Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 63
Especial: As Crianças do Statera Parte 5


Notas iniciais do capítulo

Mano, desculpa! KKKKK
Era pra ser última parte, mas o capítulo ficou gigantesco e eu optei por dividir em duas partes para facilitar a leitura.
Boa leitura hhaha



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— Eu exijo que o Lagunov seja desclassificado, Éris! — Safira se alterava diante da diretora da academia.

— Me desculpe senhorita Neville, mas não cabe a igreja fazer exigências dentro do Statera — A mulher a encarou com certo incômodo — Talvez um rei humano poderia ter tal poder, afinal é a serviço dos humanos que os caçadores estão.

— Não é possível que meu pedido seja inviável diante da brutalidade assistida por todos ali — A bruxa estava incrédula — Como um combatente descontrolado como aquele pode ter qualificação para se tornar o possível líder de uma organização tão grande e influente? Esses aspectos só precedem o caos!

— Existe uma previsão, dada por uma bruxa pura, sobre a Polaris da geração…

— “Que irá guiar a humanidade para o caminho certo” — Safira dizia com certo desdém — Eu conheço a história, Éris! Mas você nem sabe se é ele! — A garota protestava — O único caminho que eu vejo ele guiando a humanidade é para desgraça!

— “Um guia tão forte e imponente, que nenhum outro poderá sequer comparar-se a sua grandeza” — Éris recitava a velha profecia — Isso lhe parece familiar, senhorita Safira?

— Uma bruxa se envolvendo em questões humanas, que desprezível — Blanc havia entrado no escritório sem bater — Ainda mais vindo da tal filha da papisa. Nem a igreja consegue escapar da soberba.

— Você deveria ter um pouco mais de respeito — A diretora se pronunciou — Está diante de uma autoridade religiosa aqui.

— Até onde eu sei, a autoridade é a mãe dela — Blanc dizia com desprezo — E além do mais, se ela não tem respeito pelas nossas tradições, porque eu devo respeitar o galardão que eles mesmo se deram? — Ele encarou Safira — Não foi por merecimento que a sua mãe, ou qualquer outro membro da igreja chegou ao topo. Vocês se sentaram lá por própria vontade e pediram para que todos se curvassem diante de vocês. Patético!

— Senhor Lagunov! — Éris alterou o tom de voz — Já chega! Não haverá interferência de nenhuma bruxa nas decisões do Statera, mas exijo que você tenha um pouco de decência e não envergonhe o nome da academia!

— Minhas sinceras desculpas, diretora. — Blanc se curvou educadamente.

Safira permaneceu em silêncio e assim saiu da sala, permitindo que o garoto concluísse os interesses que o havia levado até aquele local. No entanto, aquele discurso só havia trazido ainda mais aflição ao seu coração. Blanc era insano e não tinha medo de nada ou ninguém. Ela sentia como se ele fosse uma bomba prestes a explodir e devastar tudo ao seu redor.

A plateia estava lotada, agora muito mais do que em qualquer outra batalha, todos queriam presenciar o desfecho daquele torneio. Quem lideraria a expedição ao desconhecido, uma espécie de ritual de transição feito em toda a primeira missão dos recém formados. Todo ano uma nova turma se formava e todo ano os depósitos do Statera se enchiam de raiz de laranjeira das expedições. Os mais velhos se sentiam aliviados com aquele recente modelo de fazer as coisas. Não era mais necessário que grupos de 5 se arriscassem nas perigosas matas que formavam o desconhecido. Os mais novos é que tinham que se virar, grupos maiores, mentes mais jovens.

Enquanto subia as escadas, Ivan sentia como se cada degrau alcançado custasse centenas de quilos às suas pernas. Amélia e Kaito levantavam com animação cartazes mau feitos enquanto gritavam seu nome, provavelmente feitos na hora. No entanto, eles não estavam sozinhos havia uma multidão em sua torcida. Para ele aquilo era um tanto novo, mas aos poucos ele reconhecia alguns rostos, rostos de corredores, duelistas e rastreadores. Rostos de pessoas que viam nele a última chance de não serem obrigados a engolir as duras palavras de Blanc.

— Eu não sou um herói… — Ivan sussurrou para si mesmo.

No alto da plataforma, Blanc aguardava a chegada de seu adversário. Com os olhos vacilantes e perdidos ele encarava o vazio. Com um pouco de atenção, Ivan percebeu que aquele olhar estava longe de estar direcionado para o vazio. Stefan Lagunov, um dos 4 duques do quinto reino, e pai de Blanc, estava sentado junto ao corpo de professores do Statera e também a algumas personalidades importantes do primeiro reino.

Nem mesmo Ivan poderia acreditar que o velho Lagunov havia deixado alguma reunião importante ou qualquer outro tipo de tarefa cotidiana sua, para prestigiar o filho naquele momento. Ivan queria compartilhar com Blanc o quanto ele estava feliz, queria desejar a ele boa sorte e ouvir ele dizer que não precisava de sorte pois era o melhor. Ele queria assistir Blanc dando um show com suas técnicas de batalhas incomparáveis, queria ressaltar o quanto estava orgulhoso pelo amigo, mas ele estava ali do outro lado da plataforma.

