Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 5
O Atraso


Notas iniciais do capítulo

Olá! Esperam que curtam a leitura.
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Como havia prometido, Ryu estava na porta de Catherine assim que o sol apareceu no céu.

Mesmo estudando com Ivan há tanto tempo, Ryu jamais havia aparecido na casa dele. O local era maior do que ele imaginava, mas mais delicado do que ele esperava.

Talvez os tons pastéis nas paredes e o excesso de flores ao redor da entrada tenha sido influência de Catherine.

Ryu nunca imaginou Ivan como pai, muito menos de uma menina.

Após algum tempo vagando em pensamentos Ryu finalmente tocou a campainha. Em poucos segundos foi recebido por Ivan.

— Como esperado do meu melhor aluno! — Ivan sorriu para o garoto.

Após cumprimentar o seu mestre, Ryu entrou na casa.

— Sente-se! Quer comer alguma coisa? — O homem apresentou a mesa do café.

— Não pretendo demorar. — O rapaz se sentou — Quanto antes sairmos, mais cedo chegamos a próxima cidade.

— Entendo. — Ivan parou por alguns segundos e tomou fôlego — CATHERINE!

O grito do homem atravessou a casa e um barulho vindo do chão do andar de cima foi ouvido.

— Caiu da cama de novo. — Ivan levava a mão ao rosto.

Não demorou muito para que Catherine se arrastasse pelas escadas até chegar ao andar em que estavam os outros.

A bruxa que na noite passada estava muito arrumada e bem vestida, agora se encontrava completamente desleixada.

O cabelo de Catherine estava tão bagunçado que poderia ser facilmente confundido com um ninho de pássaros. Ela vestia uma camiseta de banda que parecia ter o triplo do seu tamanho e que escondia parte do shorts velho que ela usava por baixo. O visual dela foi completado com uma pantufa de panda rasgada.

A bruxa caminhou até a mesa de café se sentou e logo em seguida se debruçou sobre a comida.

— Querida… — Ivan também se sentou a mesa — Seu cabelo está mergulhado na geleia.

— Que horas são? — Catherine levantou o rosto que agora estava sujo de manteiga.

Ryu poderia rir daquilo se não estivesse tão irritado com a sua falta de responsabilidade.

— São 5:30. — Ivan respondeu de forma carinhosa.

As sobrancelhas de Catherine se franziram e mais uma vez ela se pôs de pé:

— me acorde às 11 por favor.

— A travessia… — Ryu se manifestou.

A bruxa que já estava com um pé no primeiro degrau da escada, se virou para o rapaz com uma expressão de indignação em seu rosto.

— Que travessia? — Catherine perguntou sem muito interesse.

— É sério? — Ryu estava incrédulo.

No momento em que Catherine se deu conta da presença do rapaz uma expressão de desespero brotou em seu rosto.

Instintivamente ela correu em direção a Ivan e se escondeu atrás dele.

— Por que você não me disse que ele estava aqui? — A garota sussurrou para o pai.

— Achei que você soubesse que ele viria. — Ivan falou no mesmo tom.

— Eu consigo ouvir vocês daqui sabia? — Ryu comentou.

— Ah… Eu sabia que você viria. — Catherine se levantou rapidamente — Desculpe o meu estado… passei a maior parte da noite me preparando para a viagem.

— Pensei que tivesse ficado vendo aquela série de homens fadas adolescentes que se apaixonam por garotos do colegial. — Ivan soltou.

O rosto de Catherine ficou vermelho e ela olhou friamente para o pai.

— Ah, entendi… — Ivan se calou e se serviu com chá.

Os olhos de Ryu estavam fixados na garota e ela pode sentir o seu julgamento mesmo a distância.

— Eu… vou trocar de roupa. — Após encerrar a sua fala, Catherine subiu as escadas correndo.

Devido ao estresse, Ryu acabou aceitando tomar chá com Ivan.

Depois de uma longa conversa com seu mestre, o guerreiro acabou ficando impaciente com a demora.

— É provável que ela nem tenha arrumado a mala. — Ivan comentou.

— Posso ir lá em cima? — O garoto perguntou.

Ivan deu de ombros e pegou um jornal para ler.

Depois de subir as escadas Ryu foi surpreendido por um extenso corredor repleto de portas. Pensou que seria um desafio encontrar o quarto de Catherine até se deparar com uma porta cor-de-rosa coberta de flores.

É incrível o quanto se pode descobrir sobre uma pessoa apenas visitando a sua casa pela manhã. Se ele tivesse passado por essa mesma situação ontem, imaginaria uma Catherine muito mais culta e escolheria uma das portas de verniz escurecido.

Ryu bateu na porta e Catherine abriu imediatamente.

— Já estou quase pronta! Não seja impaciente. — A garota falava pela aresta que havia aberto.

— Eu juro que se eu não estivesse esperando há duas horas lá embaixo eu não estaria impaciente… — Ryu pôs a mão na porta, impedindo que a garota a fechasse novamente.

— Conversa mais um pouquinho com o Ivan eu tenho certeza que…

Antes que Catherine pudesse completar a sua fala, Ryu empurrou a porta e entrou em seu quarto.

