Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 4
O Contrato


Notas iniciais do capítulo

Oi gente estamos aqui de novo cumprindo a meta de postagens hahaha
Espero que gostem :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/759767/chapter/4

— Obrigada pai.— Catherine se levantou e abraçou o professor.

Ryu permaneceu em silêncio. Apesar de ouvir as coisas que Kai havia contado, ele não imaginou que Ivan teria adotado a criança de Pacem definitivamente. Sem contar o fato de que mesmo treinando com ele desde os 13 anos, não sabia absolutamente nada sobre a sua vida.

— Fico feliz que tenha escolhido Ryu como o guardião — Ivan acariciou os cabelos da bruxa — Ele é um dos meus melhores alunos.

Catherine voltou seus olhos para Ryu e sorriu:

— Não precisa se preocupar, não irei forçá-lo a me acompanhar na travessia.

Ryu franziu as sobrancelhas e respondeu com certa indignação:

— Não estou sendo forçado a nada. — Ele sorriu — Caso seja da sua vontade, iremos juntos até o santuário.

Catherine arregalou os olhos e em seguida os desviou do guerreiro:

— Eu achei que estivesse apenas tentando se livrar da Claire.

Ryu apenas balançou a cabeça para a garota, negando o seu pensamento.

— Catherine… Catherine… — Ivan deu alguns tapinhas na cabeça da menina — Essa mania de tirar conclusões precipitadas.

Dito isso, Ivan se afastou dos dois. Catherine permaneceu ali parada, estava atônita com a situação.

— Vamos para a fila dos contratos? — Ryu tocou no ombro da garota.

Assim que ele a tocou, Catherine saltou para longe como um gato assustado. Ryu também recuou pois a atitude da garota também o fez se assustar.

— O-olha você não precisa fazer isso! — Catherine estava visivelmente nervosa —  Eu nem quero ir nessa travessia.

— Então o que está fazendo nesse evento? — O garoto tentava recuperar o fôlego.

Catherine parou por alguns segundos e foi incapaz de esconder que buscava por alguma resposta:

— Eu... vim acompanhar o Ivan.

— Você está brincando comigo não é? — O guerreiro estava incrédulo.

— Como assim? — A bruxa não o olhou no olhos nem por um segundo.

— Eu nunca vi alguém mentir tão mal em toda a minha vida! — Ryu se sentou — O que? Não acha que eu sou bom o suficiente?

— Não… Eu não disse…

— Olha ali! — Ryu interrompeu Catherine e mostrou para ela seu perfil exposto no telão — Eu sou um dos melhores de Otium! Eu posso te levar em segurança para o santuário.

— Eu não duvido que possa, a questão toda é… por que você quer fazer isso? — A garota se mostrava confusa.

— Porque é o que eu faço! Quer dizer eu treino há uns 10 anos aqui só para isso — O rapaz dizia de forma óbvia.

— Você sabe quem eu sou? Sabe o que eu posso fazer? — Catherine encarou Ryu com uma expressão deprimida.

— Sei. — Ryu respondeu de forma simplória.

— E tá tudo bem pra você? — A bruxa arqueou uma das sobrancelhas.

— Tranquilo, tranquilo. — Ryu deu de ombros.

Catherine também se sentou e debruçou sobre a mesa, escondendo o rosto por completo.

— Seja sincera — Ryu se aproximou da garota — Você realmente não quer ir ao santuário?

— Eu quero ir… — A voz da garota estava abafada — Desde pequeninha eu sonho em ir ao santuário.

— Catherine...

Atendendo ao chamado, a garota levantou o rosto lentamente e a primeira coisa que viu foi a mão de Ryu estendida para ela.

— Confie em mim. — No rosto dele estava estampado um sorriso sincero.

A bruxa segurou a mão de Ryu e também sorriu para ele.

Sentiu queimar em seu coração a empolgação de uma criança pronta para uma aventura.

— Espero que faça jus ao seu currículo. — Catherine disse de forma irônica.

— E eu espero que você também faça ao seu. — Ryu usou igual tom.

— Nem brinca com isso… — Catherine estava séria.

Os dois seguiram em direção as mesas onde os professores aguardavam pelos guardiões e suas respectivas bruxas.

Após enfrentarem uma fila relativamente grande, a vez de assinarem chegou.

Ryu entregou para o professor o seu contrato para que ele o preparasse para o fechamento.

— Você ainda pode voltar atrás. — Catherine encarou o garoto.

Ryu sorriu e assinou o contrato sem hesitação.

Catherine sentiu um frio no estômago assim que pegou a caneta das mãos do guerreiro.

— ESSA É A SUA ÚLTIMA CHANCE!

Claire puxou o braço de Ryu com força.

Nenhum dos dois havia notado a aproximação da garota.

— Eu não quero assinar um contrato com você! — Ryu se livrou do domínio da bruxa — Se você fosse a última bruxa de Otium eu escolheria ser um renegado.

As palavras do rapaz fizeram com Claire tropeçasse e por pouco não caiu no chão.

— Você! — A bruxa encarou Catherine — Se você não recuar eu vou te esmagar como uma barata!

Ao ouvir as palavras ameaçadoras de Claire, Catherine sentiu um frio percorrer a sua espinha. Poderia ela realmente fazer algo contra outra bruxa?

Em toda sua vida Catherine jamais havia desafiado alguém e aquilo era realmente assustador.

— Não precisa se envolver nisso se não quiser. — Ryu se virou para Catherine — Independente da sua escolha eu não vou me aliar a ela.

Em um movimento rápido, Catherine assinou o contrato com maestria.

