Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 75
A Batalha Final Parte 2




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Não havia mais inimigos ao redor, por isso Josh e Ryu poderiam respirar aliviados, no entanto o alívio era relativo, visto que os dois garotos estavam cobertos de ferimentos. Josh inclusive, estava usando o guardião como bengala para se manter de pé.

— Sinto como se tivéssemos caminhado por dias… — Josh dizia quase com um sussurro.

— Estamos quase lá! — Catherine tentava manter um astral positivo.

— Pense que se a Catherine não tivesse feito amizade com o bicho papão, estaríamos em uma situação ainda pior — Ryu suspirou — Bem que a Lya me alertou que ter bons contatos poderia valer a minha vida.

— Andem mais rápido… — Josh já não usava Ryu como apoio — Precisamos cruzar a zona desmilitarizada… está logo ali!

— JÁ CHEGA! — Uma voz grossa e impetuosa fez com que os três garotos tremessem.

A frente do grupo, Blanc se posicionava com ferocidade. Duas espadas surgiram em suas mãos e ele apontou uma delas para Catherine.

— Você já viveu demais Catherine Gibran… — Ele entonou com desprezo enquanto assistia sua lâmina acender em chamas intensas.

— Eu vou queimá-la e seu sobrenome só fará mais satisfatória essa purificação.

Aquelas vívidas lembranças de quando o viu pela primeira vez afloraram em seu corpo como um veneno mortal, a garota sentiu suas pernas lhe faltarem, mas foi apoiada por Ryu. Josh tomou a frente do casal com suas duas cimitarras em punho.

— Nada vai lhe acontecer… — Ryu deixou seu rosto bem próximo ao da bruxa e segurou suas mãos que estavam muito geladas — Enquanto eu viver, você estará segura.

Catherine o olhou nos olhos, como se aquela fosse a última vez que teria essa oportunidade.

O som estridente de lâminas se tocando, fez com que Ryu se virasse abruptamente e empunhasse Eveline. Enquanto sentia as mãos do guardião se desprenderem das suas, Catherine sentiu seu coração palpitar.

Ao redor do general do Minus, dezenas de sombras tomavam a forma de tesouros celestiais e avançavam, junto com seu portador, rumo aos dois adversários. Josh e Ryu se revezam entre enfrentar Blanc e desviar das lâminas flutuantes.

No instante que havia conseguido alcançar seu inimigo, Ryu sentiu seus punhos chocarem contra a dura pele fortificada de Blanc e recuou. O descuido foi o suficiente para que fosse atingido em cheio no abdômen por uma adaga.

Josh saltou à frente do corpo ferido de Ryu na tentativa de protegê-lo de futuros ataques, mas teve o pescoço envolto por correntes e em seguida levou um soco no rosto tão poderoso que despencou metros de distância do campo de batalha. 

— Pai… — Catherine sussurrou enquanto assistia seus amigos serem massacrados por Blanc. Era Ivan quem ela gritava todas as vezes que aquele homem de preto aterrorizava seus sonhos, era ele quem a tranquilizava com uma história sobre os seus dias no Statera ou com algum conto de fazenda que havia ouvido quando era criança. As histórias não eram importantes, era simplesmente a voz serena de seu pai que a fazia dormir novamente.

— Eu tenho planos para você — O general caminhava impetuosamente em sua direção, com sua espada flamejante em punho.

Catherine se apressava para correr na direção oposta a do seu executor, mas o insano desespero fez com que ela tropeçasse e caísse no chão. Suas pernas não a obedeciam. Buscou em seus bolsos a relíquia que havia ganhado de Trevor e a segurou firme em suas mãos trêmulas.

Não teve tempo de pensar em nada, pois foi surpreendida por um manto negro se lançando contra Blanc. Eveline lutava para tomar o corpo do general e aniquilá-lo como havia feito com o pobre híbrido mais cedo, mas era constantemente repelida pela armadura do caçador. No momento que foi expulsa para longe do general, a presença de Eveline foi imediatamente substituída pela de Ryu. Com as duas cimitarras de Josh em punho, o guardião saltou para cima de seu adversário com ferocidade. Surpreso, Blanc se defendeu, não impedindo que as duas lâminas fossem cravadas em seus braços que estavam a frente de seu corpo. Agora de mãos atadas, Ryu acertou o general com uma cabeçada que o fez cambalear. Continuou sua série de ataques até o momento que foi agarrado pelo pescoço e erguido. Uma energia poderosa se dispersou do corpo de Blanc, fazendo com que as duas cimitarras se desprendessem de seus braços. Uma adaga surgiu na mão de Blanc e ele se preparou para cravá-la no rosto de Ryu, entretanto seus movimentos foram parados no momento em que ele foi atingido por um raio.