— Nem dá para acreditar que ele realmente veio — Ivan soltou.

Blanc permaneceu em silêncio.

— Hoje deve ser um dia muito importante para você — Ivan estava receoso.

Ele queria saltar para fora daquela plataforma, mas sabia que se desistisse ali naquele momento, Blanc jamais o perdoaria. No entanto, queria que seu velho amigo tivesse a oportunidade de mostrar ao pai que ele era muito maior do que qualquer expectativa que ele havia sonhado.

— Se você fazer corpo mole nessa batalha, eu quebro seu pescoço — Blanc interrompeu os pensamentos de Ivan com um sorriso prepotente em seu rosto.

Ivan sentiu um certo alívio em seu coração, ele ainda estava ali. Seu amigo ainda estava ali.

No momento que o gongo soou, Ivan foi surpreendido por um golpe espalmado no peito tão repentino que ele não teve tempo de se pôr na luta.

Sem dar oportunidade para o corpo de Ivan se afastar com o impacto, Blanc o segurou pelo uniforme e em seguida o arremessou no chão com força o suficiente para fazer o solo embaixo dele se rachar.

Completamente sem oxigênio, Ivan se virava de bruços na tentativa de se desvencilhar do inimigo, mas foi atingido por um chute nas costelas que o fez rolar pela plataforma.

Atordoado, o rapaz não conseguia organizar ideias em sua cabeça, por isso assim que se levantou tratou de se manter o mais longe possível de Blanc, todavia seus esforços foram inúteis pois sem ter chance de se recuperar ele foi atingido com um soco no estômago e mais dois socos no rosto. Enquanto cambaleava para a beirada da plataforma, sentia uma enorme adrenalina correndo pelo seu corpo. Blanc avançou com mais ferocidade em direção ao inimigo e continuaria sua sessão de socos se não tivesse sido parado pela palma de Ivan. O garoto tentou atingir seu inimigo mais uma vez, no entanto, também foi parado. Com as duas mãos imobilizadas, Blanc tentava medir forças com Ivan, mas era quase como se uma criança estivesse tentando vencer uma queda de braço com um lutador profissional.

Sem nenhuma interferência da sua incansável resistência, Blanc teve seus punhos agarrados com muita força e se viu voando pelo ar até pousar no chão fora da plataforma. Ivan o havia arremessado para o fim daquela batalha, antes que o relógio apontasse 5 minutos de luta.

Aturdido, Ivan desceu a plataforma com um salto e logo estava ao lado de Blanc. O derrotado, por sua vez, ainda estava de joelhos, com os olhos voltados para baixo.

— Eu… Me desculpe — Ivan não conseguia formular frases com sentido — Eu estava confuso e…

— Fez isso sem querer? — Blanc encarou Ivan com uma mistura de vergonha e raiva enquanto completava a sua frase — VOCÊ GANHOU POR ENGANO, IVAN?

A plateia estava gritando animada, comemorando a vitória do jovem Gibran, por isso aquela conversa estava restrita aos dois.

— Essa vitória era sua… — Ivan estava abatido — Eu não quero isso! ESSE ERA O SEU SONHO!

— Meu maior inimigo estava escondido debaixo do meu nariz — Blanc se levantava com brutalidade — VOCÊ! — Ele apontou o dedo para o rosto de Ivan — Fingindo o tempo inteiro que era fraco, me deixando vencer em todas as oportunidades! Me fazendo ficar de guarda baixa! Eu nunca devia ter confiado em você! Nunca devia ter confiado em ninguém!

— Não… — Ivan tentou alcançar, Blanc, mas ele não permitiu, saindo daquele local com pressa.

— VOCÊ CONSEGUIU! — Kaito saltou para perto de Ivan — Arrasou com aquele desgraçado!

Amélia segurou o braço do garoto e fez um sinal para que ele contesse as suas comemorações.

— Eu sei que você queria que ele vencesse, e talvez acredite que essa seria a melhor opção para o Statera, mas talvez hoje não seja o melhor dia para isso — Amélia se aproximou lentamente de Ivan e tocou sua mão — Ele é um guerreiro formidável e talvez seja um dos melhores entre nós. Mas também é imaturo, intransigente…

Ivan permanecia em silêncio observando o vazio que seguia o caminho onde Blanc havia desaparecido.

— O que eu quero dizer é que talvez, uma derrota faça dele mais humano e possibilite que um dia ele se torne o líder que nós precisamos — Amélia puxou o rosto de Ivan, o trazendo para sua direção — Guarde o lugar que é dele, até o momento certo.


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam gente! Esse especial é muito legal e trás um pouco do Statera, essa organização que não teve tanto destaque na história principal.



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