione… tu estás… bem? – sussurrava ele com óbvia dificuldade e incredulidade.

- Eu disse-te, isto é só um pesadelo… por favor, acorda!

- Não posso… eles irão saber o que sinto por ti e irão esquartejar-te viva… não sem antes te fazerem coisas muito piores… eles não podem saber… não podem… eles já o fizeram, eu vi… - dizia ele desalentadamente com voz rouca.

- Mas eu estou aqui! Estou bem! Draco, estás completamente perdido na tua própria mente, no teu próprio inferno! Livra-te disto, por favor!

- Estou contente por te ter aqui comigo… - continuava ele como se não a tivesse ouvido - Acho que já estou morto então… desculpa por não te ter conseguido salvar… perdoa-me, por favor…

Ela estava exasperada – DRACO MALFOY! Tu é que criaste tudo isto! OUVE-ME! Tens de perceber que tudo isto é obra da tua criação. Tu não estás assim e eu estou bem! Tu estás na enfermaria da escola, por favor, tens de acreditar em mim!

- Como é que é possível que tudo isto porque eu passei e vi tu passares não seja real? Nunca falarias assim comigo, como se estivesses realmente preocupada... Dói demais, Hermione… tu não és real…

Ela agiu instintivamente. Aproximou-se dele e beijou-o. Deixou que o choque tomasse conta dele (e dela também, ao se aperceber de que gostava mesmo dele) para que percebesse que ela era real. Afastou-se. Ele estava com uma expressão ininteligível… ela não conseguia perceber o que se passava na sua cabeça.

- Draco… achas que eu não sou real? Olha à tua volta: se achas que isto é a realidade, como é que ainda aqui estás? Não me sentiste sequer? As almas dos que morreram sentem as coisas? Sentem quando são beijadas ou quando…?

Foi interrompida pelo beijo que Draco iniciou. Desta vez, havia uma espécie de urgência e desespero inerente àquele beijo. Quando se desgrudaram e se olharam, notaram que o tempo voltava a ser normal.

Draco apenas olhou para os outros dois – Vocês não são reais… ela está bem…

- …AVRA! – diziam eles sem o ouvirem.

E abraçaram-se antes de serem atingidos pelos dois raios verdes que voavam na sua direcção.

Abriram os olhos ao mesmo tempo.

Hermione via-se com a cara colada ao chão da enfermaria, com um suspiro de extremo alívio. Draco!

Levantou-se imediatamente, embora sentindo vertigens e uma leve presença de náuseas. Viu que o rapaz olhava atarantado à sua volta. O seu braço e peito tinham voltado ao normal. Quando se olharam, as chamas que os envolviam interiormente irromperam.

- Her…mione? – perguntou ele timidamente, tentando não demonstrar o fogo que sentia a consumi-lo. Ele não sabia mesmo o que esperar dela, agora que tinham voltado à realidade.

Ela tirou-lhe as dúvidas ao abraçá-lo fortemente com um pequeno bónus de um beijinho rápido e suave. Não conseguiu conter as lágrimas.

O loiro ficou em choque – O-O que é q-que se passa…?

- Nem imaginas o estado em que estavas… tu… - soluçava ela – Estavas com febre super alta, o teu braço e o teu peito estavam cheios de marcas, como se a região estivesse a apodrecer… meu Deus, Draco!

- Eu o quê? – dizia ele baixinho sem acreditar – Mas o que …?

E lembrou-se do que acontecera: tinha ido visitar Line à enfermaria… estava a ir embora… um silvo… as agulhas!

- Hermione… - ele gostava de enrolar o nome dela, adorava o som que esse nome produzia - Relaxa um pouco, estiveste sob muita pressão, estou a ver... Há quanto tempo eu estou aqui?

- Há dois dias… acho eu… - disse ela pensativa enquanto se afastava dele e o deixava respirar livremente.

- Achas tu?

- Sim… estava sempre preocupada com o teu estado, que piorava de dia para dia… não conseguia dormir… - admitiu ela enrubescendo um pouco.

Ele estendeu-lhe a mão, que ela agarrou de imediato. Puxou-a suavemente para lhe depositar um novo beijo… aliás, um beijo um pouco mais real, gentil de início e possessivo no final. Olharam-se com chamas nos olhos… não chamas de ódio ou de sentimentos pouco nobres, mas chamas de paixão refreada durante muito tempo que agora encontrava a liberdade necessária para se fazer notar.

- Pensei que me odiasses… - começou ela.

- Eu sei… e fiz tudo para que acreditasses nisso… perdi completamente a esperança de um dia acreditares na minha verdadeira maneira de ser… fiz tudo isto para te proteger, e agora de nada serviu…

- Draco, não digas essas coisas! – choramingou ela – Arrependes-te disto? – Arrependes-te deste momento em que seguimos o que as nossas almas nos diziam há muito? Pensava ela tristemente.