A sua frente, Catherine ao lado de Tommy, erguia sua relíquia de forma impetuosa. O guardião havia se libertado no momento do ataque, por isso correu em direção a Catherine e se pôs novamente a sua frente, como um escudo. A bruxa tocou levemente os ombros do garoto e caminhou para o seu lado, agora como iguais.

O general encarou a dupla com uma expressão vazia. Durante aqueles poucos minutos, Josh havia conseguido se libertar das correntes que o prendiam e se juntou a seus aliados. Toda aquela situação só deixava claro o quanto seu plano de adquirir um soro da alma daquela bruxa do azar seria inviável

— Eu vou mostrar agora a vocês, como um caçador lida com bruxas de alto nível — Blanc dizia de forma didática, enquanto retirava seu casaco queimado — Embora jovem, Catherine Gibran é uma espécie rara e com habilidades imprevisíveis. 

Ryu estava apreensivo, a forma como aquele homem falava, parecia estar brincando com eles.

— E bruxas assim… — Blanc encarou o grupo enquanto dezenas de tesouros celestiais se posicionavam ao redor dele — Precisam ser executadas o mais rápido possível.

O impulso usado pelo caçador, abriu uma cratera no chão e sua velocidade era tão bestial que fez impossível se preparar para a sua aproximação.

Com um golpe certeiro ele segurou a cabeça de Josh e a cravou no chão. Ainda se apoiando sobre o crânio do filho, as pernas de Blanc giraram como uma hélice acertando o queixo de Ryu. Sem entender o que o havia atingido, Ryu foi surpreendido por uma aterrissagem em sua caixa toráxica que o fez perder completamente o ar. Blanc caminhou para longe do corpo do guerreiro e com os olhos fixos em Catherine se preparou para avançar em direção a garota. Foi nesse momento que o general foi atingido nas costas por uma lâmina, desnorteado ele se esforçava para tirar aquele objeto que estranhamente havia conseguido penetrar sua armadura.

Os olhos de Catherine não podiam acreditar no que viam e antes que pudesse processar aquela situação, foi brutalmente afastada pelo impacto da aterrissagem de um guerreiro que apoiou todo o seu peso sobre a espada dourada que pousava nas costas de Blanc. No chão embaixo do corpo do caçador e a sua volta se tornou um enorme buraco.

— Não se preocupe pequena — Ivan olhou de forma terna para Catherine —  Enquanto eu viver, não deixarei que nada de mal lhe aconteça.

Coberta de poeira, Catherine se pôs de pé, enquanto enxugava o rosto molhado. Ela estava emocionada.

Uma legião de armas mágicas avançaram em direção a Ivan e isso fez com que ele saísse de cima de Blanc, o libertando. Com uma lança materializada em sua mão, Ivan defendeu as investidas inimigas.

Blanc levantou-se atordoado e finalmente conseguiu retirar a espada que estava em suas costas, reconheceu a relíquia que havia usado para imobilizar Kai.

— Ryu, complete a travessia — Ivan disse de forma autoritária.

O guardião preparou-se para levantar quando viu a mão de Lya estendida em sua direção. De pé, ele caminhou em direção a Catherine e os dois subiram no cavalo. Algumas adagas foram lançadas em direção a dupla, mas uma barreira dourada erguida por Kai manteve o caminho limpo. O cavalo seguiu seu trajeto sem mais interferências.

De pé, Josh caminhou para longe daquela batalha.

— Vamos Ivan… — Blanc sentia forte as dores da perfuração em suas costas — Um embate justo entre nós dois!

— Assim como o exército que você usou contra as três crianças que tentavam completar a travessia? — Ivan girava a lança ao redor do corpo — Uma cobra querendo se passar por um cavaleiro honrado.