Uma luz de cor púrpura acendeu do pergaminho e por fim uma pequena explosão brilhante aconteceu.

Estava feito.

Claire não podia crer no que havia acontecido, seu rosto estava pálido como uma folha de papel.

Ela foi incapaz de dizer uma palavra antes de se retirar em passos largos dali.

Ryu sorria orgulhoso enquanto observava a bruxa sair.

— Eu não acredito que eu fiz isso… — Catherine sussurrou.

— Está arrependida? — O rosto do garoto assumiu uma expressão preocupada.

— Do que você está falando? — A bruxa tinha um sorriso empolgado estampado no rosto — Isso foi tão excitante!

Naquele momento, Ryu se sentiu uma má influência.

— Catherine! — Ivan gritou ao longe.

— Já vou! — Catherine gritou de volta.

— Tão cedo? — Ryu parecia desanimado — Eu posso te levar em casa mais tarde, não precisa ir agora.

— Eu nem imaginava que iria nessa travessia. Preciso me preparar para amanhã. — A bruxa sorriu para o rapaz e se despediu.

— Quando o sol raiar eu estarei na sua porta! — O garoto também sorriu para ela.

— Mal posso esperar.

Após dizer essas palavras, Catherine se juntou a Ivan e ambos saíram do salão de festas.

Ryu andou até a sacada e lá de cima observou a carruagem passando pelos portões da fortaleza.

Da janela, pôde ver Catherine com um sorriso no rosto conversando com Ivan.

Era impossível ouvir dali de cima, mas ela parecia animada e gesticulava de forma exagerada.

Estaria ela falando sobre a travessia?

Será que Catherine estava tão ansiosa quanto ele por essa jornada?

Ryu sentiu um calor queimando seu peito enquanto viajava por esses pensamentos.

— Levando em consideração que ela não tinha esperanças que alguém estivesse disposto a levá-la até o santuário. Ela deve estar muito animada. — Kai se aproximou sorrateiramente.

Por pouco Ryu não despencou da sacada com o susto que havia tomado.

— Você precisa parar... de aparecer assim do nada! E precisa parar de ler os meus pensamentos… principalmente quando eu não souber que está fazendo isso! — O rosto do garoto estava vermelho. Um misto de raiva e timidez.

— Se eu não te conhecesse diria que você está com uma queda pela bruxa. — Kai abusava do sarcasmo — Mas eu jamais imaginaria algo assim de você. Afinal você é o cara anti bruxas não é? E está fazendo essa travessia apenas para cumprir o seu dever.

— Boa noite, Kai. — Ryu saiu de perto do bruxo com passos pesados.

— Um clássico. — Kai sussurrou para si mesmo.

Muito distante dali, uma outra carruagem havia parado em frente a uma mansão.

Assim que a porta foi aberta por um criado, Claire desceu e marchou em passos raivosos até a escadaria da casa.

Um enorme portão se abriu e duas criadas aguardaram a chegada da menina.

Não tiveram tempo de retirar o seu casaco, pois ela não se deu o trabalho de parar.

Caminhou por um extenso corredor e parou em frente a uma porta fechada.

— Pai! — A garota esmurrava a porta sem parar.

Não demorou muito para que a porta fosse aberta por um homem alto, ruivo e vestindo roupas de dormir. Aquele era Eugene o chefe da família Bortoluzzi.

— Para que todo esse escarcéu? — O homem parecia irritado — Já são quase meia noite!

— Eu nunca fui tão humilhada em toda a minha vida… — A menina entrou no quarto em que estava o pai e se sentou em uma poltrona.

— O que houve Claire? — Eugene se sentou ao lado da filha, visivelmente preocupado.

Claire contou com detalhes o que havia acontecido e aos poucos o semblante preocupado do homem foi desaparecendo:

— Mas você já não está com 4 guerreiros excelentes?

— Mas se não fosse aquele tal de Ivan, eu…

— Clarisse! — Eugene interrompeu a fala da garota de forma ríspida — Nossa família deve muito ao Ivan! Se não fosse por ele… Ninguém pode imaginar o que a Eliza poderia ter feito…

Claire permaneceu em silêncio.

— Se eu souber que você o desrespeitou, você será duramente punida! — Eugene encarou a filha de forma autoritária.

— Sim, senhor. — A voz de Claire estava abafada.

— Agora vá deitar! É provável que os guardiões apareçam cedo para te buscar.

— Sim, senhor. Depois me lembre de agradecer a ele por matar a minha mãe. — Após responder o pai, Claire saiu rapidamente do cômodo.

Já sozinho, Eugene sentou em sua cama e levou a mão ao rosto preocupado.

Há 15 anos, uma Bortoluzzi enlouqueceu e assassinou inúmeras pessoas. O incidente pôs o nome da família na mira dos Minus e o Statera quis lavar as mãos.

Ivan intercedeu pela família, isso lhe custou seu cargo na organização e meses depois ele teve uma aposentadoria forçada. — Ele poderia nos odiar… — Eugene sussurrou para si mesmo — Ele deveria.

Em sua memória a imagem de uma caçadora sendo brutalmente assassinada por Eliza.

Amélia, era esposa de Ivan.

Desde aquele dia, Eugene tem tentado ser uma pessoa melhor porque sentiu em seu coração que era a melhor forma de agradecer ao seu velho amigo.

O maior medo de Eugene era que os Minus estivessem certos.

Seu maior medo era que a loucura de Eliza alcançasse a Claire.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não esqueça de deixar um comentário falando a sua parte favorita!
Compartilhe com seus amigos e até a próxima o



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Questão de Sorte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.