Ele sorriu debilmente – Posso ser um autêntico idiota… mas estou feliz por saber ao menos que sou correspondido… - e acarinhou-lhe a face – Apenas… agora vou estar em constante stress, com medo que te aconteça alguma coisa, que algum 'deles' venha a saber disto…

- Não te preocupes com isso… por mim, ninguém irá saber… pelo menos por enquanto… um dia havemos de lhes contar…

- Mas… tu também não me odiavas? Sempre tive a certeza que sim…

Ela gargalhou – Eu odiava o que me dizias… mas pelos vistos era demasiado masoquista… sempre desejei que tivesses alguma razão bem forte para me tratares assim… não conseguia perceber de onde vinha tanta raiva e ódio à minha pessoa… há mais alunos nascidos muggles, mas a eles não fazias de tudo para lhes tornares a vida num inferno… eu sempre achei isso estranho… e… bem, a partir do momento que vi o que estavas a sofrer na tua mente comecei a abrir um pouco mais os meus horizontes no que toca a ti. Quero mesmo conhecer-te melhor.

- E…? – insistiu Draco ao notar que ela fugira a algum assunto, embora subtilmente.

A morena resignou-se - Houve uma vez que… te vi a fazeres algo de bom…

- Quando?

- Já não me lembro… acho que foi o ano passado, mas não me lembro bem da altura… estava sem sono e com uma vontade imensa de comer uma tosta mista e beber sumo natural de laranja… - e riu-se nervosamente - Eu sei, estupidez… mas o que interessa é que eu ia na direcção da cozinha quando ouvi a tua voz…

Draco parecia uma estátua. Ela continuava a falar.

- Estavas a ralhar muito com aqueles teus três amigos Slytherins… o Crabbe; o Goyle e o Zabini… estavam a encurralar uma garotita do 3º ano, para 'se divertirem', mas tu chamaste-os à atenção… tiraste-lhes uma data de pontos… eles ficaram fulos e foram-se embora… ainda estiveste a acalmar a rapariga… fiquei deveras surpreendida! Na manhã seguinte já pensava que tinha sido tudo um sonho estranho.

Ele lembrava-se dessa noite… quase que tinha esmagado Crabbe, Goyle e Blaise nessa mesma noite, com a raiva com que ficara ao intuir o que eles tinham combinado fazer à miúda… pouco faltara para o efeito, mas tinha de se lembrar constantemente de manter a pose e a máscara. Por vezes pensava seriamente em seguir os mesmos caminhos… seria tudo tão mais fácil! Mal chegava a esses pensamentos, lembrava-se sempre de quem detinha o seu coração, embora não o soubesse: ela. sendo assim, era-lhe impossível enveredar por aí.

- Tenho de ver se tenho mais cuidado da próxima vez que ajudar alguém… - brincou ele.

- Mas… depois apagaste-lhe a memória. – acrescentou Hermione – Porquê?

- Eu não podia tê-la atrás de mim a agradecer-me e a tentar falar comigo… isso iria arruinar tudo! Alguém poderia vir a descobrir que eu a ajudara, se entrassem na sua mente verde… Além disso, poupei-a a traumas… tens de me perceber, Hermione… eu não podia deixar rasto da minha boa-fé. Ninguém pode correr o risco de se expor por minha causa…

Ela suspirou enquanto se encostava ao seu ombro, agora são – Eu sei, Draco… eu sei… mas agora podes partilhar as coisas que te atormentam comigo! Podemos ver-nos algumas vezes, na Sala Precisa… apenas falamos, nada de mais. Quero conhecer a tua verdadeira maneira de ser.

- Hermione, não sei se isso é boa ideia…

- Eu já sobrevivi a coisas piores! Não podes aguentar mais este fardo sozinho!

Ele hesitou. Iria dizer-lhe que Line sabia de tudo, sem que ele se tivesse dado ao trabalho sequer de lhe dizer alguma coisa? Mas ela pareceu ler-lhe os pensamentos.

- Ouve lá… a tal Line, a tua amiga que vieste visitar… ela disse-me que tu não eras tão mau como eu poderia pensar…

O loiro sorriu, nostálgico – Sim… ela é a única pessoa que sempre me viu como eu verdadeiramente era. Não me perguntes como, não te consigo responder a isso, mas… ela sempre soube. Sempre confiei nela e apenas nela. A sua mente é inquebrável, tem uma protecção fortíssima.

- Quem é ela?

Draco percebia o tremendo significado daquelas palavras. Realmente, era algo que também desejava saber – Não sei… mas sei que é uma amiga com a qual podemos contar; disso podes ter a certeza.

- O Harry adora-a. Confia plenamente nela. – notou a morena.

- E ela adora o Harry e confia plenamente nele… - completou ele – Ainda me custa a perceber isso… mas quem sou eu para dar sermões acerca desse assunto, hem?