Sem mais conversa, Blanc fez com que seus tesouros avançassem em direção a seus inimigos. Uma intensa explosão aérea fez com que boa parte das armas caíssem quebradas no chão e as demais foram repelidas pelas flechas de Kai. No meio da fumaça, Ivan avançou em direção a Blanc e o apunhalou no ombro. Blanc tentou repeli-lo com sua espada, mas foi explodido para longe. Enquanto tentava se levantar, o general levou um chute no rosto e em seguida teve os braços envoltos por correntes douradas. Com a lança em posição, Ivan se preparava para o golpe final quando sentiu uma poderosa energia rasgar o ar em sua direção. Por puro instinto, ou sorte, ele desviou e viu uma enorme rocha desabar ao longe. A sua frente, estava a imagem de uma mulher jovem com longos cabelos vermelhos que se destacavam em meio a nuvem de poeira que tomava o campo de batalha. Vestida com uma armadura dourada e um enorme machado apoiado em seus ombros, seu olhar impetuoso encarava o grupo que atacava o general do Minus.

— Veio morrer com o seu pai? — Lya tinha um tom de desdém em sua voz — Não se preocupe, eu não faço distinção entre os carniceiros do Minus.

Em silêncio, Helena assumiu posição de batalha. O seu orgulho estava mais ferido pelas atitudes do seu pai, do que pela língua afiada de sua inimiga.

Lya também se preparava ansiosa para aquele embate.

— Já chega — Ivan disse de forma simplória.

— O que? — Lya estava perplexa — Vai deixar esse porco vivo?

— Eu não vim aqui para uma execução, vim para salvar a minha menina — Ivan fez com que sua lança desaparecesse — E eu morreria para salvá-la… Você entende esse sentimento, não entende Helena?

A garota vacilou por alguns instantes e em seguida também relaxou.

— Obrigada… — Helena foi incapaz de olhar nos olhos de Ivan.

Sem dizer mais nada, ela colocou o corpo semi morto de seu pai nos ombros e saiu andando dali.

— Eu não acredito nisso! — Lya espragrejava.

— Vamos Lya… — Kai tocou os ombros da garota — Temos problemas maiores para lidar depois daqui.

A toda velocidade, Tommy, Ryu e Catherine avançavam rumo a entrada do santuário. Havia um exército de soldados e isso fez com que Catherine tremesse.

— Vê o símbolo de águia na bandeira e na armadura dos soldados? — Ryu sussurrou enquanto tocava os ombros da bruxa — São do exército real do primeiro reino… Chegamos Cat.

Havia uma estrada que cortava a tropa geometricamente dividida. Enquanto observava a dupla, o general sorriu para Catherine e a bruxa retribuiu. Conforme se aproximava, a garota avistava o enorme portão acinzentado que a esperava. Esculpido em sua gigantesca estrutura havia uma frase. Catherine sentiu seu coração acelerar. Ela havia lido em tantos livros aquela frase e repetiu sozinha tantas vezes em seu quarto. Era real, ela estava ali, ela era uma bruxa de verdade. Tomou toda coragem que tinha em sua alma e recitou aquele feitiço em voz alta:

— “Ofereço meu corpo como receptáculo para o conhecimento de nossos irmãos e irmãs. Ofereço meu espírito como guardião do orgulho de nossos antepassados. Hoje eu me torno um só com o meu povo.”

Ao fim da frase da garota, todas as letras brilharam assim como todos os detalhes esculpidos e uma fechadura surgiu diante dos jovens. Não havia lugar para colocar chave, mas o contorno de duas mãos.

Ryu caminhou calmamente na direção da fechadura e encaixou sua mão no local que havia sido reservado a ele, mas nada aconteceu.

— Vamos, Cat! — Ryu sorriu para a garota — É o seu momento.

A bruxa caminhou lentamente até o lado do garoto e receosa, pôs a mão na outra marca.

O som delicado de pequenos sinos foi ouvido e então o enorme portão se abriu. Não havia nada que pudesse ser visto ali de fora, além de um breu em que era impossível distinguir qualquer coisa.

— Eu estou com tanto medo… — Catherine sussurrou.

Ryu se aproximou da garota e a beijou.