Assim que pôs o pé para dentro foi atacado por uma torre de revistas.

— Ei! — Catherine tentava empurrar o garoto para fora do cômodo — É falta de educação entrar no quarto de uma menina assim!

— Quarto? Isso parece um depósito de lixo! — Ryu tentava se livrar dos papéis que estavam em cima dele.

— Lixo? — A garota arrancou uma revista da mão do rapaz — Isso são revistas colecionáveis! Se juntar tudo isso deve dar mais que o seu salário de um ano!

— Isso torna tudo muito mais preocupante.

Ryu se sentou na cama de Catherine, o único lugar que estava em perfeito estado.

Após alguns minutos reclamando da falta de organização da garota, o guerreiro se deitou e antes que percebesse acabou caindo no sono.

O som de vozes fez com que Ryu despertasse. Ainda sonolento olhou para o lado e pôde ver Catherine sentada no chão com os olhos vidrados na TV.

Era a tal série de homens fadas adolescentes que se apaixonam por garotos do colegial. Em total silêncio ele observava detalhes do quarto, pôsteres de bandas ruins, torres de revistas com garotos sem camisas… os tais “bruxos do ano”. Ele definitivamente estava no quarto de uma bruxa adolescente.

— Quer pipoca? — Catherine ergueu uma bacia cheia para Ryu.

— Como reparou que eu estava acordado? — O garoto se levantou da cama.

— Você ronca muito alto… Foi bem fácil reparar quando ficou silencioso. — A bruxa pôs a bacia de pipoca novamente no chão ao seu lado.

— Que horas são? — Ryu se sentou ao lado de Catherine.

— Quase 7 da noite.

— Por que me deixou dormir tanto? — O rapaz levou a mão ao rosto.

— Você não parecia querer ser acordado. — Catherine manteve os olhos fixos na tv.

Ryu se recusou a responder a bruxa e mais uma vez se pegou analisando o quarto.

Enquanto ele dormia, Catherine havia arrumado tudo, inclusive duas malas estavam prontas no canto do quarto.

— Arrumou o quarto só porque eu estou aqui? — Ele sorriu para Catherine.

— Você é muito convencido! — A bruxa revirou os olhos — Eu arrumei porque hoje é dia de arrumar.

— Você mente mal.

Os dois passaram algumas horas vendo o programa de TV. Catherine se impressionou com o quanto Ryu sabia sobre a série.

De acordo com ele, a Lya falava muito sobre o tal Eduardo e o quanto ela queria que ele ficasse com o Jason no final.

— Eu concordo com ela! — Catherine falava com a determinação de quem estava debatendo o destino do mundo — A Gabriela é uma vaca que se mete no amor daqueles dois!

Não demorou muito para que Ivan chamasse os dois para o jantar.

Na mesa falaram sobre política, esportes e, graças a Catherine... a série dos garotos fadas.

A bruxa sentiu sono mais cedo e subiu para cama antes dos dois.

Mais uma vez apenas Ryu e Ivan permaneceram na sala.

— Seja cauteloso com a Catherine no caminho. — Ivan alertou — Ela está protegida aqui em Otium, mas fora da cidade, está a mercê dos caçadores.

— Não se preocupe, o senhor mesmo sabe que os guardiões são treinados para esse tipo de situação. — Ryu tentou tranquilizar o pai da bruxa.

— Catherine é diferente… — Ivan suspirou — A organização dos Minus a queriam morta quando ela tinha apenas três anos de idade e eu a mantive segura comigo… mas eu não posso manter ela aqui para sempre.

Ao ouvir as palavras do mestre, Ryu se lembrou da história que Kai havia contado.

— Eu queria poder levá-la pessoalmente até lá. Mas além de ser contra as regras eu já não sou mais um garoto. — O homem se levantou de sua cadeira e andou até uma parede repleta de quadros.

Ele tocou em uma das molduras e a parede se abriu fazendo surgir uma vitrine cheia de armas.

— Na minha época de caçador eu vivia esbarrando com os membros da Minus. — Ivan retirou do medalhão que usava, uma chave e a usou para abrir o vidro da vitrine — É preciso saber lidar com esse pessoal.

Os olhos de Ryu brilharam diante da diversidade de armas que tinha ali.

— Escolha uma e leve com você para a jornada. — Ivan se afastou e deu espaço para o seu pupilo.

Ele não precisou falar duas vezes, Ryu já estava analisando as opções.

Apesar de todas as armas serem extremamente belas e chamativas, uma determinada espada de lâmina negra havia ganhado o seu coração.

— Uma ótima escolha! — Ivan sorriu — Ela é feita de um minério que só se encontra nas fronteiras do 7° reino para o desconhecido.

— Muito obrigada senhor! — Ryu se curvou em reverência.

— Escolha um objetivo e essa espada o perseguirá com a intensidade da sua vontade. — Ivan observava a espada com uma expressão nostálgica em seu rosto.

Ryu permaneceu em silêncio.

— Agora vá dormir Ryu — O homem deu alguns tapinhas nas costas do rapaz — Amanhã vocês dois tem um longo dia.


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Notas finais do capítulo

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