Riram. Era tão bom rir assim…

A porta abre-se de rompante. Eles afastam-se até uma distância considerada por todos os que os conheciam com sendo segura para ambos (para que não tivessem a tentação de se matarem um ao outro). Aquele pensamento fez Hermione e Draco rirem para si mesmos.

Mme. Pomfrey apressou-se a pousar as ervas que tinha ido buscar à estufa e a ir, de seguida, na direcção deles – Oh, senhor Malfoy, graças a Merlin que despertou! É um milagre! – e ao passar a varinha pelo seu corpo para conseguir um diagnóstico do seu estado e depois de analisar a sua pele, acrescentou – E está sem uma única marca, parece mesmo que não sofreu nada durante todo este tempo! Como é isso possível? Menina Granger, o que lhe fez?

Ela começou a gaguejar – E-Eu… apenas estive sempre a… a… - o que é que iria inventar? – Bem… não me lembro!

Os outros dois olharam-na surpresos.

- É, - explicou ela – Eu sei que soa estranho, mas não me lembro mesmo… só me lembro de acordar no chão e ver o D… Malfoy – corrigiu-se a tempo – Com os olhos abertos… não me lembro mesmo do que fiz para o curar. Peço imensa desculpa, mme. Pomfrey.

Ela olhou-a enternecidamente – És uma rapariga verdadeiramente brilhante… conseguiste descobrir uma maneira para o curar que todos os meus anos de experiência não serviram para eu conseguir lidar com estas situações…

A jovem apressou-se a fazer o seu novo papel – Ohhh, mme. Pomfrey, vai a ver e se calhar já descobriu a cura e também não se lembra…

A enfermeira sorriu para si mesma, como se estivesse a ponderar na hipótese – Pois és bem capaz de ter razão… é, deve ser isso! Bem, só vou arrumar as ervas no sítio certo e volto já… ah, sou capaz de passar pela cozinha para que venham trazer ao senhor Malfoy uma refeição decente, mesmo a esta hora da madrugada… quero dizer, - e virou-se para o paciente – O senhor Malfoy sente-se em condições para tal?

Ele sorriu gentilmente – Seria muita bondade sua…

Ela sorriu e saiu. Hermione estava parva – Foste gentil com ela? Não lhe vais apagar a memória?

Ele riu – Achas que é necessário? Aquelas olheiras quase que lhe dão até ao queixo, coitada da mulher, aposto que ela amanhã já nem se lembra de nada… se estivesse a 100%, desde quando é que ele iria acreditar em semelhante mentira? Ah, e a propósito, és uma grande actriz… quase tão boa como eu.

A morena riu com ele e deu-lhe um soco de brincadeira. Draco Malfoy não tinha aquela personalidade ruim que ela conhecera, mas tinha certamente algumas características ruinzinhas que lhe pertenciam mesmo… ela sabia que ele não gostava muito de Harry, e tinha a certeza absoluta de que não aguentava Ron. Isso não mudara; mas ela gostava dele assim mesmo.

- Só gostava de ver a cara do Weasel a ver-nos agora.

- Ia explodir!

- Sim, não seria nada bom de se ver… ele a derreter e a formar lava vermelha daqueles cabelos por todo o lado – e tremeu, como se lhe tivesse dado um arrepio de nojo – Uh, que nojeira!

- Pois, aposto que preferias que fosse um rio de batido de banana esmagada… - disse ela piscando o olho, provocando-o. Conseguiu.

- A quem é que estás a chamar banana?

Riram. Aquela ia ser uma looooonga noite…


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Notas finais do capítulo

N.A.2: *escondendo-se atrás da porta corta-fogo* OI, gente! Sorry o atraso, sei que alguns não me vão perdoar (mas o que é que eu posso fazer?) mas o facto é que não tive lá muito tempo pra postar… ainda por cima a minha net estava sempre a cair – logo não conseguia postar o cap. -.-'
É preciso lembrar que a minha vida (infelizmente) não é só escrever fanfics? Pois, acho que não, mas fica já lembrado ^^ Não se preocupem, nunca desisto de nenhuma das minhas fics – posso demorar, mas posto! ^^ E então, pra compensar o tempo perdido, postei um cap bem grandinho! 10 páginas Word! (sim, pra mim é obra!) huhuhu, sinto-me feliz! xD

É verdade que este cap é inteiramente Dr/Hr, mas é por um bom motivo… nada do que escrevo nesta fic é por acaso… *rufar de tambores melodramáticos*

Bem, não se esqueçam que vos adoro a todos os que vêm a acompanhar esta fic, tanto os que mandam reviews (inscritos e não-inscritos) como os que não mandam mas que gostam o suficiente pra continuar a ler… o próximo já vai ter mais acção, mais revelações… algumas das perguntas vão ser respondidas… Até à próxima!



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