— Boa sorte, bruxa do azar. — O guardião dizia com carinho enquanto contemplava a expressão tímida de Catherine.

A garota saltou para cima dele como um gato diante de uma presa e o beijou. Com ou sem vergonha ela não iria perder aquela oportunidade.

— Te vejo em uma semana! — Ela disse confiante, antes de entrar na porta que já estava prestes a se fechar.

No momento que viu o portal sendo selado com magia, Ryu sentiu em seu corpo um misto de alívio, saudade e preocupação.

Ele havia ouvido que dentro do santuário, Catherine estaria livre do terror do Minus, no entanto aquela travessia tinha deixado claro que o Minus não era a única preocupação que eles precisavam ter.

Catherine estava confinada em um local repleto de bruxos poderosos e ele não podia alcançá-la. 

“Quem a protegeria?”

Ryu estava repleto de inseguranças e suas memórias o levaram a Pack, logo após Catherine ser resgatada. No momento em que se desprendeu dos cabelos que ela tanto prezava, no momento em que ela decidiu lutar e viver.

— Eu escolhi ir para o santuário, e não somente porque eu preciso, eu quero estar lá!

 A voz da garota estava tão clara em sua mente que ele somente sorriu.

— Ganhe o mundo Ryu sussurrou com orgulho.

Do outro lado da porta:

— Quem está aí? 

Uma voz rouca ecoava de dentro da escuridão onde Catherine se encontrava. Já fazia alguns minutos que ela vagava sem rumo no breu.

— Catherine Gibran… — A bruxa respondeu timidamente.

— Gibran… — A imagem da dona da voz se revelou — Então você veio mesmo.

Era uma velha que de alguma forma parecia familiar para Catherine. Ela não sabia, mas o nome daquela mulher era Denize, e ela havia participado do conselho que decidiu o destino da bruxa do azar no passado. 

— Você não deveria estar aqui! — Desde o primeiro momento em que ouviu falar da bruxa que atraía azar, Denize já sabia qual destino ela deveria ter — Você é uma bruxa impura!

A garota sentiu um frio na barriga, ela não poderia ter passado por tudo isso e ser jogada para fora dessa maneira.

— SAIA! — A mulher gritou.

— Não… — Catherine sussurrou — Não existe nenhum exame, teste mágico ou sequer um único documento que me aponte como bruxa impura! — Aos poucos a voz da garota se encorpou.

— Como ousa? — A bruxa deu um passo em direção a garota — SAIA!

— NÃO! — Catherine usou todo o ar dos seus pulmões para gritar aquelas palavras — É meu direito estar aqui!

O salão inteiro se acendeu e a garota se viu cercada de bruxas.

— Sua situação será analisada Catherine Gibran, aguarde uma convocação — Uma mulher um pouco mais jovem se pronunciou. Aquela era Carine, que havia sido enviada pelo papado para substituir a antiga diretora.

— E até lá? — Denize se dirigiu a mulher.

— Até lá, deixe que a garota se junte as demais alunas — Carine disse com serenidade.

As pernas da jovem bruxa estavam trêmulas, mas ela se esforçou para transparecer tranquilidade.

— Venha comigo! — Uma garota que aparentava ter uma idade semelhante a de Catherine mostrou o caminho.

Catherine não hesitou em segui-la.

A passos rápidos, a bruxa atravessou o salão de autoridades que a encaravam com julgamento. No momento em que a porta se abriu um vento frio soprou em direção a Catherine. Era inverno, não um inverno tropical como os que havia vivido em Otium, tinha neve, como a vez em que havia visitado o sexto reino. Mas era janeiro, nem no sexto reino estava tão frio. Que tipo de lugar era aquele?

— Junte-se às suas irmãs! — A garota apontou para o enorme grupo de meninas sentadas não muito distante.

Catherine agradeceu e caminhou até o local. Havia garotas e garotos jovens, assim como ela, no entanto diferente dela, todos eles estavam bem vestidos e limpos. Estavam preparados para um evento memorável e ela parecia ter acabado de chegar de uma guerra. O que não era mentira.

No momento que alcançou uma cadeira vazia, ela se sentou. Havia duas bruxas sentadas ao lado, elas sussurraram algo que Catherine não pôde ouvir e em seguida saíram dali prendendo o riso.

Com o rosto vermelho, a bruxa tentou focar na cerimônia que estava prestes a começar.

Uma mulher negra, de idade avançada e cabeça raspada, caminhou até as escadas que levavam ao palanque e iniciou seu discurso de boas vindas.

— É com muito orgulho que recebo aqueles que foram capazes de completar a grande travessia — A mulher elevou sua voz para todos os jovens enquanto um vento forte carregou centenas de pétalas que dançaram ao redor do público.

Catherine não pôde evitar de soltar um “uau”. Tudo ali era magia, do jeitinho que ela sonhara por tantos anos.

— Vocês provavelmente estão diante de uma das pessoas mais velhas ainda vivas neste mundo — Luzia dizia com um sorriso — E eu já recepcionei seus pais, seus avós e membros das suas gerações que vocês nunca nem ouviram falar. Eu recepcionei bruxos sujos, ensanguentados, quase mortos e muitos nem sequer conseguiram chegar aqui.

A fala da bruxa fez com que quase toda a plateia tremesse. Catherine, no entanto, se perguntava que tipo de travessia aquelas pessoas haviam passado. Pois a dela, havia quase lhe custado a vida diversas vezes.

— Embora o caminho até aqui tenha sido mais tranquilo do que aquele enfrentado pelos seus ancestrais, o Santuário é imutável! — Luzia tinha um tom de voz firme — E aqueles que não estiverem dispostos a dar sangue, suor e lágrimas pelo conhecimento, jamais sairão daqui como um legítimo descendente de Altiore.

Parte dos alunos saíram de lá assustados, outros desanimados, mas Catherine certamente estaria no grupo daqueles inspirados.

Ela caminhava pelo pátio que tanto havia ouvido falar de Safira, as paredes possuíam um branco tão limpo que pareciam brilhar. Por esse motivo os desenhos ali expressados eram tão profundos que pareciam ter vida. A jovem bruxa não se sentia satisfeita apenas de olhar para eles, seus dedos curiosos deslizavam pelos traços, certificando-se de que eles não manchariam tal como Safira havia prometido.

Todos aqueles desenhos tinham nomes e datas. Um, dois, vinte, cem anos… Como estaríam aqueles meninos e meninas agora? Será que haviam se formado? Será que estavam tão felizes quanto ela estava agora? 

“Eu me chamo Catherine e eu sei um pouco sobre vocês agora!” Ela gostaria de dizer para aqueles artistas. Mas ela também gostaria de deixar sua expressão ali, e gostaria que no futuro, alguém lembrasse dela também.

— Catherine Gibran!

A voz rouca de Luzia, fez com que o corpo da bruxa inteiro arrepiasse como um gato assustado. A garota se virou em um impulso e se curvou educadamente.

— Então você realmente veio… — A mulher dizia pausadamente — Quantos anos você tem agora?

— Eu… Eu tenho 18 anos, senhora… — Catherine sussurrou.

— Achei que com essa idade você estaria a caminho do desconhecido.

— Eu não sou uma bruxa impu….

— Eu sei que não! — Luzia a interrompeu bruscamente — Seu caminho parece ter sido tortuoso.

— Eu sinto muito… — A garota tentava, de alguma maneira ajeitar os trapos que vestia.

Catherine não se lembrava, mas Luzia havia participado da assembleia que decidiu pelo se futuro quando ela tinha apenas 3 anos.

Com um pequeno movimento de mãos, a mulher fez com que as roupas, pele e cabelos imundos da garota se tornassem tão limpos e belos que era como se ela estivesse pronta para uma festa.

— Sou do tempo em que isso era o habitual, então não há pelo quê se desculpar… — A mulher pausou alguns segundos — Na verdade, naquela época eles realmente estavam aqui porque tinham um sonho e acima de tudo tinham respeito e não apenas por prestígio para família.

— O Santuário não vai trazer prestígio para a minha família, já que meu pai é um caçador aposentado — Catherine sorriu confortável — Mas eu sempre sonhei em estar aqui.

Luzia saiu sem falar mais nada a garota, mas no fundo, ela estava feliz em ter alguém como Catherine ali. A fazia lembrar dos velhos tempos. Dos tempos em que ela mesma tinha aqueles sonhos.


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